Depois daqueles momentos constrangedores, Kuroro e eu continuamos a viajar juntos, mas ele não especificou o lugar que estava planejando ir. Como existia poucas coisas não ouve tantas complicações quanto ao volume de pertences que tínhamos que carregar.
Algo notório é que o caminho que pegamos é bastante bonito, um grande conjunto de arvores, em fileira ao redor do espaço, leva a um solo bem modelado, dando a impressão de que neste lugar, ninguém nunca havia pisado antes, claro que isso não é verdade, e sim algo da minha cabeça. Alguns ramos de folhas possuem frutos que parecem estar em amadurecimento, e existem flores variadas nascendo em fileira pelo chão, e claro, não posso esquecer o sol aquecedor que é visível através dos galhos das arvores.
Eu observo toda essa paisagem enquanto acompanho Kuroro, mas mantenho uma distância dele, pois não estou preparado para mais travessuras inesperadas vindas da parte dele.
– Ainda falta muito para chegarmos em algum lugar? – Pergunto, mas ele ignora. – EI SEU IMBECIL, VOCÊ POR ACASO ESTÁ ANDANDO SEM RUMO? – Pergunto com a voz elevada.
– Você só tem essa carinha de anjo, mas sabe ser esquentadinho quando quer. Quero ver conseguir ser assim quando estiver em meus braços. – Kuroro responde soando sarcástico.
– O que você quis dizer com isso?? – Pergunto.
– Nada, apenas ignore, logo você entende.
Depois desse pequeno diálogo, continuamos a caminhar, afinal é esse tipo chato de viagem que estamos fazendo.
Após mais um tempo de caminhada, de longe, avistamos uma cidade. Não parece ser o lugar mais agradável que existe, mas me deixou animado, pois fiquei andando por muitas horas seguindo um idiota.
– Parece ser um lugar pacífico, vamos fazer uma parada aqui.
– Certo. – Respondi.
Andamos por mais alguns minutos para alcançar a entrada da cidade, pois a vista dela ainda estava um pouco longe.
Ao chegarmos, não ouve complicações para entrarmos no lugar, pois ninguém tentou nos barrar.
Indo mais a dentro, percebemos uma feira cheia de barracas lotadas de pessoas, pelo visto coisas de variados tipos estavam sendo vendidas, desde alimentos até utensílios.
Kuroro continuou andando sem parar e sem dá importância a movimentação ao seu redor. Eu o segui, não perguntei nada pois não estava com vontade de socializar com ele.
Depois de um tempo, ele parou em frente a uma estalagem um pouco assustadora e longe da parte mais movimentada da cidade.
– O que está esperando? Entre. – Disse Kuroro instigando-me a entrar.
– Você primeiro. – Respondi.
– A princesinha está com medo?
– NÃO. – Respondi rapidamente. – E não me chame de princesinha!
– Certo, certo. – Afirmou. – Vou entrar primeiro.
Kuroro entrou e fui atrás seguindo ele.
Dei uma rápida olhada no design do lugar, e como posso dizer... É bem normal. Fiquei nervoso a toa, apenas por fora é assustador, por dentro é comum como qualquer outra hospedagem.
Dei uma olhada mais detalhada no lugar, para ter certeza de sua estrutura, e o que vi foi apenas um balcão que fica perto de uma parede no centro para que as pessoas que entrem possam logo avistá-lo, fora isso há apenas duas escadarias, uma em um dos lados do balcão e a outra no outro.
– Eu vou falar com o recepcionista, me espere aqui. – Avisou-me.
– Okay... – Respondi e apenas observei Kuroro chegar no balcão e conversar com o recepcionista. Depois de alguns minutos ele voltou.
– Está tudo ok, consegui um quarto para passarmos a noite.
– Oh... Certo, mas ainda não é noite, não vamos ficar aqui e apenas esperar a noite chegar não é? Isso seria um tédio. – Retruquei.
– Sim, você está certo, vamos deixar nossas coisas aqui para serem levadas ao nosso quarto e vamos sair.
– Sair? Para onde? – Perguntei.
