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História O inquilino - Terra da Garoa


Escrita por: Mumble

Capítulo 1 - Terra da Garoa


O  I N Q U I L I N O

Capítulo único

-x-

Uma chamada e outra discussão entre Laura e sua mãe se seguia:

— Não mãe… não estou comendo miojo, pode ficar despreocupada — mentiu olhando para o prato já vazio a sua frente.

— Certeza Laura? — indagou como se estivesse a seu lado. De pronto Laura, por instinto, olhou o ao redor do cômodo procurando por Rita, como se ela estivesse a vigiando e tivesse a pego no flagra. — Se eu não te conhecesse juraria que é justamente disto que você tem se alimentado, pois você é uma péssima cozinheira!

Rita sempre foi muito assertiva quando o assunto é sua filha e isto desde pequena, para ela Laura é um livro aberto e sempre a recrimina quando a filha tenta convencê-la que sabe se alimentar direito. Claro, Rita estava com a razão, partindo do paladar dela, mas Laura também curtia suas gororobas.

— Mãe, eu não quero discutir isto, saiba que sei me virar e não estou passando fome!

Instantes de silêncio se seguiu, pois Rita fazia suas típicas caras e bocas com os protestos de sua filha.

— Como está indo sua procura por uma nova inquilina? — perguntou Rita decidida a mudar de assunto. — Saiba que não aprovo isso!

Laura revirou seus olhos, sua mãe não perdia a oportunidade de encontrar uma maneira de a fazer desistir da capital e voltar para o interior.

Laura é oriunda do interior de São Paulo uma cidade bem afastada dos centro urbanos. Desde pequena ama animais no geral, sendo assim decidiu cursar Parasitologia Veterinária, ao concluir o ensino médio. Um curso técnico que, apesar de não ser tão extensivo, lhe deu uma ideia geral além de conhecimento e foi por intermédio deste que fundamentou seu sonho, assim sendo, logo quando a oportunidade surgiu – ter conquistado uma bolsa para estudar em uma universidade pública na capital – não a deixou passar, claro sua mãe foi contra, mas decidiu apoiar sabendo que sua decisão é irredutível.

Logo que chegou à capital encontrou Daiana, uma amiga que fez pela internet e que a apoiou, encorajou e foi graças a ela que Laura conheceu alguns proprietários de apartamentos vagos próximos de onde estudaria ganhando desconto pela recomendação. Por ser nova na cidade grande foi bem mais fácil para Laura alugar diretamente com o proprietário do que por intermédio de uma imobiliária, já que a burocracia é complexa e exige tempo. Laura acabou fechando negócio e ficando com o apartamento mais simples que lhe foi ofertado, mas, mesmo assim, era maior do que havia imaginado e quando se vive só não se conta espaço e sim conforto a jovem não precisava de um quarto a mais, é desnecessário, já que Rita, sua mãe não viria muito até a capital, então um quarto a mais significava mais espaço para limpar; mais trabalho.

Nos primeiros dois meses Rita a ajudou bastante financeiramente, mas logo Laura, por intermédio de Daiana conseguiu um trabalho em uma clínica veterinária como auxiliar e passou a pagar aluguel, contas, alimentação e livros. Laura descobriu o quão complicado é viver sozinha, ter de fazer tudo e ainda bancar tudo, ainda não havia encontrado um “equilíbrio” perfeito, pois não ganhava muito e metade era comprometido para pagar o aluguel, a outra metade alimentação e as demais contas. Quase não sobrava para os livros e estes para a mesma são essenciais, já que, foi para estudar que ela se mudou.

Daiana, sua amiga a aconselhou a dividir o apartamento com outra pessoa visando conseguir encontrar o “equilíbrio” que necessitava. A princípio Laura estava hesitante com essa sua sugestão, mas foi amadurecendo essa ideia. Pouco tempo depois foi ao jornal no centro da cidade e pagou uma taxa para que incluíssem, no período de uma semana, o “Aluga-se” nos classificados.

O anúncio estava funcionando. Até agora Laura havia recebido 3 ligações de pessoas interessadas, mas ainda não tinha encontrado a “ideal”.

— Estou na fase das entrevistas, mas ainda não encontrei ninguém que preencha meus pré requisitos.

O jeito seria aguardar.

— Não se esqueça de meus conselhos!

Rita era contra e havia falando muita coisa a respeito, algumas Laura até escutou, mas outras ignorou, pois se a jovem fosse levar ao pé da letra teria de trazer uma freira para morar consigo, mas pelo jeito que as coisas estavam indo era mais certo ela se mudar para um convento.

