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História O Inferno é frio - Perdidos em uma noite escura


Escrita por: Hellebore

Capítulo 13 - Perdidos em uma noite escura


“Se eu me deitasse aqui
Se eu simplesmente me deitasse aqui
Você se deitaria comigo e se esqueceria do mundo?”
- Snow Patrol

 

(Hermione Granger)
Estava tudo bem. Eu não queria ter chorado ou parecido fraca, sobretudo em frente a Malfoy, mas aquela lágrima foi necessária. A dor precisa ser sentida, os traumas precisam ser superados. As cicatrizes contam histórias, fazem parte do seu passado e de quem você é, mas não são marcas que permanecem para te privar do futuro, são marcas que ensinam. Os lugares são somente palcos de mais um espetáculo, eles não mudam, mas as cenas sim. As pessoas são responsáveis pelas transformações, os palcos e os passados apenas existem. Naquele momento, percebi isso. E estava tudo bem.

As chamas da grande lareira oscilavam levemente enquanto morriam, iluminando e aquecendo um espaço mínimo. A noite já havia caído e eu continuava nos braços de Draco, minha cabeça apoiada em seu ombro, sentindo o seu suave perfume. O som da madeira crepitando e do vento lá fora eram as únicas coisas audíveis. Fazia um tempo longo que estávamos ali, mas a escuridão ao redor de nossa clareira parecia densa demais para que o pensamento de me desvencilhar do loiro fosse confortável. No entanto, admiti que me sentia estranha.

Ter uma conversa civilizada com Draco anos atrás parecia algo impossível, abraçá-lo era inimaginável e pegar ele era motivo para uma diária no St. Mungos. Na verdade, atualmente, a parte da pegação não era tão impensável assim, eu me acostumara a relacionamentos casuais, e era bom, era livre. Mas nossa aproximação havia sido muito rápida, não somente no sentido físico, Malfoy era o novo enigma da minha antiga vida e todas as explicações para que eu entendesse o presente o envolviam, e isso me assustava. Me assustava ainda mais o fato de eu não querer me afastar, embora soubesse que deveria, eu escolhi ficar aqui. Ele era alguém diferente de quem conheci e talvez isso fosse um problema. Eu não queria me afastar, mas o fiz.

- Desculpa – falei muito baixo, quebrando o silêncio, mas mantendo meus olhos no chão.

- Não precisa se desculpar – Malfoy respondeu imitando o tom da minha voz e segurando meu queixo para que eu olhasse para ele, seus olhos pareciam negros na fraca luz.

- De qualquer forma, obrigada – esbocei um meio sorriso.

- Hermione, não precisa agradecer ou se desculpar, eu estava errado em te trazer aqui, sinto muito.

- Está tudo bem – eu disse, mas quando ele levantou a sobrancelha, continuei – eu precisava enfrentar alguns demônios. Você estava certo, é só um lugar, um lugar um pouco escuro talvez, mas mudam-se os tempos...

Deixei a sentença inconclusa solta no ar e uma sombra de sorriso passou por seus lábios enquanto se levantava e me estendia a mão, a segurei e ele me puxou para cima, acendendo uma suave luz azul em sua varinha. Antes, a sala estava realmente escura, não apenas no sentido conotativo, mas agora eu podia ver alguns detalhes, ou as sombras deles. O ambiente ainda parecia frio, apesar de não estar exatamente como eu me lembrava dele, a decoração era luxuosa e exagerada, mas não tinha muita humanidade, parecia inatingível, como o restante da casa. Tudo estava em seu lugar, tudo era simétrico e organizado, não havia plantas vivas ou vida, até mesmo o piano preto fechado passava a sensação de frieza.

Reparei nessas coisas todas enquanto o loiro atravessava a grande sala em direção a porta, me puxando pela mão. Tudo bem, eu estava na Mansão Malfoy, e agora? Não queria voltar para casa, eu não tinha medo, mas sabia que se ficasse sozinha uma ansiedade angustiante tomaria conta de mim, e eu não podia fazer isso, não hoje. Começava a me arrepender de não ter ido com Harry, tudo que precisava falar com Draco podia esperar. Mas um impulso, talvez um pouco masoquista, fez com que eu escolhesse ficar. Antes e agora.

