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História O gosto do mamilo. - Primeiro passo.


Escrita por: AliteiaVioleta

Notas do Autor


Tia Aliteia vai deixar três capitulos para vocês.Boa leitura e se não for pedir muito dá para ter ums comentariozinhos? Obrigadinha.

Capítulo 55 - Primeiro passo.


Fanfic / Fanfiction O gosto do mamilo. - Primeiro passo.

BETA.

A lua brilhava no céu azul escuro. Fiquei olhando sem me preocupar com o tempo. Uma passagem da peça Romeu e Julieta passou pela minha mente. “Ó fortuna! Fortuna! Os homens todos de inconstante te chamam. Se inconstante fores, mesmo, que tens a ver com ele, pela fidelidade tão famosa? Sê inconstante, fortuna, pois espero que em vez de o manteres longe muito tempo, logo o farás voltar.”

Coincidência ou não, era a minha fala preferida. Quando Romeu e Julieta se despediam pela manha.

- Oh lua tão inconstante, seja inconstante com o tempo e traga-o de volta para mim. – mudando as palavras e resumindo repeti a passagem como uma oração fervorosa e entrei em casa.

Minha mãe veio do meu quarto segurando um envelope.

- Estava com ele? – sibilou com raiva. Seus olhos faiscaram e me lembrou Mariza.

Meu peito inflou e eu a encarei firme.

- Não se preocupe mãe. – ergue a mão direita mostrando que não estava mais com o anel. – Acabou tudo. Eu cumpri o prometido.

Ela não disse nada e me entregou o envelope.

- Parabéns, o diretor disse que você passou com uma das melhores notas. Aquele homem tem alguma coisa a ver com isso?

- Não. Leonardo... – fiz questão de pronunciar o nome dele com todas as letras. -... nunca interferiu nas minhas notas, nem mesmo nas que ele me dava.

- Bom. Pelo menos ele mostrou que tinha algum caráter.

Ignorei minha mãe e conferi o certificado com um breve sorriso. Eu tinha conseguido. Era mérito meu. Era o primeiro passo para a minha vida, minha liberdade e para voltar para ele.

No dia seguinte, ao amanhecer, tia Adelaide chegou com o vizinho dela que iria transportar nossas coisas em sua camionete cobrando apenas o dinheiro da gasolina. Mamãe tinha vendido toda a mobília para o dono da casa e iríamos levar apenas nossas roupas e coisas pessoais.

Terminaram de colocar as caixas na camionete e mamãe trancou a casa entregando a chave para o dono. Ele também nos ofereceu uma carona até a rodoviária, nos duas teríamos que ir de ônibus. Dei uma última olhada na minha casa e no caminho que eu seguia todo dia para a escola, meu coração apertou e engoli o nó na garganta, eu não ia chorar na frente de ninguém. Respirei fundo, guardei minha mala no bagageiro e entrei no carro. O veículo começou a andar e não olhei para trás. Aquela parte da minha vida tinha terminado.

 

 

 

MARIZA.

- Dona Mariza a senhora tem que tomar o suplemento agora. – a enfermeira insistiu e a fulminei com os olhos.

- Se enfiar essa coisa no meu nariz de novo vou prender a respiração até engasgar e vou dizer que foi você.

Eu já estava cansada daquele quarto horroroso de hospital, mesmo sendo particular. Cansada daquele policial plantado vinte e quatro horas na porta. Prisão domiciliar foi isso que o juiz decretou como se eu fosse uma bandida perigosa e pudesse escapar. Eu não conseguia nem coçar meu próprio nariz.

A enfermeira respirou resignada.

- Por favor, dona Mariza, é necessário usar essa sonda no nariz para evitar que tenha vômitos, a senhora pode sufocar.

- Eu disse não. Você é surda ou é burra?

Ela ficou me olhando com raiva e ressentida.

Um homem jovem de cabelos loiros e olhos cinzentos usando um terno caro e elegante, entrou no quarto. Era meu novo advogado.

- Oi Agnaldo? – olhei para a enfermeira e fiz um gesto. – Saia.

- Vou ter que relatar isso ao seu médico. –disse ela secamente.

- Faça isso lá fora. – fiz um gesto de cabeça. A única parte do corpo que eu conseguia mexer.

A enfermeira saiu resmungando algo como “trocar de turno.”.

- E então? – perguntei ao meu advogado. – Alguma novidade?

Ele sentou na cadeira confortável e apoiou a pasta de couro preta no colo.

- Sim. Sua cirurgia já está marcada e depois que ganhar alta do hospital vai para uma clínica de repouso começar o outro tratamento.

Bufei frustrada.

- Isso não é novidade eu já sabia.

-Estou montando sua defesa em cima do seu desequilíbrio mental...

- Eu não sou desequilibrada. – gritei interrompendo-o.

Ele me ignorou e respirou. Parecia cansado.

-Consegui que seu psiquiatra venha te atender aqui e lá na clínica e essas consultas serão gravadas e usadas a seu favor, portanto, preste bem atenção no que você vai falar. – sua voz tranquila transmitia preocupação e um alerta.

- E Leonardo, ele está bem? – minha voz mostrava carinho.

- Já recebeu alta.

Engoli em seco com raiva.

- E ela?

Agnaldo respirou fundo com irritação.

- A Beta foi embora, se mudou.

Soltei o que parecia um arremedo de risada já que nem isso eu conseguia fazer direito por estar deitada.

- É tudo uma farsa. Aposto que ela vai fugir para vir atrás dele.

Meu advogado se levantou e me encarou estreitando os olhos com uma irritação maior.

- Mariza seus pais e o presidente da empresa que você trabalha estão te dando todo o suporte necessário e vou conseguir montar uma boa defesa, por favor, não estrague tudo.

- Você também acha que estou louca? – gritei. – Não acredita que eles têm ou tiveram um caso não é?

- Você não tem prova. – ele rebateu impaciente. – E já existem muitas contra você será que é tão burra assim?

Era um tormento não poder me mexer. As lágrimas correram pelos cantos dos olhos molhando meu cabelo dos lados. Eu seria julgada por vários crimes, provavelmente passaria o resto da vida numa clínica sob prisão domiciliar e mesmo que Agnaldo conseguisse me soltar, o que eu iria fazer?  Ainda teria que tomar aqueles malditos suplementos com aquela coisa enfiada no nariz e os médicos diziam que fariam o possível para eu recuperar os movimentos da cintura para cima, mas a possibilidade de voltar a andar era quase inexistente. Desabei num choro convulsivo.

Agnaldo tentou me acalmar, se sentindo culpado.

- Me desculpe Mariza. Eu não devia ter gritado, eu vou ser mais paciente. Você não vai ficar presa, eu prometo.

- O que importa se eu ficar presa ou não? – solucei e tossi. – Vou ficar presa de qualquer maneira numa cama ou numa cadeira de rodas, dependendo de remédios e tudo mais. Minha vida acabou.

Agnaldo tirou um lenço do bolço e enxugou meus olhos, em seguida passou a mão no meu rosto delicadamente tirando os fios de cabelos que estavam grudados e limpou o suor da minha testa.

-Há um mundo de coisas novas para se descobrir Mariza. Ficar numa cadeira de rodas não vai te impedir de descobri-lo. Só precisa ter confiança e dar o primeiro passo. Eu posso te ajudar.

Olhei para ele fungando e pela primeira vez em muito tempo, recebi um olhar e um gesto de carinho.

- Obrigada. –agradeci mais calma.

Eu quase já havia esquecido como era bom sentir aquilo.


Notas Finais


Bjokas.


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