Antes de o sol nascer, escutei sinais de pássaros gorjeando. Acordei mais cansado do que antes de ter adormecido, pois não consegui dormi bem nessa noite que passou, e o motivo disso é bem claro... Aquela situação em que Kuroro me tocou intimamente continuou vívida em minha mente atrapalhando meu sono, e ainda tem as palavras que proferi durante as cenas que ocorreram...
Agora estou aqui, ao lado dele, acabei de levantar e encontro-me sentado na beirada da cama. Ele continua a dormi.
A expressão no rosto dessa pessoa morena é misteriosa e me intriga de muitas maneiras, principalmente o fato de sua face está serena e tranquila, pois, como pode ele estar dormindo calmamente enquanto está ao lado da pessoa que mais tentou matá-lo durante tanto tempo? Realmente não consigo ver lógica nisso.
Depois de alguns minutos, continuei ali parado, apenas observando o rosto adormecido dele, uma vez que me vi fascinado pela beleza do mesmo. Me aproximei devagar para contempla-lo mais de perto, não entendo o motivo de estar fazendo isso, apenas posso afirmar que de alguma forma me sinto atraído por ele.
Kuroro estava um pouco de canto para o lado oposto ao meu, então para poder ver sua face melhor apoiei minha mão direita no espaço a sua frente, assim afundando um pouco a cama, e antes de me dar conta, percebo que estou quase em cima dele com meu rosto próximo a sua cabeça, ai eis uma pergunta, o que diabos estou fazendo? Esse não parece comigo.
Me encontrei um pouco nervoso, pois ele poderia acabar acordando, mas apesar disso, fiz mais uma coisa. Cheguei um pouco mais perto, pousei meus lábios sobre sua cabeça e depositei um beijo suave apreciando o aroma de seus cabelos escuros logo em seguida.
Não percebi imediatamente o que eu estava fazendo, então fiquei um bom tempo daquele jeito, isso fez com que ele aos poucos abrisse seus olhos e acordasse.
Na hora um desespero súbito me consumiu e rapidamente me afastei tentando disfarçar o ocorrido.
– O que você está fazendo? – Kuroro perguntou enquanto passava a mão na cabeça.
– Ehh... Eu?
– Sim, você. Não tem mais ninguém aqui.
– Nada, exatamente nada. – Respondi com a voz trêmula.
– Como assim nada? – Inquietamente ele agarrou meu braço, puxou-me para mais perto dele e então fitou diretamente meus olhos. – Senti você tocando minha cabeça, parecia que seu rosto estava roçando meus cabelos. O que você fez? – Perguntou impaciente.
– Eu... eu... – Minhas palavras ficaram presas, continuei sem dizer-lhe o que fiz, o que é estranho, pois eu poderia apenas mentir, mas por algum motivo eu não quis enganá-lo, então apenas fiquei em silêncio.
– Esse silêncio... Isso quer dizer que... Você realmente fez alguma coisa, não é? – Agora estando mais calmo, ele libertou meu braço que até então estava sendo segurado fortemente por ele. – Como devo interpretar isso? – Perguntou.
– Bem... Não interprete de forma alguma, apenas esqueça, eu estava fora de si, não beijei você porque quis.
– Você acabou de se dedurar, sabia? – Kuroro advertiu-me.
– Ah... ESQUECE O QUE EU ACABEI DE DIZER SE NÃO EU VOU TE MATAR. – Gritei.
– Não quero, adorei isso. – Antes de qualquer ação minha, ele agarrou meus ombros e puxou-me abruptamente para perto de si, seguidamente me abraçando e pressionando-me fortemente contra seu tórax.
– O que... O que está planejando fazer? – Perguntei.
– Por enquanto nada, apenas abraçá-lo. – Respondeu.
Indo junto com a atmosfera do momento, movi meus braços para a cintura dele, porém, meu corpo todo estava trêmulo. Agora me pergunto, por que estou agindo assim? Noite passada ele fez algo bastante intimo comigo, mas com certeza não tem nada haver com isso... Será por causa das palavras que proferi? "Não são pequenos, meus sentimentos por você são enormes, também tenho desejos por você." Talvez essas palavras, que saíram no calor do momento, fizeram-me perceber que meus sentimentos por esse moreno não sejam apenas ódio, e por algum motivo, sinto-me bem sendo abraçado por ele dessa maneira.
– Você não está resistindo? Pelo visto estamos tendo algum progresso. – A voz soou suave.
– Cale a boca, estou apenas cansado. – Respondi com virando meu rosto que estava inteiramente corado.
– Sim, sim, sei, isso foi muito convincente. – Falou soando irônico.
Depois de alguns minutos, ele libertou-me do abraço.
– Fico muito feliz por esse seu gesto, mas continuemos ele em um lugar mais agradável. Precisamos partir logo.
– Não fale coisas embaraçosas assim tão facilmente! – Reclamei. – Aonde vamos? – Perguntei.
– Não sei, apenas quero levar você comigo para todos os lugares que eu for. – Respondeu. – De qualquer forma se prepare, logo partiremos.
– Certo... – Afirmei sem retrucar.
Depois de alguns, saímos da moradia que nos abrigou da chuva e agora nos encontrávamos prontos para partir.
– Eu achava que você ia tentar fugir enquanto eu dormia, mas pelo visto isso não aconteceu. – Kuroro retrucou. – Estou contente, sinto que você já não está tão longe de mim.
– Isso é coisa da sua mente, eu perdi pra você, seria uma vergonha fugir, é por isso que ainda estou aqui.
– Você é péssimo em mentir.
– Eu não estou mentindo!
– Duvido. – Kuroro disse sarcástico e então deixou um sorriso suave sair de seu rosto. – Então, hora de ir. – Avisou-me começando a caminhar.
– Tá, tá. – Afirmei irritado.
Pus-me a segui-lo, mantendo uma certa distância, pois meu coração ainda estava alterado por causa do abraço de minutos atrás e eu não queria que ele percebesse isso. Agora por um caminho e um destino desconhecido apenas tenho a opção de acompanhá-lo. De todo modo, preciso descobrir o que é isso que passei a sentir por ele, tenho certeza que não é apenas ódio.
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