História O Híbrido - Surpresa!

 "Omma, porque eles me mordem? — falo chorando, sentado com a cabeça entre as pernas, sinto sua mão afagar os meus cabelos enquanto sentava-se no chão, ao meu lado.

— Filho! — Sua voz é calma, e sinto que tenta passar toda a confiança possível — Eles não fazem por mal, só não têm consciência do que estão fazendo. Você é especial, Taehyung. Nunca se esqueça disso, ok?! — Eu me acalmo só de sentir seu cheiro doce de morango com cereja adentrando minhas narinas, olho nos seus olhos serenos e me sinto acolhido.

— Promete que eles não vão me morder, omma?! Isso dói muito! — Falo manhoso, ainda enxugando minhas lágrimas.

— Prometo, meu filhote. — Ela sorriu, sorriso este que foi ficando mais turvo, até não haver mais nada..."

Já se passava das 9:30h da manhã de domingo, dia 30 de dezembro. Já se passaram treze anos e todos os anos desde que ela morreu eu tenho esse sonho. Sempre no mesmo dia.

Abro os olhos, ouvindo alguém bater na porta do meu quarto. De novo. A mesma foi aberta por Hoseok, que logo entrou no quarto vindo em direção á minha cama com um sorriso no rosto. Realmente, Hoseok era o alfa despertador mais chato que eu já vi!

— Dormiu bem, Tae? — Ele estava calmo, se sentando em minha cama. Eu o olho ainda com o pensamento longe... no sonho.

— Sonhou com ela de novo, não foi?! — Eu assinto, sentindo um pouco de tristeza tomar conta de mim e lágrimas começaram a transbordar nos meus olhos.

— Não fica assim, Taehyung! — Passa as mãos pelos meus cabelos — Pelo menos você ainda sonha com ela. Sabe o que eu daria para estar com nossa omma mais uma vez?! — Ele exclama com uma expressão calma, mas como se estivesse fazendo um pedido.

— Seu sorriso me lembra ela. — Eu confessei, sorrindo sincero e me apoiando nos cotovelos, ainda deitado na cama. Ele sorri anasalado, abaixando a cabeça e logo depois a levantando em minha direção, tirando uma caixinha de presente — preta fosca com uma fita da mesma cor de cetim — e entrega pra mim. Eu seguro a caixa.

— Namjoon quer falar com você. — Sorri e eu o vejo levantar-se, indo em direção á porta do meu quarto, parando em seguida. — E a propósito, feliz aniversário! — E logo em seguida, ele sai do quarto.

Tenho orgulho de ter Hoseok como irmão, ele era um ótimo alfa, desde que não me acordasse aos sábados, sim. Ele era ótimo!

Abro a caixa de presente e lá estava, um relógio Rolex Submariner preto. Eu tinha que admitir que o Hoseok tinha bom gosto quando se tratava de presentes!

Me levanto em um pulo da cama e vou direto ao guarda-roupas, trocar meu pijama por algo mais... como posso dizer... Vistoso! Afinal, era meu aniversário e mesmo eu sendo um beta inútil para a sociedade, eu não queria fazer feio.

E sim, eu uso pijama. Ainda por cima estampado com bolinhas. Fazer o quê?! É confortável.

Coloquei uma blusa cinzenta leve, mas confortável, uma calça jeans rasgada nos joelhos, e para completar, o relógio que tinha ganhado de Hoseok. 

Queria mostrar o quanto eu havia gostado daquele presente.

Saí do meu quarto indo em direção ao do Namjoon, que ficava logo à frente do meu. Bati na porta e após ouvir um "entre" meio rouco vindo de dentro do cômodo, abro a porta e me deparo com ele sentado em sua cama, encostado na cabeceira da mesma.

Ele tinha acabado de sair do cio, seu cheiro ainda era forte, mas em menor escala se comparado à ontem. O observei bem, e me peguei pensando que, por um lado, é bom não ter um cio.

Sua expressão era exausta. Parecia que tinha feito uma maratona de dez quilômetros, e ainda por cima, estava suado, sua cama parecia ter sido alvo de uma bomba atômica.

Dou um sorriso ladino em um breve pensamento de como se encontra a bunda de certas pessoas.

Deve estar com uma cratera entre as pernas!

Fez uma expressão indicando pra mim sentar ao seu lado, na cama. Mas eu não pensei duas vezes antes de pegar uma poltrona para me sentar. Tinha acontecido uma chacina naquela cama, e eu não seria o primeiro a sentar-me ali tão cedo! Percebendo a minha ação, Namjoon arqueou as sobrancelhas e riu nasalado da minha atitude, como eu posso dizer... Higiênica.

— Antes de tudo... Feliz aniversário, Taehyung. — Ele sorriu e eu o olho com atenção — Sei que ser um beta no meio de tantos alfas, numa mesma casa, não deve ser nada fácil pra você. — Ele continua falando, com bom humor.

— Ainda bem que você sabe! — Falo irônico, me lembrando das várias vezes que tinha de mandar embora as ômegas em plena loucura, causada pelo cheiro que meus irmãos exalavam durante o cio. Pareciam um bando de fãs sasaengs clamando para entrarem na casa de um ídolo. Loucas!

Acabo por fazê-lo sorrir, e mostrar suas covinhas, mesmo cansado.

— Eu podia jurar que você seria um...

— Um alfa? — Eu o interrompo como se a resposta fosse óbvia.

— Não. Um ômega!

Como assim?! Namjoon só pode estar de sacanagem comigo!

— Como assim, ômega?! — Exclamei, coçando a cabeça em seguida. — Não faz sentido! Eu não sou fofo, muito menos submisso a ninguém!