– Apesar dessa cidade ser pequena, ela é bem animada, com certeza é um lugar agradável para se ter um encontro. – Respondeu-me.
– Um e-en-encontro??!
– Mas é Claro! Vamos. – Ele agarrou meu braço e puxou-me para fora da estalagem sem ao menos deixa eu falar. – Espera, espera! Como assim um encontro? – Perguntei enquanto ele me puxava já um pouco longe da hospedagem.
– Não é isso que os casais fazem? – Respondeu.
– Haaaa?? M-Ma-Mas nós não somos um casal. – Respondi um pouco corado.
– Nós nos beijamos. – Lembrou-me. – E você disse que tem sentimentos e desejos por mim.
– Mas eu estava confuso, na verdade ainda estou confuso em relação a isso... Não sei exatamente o que sinto. – Respondi.
– Esse é mais um motivo para termos um encontro, quem sabe você não acaba se entendendo mais a respeito de mim? Em momentos de dúvida como esse, é preciso achar uma resposta.
– Você pode ter razão... Mas isso é apenas para desvendar essa confusão em minha mente! Não entenda errado! – Avisei.
– Certo, certo.
Depois desse pequeno diálogo, Kuroro colocou seu braço em torno do meu pescoço, e sussurrou em meu ouvido "Se por acaso o encontro não resolver suas dúvidas, posso lhe ensinar com algumas punições depois."
– Hã? O que você quis dizer com isso? – Perguntei sem entender nada.
– Você é muito inocente, mas isso é umas das coisas que gosto em você. – Respondeu com um sorriso, o que me deixou irritado. –Vamos? – Perguntou.
– Sim... – Concordei mesmo sem entender nada.
Após Kuroro ter me convencido a ter um "encontro" com ele, caminhamos por algumas ruas da cidade, e é um lugar realmente agradável como ele disse. As casas e os pontos todos são alinhados simetricamente um ao lado do outro, as moradias variadas davam destaque e charme ao lugar, as ruas não muito sujas também chamam a atenção, mas como a cidade não é grande não vi nenhuma grande construção, mas apenas o que existe já estava muito mais que suficiente.
Depois de observar e admirar as ruas da cidade, Kuroro parou de caminhar, e eu que o estava seguindo distraidamente acabei esbarrando nas costas dele.
– Por que você parou de andar? – Perguntei.
– Vamos parar aqui. – Respondeu.
Não me dei conta logo, mas quando percebi, na frente de Kuroro avistei um pequeno restaurante, pequeno mas muito elegante, e o que mais chamou minha atenção é sua cor dourada bem vívida em conjunto com o telhado liso e vermelho.
Na frente tinha uma pequena placa que estava escrito "Restaurante dos apaixonados" ao ver isso logo fiquei corado.
– P-Por que aqui? Não tem outro lugar para irmos? – Perguntei constrangido.
– Vai ser aqui, pois estamos apaixonados, certo? – Kuroro respondeu.
– Heeeee! Não fale essas coisas alto. – Respondi virando-me.
– Oh... Isso que dizer que se fosse baixo eu poderia dizer?
– VOCÊ ENTENDEU ERRADO.
Após todo o constrangimento, acabei entrando no restaurante, e este tinha dois casais e uma garota sozinha, fora isso, estava bem vazio, o que me deixou mais tranquilo. O lugar que por fora é chamativo, mostrou-se também agradável por dentro, e as mesas estavam bem afastadas umas das outras, provavelmente para dar mais privacidade aos casais, e o balcão situa-se logo na entrada.
Kuroro foi até uma das mesas e puxou uma das cadeiras.
– Sente-se aqui. – Disse.
– S-si-sim... – Por algum motivo, me senti muito nervoso. – Mas... Não vão achar estranho dois homens comendo aqui? Já que é um restaurante direcionado a pessoas apaixonadas? – Perguntei.
– Se acharem apenas ignore, a opinião alheia é irrelevante. – Respondeu.
– Sim, é verdade. – Respondi de volta.
– Com licença, o que vocês desejam? – Perguntou um dos atendentes que veio nos receber.
