História O Gravador - Dia 1

Olá? Está gravando? Eu imagino que sim. Que aparelho primitivo, esse... Ai, não se distraia, Marcelo, não se distraia! Aqui quem fala é Marcelo Pereira Aquino. Eu tenho 24 anos e nasci em São Paulo, Brasil. Eu não me lembro de muita coisa que aconteceu nos últimos dias. Eu só lembro que... estava voltando do trabalho... Ai, minha cabeça! Ela dói toda hora que eu tento me lembrar! Urgh... Eu só sei que peguei o metrô, ali na Linha Amarela, pra voltar pra casa. Eu o pego na República e desço no Butantã. Eu consegui sair mais cedo do trabalho, então não peguei o horário de pico. O metrô estava vazio, só eu e mais duas ou três pessoas. Eu fiquei tão aliviado em finalmente poder me sentar! Mas, hehe... É aquele ditado: felicidade de pobre dura pouco. O metrô começou a balançar e eu ouvi um estrondo. A partir daí que eu não me lembro de mais nada. Só sei que eu acordei... aqui. É um lugar escuro... Tem muita névoa, não dá pra ver direito as coisas. Eu estive andando, procurando ajuda, mas... Ninguém apareceu. Eu já ouvi vários barulhos estranhos. Parece algum tipo de lobo, ou ratazana. Mas nada. Não encontrei nada. Apenas isto. Um gravador. Daqueles antigos. As pessoas deviam usar nos anos 80, e olhe lá. Já faz tempo que eu o encontrei, mas tive essa ideia agora. Gravar os meus dias nesse lugar tenebroso. Ajuda a... passar o meu tempo... sem ninguém.... Sozinho. E, quem sabe, alguém o encontre algum dia e ouça. Deve dar uma boa história, né?! Haha. Aquelas histórias de terror que todo mundo gosta. É isso que estou vivendo, né? Um filme de terror. Ou um jogo de terror. Seja lá o que for, é pior do que os dois. Muito pior.