— Eu me lembro de nós quando pequenos, muitos alfas ficavam ao seu redor e nós não sabíamos por qual motivo, porque você nem tinha cheiro! — Ele fala nostálgico, lembrando-se dos fatos. 

— Já teve casos de alfas te morderem. Nossa omma ficava muito preocupada, pois não queria que você fosse marcado por um alfa qualquer, ainda mais sendo apenas uma criança.

— Nossa omma... — Sussurrei baixinho e paro, lembrando-me da mesma. Deixando o silêncio tomar conta do cômodo.

— Tenho uma coisa para lhe dar. — Ele corta o silêncio, me tirando dos pensamentos distantes. Ele se abaixa para alcançar uma caixa que estava debaixo da cama. — Na verdade... — Ele me entrega a mesma, que parecia estar fechada à anos. Feita de madeira enrolada por uma fibra, que parecia capim, grosso e seco. 

— Foi nossa omma quem me fez guardar para quando você fizesse dezenove, eu te entregar. Ela me fez prometer que só você abriria. — Riu nasalado ao lembrar-se do jeito como ela nos fazia prometer algo.

Confesso que fiquei curioso. Nunca tinha visto algo tão antigo que me despertasse tanta curiosidade. Ainda mais vindo por parte da minha mãe, a tantos anos atrás. E por que motivo só agora foi entregue a mim? Estava louco para abri-la e faria isso ali mesmo se, por um breve momento, não ouvisse a porta sendo aberta atrás de mim. Revelando Hoseok com um mini bolo de aniversário com velas já acesas, seguido por Jimin e Jungkook cantando parabéns pra mim.

De uma certa forma, era vergonhoso, já que eles cantavam igual á um aniversário de uma criança de cinco anos, mas ao mesmo tempo, era acolhedor. Com a demonstração de carinho, eu me senti acolhido... por todos.

Se eu fiquei sem graça? Fiquei, com certeza. Mas não podia deixar de gostar daquilo, pois, apesar de viver em uma sociedade que me menosprezava, eu tinha uma família. Uma família de alfas tentadoramente deleitosos e que me fazia desejá-los mais que tudo, mas ainda assim, éramos uma família.

Assoprei as velas quando, finalmente, terminaram de cantar a melodia clichê, e fiz um desejo secreto.

— O que desejou? — Hoseok perguntou curioso e eu recebo essa mesma pergunta de todos de forma eufórica.

— Segredo! — Faço bico e eles resmungam em uníssono, insistindo logo em seguida.

— Vamos Taehyung hyung, fale logo! — Jungkook falou me olhando intensamente, ainda esperando ansioso pela minha resposta. Aqueles olhos... Jungkook, mesmo sendo o mais novo, já tinha passado pelo cio diversas vezes e igualmente levando seus ômegas à loucura durante a foda.

 Não precisava se pensar muito para chegar á essa conclusão, só os gritos e gemidos que vinham do seu quarto, já diziam tudo. Mas ao mesmo tempo, ele ainda preserva seu jeito jovem e animado de uma criança, se ele soubesse o poder que tem sobre mim só de olhar desse jeito, eu estaria ferrado.

— O meu desejo foi... — Comecei, e todos me olharam curiosos — Que Namjoon hyung pare de ter cios no sábado e me deixe dormir em paz! — Exclamei apontando para o dito cujo em tom de brincadeira, ele logo arqueia as sobrancelhas apontando pra si mesmo surpreso, fazendo todos rirem.

— Ah! Não é minha culpa, ora! — Ele tenta explicar-se, fazendo bico ainda sobre os risos de todos, inclusive os meus.

É claro que esse não foi meu real pedido, mas pra mim era uma coisa íntima e que, no meu caso, era impossível de acontecer. Eu não queria deixar isso exposto... Eu queria ter um cio! Queria exalar um perfume que atraísse as pessoas! Queria que as pessoas me desejassem, pelo menos uma vez. E se isso incluísse foder loucamente durante um dia inteiro... pra mim estava ótimo!

— Tae! — Jimin me chama, e meu olhar se volta pra ele e para as cinco passagem para Dongbaekseom Island, que ele segurava. — Feliz aniversário! Isso é por todas as vezes que você teve que aturar e segurar velas, além de ter que dispensar as ômegas chatas por mim! — Continuava esboçando um sorriso que fazia seus olhos fecharem. Seu presente era uma pequena viagem na qual eu já estava ansioso para ir. Pego as passagens olhando atentamente e percebo que eram para hoje.

— Essas passagens são para hoje! — Exclamei alto, com as sobrancelhas arqueadas.

— Surpresa! — Hoseok grita animado, me fazendo olhar pra ele e então eu percebo.

— Vocês sabiam de tudo isso?! — Falei perplexo e ouço as risadas ecoarem pelo quarto, fazendo-me rir também — Obrigado gente. — Falei meio envergonhado, sentindo minhas bochechas queimarem e logo sinto que todos estão dando uma zoada da minha cara, e me abraçando freneticamente, tudo ao mesmo tempo. Caímos todos em cima da cama de Namjoon, rindo.

— Amo vocês, galera! — Falo em meio às risadas, até que sinto o cheiro de Namjoon na cama. Espera um pouquinho aê… — Cama pós-cio de Namjoon! — Gritei me levantando da cama, parecendo um furacão. Deixando todos loucos para fazer a mesma coisa, só que estavam muito embolados um nos outros para levantar de imediato, fazendo uma bagunça humana formada de irmãos na cama de Namjoon.

Ver meus irmãos ali por um momento, me fez pensar, em como seria essa viagem de dois dias, sendo que depois eu teria que voltar as aulas pois eu ainda estava no ensino médio com Jungkook e Jimin, mas eu aproveitaria esse momento como nenhum outro... Se a vida não resolvesse pegar no meu pé. 

E isso era uma coisa da qual eu já tinha certeza!