História O Híbrido - Uma vida de beta

— Taehyung, acorda! — Ainda meio zonzo de sono, ouço Hoseok bater na porta com certa pressa.

Viro de lado no travesseiro, ainda sonolento.

— O que é?! — Gritei meio rouco já furioso por estarem me acordando tão cedo em pleno sábado. Porra, é sábado!

— Namjoon entrou no cio. Vamos, se arruma, porque a gente vai sair. Agora! — Sinto seus passos se afastarem.

Droga! Já era difícil ter quatro alfas mandões como irmãos dentro de casa, mas nããão, um deles tinha que entrar no cio logo no sábado, tirando meu sono pela manhã! Argh!

Bati na cama várias vezes tentando descontar minha revolta, sem sucesso. Tinha realmente que sair de casa, ou seria obrigado a ouvir Namjoon parecendo um urso com tuberculose e os gemidos de sua namorada ômega, e é claro, que ela estava vindo pra cá como uma cadela no cio.

Coloquei uma camisa branca, um moletom e uma calça preta. Saindo do meu quarto já sentia o cheiro de Namjoon invadir minhas narinas. Era um cheiro amadeirado forte, que deixaria qualquer ômega molhada.

Olho para o lado e vejo Hoseok, agora com Jimin e Jungkook atrás de si, também estavam com cara de sono e emburrados, mas prontos para sair.

— Parece que não sou só eu o único que está revolts, afinal. — Falo e Jimin vem afagar meus cabelos em zoação.

— Até parece que vou ficar aqui para ouvir isso. — Ele aponta para o quarto de Namjoon, este que já gemia sozinho.

“O negócio tá pegando de verdade no Namjoon!”

Quando estávamos saindo da nossa casa — Que era estilo classe média alta — avistamos Ji Hyo chegando apressada, — Como eu disse, uma cadela no cio — passou por nós como um furacão sem ao menos nos comprimentar. Vaca! Sua sorte é que já tinha a chave da casa por ser a namoradinha do Namjoon, porquê eu não daria nem se ela me matasse.

— Aonde vamos? — Perguntei quando caminhávamos sem rumo, nos afastando da casa. Queria que pelo menos fôssemos à algum lugar que valesse a pena, porque eu ainda estava querendo voltar pra casa para dormir.

— Sei lá, eu não parei pra pensar nisso. — Hoseok falou, me fazendo  olhá-lo com uma expressão de “Fala sério!”.

— Vamos ao shopping! — Jungkook falou animado, nosso olhares se focaram nele. — Ah, vamos! No shopping tem cinema pô! Podemos assistir algum filme. — O alfa continuava tentando nos animar, o que, pelas nossas caras, não era um trabalho fácil, mas não era má idéia.

Concordamos e pegamos um táxi para ir ao tal shopping.

○  ○  ○

Chegamos ao local e fomos passando pelas lojas até chegarmos finalmente ao cinema. Eu sentia os olhares de muitas ômegas em direção aos meninos, estes que sorriam satisfeitos, afinal, eram alfas tão desejados, como famintos por sexo. Mas, desses muitos olhares, nenhum era direcionado a mim.

Eu já estava acostumado, desde que completei dezesseis anos não tive nenhum cio. Esperei até os dezessete e tinha muita esperança de ser um alfa, porquê, dos cinco filhos, quatro já tinham se tornado alfas de cio formado, mas eu, nada. Até Jungkook, que é o mais novo de todos já havia se tornado um alfa sexualmente formado.

Eu acompanhei todos os acontecimentos dos meus irmãos em seus primeiros cios, a intensidade que seus cheiros aumentavam conforme a idade, e é claro, ômegas loucas na frente da casa quando o cio chegavam já que somente Namjoon era comprometido naquela casa. Quando eu completei dezoito anos, perdi totalmente as esperanças e me aceitei como um beta, mas não estava satisfeito, pois ter irmãos tão deleitosos dentro de casa e nenhum deles mostrar desejo, apenas amor fraternal por você é muita sacanagem! No fundo, eu não me sentia nada bem comigo mesmo.

Enfim, chegamos na lotada fila do cinema, afinal, era sábado e eu devia imaginar isso. Com certeza, passariamos quase metade do dia naquela fila, mas era melhor do que ficar em casa naquele momento. Namjoon e seu maldito cio de um dia inteiro! Bufo.

Já estávamos na fila á um bom tempo, até perceber que um alfa olhava em nossa direção, um alfa muito bonito por sinal. Seus cabelos loiros harmonizavam com seus olhos negros, ele tinha um olhar fixado e por um momento pensei que estavam direcionados a mim. Mordi meu lábio inferior quase sem perceber, mas logo caí na real. Não, provavelmente ele só está olhando um dos meus irmãos. Parei de olha em sua direção e comecei a prestar atenção no que meus irmãos estavam falando, não queria me iludir.

Ficamos conversando e estava bom,até o momento em que três ômegas nos abordaram para conversar. Não, espera... Falei errado. Três ômegas abordaram, Jimin, Jungkook, e Hoseok para flertar. Em um breve momento senti uma das ômegas olhar para mim com nojo. Além de atirada é educada que igual uma vaca! Eu mereço.

Resolvi ir ao banheiro, pois não estava com saco pra segurar vela. Tentei avisar os meninos, mas só tentei mesmo pois estes estavam ocupados demais “conversando” com as ômegas, nem perceberam quando saí.

— Ótimo! — Bufei indo em direção ao banheiro do shopping. Entrei no mesmo sem perceber que alguém me seguia, e quando finalmente entro em uma das cabines, sou supreendido pelo loiro que antes olhava na minha direção quando eu estava na fila.

Meus pulsos fora imediatamente, segurados e postos na parede com força na altura da cabeça. Ele olhou em meus olhos mas logo focou em meus lábios, um breve olhar devorador. Não contei um segundo para seus lábios irem de encontro com os meus, sua língua pedia passagem, essa que não concedi, e ele percebendo isso, tratou de mordeu meu lábio inferior. Abro a boca involuntariamente e sinto sua língua me invadir por completo. Seu beijo era quente e devastador, me deixando quente e sem fôlego, até quando ele parou de forma repentina e começou a cheirar meu pescoço, e ao perceber que não havia cheiro soltou meus braços, abrindo a porta da cabine quase em um soco e saiu bufando do banheiro.

Provavelmente pensou que eu era um ômega, e aquilo me deixou mais triste do que eu já me encontrava. Meu primeiro beijo foi um engano!

Me sentei na privada, ainda sem fôlego e sem ânimo. Ótimo! Mais uma vez o beta aqui foi rejeitado!

Depois de alguns minutos lamentando, me recuperei — Pelo menos, fisicamente — para voltar a fila na qual estavam os meus irmãos alfas. Saí do banheiro indo em direção ao cinema. Chegando na fila, dei graças á Deus por aquelas ômegas taradas não estarem mais lá, e agradeci ainda mais por ver que o alfa loiro não se encontrava mais em lugar algum do shopping.

Quando cheguei perto deles, já estavam na entrada, e assim, fomos assistir o filme — Coisa que eu realmente não vou conseguir fazer, enquanto lagrimas teimosas insistiam em sair de meus olhos, pelo que aconteceu.