História O homem de outro tempo - Surprise

Levantei-me no meio da plateia e dei a minha primeira nota, comecei do alto surpreendendo a todos, pegando a nota da dama da noite como trapezista. Pela primeira vez eu comecei do alto, pois estou no alto. Ando até no palco brincando de pegar com a cantora. Nos encontramos no meio do palco e cantamos juntas trocando caricias como irmãs, entrando no personagem e saindo dos próprios limites. Quando terminamos todos aplaudem e as curtinhas imediatamente se fecham. É inacreditável o que essa cidade pode significar e o que ela pode causar! As pessoas aqui irradiam amor e eu posso sentir isso. Infelizmente algo falta em meu peito, sei exatamente o que é, ou melhor, quem é.

Abraço minha parceira de canto, agradeço-a com vários sinceros merci's e vou para meu camarim. Quando abro a porta e olho para cima meu coração para. 

- Amor! - eu digo correndo para os braços de meu amado. 

Ele não diz nada, apenas me beija e deixa que o beijo diga tudo aquilo que ele não consegue dizer, tudo aquilo que não seria espontâneo o bastante. Paramos para respirar e ele sorri para mim, então diz.

- Boa noite senhorita - desajeitado, mas nobre como sempre. 

Fecho a porta e começo a tirar o vestido que me emprestaram. Um branco com detalhes em dorado brilhante. Estou de costas então não vejo a reação dele. Ele nunca me viu com tão pouca roupa, mas em todo o caso agora não é hora para safadagem. Deixo o vestido cair e pego o outro dentro da bolsa. Abro o zípere e entro no vestido por baixo, ainda estou vestindo quando viro para T.O.P.

Ele fica olhando para meu corpo dor alguns instantes e depois olha nos meus olhos. Eu viro para trás de novo e faço um sinal para que ele feche o zíper. Ele levanta e sobe devagar fechando o vestido e depois me dá um beijo no pescoço. Ele passa o lábio inferior de leve na nuca e da outro beijo dessa vez um pouco a baixo da orelha. Virei-me rapidamente e nossos lábios se encontram com sincronia. 

Diatancio-me em um segundo e pego minha bolsa no outro. Pego nas mãos quentes do meu amado e o guio até o telhado, onde não há ninguém, apenas nós é a vista da cidade toda. O vento faz meu cabelo e as tiras do meu vestido prata voarem. Há algumas cadeiras ali. Sentamos e ficamos ali de mãos dadas olhando a cidade toda em festa. Embaixo de nós há pessoas festejando o ano por vir. Entre um suspiro e outros penso em como aquele momento nao poderia ser melhor. 

Sinto as mãos pacias de T.O.P, seus dedoa longos em meio aos meus e me pego analisando cada detalhe de sua pele. Ele olha pra mim é sorri de leve, eu pego sua mão e beijo com delicadeza. Ele também beija a minha é faz uma carícia em meu rosto. 

Dá para ver a torre Eiffel à frente, e vejo a hora que o 10 explode no céu e logo em seguida o 9. Levantamos as pressas e vamos para o parapeito. os números continuam a brilhar no céu e o tão esperado 0 aparece em forma de fogos de artifício coloridos e a torre brilha freneticamente como pisca pisca em árvore de natal. Meu amado segura meu rosto e me beija como se quisesse que aquele momento não passasse nunca. Sinto um amor tão forte, um fogo tão aceso, um sentimento tão aceso. Eu desejo isso para sempre!

"O amor, porém, é contagioso, com especialidade na solidão, onde a alma tem necessidade de uma companheira, e quando de todo não a encontra, divide-se ela própria para ser duas: uma, esperança; outra, saudade."

José de Alencar