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História O ilusório "até logo" - All the little promises they don't mean much (...)


Escrita por: ohmystress

Notas do Autor


Ah sua irma danadinha! Me fez perder uma aposta e escrever uma Jongkey embaixo das tuas pressões. Hunpf!

Brincadeiras à parte eu queria dizer que não, isso não vai cobrir tuas expectativas e que eu estou com muito medo de ser semelhante a Kyumin que você preparou para mim. Se for eu te digo desde já: Taque o dane-se e poste mesmo assim, ok? Estou ansiosa.

Eu te amo Duda e ah, leia logo.

Se você é outro leitor e chegou até aqui meu carinho é semelhante, espero que curta a leitura e não se decepcione.

Até as notas finais. (:

P.S.: Eu não sei porque usei tanta referência ao Arctic Monkeys mas vou deixar umas músicas nas notas finais. Provavelmente nenhuma será do Arctic Monkeys (???) mas enfim...

Capítulo 1 - All the little promises they don't mean much (...)


Querida Gwiboon.

 

Meus dedos tremem estúpidos segurando a caneta enquanto encaro esse pedaço de papel incerto sobre como externalizarei nessa coisinha tão pequena os meus sentimentos maiores do galáxias, incerto também sobre o endereço o qual o enviarei daqui algumas horas, já que o consegui com terceiros não muito confiáveis (lê-se Taemin, que ainda me evita como se eu tivesse uma doença contagiosa. Por quê? Bem, deixemos esse assunto para nunca, como você mesma sempre dizia).

Fazem o quê? Um ano já? Pergunto tentando passar indiferença, como se eu não soubesse que fazem 343 dias, como se a dor que me atinge o peito esquerdo toda manhã não me lembrasse de você e da sua ausência.

Eu ainda sou o mesmo menino imbecil, Gwiboon, eu ainda passo a maior parte do meu tempo trancado em meu quarto, comendo porcaria e pensando em você (e por vezes estudando, já que estou no último ano do ensino médio e quero poder convencer a mim mesmo de que sou capaz de esquece-la traçando um futuro brilhante em uma boa faculdade, em uma boa carreira).

Você ainda tem cheiro de erva-doce? Essa noite meu travesseiro confidenciou e guardou cada uma das lágrimas ardidas e agridoces que escorregaram de meus olhos.

Eu ainda tenho a imagem que capturou meu coração cravada em minha mente, você bonita como uma flor silvestre sentada na sacada do seu apartamento com Sumi no colo, beijando-lhe o pescocinho gordo com os olhos ternos e maternos transbordando em amor. Eu ainda me vejo franzino e feio do outro lado da rua observando essa cena com curiosidade e batimentos cardíacos desritmados, observando como eras (e sei que ainda és) linda em toda tua simplicidade. Sabe que não és portadora de uma beleza extraordinária, nem todas as pessoas sabem apreciar e se deleitar no brilho dos seus cabelos negros, na perspicácia de teus olhos afiados, na melodia bonita de teu riso rouco, nas suas mãos ásperas e brancas de mulher trabalhadora e guerreira. Mas Gwiboon, eu juro, não existe para mim ser mais lindo. Não existe para mim alma mais bela e colorida. Não existe para mim felicidade maior que ouvir tua voz ao repreender-me a aproximação errada e repentina e prazer maior do que comer a comida que preparava para mim com um amor muito bem disfarçado porém por vezes evidente.

Já era tarde demais para negar o sentimento formigante que eu abrigava no peito quando passei não só a te encontrar no elevador em manhãs gélidas e cinzas como também a te encontrar na sala de sua casa, quando Taemin se mostrou determinado a construir uma amizade comigo, me convidando com frequência para ir até seu apartamento pouco longe do meu (pois morávamos no mesmo andar), onde poderíamos jogar videogame ou matar o tempo falando de garotas desinteressantes e peitudas demais da escola onde estudávamos.

Se Taemin com sua ingenuidade de garoto de quinze notasse os sentimentos estúpidos que o vizinho e novo amigo dois anos mais velho conservava dentro do peito magro por sua mãe com toda certeza me evitaria como evita hoje em dia.