A iluminação do átrio era um grande contraste com o cômodo anterior. Malfoy me levou em direção as escadas, que, do meu ponto de vista, não pareciam ter fim. Nossos passos ecoavam pelos largos degraus de madeira a medida que subíamos, para onde, exatamente, eu não sabia. Após alguns lances, eu estava um pouco ofegante e me inclinei contra o corrimão ornado de madeira, olhando para o primeiro piso, que ainda deslumbrava apesar da distância. Me afastei e observei o grande ambiente com corredores e várias portas espaçadas. No centro da parede oposta as escadas havia uma gigantesca porta de madeira maciça. Um de seus lados estava aberto, revelando altas prateleiras cobertas de livros. Minha curiosidade foi atiçada imediatamente. A biblioteca dos Malfoy estava em minha frente.

Draco havia me soltado e atravessava a sala ricamente decorada em direção a porta. Ele terminou de abri-la e me olhou, esperando.

- Tem coisas que nunca mudam, Rata de biblioteca.

Sorri internamente, o segui e entrei no cômodo. Era enorme, as fileiras de estantes contornavam uma área de estudo central, que possuía uma grande mesa iluminada por pendentes e sofás retrôs a sua volta. Suspirei, eu nunca ficara em um lugar tempo o suficiente para ter minha biblioteca. O cheiro dos livros me confortava e me fazia lembrar das horas que eu passei em diversas bibliotecas, trouxas e bruxas, as de Paris, Baden e, principalmente, de Hogwarts.

Caminhei até a mesa e analisei alguns livros que estavam ali, empilhados ou abertos, como se seu leitor tivesse saído com pressa.  Virei a capa de um e vi seu título, em francês, “O complexo mundo poçônico na Medibruxaria”. Memórias recentes, que não haviam sido totalmente esquecidas, voltaram de uma só vez. Franzi o cenho, mas decidi que não perguntaria nada sobre isso. Senti quando ele se aproximou e não resisti, não era exatamente o que eu queria perguntar, mas estava curiosa.

- Onde esteve na França? – falei sem olhá-lo.

- Seria mais fácil perguntar onde não estive – ele se encostou na mesa em frente a mim – mas, por um tempo, morei em Paris.

- Não pensei que você fosse tão clichê – respondi ironicamente, agora o olhando.

- Infelizmente, essa é exatamente a impressão que você passa – ele devolveu igualmente irônico.

- Não pareço ser alguém interessante? – puxei a cadeira, me sentei cruzando as pernas e olhei para cima, para Draco.

- Ah, você parece sim ser uma mulher interessante, mas do tipo que espera um amor eterno às margens do Sena. – ele disse sorrindo e se sentando também.

Eu tive que rir, parecia algo tão sem nexo que beirava ao ridículo. Você não sabe de nada, Draco Malfoy.

- Se vamos falar de aparências, o seu tipo é dos boêmios noturnos que vagueiam pelas margens do Tâmisa.

- Nunca fui tão insultado assim – ele fingiu uma expressão ofendida.

- Perdão, me esqueci que você é un parfait gentleman.

- Exatamente, habitante de Paris e frequentador assíduo das mesas na calçada de Chez Janou ao por do sol. – Draco disse essa última frase em um francês perfeito.

- Frequentar bistrôs trouxas não é para qualquer bruxo, estou impressionada – devolvi no mesmo nível de fluência – espero que tenha experimentado o mousse de chocolate, é o melhor.

Ele riu e voltou a falar inglês.

- Quando esteve lá?

- Sempre. Meu pai tem descendência francesa e íamos para lá em quase todos os feriados. Comi tantos mousses que enjoo só de olhá-los.

- Onde eles estão? Seus pais, quero dizer.

- Eu não sei. A última vez que os vi, estavam na França. Mas não os encontrei quando voltei. Fiquei lá por um tempo, e desisti.

Ficamos em silêncio enquanto eu passava a mão pela capa de couro do livro que eu havia encontrado aberto. Confesso que aquele eu nunca tinha lido.

- Medibruxaria? Por quê? – perguntei sem abordar precisamente o que eu queria.

- Eu não tinha muitas opções, não é mesmo? Ficar aqui não era uma escolha.

- Fez o curso porque foi obrigado?

