História O homem de outro tempo - Movie Star

Viajamos de primeira classe no dia 28 e só no dia 30 chegamos a Coreia. Ando pela sala de desembarque olhando para as grandes janelas que exibem uma paisagem urbana e bem arbotificada. Eu e Vitória pegamos a mala ainda conversar sobre as dúvidas que tínhamos sobre nossa estádia, dúvidas que sumiram quando saímos do aeroporto. Havia plaquinhas com nossos nomes, cada uma na mão de um homem diferente. Abracei Vitória em despedida e fui até o homem com meu nome. O homem se apresentou em português:

- olá, eu vim para leva-la a até sua estadia. 

- oi, qual é seu nome? 

Ele não respondeu nada, então entendi que ele tinha treinado muito aquela fala é só sabia ela. Dei três tapinhas nas costas dele e entrei no carro. No caminho fui pensando sobre a alegria que minha substituta ficou quando eu disse que ia viajar. Fiquei feliz de a circunstância sobre a qual ela se apresentará será minha viagem e não minha morte. Ri sosinha da situação. 

Chegamos à casa, ou melhor, à propriedade. assim que chegamos já vi T.O.P vindo de longe. Tão lindo quanto um príncipe! Sai do carro e virei para pegar a mala pesada, mas logo senti as mãos quentes de T.O.P, uma nas minhas costas e a outra na alça da mala. Ele levantou a mala com delicadeza e depois me deu um beijo na testa. Ele perguntou com um português enrolado: 

- fez uma boa viagem?

- sim! - Eu disse sorrindo. 

Fomos em silêncio para dentro da casa. Ele nao parou até que chegamos em um dos quartos, aconchegante, pisonde madeira, móveis de madeira e uma janela grande, como o resto da casa. Ele pegou o celular na minha mão e colocou a senha do wifi, logo depois mandou uma mensagem:

T: essa é sua suíte, espero que tenha gostado. Eu vou resolver umas coisas e às 18h apareço para te pegar. Tenho planos.

Li, ele sorriu e saiu do quarto e eu fui arrumar minhas coisas.

                          ***

O relógio marca 18:30 e o príncipe ainda não deu as caras. Afinal ele apareceu na porta às 18:40 pedindo desculpas pelo atraso. Já estava escuro e ele me guio até a varanda onde tinha um sofá extenso que mais parecia uma cama de casal, logo atrás havia um projetor de slides e na frente uma parede com um pano esticado bem grande. Olhei pra ele sorrindo e disse:

- cinema? 

Ele sorriu e balançou positivamente a cabeça. Deitei no sofá e ele me entregou um pote de pipoca e um copo de refrigerante e foi para trás arrumar o projetor. O filme que começou a tocar na parede era : o namorado da minha namorada. Olhei pra ele com um sorriso atônito, pois esse é meu filme favorito que eu só vi uma vez. Eu vi esse filme uma vez na sessão da tarde e depois nunca mais achei nem pra alugar, mas agora o verei outra vez. fiquei mais feliz ainda quando percebi que o filme estava em português.

T.O.P passou o braço no meu ombro, colocou-me encostada no peito dele e o pote de pipoca no meio de nós. Depois de um bom tempo de filme percebi que ele não estava vendo o filme, mas sim me observando. Quando virei pra olhar pra ele, ele virou rapidamente a cabeça pra frente como um adolescente apaixonado. 

O filme por fim acabou e ficamos olhando para a tela até que o último nome subiu. A tela ficou branca outra vez, mas era quase imperceptível pois estávamos em um breu. Olhei para o céu é disse:

- Olha - mesmo dizendo em português ele entendeu. 

Ajeitei-me no sofá. Ficamos ali olhando o céu estrelado enquanto ele acariciava meu cabelo. Não eram muitas mas eram estrelas, e nós dois olhando para elas. 

- Ei! - eu disse e ele me olhou desajeitado - Movies - apontei para a parede - stars - apontei para as estrelas e completei para que ele entendesse - Movies stars! 

Ele consegui rir da minha piada sem graça. 

Comecei a pensar sobre as estrelas, em algum ponto dessa galáxia elas são poderosas bolas de fogo, ou planetas desabilitados - ou abitados, vai saber - , em algum ponto desse universo elas são solitárias rainhas poderosas, mas agora, são só pontos brilhantes no céu. Todos somos estrelas! 

Meus pensamentos ficaram fracos, meus olhos pesados, e por fim eu já não conseguia nem mais manter minha cabeça pra cima e peguei no sono. 

Tentei lhe dizer muitas coisas, mais acabei descobrindo que amar é muito mais sentir do que dizer. E milhões de frases bonitas, jamais alcançariam o que eu sinto por você.

José de Alencar