Neguei seus convites uma, duas, três vezes e na quarta vez lá estava eu, entrando com receio na casa organizada e silenciosa. E aquela fora a primeira vez em que seus olhos olharam para mim com sinceridade e atenção, vendo-me curvar o corpo em quarenta e cinco graus para cumprimentá-la com respeito e formalidade. Você estava sentada com as pernas cruzadas enquanto no teu seio Sumi dormia ainda se alimentando do seu leite. Era uma cena tão pura e bonita, que merecia ser pintada em um quadro gigantesco e exposta em algum museu rico de Seul. Tudo em e sobre você é arte.

"Mãe, esse atrapalhado é Kim Jonghyun." Taemin disse apressado, estalando a língua por causa da minha formalidade antes de me puxar pelo uniforme até seu quarto, antes de te deixar me responder, antes de despejar milhares de palavras as quais mal dei atenção. Minha mente era sua. 

Ainda tenho palpável dentro de mim a lembrança da primeira vez que ficamos sozinhos.

A verdade é que já havia se tornado rotina eu me encontrar com Taemin em sua casa, que já havia se tornado rotina te observar disfarçadamente ajudando Sumi a dar os primeiros passos ou te observar às vezes chegando exausta do trabalho, com os cabelos bagunçados, arrancando os sapatos e indo beijar seus filhos. Mas aquele fim de tarde foi particularmente estranho para nós dois já que naquela manhã você me flagrou no corredor em uma conversa nada amigável, onde eu te defendia de suposições e ofensas descabidas vindas de duas senhoras velhas e ranzinzas do mesmo andar que o nosso, onde elas falavam sobre como era desonroso você ser mãe solteira e sobre como seus filhos sofreriam por ter que crescer com uma mãe tão indecente quanto você, o tipo de comentário a teu respeito que eu ouvia o tempo todo e ignorava o tempo todo. E entre repreensões e gritos frustrados e exasperados vindos da minha defesa eu encontrei teu corpo alguns passos atrás do meu, assistindo aquela cena com olhos alarmados e surpresos. Você se recompôs e passou entre nós murmurando um bom dia com um sorriso que pouco disfarçava a afetação, elas te ignoraram por completo voltando a atenção a mim e à minha suposta falta de educação por gritar com pessoas de mais idade e eu assisti imerso em uma piscina de encanto seu corpo sumir na escuridão do corredor, aos poucos.

Eu acho que nunca ansiei tanto para que Taemin me convidasse para sua casa quanto naquele dia, eu queria saber como você se sentia a respeito do que presenciou, como me trataria, se me repreenderia ou agradeceria, se nossas conversas finalmente deixariam de ser sobre o colégio e coisas banais e finalmente seriam sinceras e profundas, se você me deixaria conhecer um pouco mais sobre você (apesar de que, sobre mim não havia nada de interessante a se conhecer e isso sempre torturou meu coração e me deixou receoso, mais do que a diferença de idade, mais do que quão tabu são considerados meus sentimentos). E Taemin por puro azar do destino não me convidou naquele dia, dizendo que tinha aula de piano e que chegaria em casa só depois das oito e eu sorri e disse que tudo bem, que ele não precisava se preocupar, que era até bom porque assim eu teria tempo de organizar as matérias nas quais eu estava atrasado. Mas não foi bom e nem útil o tempo em que fiquei trancado no meu quarto observando os pingos de chuva baterem contra a janela de vidro, quando percebi que lá fora não estava tão encharcado quanto os confusos sentimentos dentro de mim e quando aquela chuva lenta e fina que pintava em tons invisíveis a minha janela me contou que se eu ficasse ali mais um segundo morreria dentro de mim mesmo, com toda aquela curiosidade e confusão.

Foram seis passos até meu armário onde eu alcancei um agasalho cinza e feio, foram vinte e três passos até a porta do seu apartamento onde eu bati na porta sentindo todos os meus órgãos se embolarem em apreensão, foram três segundos pensando em que desculpa usar para estar ali e percebendo que nem uma vinha-me à mente, foram quatro piscadas e três palavras vindas do seu corpo magro e alto ao abrir a porta de casa.

"Está tudo bem?"

Até hoje me questiono o porquê dessa pergunta, o porquê não me perguntou o motivo de estar ali, o porquê não me disse para ir embora já que Taemin não estava, mas o porquê piscou lenta e calma e me perguntou sobre meu estado.