- Não exatamente – ele respondeu depois de um tempo – eu realmente não pensei muito sobre o que estava fazendo. Tinha acabado de sair de Hogwarts e só queria ir para longe. Mas gostei do curso. Embora não parecesse, eu estava fazendo algo mais humano do que jamais havia feito.
Eu não queria voltar para casa. Depois de me formar, viajei e trabalhei em vários lugares, conheci e ajudei várias pessoas, e até me apaixonei por algumas delas. Eu sei o que está pensando, “então ele sabe amar?”, talvez não, mas eu me sentia feliz, e me importava de verdade com alguma coisa pela primeira vez, eu descobri que nem só o vazio e a escuridão me habitavam, era algo bom, mesmo sem saber direito o que bom significava.

Significa nada, Malfoy, é somente uma abstração, pensei. No entanto, o entendia, mas fiquei confusa entre seu discurso e suas atitudes.

- Por que não está fazendo isso agora?

- Isso foi uma obrigação. Não me afastei totalmente da minha área, mas tenho bem menos prazer, sabe, prefiro lidar com vivos do que com mortos.

Nos aproximamos de um tópico muito perigoso e apesar de ser o meu objetivo no começo, o motivo pelo qual eu tinha ficado ali, decidi me afastar, não queria mais uma conversa pesada, por isso tentei mudar de assunto sutilmente.

- Seus pais concordam com seu trabalho atual?

- Eles nunca concordam com nada – ele riu – com esse trabalho ou com qualquer outro, mas eu realmente não me importo. Eu sei que minha mãe me apoia internamente, ela só não diz. Coisas de Malfoy.

- Imagino se eles concordariam com a minha presença nessa nobre casa, – eu disse ironicamente enquanto me levantava e analisava as prateleiras – ajoelhada nesse nobre chão, tocando seus nobres livros...

- Pegando seu nobre filho? – ele completou e eu ri – eles iriam adorar, eu tenho certeza, te convidariam para o chá da tarde e te contariam a senha para a seção privada da biblioteca, onde escondemos todos os segredos da família.

- Essa é exatamente a reação que eu esperaria. Tem como não se apaixonar por mim? – falei me apoiando nas prateleiras e fingindo uma posição sexy e inocente.

- Não creio que seja humanamente possível – ele disse rindo.

Enquanto eu analisava livros ou me sentava em um dos sofás, Malfoy e eu continuamos tendo uma conversa quase normal, como nunca tivemos. Ele me falava sobre os livros que eu não tinha lido e eu ria dele pelos que ele não leu, falávamos sobre nossas viagens e sobre as noticias da semana. Era uma conversa normal, exceto pelos flertes disfarçados de ironia. O tempo passou e eu nem notei, mas sabia que já era tarde quando me senti cansada e percebi que já estava bocejando.

Malfoy, que estava ao meu lado no sofá, levantou-se um pouco depois disso, se espreguiçando. Ele andou até a porta e olhou para trás, me esperando. Essa foi a parte em que me perguntei que porra eu estava fazendo ali, mas o segui de qualquer forma.

Ele caminhou pelo largo corredor a esquerda da biblioteca, passando por várias portas e se direcionando para uma no final, diretamente a frente e idêntica às outras. Draco a abriu e revelou um quarto. Ele esperou que eu entrasse primeiro e depois me seguiu. Fiquei parada no meio do aposento de grandes dimensões. A parede da esquerda era ocupada por uma grande cama de madeira escura com várias almofadas, a da direita, por duas portas e por nichos com livros entre elas. Ao lado da cama, junto à parede da porta de entrada, uma poltrona escura estava sobre um tapete de pelos e sob um pendente de luz. Uma cortina clara cobria a parede à frente, onde imaginei ser a porta da varanda. Apesar do quarto ainda ser luxuoso, era muito mais sóbrio que o restante da casa. Tudo ali estava em um degrade de cinza escuro até o branco, e passava uma sensação de equilíbrio. Eu tive certeza de que não se tratava de um quarto de hóspedes, todos aqueles tons se refletiam nos olhos cinzentos de seu dono.

Ele passou por mim e entrou em uma das portas à direita, me deixando sozinha. Não o segui, deixei meu olhar vagar novamente pelo quarto de Draco. Percebi alguns detalhes que não havia percebido antes, não tão impessoais. Havia um violão preto encostado no canto, alguns livros sobre o criado-mudo ao lado de um copo meio vazio de água, uma camiseta jogada sobre a poltrona. Achei quase engraçado, Malfoy parecia alguém que não deixava um átomo fora do lugar. É, Granger, talvez você não saiba de nada.