– Pode pedir o que quiser, eu pago. – Disse Kuroro.
– Sim, obrigada... – Respondi sem jeito. – Ehh vejamos... Vou querer alguns bolinhos redondos, frango grelhado, omelete e um suco de abacaxi.
– Compreendido. E você senhor? O que vai querer? – Perguntou olhando para Kuroro.
– O mesmo que ele. – Respondeu olhando para mim.
– Entendido, vou providenciar, aguentem só um momento. – Respondeu se virando em direção ao balcão.
– Você mandou eu pedir primeiro porque estava com lerdeza para escolher alguma coisa não é mesmo? – Perguntei.
– Que bom que percebeu. – Respondeu soltando um pequeno sorriso.
– Idiota. – Respondi.
Após pouco tempo, o atendente voltou com nossos pedidos.
– Fiquem a vontade. – Disse ao retirar o pedido de cima da bandeja e colocar sobre a mesa. – Agora se me permitem, estou me retirando, qualquer coisa é só chamar.
– Itadakimasu. – Falei.
– Não sei pra que falar isso. – Disse Kuroro pegando um dos bolinhos redondos com a mão.
– Por quê? Precisamos agradecer a comida e... – Antes que eu terminasse de falar, Kuroro colocou um de seus bolinhos redondos em minha boca com sua mão esquerda, o que fez eu sentir a ponta de dois de seus dedos em minha boca. – Ehhh por que fez isso?
– Não te parece sensual sentir meus dedos em sua boca? – Perguntou com um olhar malicioso.
– Hã??? O que você está dizendo??? Estamos em um restaurante!!! – Respondi com o rosto inteiramente vermelho e inquieto.
– Então, quando não estivemos no restaurante não há problemas, certo? – Perguntou.
– Novamente usando esse tipo de tática... Não diga coisas tão constrangedoras... – Respondi.
– Certo, certo. – Respondeu.
– Ele parece ter ficado chateado... – Pensei.
Tentei me acalmar o máximo que pude e em seguida peguei um dos meus bolinhos redondos com o hashi e ofereci para Kuroro comer.
– Tome, para compensar o bolinho que você me deu agora pouco. – Disse deixando transparecer o quão constrangido eu estava.
– Oh... Eu ia pedir para você me dar com a mão, mas você parece muito envergonhado para isso. – Disse tentando me provocar.
– Você vai querer ou não? – Perguntei.
– Sim, vou. – Respondeu.
Ele se aproximou um pouco para alcançar o bolinho que estava no Hashi, pois mesmo eu esticando, o braço não chegou até ele, e após ele finalmente morder o bolinho, ficou mantendo ele na ponta da boca, com apenas metade dele dentro da mesma, e foi nesse momento que ele me puxou pela cintura e usando sua boca colocou a outra metade do bolinho dentro da minha boca, encostando nossos lábios logo em seguida.
Fiquei imóvel com o choque, não esperava que ele fosse fazer algo assim em um lugar como esse.
Depois de alguns segundos ele separou nossos lábios, mas permaneceu segurando minha cintura e olhando intensamente em meus olhos.
– O que achou? O bolinho estava gosto? – Perguntou.
Como eu ainda estava em choque, apenas acenei a cabeça dizendo que sim, depois disso ficamos em silêncio e terminamos de comer, Kuroro foi até o balcão pagar a conta enquanto eu fui até a saída esperar por ele.
– Me diverti fazendo você ficar constrangido. – Disse Kuroro aparecendo por trás de mim.
– Enquanto você se divertiu eu me irritei. – Respondi.
– Bem, vamos? – Perguntou.
– Sim. – Respondi.
Após sairmos do restaurante, andamos mais uma vez pelas ruas da cidade, não perguntei onde Kuroro estava indo, apenas o segui e percebi que já estava bem escuro até que de repente ele para de andar exatamente quando estávamos atravessando a ponte de um córrego.
– Vamos ficar aqui nesta ponte por um tempo, é um lugar agradável para conversar.
– Sim, mas conversar sobre o que? – Perguntei.
– O que você acha de tudo isso? – Perguntou.