"Não."

Eu respondi olhando meus próprios pés, te olhar era demais para mim. Te ver enfiada em uma roupa três números maior, com o cabelo bagunçado e as mãos úmidas pela água da pia me fazia remoer os motivos do porquê era tão errado o tremor nas minhas mãos e do porquê eu não podia prosseguir com aquilo. E eu joguei todas as dúvidas, incertezas e obstáculos para o ar. Nunca fui um garoto obediente, diga-se de passagem, nem a mim mesmo.

"Entra."

Disse-me dando passagem, enquanto se afastava da porta e prendia os cabelos curtos em um rabo torto.

"Taemin está na aula de piano, volta daqui mais ou menos uma hora. Ele esqueceu de te avisar?"

"Na verdade ele não esqueceu."

Respondi te seguindo até a cozinha, onde um cheiro muito bom tomava conta do lugar e onde no chão próxima a pia onde você estava Sumi brincava com alguns bloquinhos. Sentei próximo ao balcão observando a menininha sorrir para mim e não resisti em lhe responder com outro sorriso, ao contrário de Taemin Sumi era sua cópia, desde os olhinhos afiados até a pele excessivamente branca. Quando levantei a cabeça encontrei seus olhos ternos atentos ao meu rosto e você sorriu doce e tudo o mais achando aquela cena muito adorável, pressuponho.

"Você está chateada pelo que aconteceu de manhã?"

Perguntei depois de um tempo imerso naquele silêncio estranho, apoiando minha cabeça sobre o balcão, sentindo ela e todo o resto pesar.

"Pelas suposições maliciosas de como me tornei mãe solteira ou pela sua defesa desnecessária?"

"Pelos dois."

"Não. Não estou. Eu nunca fico."

Respondeu virando a cabeça na minha direção e sorrindo com os olhos.

"Está feliz?"

"Pelo o quê?"

Você perguntou voltando a ficar de costas para mim e picando a carne em quadradinhos perfeitos.

"Pela minha defesa."

Respondi sentindo minha voz falhar e meu corpo formigar.

"Não estou."

Sua voz não saiu afetada, mas seu corpo todo tensionou.

Você ainda disfarça as coisas pessimamente?

"Acho que estou te amando."

Eu disse enquanto coçava os olhos como puro disfarce para não te fitar, ao mesmo tempo que fingia não ouvir o suspiro incomodado que abandonou seu corpo.

O barulho da faca batendo contra a tábua de corte não me soava como a resposta que eu queria, mas me soava como a resposta que eu já esperava.

"Jonghyun, você sabe se sua mãe gosta de ensopado de carne? Acho que vai sobrar e você poderia levar um pouco para ela."
 

 

Naquela noite eu voltei para casa como já sabia que voltaria, mais longe de você do que eu considerava possível.

Taemin voltou para casa (uma hora depois daquela tentativa idiota e humilhante de pegar na tua mão, em que você fingiu não notar e se afastou apressada) e me encontrou sentado no sofá da sala, encolhido sem prestar atenção no programa que passava e completamente sozinho naquele cômodo. Lhe disse que estava com tédio e menti dizendo que havia esquecido sobre sua aula de piano e que quando me lembrei já estava tomando sopa de carne com sua mãe e sua irmã, o que não deixava de ser verdade. Eu fiquei mais uns vinte minutos na sua casa jogando videogame com Taemin tentando engolir aquela coisa toda que se prendia na minha garganta. E quando voltando para casa deitei em minha cama gelada os sentidos pareceram voltar, aos poucos.

Foi depois de duas semanas a primeira vez em que meu coração deu um salto repentino e meus olhos enxergaram o que já era palpável, havia uma reciprocidade naquela bagunça toda que éramos.

Eu te falava sobre meus sentimentos quando Taemin ia ao banheiro, te falava quando nos encontrávamos no elevador, te falava quando te encontrava no corredor do prédio com as mãos cheias de pastas voltando do seu trabalho de professora, te falava com bilhetes que colocava escondido em sua bolsa (pensando agora, depois de quase um ano eu acho que amadureci bastante, não que eu queira voltar no tempo e desfazer tudo isso, não, muito pelo contrário, o meu único arrependimento é ser incapaz de te manter por perto, incapaz de lutar contra todas essas barreiras firmes e estúpidas).