Aproximei-me dos nichos nas paredes, dali pude ver que Malfoy havia entrado no closet. Assim que li os títulos dos livros, em suas línguas originais, entendi porque ele os guardava ali e não na biblioteca. A Divina Comédia, Metamorfose, A Montanha Mágica, Orgulho e Preconceito e até os contos dos Grimm. Ri, os livros trouxas eram apropriados demais para Malfoy, mas não para a mansão.

- O que acha da minha coleção? – ele perguntou com um tom irônico, parando ao meu lado.

- Clássica – eu disse o olhando – mas bem intrigante por estar em seu quarto, que, pressuponho, não recebe muito a visita dos seus pais.

Ele não respondeu, apenas deu um sorriso de canto e me entregou algumas roupas dobradas. Levantei uma sobrancelha.

- Bom, assim como o meu, o quarto dos meus pais não é de tão fácil acesso, não rola pegar uma roupa de Dona Narcissa, mas se quiser pode ficar com essa – Malfoy disse passando uma mão pela nuca – ou não.

- Tudo bem, obrigada – peguei as roupas me xingando mentalmente, eu podia apenas voltar para casa, mas...

- O banheiro é a esquerda, fique a vontade – ele disse indo para a porta de saída.

- E por que estou no seu quarto? – perguntei enquanto ele alcançava a maçaneta.

- Não acho que vai gostar dos outros – ele deu um sorriso que não alcançou os olhos – já volto.

Dizendo isso, Draco puxou a porta e saiu, me deixando só novamente. Desdobrei as roupas e só um pensamento passou pela minha cabeça, filho da puta. Nada contra a Sra. Malfoy ou a calça de moletom cinza, mas a camiseta esmeralda com o símbolo da sonserina era uma puta sacanagem, e era proposital. Eu podia me vestir como as serpentes ou ficar sem nada. Escolha, Hermione.

Entrei no banheiro revirando os olhos e me tranquei. A decoração seguia o modelo do quarto, com cores sóbrias. Tirei meu pequeno pingente de diamante e deixei em cima da pia, me despi enquanto encarava meu reflexo no espelho, depois de um dia de ressaca, chuva e medo, ele não era dos melhores. Liguei o chuveiro e entrei, sentindo a água quente acariciar minha pele. Fechei os olhos.

 

(Draco Malfoy)
Encostei a cabeça na porta assim que a fechei. Que porra eu estava fazendo? Hermione Granger estava sozinha, sozinha no meu quarto, ótima ideia, Malfoy. Mas quando escutei um baque surdo da porta do banheiro, sorri. Não pude perder a oportunidade de irritá-la de novo e provavelmente tinha dado certo. Ah é, lembrei-me de que porra eu estava fazendo.

Pelo longo tempo em que passamos no chão da sala de estar, eu tive certeza que tinha estragado tudo. O que era tudo, eu não sabia, mas sabia que Granger não estava bem, e a culpa era minha. Todas as coisas que aconteceram hoje somadas ao retorno de lembranças ruins deviam ser demais para ela, e me senti um mentiroso idiota percebendo a falácia do meu discurso para convencê-la a entrar. Mas fiquei realmente surpreso quando ela disse que eu estava certo e estava tudo bem.

Mais surpreso ainda fiquei quando me deparei envolvido em uma conversa normal com a morena, ou quase normal. Percebi que sentia falta disso, conversar com alguém sem ser algo forçado ou mecânico, sem querer esconder qualquer coisa. E Granger tornou esse tempo leve, com seus comentários provocantes e assuntos em comum, e eu a agradeci internamente por não ela não ter feito as perguntas que eu sabia que queria fazer.

Eu pensava nisso enquanto atravessava o corredor e entrava em um quarto de hóspedes. Era realmente sufocante seus dosséis de seda esmeralda, móveis escuros e prateados, e a frieza que emanava de tudo ali, como se não estivesse habitado por um longo tempo, o que era verdade. Definitivamente, Hermione não gostaria, mas eu não me importava em dormir ali, parecia com as masmorras da Sonserina.

Tomei um longo banho e vesti a roupa que eu havia trazido, camiseta preta e calça cinza. Será que Hermione já havia saído? Dei algumas voltas no quarto e decidi que iria até lá. Eu avisei que voltaria, apenas para checar se ela precisava de alguma coisa, e claro, vê-la com minha blusa preferida.