— Pode deixar mãe, lembrarei deles.

O essencial para Laura seria uma pessoa reservada, honesta, organizada, educada e que, de preferência, não fumasse e nem bebesse. Para a mesma não era pedir muito.

— Laura, já menstruou esse mês amor?

Mãe! — recriminou Laura incrédula com seu questionamento.

Sua mãe tinha uma ideia muito ruim sobre “faculdade”, ela acredita que o fato de Laura estar longe e morando sozinha, em uma cidade grande, iria se desvirtuar e se deitar com o primeiro que se assanhasse, por isso toda vez que ligava perguntava sobre suas regras; uma forma de controle.

Rita é e prosseguirá sendo uma mãe coruja e controladora, daquelas que jamais abrirá totalmente a porta para sair do ninho, mas sua falta de confiança em Laura a deixava louca.

— Sou sua mãe Laura, você saiu de mim e eu tenho o direito de saber tudo ao seu respeito, absolutamente tudo!

O mesmo discurso de sempre e a mesmo tom de indignação como se Laura tivesse proferido um palavrão.

— Certo mãe, mas eu não… — antes de concluir o barulho da campainha lhe deu o álibi perfeito para encerrar a conversa. — Ouviu, é a campainha, tenho de desligar!

— Mas Laura, me escuta filha…

— Saiba que estou com saudade de sua carne de panela com batata e bolos de chocolate mãe, vou desligar… eu te amo, tchau.

Abandonou seu celular em um canto qualquer e correu até o interfone, porém no percurso acabou por tropeçar e por pouco não caiu. Laura reprimiu um palavrão verdadeiramente irritada.

— Sim? — anunciou ao colocar o aparelho em meu ouvido.

— Senhorita há uma pessoa aqui querendo vê-la pelo anúncio, libero que suba? — perguntou o síndico.

— Pode deixar subir Sr. Andrade, obrigada!

Enquanto aguardava Laura correu para o sofá recolhendo seu prato o depositando na pia e assim que terminou de lavá-lo e colocá-lo no escorredor ouviu três batidas consecutivas em sua porta.

Caminhou rapidamente, mas ao abrir se surpreendeu.

Ele tinha os ombros largos e braços musculosos, não devia ter mais 1,80 de altura. Tinha marcas de expressão duras, ressaltadas pela barba mal feita. Trajava calça jeans e a camiseta. O cabelo avermelhado implicava certa rebeldia. Seus olhos eram negros, uma aparência quase selvagem e estava acompanhado de um cão e para Laura com toda certeza aquele cão tinha um pedigree forte.

— Olá! — cumprimentou-a estendendo a mão direita e logo a jovem retribuiu seu gesto amigável. — Sei que deveria ter telefonado primeiro, mas estava passando pelo bairro e pensei se não seria melhor me apresentar pessoalmente, sou Gustavo e vim pelo anúncio.

Laura o olhou confusa, como não esperava por isto precisou se recompor.

— Perdão, mas a que anúncio se refere? — questionou ainda não assimilando bem.

Uma pontinha de um quase sorriso brincou no canto dos lábios de Gustavo.

— Ao do “dividir” o apartamento, você não publicou nos classificados?

— Sim… publiquei, mas é que tem meus pré requisitos! — justificou-se.

— Não entendo, pode me explicar? — Rebateu Gustavo sem entender.

Laura depositou o peso de seu corpo sob a maçaneta ao passo que mordia seus lábios.

— Gustavo é que eu estou à procura de pessoas somente do sexo feminino.

O cachorro logo em seguida deitou sua cabeça por sob as patas, ainda estando ao seu lado, como se dissesse que estava cansado.

— Ah sim, me desculpe, bem é que no anúncio isso não foi especificado e eu pensei que… — Laura o interrompeu.

— Não foi? — indagou surpresa. — Pois tinha pedido que incluíssem este detalhe!

Rapidamente Laura se virou ainda estando na porta dando as costas a Gustavo e passando a olhar pela sala do apartamento, ela sabia que ali, em algum lugar, estava o jornal.

— Procura por isto? — perguntou Gustavo sugerindo que a jovem pegasse o seu jornal e visse por si mesma.

E foi o que ela fez!

E comprovou que, de fato, não especificaram esse pequeno, porém grande detalhe.

— Geralmente eles reduzem o máximo que podem para poder caber outras demandas — justificou Gustavo.

Laura concordou.