Você me respondia contando sobre os primeiros passos de Sumi, comentava sobre a nova marca de chá de camomila, contava que precisava trocar a porta do banheiro e que brigara com um aluno na sala de aula, tudo isso enquanto eu me encostava na parede e descontava na palma de minhas mãos aquela frustração maldita que eu em todo meu orgulho de garoto de dezessete anos apaixonado por uma mulher de trinta e dois negava existir. E mesmo assim, mesmo que eu saiba que você irá chorar enquanto lê isso ou que então rirá amargo, eu quero que saiba que eu tenho a convicção (e juro que é sem teimosia) de que não me interessa nenhuma dessas garotas com as cabeças cheias de coisas supérfluas da minha sala de aula, que não me interessa suas confissões tímidas e nem seus beijos inexperientes. Isso pode soar estranho (porém necessário... Talvez?) mas eu também não sou um garotão louco por mulheres mais velhas, ok, isso soou estranho, mas Gwiboon você sabe que eu só sou louco por você.

Não chore, é sério.

Em uma dessas manhãs onde eu entrava no elevador para ir para escola e você entrava no elevador para ir para o trabalho eu agi como o estúpido apaixonado que era e ainda sou, aproveitando essas pequenas e insignificantes oportunidades de menos de dois minutos sozinho com você para te afogar com palavras confusas e uma tentativa falha de charme em todo o mar de sentimentos que me pertenciam e que aos poucos eu passava a entender. Te comparava ao céu e ao sol e você fingia não ouvir, mesmo que suas mãos tremessem e sua respiração descompassasse.

Você estava em uma extremidade do elevador, eu em outra e enquanto te assistia olhando para os próprios sapatos eu te disse dando de ombros o que você já deveria estar acostumada a ouvir.  

"Você pode disfarçar sempre assim como eu sempre irei te dizer, meu coração é seu."

Silêncio.

"Seria bom se você pelo menos fizesse algo, não só ignorasse. Talvez que me disse que nã..."

E antes que eu terminasse aquele discurso imbecil e mal ensaiado onde eu exigia entediado uma resposta (que eu sempre soube que seria um não) o seu corpo magro e trêmulo me empurrou até a parede metálica e gelada do elevador, lenta e delicada, fazendo com que minhas costas batessem devagar porém dolorosamente contra ela, sua mão quente alcançou minha nuca e sua boca cor de rubi tocou a minha.

Dezessete segundos, essa foi a duração daquele beijo desajeitado e bruto, onde eu saí todo sujo de batom e você com os olhos marejados. E enquanto eu recuperava o ar e minha compostura com a testa apoiada sobre seu ombro você se afastou apressada e receosa de mim.

"Agora que beijou a mãe do seu amigo pode se exibir para seus amigos. Não era isso que queria? Fique à vontade."

Você ditou isso antes de me abandonar pálido e boquiaberto no frio elevador. E suas palavras me feriram mais do que qualquer rejeição.

 

 

Eu nunca fui dos mais convenientes. Nunca fiz o que deveria ser feito, o que é considerado educado ou apropriado, talvez porque eu seja tapado demais, talvez porque eu realmente não queira, talvez porque eu seja muito impulsivo no fim das contas como nesse caso, como quando eu apareci na sua casa à noite sem com que Taemin me chamasse, me convidando como o belo intruso folgado que sempre fui para jantar na sua casa e entender toda aquela situação, quando tudo que eu deveria fazer era te deixar respirar e tentar te esquecer.

Nós comemos Japchae naquela noite, eu e Taemin em uma extremidade de mesa e você em outra, já Sumi dormia como o anjinho que era. Eu me lembro muito detalhadamente de você observando em silêncio a nossa conversa, onde eu fingia não te perceber e Taemin talvez fingisse não notar aquela tensão tão palpável. E eu lembro que ele foi no banheiro ou no quarto, tanto faz, por alguns segundos e quando ele estava afastado o suficiente minha cabeça caiu em descanso sobre a mesa de madeira porque, sinceramente, eu estava tão confuso e tão arrependido que era meio incômodo estarmos sozinhos, que era meio incômodo te olhar e saber que meus sentimentos foram mal interpretados e que a culpa estava longe de ser sua.