Quando entrei, não havia ninguém no quarto, a porta do banheiro estava fechada. Caminhei até a varanda, esperaria por ela lá. O céu estava tempestuoso, com alguns relâmpagos ao longe, mas não chovia naquela hora. Eu sabia que tinha um lago mais a frente, rodeado por árvores, mas não consegui vê-lo, era uma noite escura. No entanto, vi algo refletir em meio as sombras do jardim, franzi o cenho, e logo concluí que eram os pavões albinos, aqueles malditos pavões.

- No que está pensando? – escutei a voz de Hermione atrás de mim.

- É uma noite escura – respondi antes de me virar, mas quando o fiz, não consegui deixar de sorrir. A silhueta de Granger estava emoldurada pela luz do quarto, mas era possível distinguir os cabelos úmidos, a pele corada pelo banho e as roupas largas demais para ela, apesar de eu as ter usado anos atrás.  Ela deu uma volta e parou com as mãos na cintura.

- Gostou? – perguntou com um sorriso sarcástico.

- Está linda Srta. Granger, essa cor realça seus olhos – devolvi seu sorriso, imaginando que ficaria melhor sem a camiseta e me controlando para não tirá-la, como fiz durante todo o dia.

- Muito obrigada Sr. Malfoy – ela respondeu se aproximando e se apoiando no cercado de pedra cinza, me virei e encarei o nada junto com a morena.

Ficamos um tempo em silêncio, até que olhei para o lado e a observei, ela realmente estava linda, mais natural, sem os saltos e maquiagens. Parecia concentrada em algo e imaginei que esse algo não deveria ser a adorável paisagem em sua frente.

- No que está pensando? – devolvi sua pergunta.

- Em nada – ela pausou – ou em tudo.

- As vezes, é bom esquecer o mundo lá fora – eu disse me aproximando de Granger.

- Jura? Como se faz isso? – era uma pergunta retórica, ela me olhava firmemente.

- Com conversas aleatórias em uma biblioteca – afastei seus cabelos e falei com uma voz baixa – ou em uma festa – me inclinei contra seu pescoço nu – ou em uma varanda no meio da noite – disse encostando os lábios no outro lado do seu pescoço.

- E são só conversas? – Hermione perguntou com a voz também baixa e rouca.

Não respondi, sorri contra sua pele e senti ela se arrepiar. E isso já era muito para o meu autocontrole. Minhas mãos correram para sua cintura e a seguraram firme, fiz uma trilha de beijos intensos, mordidas suaves e chupões pelo seu pescoço até chegar em seus lábios macios. Por um momento, apenas os encostamos levemente, a promessa de terminar o que começamos mais cedo pairando entre nós. Eu esperei de olhos fechados, não faria nada que a morena não quisesse.

Mas seus lábios reclamaram os meus com certa urgência. Eu me perdia no sabor de Granger, gosto que nunca imaginei sentir. A virei contra o muro de pedra e a sentei ali, sem parar de beijá-la, enquanto ela enroscava suas pernas ao redor do meu quadril.  Desci de sua cintura até a barra da camiseta, a erguendo um pouco quando minhas mãos subiam de sua barriga lisa até seus seios suaves, o acariciei fazendo movimentos circulares nos mamilos, que responderam ao meu toque se enrijecendo. Hermione suspirou contra minha boca e puxou os cabelos perto da minha nuca. Em um movimento rápido, a segurei em meu colo e a levei para dentro do quarto, ainda com as bocas coladas.

A coloquei na cama com menos cuidado do que pretendia e subi lentamente em cima dela, ficando entre suas pernas. Beijei a junção de seu ombro e pescoço enquanto deslizava meus dedos pela sua barriga, subindo a camiseta devagar. Hermione me ajudou a tirá-la, e, por um instante, parei. Eu observava a pele branca, os seios perfeitos e delicados, já enrijecidos de tesão. Respirei pesadamente e voltei meu olhar para seu rosto. Sua respiração tinha o mesmo ritmo que a minha, seus olhos queimavam. Eu queria ela e era obvio que isso iria acontecer, tínhamos um desejo intenso, quase selvagem, que me consumia feito fogo, mas algo me perturbava.

- Você não vai perder sua imagem de pegador, Malfoy – ela disse como se percebesse algo – a amiga de Potter não é tão doce e frágil assim.

Então Granger ouviu o que o Cicatriz havia dito. Sorri enquanto ela invertia nossas posições, se sentando no meu colo com as pernas ao lado do meu quadril, me sentei para que nossos olhos ficassem na mesma altura.