— Pretende abrir uma exceção? — perguntou Gustavo a fitando intensamente. Seu olhar a deixou constrangida e por um momento não soube distinguir quem tinha mais cara de cachorro sem dono e abandonado, se era Gustavo ou seu cão.

Viver com um homem estava fora de questão, primeiro porque sua mãe surtaria. Segundo porque a jovem não se sentiria confortável, por ser tímida. Terceiro, não é algo com que ela se importe muito, mas seria bom evitar… os comentários alheios. Quarto, para Laura homens são porquinhos. E há outras infinidades de motivos para que ela se recuse a aceitá-lo.

— Então… não. Sinto muito! — foi firme.

Um suspiro longo foi proferido, e este veio de Gustavo.

— Tudo bem, vamos amigão! — chamou e no instante seguinte seu cão obedientemente se levantou sentando-se esperando sua partida. — De qualquer forma obrigado Laura.

A jovem lhe lançou um sorriso amistoso.

— Desculpe… mesmo por te fazer perder seu tempo!

— Ah não! — murmurou franzindo o cenho. — Sem problemas, não se sinta culpada, eu compreendo… foi um prazer Laura.

Após se despedir Laura viu Gustavo dar meia volta e seguir rumo as escadas, mas ao se virar fechando a porta no percurso duas patas a impediram.

Logo o cão de Gustavo estava a sua frente com a língua pra fora a olhando esperando alguma atitude que Laura não soube qual seria.

— O que ele tem? — questionou sem compreender.

— Bem é que você não o cumprimentou… ele esperava que você se despedisse — disse Gustavo voltando em direção à porta.

Laura o olhou surpresa achando a situação tão absurdamente fofa que estranhamente ficou constrangida por ter sido mal educada com o cão. Logo lembranças de sua infância veio à tona; o máximo que ela teve foi uma cadelinha que sentava e rolava ao seu comando, e isso quando ela estava com vontade.

Queria ter um cachorro assim, contudo como querer não é poder…

— Ele é muito bonito, como ele se chama? — perguntou se ajoelhando ficando de frente para o cão lhe acariciando os pelos sedosos.

— Este é o Pânico. E obrigado, modéstia parte ele é sim.

— Olá Pânico, você é uma graça seu lindo!

O cachorro inclinou sua cabeça para o lado.

— Se despeça amigão, temos de ir.

Obedecendo as ordens do dono logo Pânico deu uma lambida na bochecha de Laura e depois fez movimento para lhe dar a patinha e só parou quando a jovem inclinou uma de suas mãos e a pegou entre as suas.

— Desculpe pela lambida, é o jeito dele de se despedir quando ele gosta de uma pessoa.

Laura sorriu e ao mesmo tempo murmurou algo que só se profere quando se acha algo fofo.

— Sem problemas Gustavo, eu amo animais e eu também gostei de você Pânico!

Um latido foi proferido e Laura e Gustavo sorriram juntos.

— Vamos agora amigão! — chamou Gustavo e logo ambos partiram.

Laura fechou a porta a contragosto, pois sua vontade era sair e alcançá-los, entretanto isso foi passageiro.

[...]

Cada dia é único e os melhores dias são aqueles cujo final é uma surpresa”.

— Na boa… conta outra! — murmurou Lauradecidida a não ler mais nenhuma frase sequer atirando, logo em seguida, seu próprio livro aos pés de sua cama.

Estava sensível nos últimos dois dias, com dificuldade para dormir, ansiosa até para ver se a água de seu miojo já havia fervido quando não tinha se passado nem 30 segundos após ligar o gás e acender o fogo, sem contar que meus seios estavam doloridos e, para finalizar, seu humor estava oscilando prova disso é o seu tão querido livro; passou a ler o mesmo tão entusiasmada e ao se deparar com a frase na hora fechou para não queimá-lo.

É a maldita TPM, Laura se conhecia bem e isto significa apenas uma coisa. Rita, sua mãe será a única a ficar feliz com a novidade, afinal vive controlando-a.

Se Laura não estivesse nesta “situação” certamente seu domingo seria bem mais aproveitável, mas a verdade é que estava irritada e sensível por diversos motivos. O primeiro é que mais uma semana havia se passado e ela ainda não tinha encontrado a pessoa “ideal” com quem sentisse empatia o suficiente para dividir seu apartamento. Segunda na última quarta chegou atrasada em seu trabalho e levou um esporro, tudo porque a pilha do despertador a deixou na mão. Terceira, ela realmente não sabia cozinhar, aquele papo dela “eu gosto do que cozinho” caiu por terra no instante em que resolveu ir a um self-service na hora de seu almoço, desde então passou a detestar seus temperos, a boa é que por sorte o miojo está a salvando e foi o que a mesma tem comido, mas uma hora enjoaria, embora acreditasse que ainda faltasse um bocado para isso. Quarta as contas estavam se acumulando aí junta tudo e mais um pouco e ao fato de estar de TPM.