"Não era isso que eu queria dizer esse tempo todo. Sinto muito por te fazer entender desse modo..."

 Eu sussurrei mais para mim mesmo do que para você. E como se não bastasse tua mágoa para que eu me colocasse em meu lugar percebi que estava perdendo-me em uma sensação vertiginosa quando por debaixo da mesa meus dedos frios viajaram lentos e atrapalhados até os teus dedos quentes, fazendo com que ficassemos com os braços esticados debaixo da mesa e ambos os dedos se entrelaçaram perdidos e atrapalhados, contando uns para os outros segredos só nossos. Reciprocidade.

Era um romance digno de colegial. Mas afinal, era um romance para você? Para mim era, com toda a falta de jeito, com os poucos toques ou palavras.

Você me pediu para não te escrever, certo? Mas Gwiboon, aquilo tudo foi tão supérfluo para você a ponto de me esquecer com tanta facilidade?

É madrugada e eu fecho meus olhos enquanto uma música francesa, antiga e insuportável que eu sei que você costuma ouvir sem parar ecoa pelo meu quarto. A chuva bate contra minha janela e meu coração bate contra a caixa torácica. Nas pontas dos dedos eu ainda sinto o seu toque quente.

De mãos dadas parecia tão fácil. Mãos dadas era tudo que éramos, nada mais, nada menos mas mesmo assim os toques mornos (os meus frios, os teus quentes) de nossos dedos pareciam nos dizer tanto.

Toda manhã antes de ir para o colégio você me esperava no elevador (sem câmeras porque nós dois fomos inconvenientes a ponto de checar isso, depois daquele beijo impulsivo) com a mão direita vazia e um sorriso disfarçado, me pedia para deixar de ser menino tão bobo quando nossos dedos entrelaçavam e eu ofegava de surpresa e amor. Nos poucos dois minutos que ficávamos juntos na caixa de metal você me contava sobre sua vida passada, sobre como fora abandonada grávida pelo primeiro namorado quando tinha dezessete anos, sobre a humilhação que seus pais tiveram que passar, sobre como conheceu o pai de Sumi o famoso ex marido e sobre como fora difícil viver com ele. Ria da sua atual situação, beijava minha sobrancelha e murmurava "Apaixonada por um adolescente..." com um sorriso melancólico e os olhos brilhantes presos nos meus. Me presenteava com docinhos que você mesma preparava escondida de Taemin, às vezes chorava apertando meus dedos entre os seus quando ele ia à padaria comprar pães doces e nos deixava sozinhos na sala de estar pequena do teu apartamento, às vezes fingia que eu não estava ali e chorava do mesmo jeito.

 Foi um mês de um romance bem segredado, puro e sincero. Eu daria tudo para voltar naquela época, mas quem sou eu, Gwiboon, para cobrar tua volta ignorando todo o sufoco e a dúvida que te atormentavam enquanto me abraçava em algum canto escondido do corredor, enquanto chorava com uma de minhas mãos entre as suas e me pedia para te esquecer?

Nós dois sabíamos que com os dedinhos entrelaçados, os abraços tortos, as cartas ingênuas, o único beijo dado por um impulso no elevador e aquele amor incabido estávamos destinados ao fracasso.

E chegamos na parte triste da história que só nós dois conhecemos, da história que você escolheu esquecer. Numa das manhãs onde nos encontrávamos no elevador, sorriamos cúmplices e juntávamos nossas mãos você não me sorriu cúmplice, você não alcançou minha mão e com a respiração descompassando eu quis negar o óbvio, o que desde o começo era mais do que nítido para nós dois.

Eu olhava teu rosto e você olhava um ponto inútil qualquer.

"Precisamos conversar."

"Não."

Acredito que respondi. Ou foram apenas meus pensamentos? Não me recordo com clareza. A melancolia desse momento sufocava-me de tamanha forma que minha mente afligida inconscientemente apagou os detalhes sórdidos, suponho.

"Você pode passar em casa à noite? Taemin e Sumi estarão nos meus pais."

"Tudo bem."

Isso eu me recordo de responder, apesar da nítida consciência de que nada estava bem.