- É claro que não – obviamente, ela não passava perto de ser inocente, mas quanto a imagem de pegador, depois eu me preocuparia. Naquele momento, só uma mulher me interessava, e ela estava seminua em cima de mim.

Hermione tirou minha camiseta rapidamente e se aproximou, dando chupões alternados de beijos em meu pescoço. Seus seios roçavam suavemente meu peito, a puxei pela cintura, colando ainda mais nossos corpos e sentindo o calor de sua pele na minha. Enrosquei meus dedos no cabelo perto de sua nuca e os puxei, fazendo com que ela inclinasse a cabeça para trás, arfando.

Mordi seu queixo e tracei um lento e torturante caminho de beijos até seus seios. Enquanto acariciava um com as mãos, distribuia beijos suaves por todo o outro, sem nunca tocar os mamilos. Hermione rebolava lentamente sobre minha ereção, e me controlei para não tirar as ultimas peças de roupa que nos separavam. “Draco”, ouvi meu nome, muito baixo, como um pedido. Coloquei fim a tortura passando minha língua pelos mamilos duros, chupando e puxando suavemente. A morena gemeu baixinho e colocou a mãos sobre o meu peito. Quando eu passei a fazer tudo de novo com o outro mamilo, Granger me empurrou, deitei na cama enquanto ela me beijava e deslizava as mão pela minha barriga, descendo lentamente para o cós da calça. Senti suas mãos firmes e suaves contra meu pau e foi minha vez de ofegar.

Percebi que Hermione se afastava e logo senti seus lábios em minha barriga. Os beijos pararam quando chegou ao limite. Ela levantou a cabeça e sorriu enquanto deslizava minha calça junto com a boxer para baixo. Puta que pariu. Sua língua quente contornava toda a extensão do meu membro e se demorava na glande. Segurei seus cabelos com força quando ela o colocou inteiro na boca, fazendo movimentos de vai e vem. Quando os movimentos se aceleraram, a afastei, eu não podia aguentar mais.

Facilmente, troquei nossas posições na cama, prendendo seus braços sob a cabeça com uma mão e tirando lentamente sua calça com a outra. Hermione estava sem calcinha, passei minha mão pelo seu clitóris fazendo movimentos circulares e coloquei um dedo dentro dela. A senti molhada, apertada e quente. Coloquei mais um dedo, e ela gemeu. Eu precisava sentir seu gosto, comecei a me abaixar, mas a morena me impediu. Olhei em seus olhos, eles suplicavam. Suplicavam algo que eu queria desesperadamente.

Posicionei meu membro em sua entrada e o introduzi lentamente, Hermione gemeu alto. Fiquei parado por um tempo, esperando que ela se acostumasse, era tão apertada. Gradualmente, aumentei a velocidade, suas pernas me rodearam enquanto ela gemia baixo. Nossas mãos se entrelaçaram sobre sua cabeça e ela chamou meu nome, senti seu corpo relaxar sob o meu, quando chegou no ápice. Momentos depois, com uma última estocada, também o atingi.

Estávamos ofegantes, não sai imediatamente de dentro dela. A olhei, seu cabelo estava uma confusão e seu rosto corado, era a mulher mais atraente de quem eu me lembrava. Afastei os cabelos de seu rosto e a beijei calmamente. Quando nos separamos, deitei ao seu lado e a puxei para que se deitasse no meu peito. No entanto, ela se afastou, levantando.

- Fique – foi minha vez de dizer, observando Hermione atravessar o quarto, com o seu corpo perfeito.

Ela apenas sorriu e se abaixou para pegar a minha camiseta da sonserina. Assim que vestiu a blusa, que terminava antes de terminar suas coxas, voltou para a cama, apagando o abajur pendente e se aconchegando em mim.

Eu observava o escuro enquanto sentia o cheiro da morena por todo o lugar. Sorri, sem dúvida, Hermione Granger era uma mulher que sabia o que queria e sabia como fazê-lo. Fora um dos melhores sexos da minha vida, mas eu não estava satisfeito, queria mais, o tempo todo. Queria esquecer todo o mundo e tê-la em meus braços. Não me preocupava com nada, com guerras ou paixões, apenas nos deitamos em meio ao silêncio. Naquele momento, eu achei que havia a tido, mas não percebi que era ela quem me tinha.



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