– Tudo isso o que? Faça perguntas melhores de entender. – Critiquei.
– Bem, primeiro, você apareceu no esconderijo onde eu estava, depois lutou contra mim e perdeu, após isso comecei a te arrastar por vários lugares, mas se você quisesse fugir já teria feito isso com certeza, pois, teve várias oportunidades, por que ainda está comigo? Não que eu queira que você vá embora, mas até mesmo eu fico querendo saber a resposta de coisas assim.
– Nossa, nem mesmo eu não sei bem a resposta para isso... No inicio eu permaneci porque perdi e achei que seria uma vergonha ir embora depois disso, mas... Mas agora... Agora eu sinto que algo mudou. – Respondi.
– Algo mudou? – Perguntou.
– Sim.
Eu mesmo não sei o por quê, mas estendi minha mão esquerda e acariciei os cabelos escuros de Kuroro e em seguida encarei os olhos dele profundamente.
– E se eu dissesse que comecei a te amar, o que você faria? – Perguntei.
Os olhos de Kuroro mostraram uma expressão surpresa, e em seguida ele me puxou para perto de seu tórax.
– Se você me dissesse isso, não o permitiria ir para longe de mim, não deixaria nada te acontecer e faria de você meu, somente meu. – Respondeu.
– Isso é bem esperado de você, não sei nem por que perguntei. – Retruquei. – Mas preciso ser franco, vou dizer isso com mais clareza... Acho que o encontro de hoje esclareceu algumas duvidas... Não sei exatamente quando isso começou, mas agora que começou não vai parar ... O fato de eu ficar tão nervoso e constrangido a cada vez que você me toca ou me fala algo peculiar realmente me deixa fora de si, não ajo com eu mesmo, e não acredito que estou dizendo isso, mas agora acredito que o amor e o ódio são dois lados da mesma moeda, pois todo aquele ódio que eu sentia por você foi convertido em outro sentimento, e esse sentimento se chama amor... Sim, exatamente isso... O que eu estou querendo dizer é que eu amo você Kuroro.
Após falar tantas coisas constrangedoras, baixei a cabeça pois fiquei muito envergonhado para encara-lo diretamente, foi nesse momento que senti dois braços quentes e ferozes me abraçando com bastante força, e o que percebi foi um moreno me prendendo ao seu corpo, como se eu fosse a coisa mais importante do mundo.
– Você finalmente falou de forma clara e direta o que sempre quis ouvir... Agora não sei o que dizer.
– Ehh... Então... Que tal isso? – Dei um beijo suave na testa de Kuroro, mas foi com um pouco de dificuldade, pois tive que ficar na ponta dos pés para compensar a diferença de altura.
– Gostei, mas e que tal isso? – Kuroro começa uma série de beijos e mordidas em minha e bochecha e vai fazendo um caminho até chegar em meus lábios, tomando-os para si logo em seguida. Inicialmente fiquei assustado, mas aos pouco fui aceitando e quando me dei conta o beijo estava ficando afoito, a língua de Kuroro entrando em minha boca fez com que minhas mãos se deslizassem sobre as costas dele procurando por um lugar para se amparar. Entre mordidas e chupadas comecei a intensificar o beijo junto com ele, e a cada momento Kuroro foi tornando o beijo mais feroz. O moreno deslizou suas mãos de minhas costas até as coxas e começou a aperta-las, isso fez com que eu gemesse entre o beijo e abraçasse ele forte. Após a necessidade de ar, separamos nossos lábios, em seguida desviei o olhar, enquanto Kuroro o manteve.
– Acho melhor não fazer mais que isso, estamos em uma ponte, embora esteja um pouco deserto pode aparecer alguém. – Avisei.
– Certo, acho que me empolguei um pouquinho. – Respondeu.
– Vamos voltar para a hospedagem? Já é noite, então creio que devemos descansar.
– Concordo com você. – Respondeu.
Para voltar, pegamos o mesmo caminho que tomamos para chegar no córrego, a diferença dessa vez é que fomos de mãos dadas, resolvi não manter a distância de sempre, pois a nossa relação com certeza mudou.
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