Você me abandonou no elevador.

Em casa eu encarava a parede escura da sala, com os pensamentos nublados e o coração na mão enquanto minha mãe falava sobre as promoções de vegetais no mercado e fugir eu não podia.

Creio que não sejam necessários os detalhes daquela noite até porque eu não quero revive-los e suponho que você também não.

Ainda enxergo a escuridão do seu apartamento, ainda vejo seus olhos marejados e afligidos carregando neles o brilho da lua, ainda ouço o som cortante do seu choro, ainda sinto o gosto salgado das suas lágrimas em meio nosso segundo beijo, ainda sinto a maciez do seu travesseiro em minha nuca e ainda vejo você levantando subitamente da cama murmurando que não transaria comigo ou alguma coisa assim. Você voltaria para ele, você voltou para ele.

Eu não te pedi as razões, ainda não peço, sei que não o ama mas, afinal Gwiboon, a mim você amou?

Deitados de mãos dadas pois era o que éramos, os olhos inchados de tanto chorar e um silêncio perturbador. Você o quebrou quando sonolenta me flagrou olhando-te com atenção e desespero.

"Eu não vou voltar, Jonghyun. Não espere, eu nunca voltarei. Meu coração bate acelerado de verdade quando te vejo e eu acho que nunca me senti assim, mas eu só sou a droga de uma péssima mãe solteira que não consegue mais dar conta sozinha, que não consegue se manter mais nisso."

Um beijo amargo. 

"Você é doce, seus olhos são lindos, expressivos, calmos. Sentirei falta, sentirei falta deles sobre mim. Mas a brincadeira acabou. Boa noite."

Murmurou passando os dedos por cima das minhas pálpebras, me pedindo para te deixar assim que você caísse no sono. E eu fui, mesmo que eu quisesse insistir e manter aquela bobagem toda.

Te deixei adormecida na cama espaçosa, com o corpo esparramado pelo colchão e o rosto corado pelo choro.

Meus passos pesados carregaram-me até meu apartamento pouco longe do seu e lá, naquela madrugada, na sala de estar eu encontrei minha mãe sentada na poltrona em meio ao bréu, com os braços abertos para me receber choroso como sempre fui. 

A última vez que te vi foi dois dias depois, enquanto carregavas a mudança para dentro do carro do seu ex (agora atual) marido, aquele homem alto, feio e arrogante. Uma cena muito amarga que combinava com o gosto do café que eu bebericava na sacada de casa.

Você não olhou para cima como eu torci para que fizesse, você não acenou como era o mínimo que eu esperava, tão tolo. Adeus minha Gwiboon, eu murmurei incerto, sabendo que na minha memória sua presença seria constante mesmo perdendo-a fisicamente.

Me pergunto como estás.

Seu cabelo ainda é curto?

Ainda briga com os seus alunos?

Ainda usas roupas três números maiores?

Ainda bebes chá de camomila?

Como está Sumi?

Por que Taemin me odeia?

Não desamei-te mesmo depois de 343 dias, descumpri a promessa que te fiz e às vezes em madrugadas como essa ainda te espero, como um imbecil.

Não estou preparado para dizer adeus ao toque quente da tua mão, para dizer adeus à rotina de um mês naquele elevador frio onde compartilhávamos uma relação inocente. Não estou preparado para amar outra e para persistir nela como persisti em você.

Não te darei adeus mesmo com a certeza de que não mais te verei, de que não mais te terei. Eu já te tive alguma vez? Na minha ingenuidade de ainda menino acredito que sim.

Permita-me me iludir com o par de palavras com que encerrarei essa carta, Gwiboon que não pode ser minha flor.
 

 

P.S.: Não queime essa carta e prometo não te enviar outras. A guarde na caixa de preciosidades, onde você guarda fotos das amigas de colégio e a primeira roupinha dos seus filhos.

 

Até logo.  


Notas Finais


Sim, ficou meio bleh! Mas espero que relevem porque levei muitos dias para escrever e foi uma semana de trabalhos puxados da faculdade.

Muito obrigada por ler até aqui.

https://youtu.be/GoNIyA9_gsg


https://youtu.be/P8cGS2KXcIU


https://youtu.be/IIiYUvmung8



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