— Ai, droga! — disse para si mesma interrompendo seus pensamentos quando sentiu uma lágrima escorrer pelo rosto involuntariamente. — Chorando de novo não laura, minha mãe deve estar orando só pode!

Cansada de falar sozinha, chorar sem querer e ficar pensando nas preocupações optou ir atrás de um bom pote de sorvete e talvez um de brigadeiro para ver se com isso suas salgadas lágrimas dessem um tempo.

Tirando seu pijama acabou por escolher um short jeans, uma regata preta, calçou seu all star sem meia mesmo, mas ao se olhar no espelho não gostou de sua aparência, estava mais branca que o normal, apática e lábios secos, sem contar que seus olhos estavam fundos. Passou um gloss e rímel e após enlaçar e levar para cima seu cabelo em um rabo de cavalo pegou em sua carteira o dinheiro necessário, depositando-o no bolso e suas chaves e saiu para comprar seus remedinhos.

Ao sair do prédio ao qual residia passou a caminhar lentamente absorvendo vitamina D proveniente do sol. O bairro não era tão belo, mas tinha certo charme. Caminhando foi prestando atenção nas ruas largas, prédios frondosos, nos comércios, casas antigas, mas, mesmo assim, belas. Estava concentrada no barulho reconfortante de galhos balançando e no ruído de folhas secas ao passar por cima das mesmas que enquanto caminhava sob elas não se deu conta, embora o som distante — mas bem distante — fosse perceptível. Um cachorro galopou em sua direção e segundos depois foi nocauteada caindo abruptamente no asfalto arenoso.

— Isso já é castigo! — choramingou espalmando sua mão em seu rosto ainda estirada no chão e ao abrir os olhos se deu conta, um pouco entorpecida, que havia estrelas demais em um céu brilhante, mas desfocado.

Lentamente tudo voltou a entrar em foco ao passo que brisas quentes, fedorentas e ritmadas próximas a seu rosto passou a perturbá-la e ao abrir os olhos novamente ao invés do sol, céu limpo ou galhos das árvores se surpreendeu ao ver uma cabeça enorme, peluda e arredondada acima de si. Só não gritou, pois o reconheceu. Pânico, concluiu atordoada e logo após chamá-lo, como resposta ganhou uma quente e pegajosa lambida no rosto.

A r g h — gemeu tentando se sentar espalmando suas mãos no rosto limpando a baba de Pânico.

— Pânico! Deixe a moça em paz! — gritou Gustavo pegando nas mãos de Laura a ajudando a ficar sentada. — Você está bem? Não tente se levantar ainda, o impacto foi brusco.

As costelas, costas, seios, barriga, pernas, traseiro, braços… de laura sabiam bem disso.

— Pânico você é um levado! — disse Laura ainda espalmando suas mãos em seu rosto. — E sim Gustavo, estou bem!

— Desculpa meu amigão, você estava caminhando com o cordão de suas chaves e ainda vermelho, a cor favorita de Pânico e o mesmo balançando pra lá e pra cá é como atiçar um touro, logo ele correu ao seu encontro, acreditando que brincaria com ele já que teve empatia por você.

Suas palavras não fizeram sentindo algum para Laura, ele havia falado muito rápido.

— Certo! — disse a jovem fingindo que entendeu tudo partindo para a única resposta cabível no momento ao passo que, desta vez, se levantava com a ajuda de Gustavo colocando uma mão em seu braço para apoiar. — Estou bem, não se preocupe.

— Se você achar necessário podemos ir a uma clínica que tem aqui por perto para averiguar se es…

— Não é necessário, eu estou bem, só fui pega de surpresa! — repetiu a jovem o interrompendo e se recompondo de vez.

Laura estava constrangida, mas não mais irritada.

— Posso, pelo menos te levar para tomar não sei, um café, um sorvete ou qualquer coisa que queira? — ofereceu a fitando arrependido pelo ocorrido. — Me deixe fazer pelo menos isso!

— Não é necessário, já tá tudo esquecido e repito eu estou ótima e…

— E eu insisto, vamos? Por favor!

— Eu não sei se é correto, além do que mal te conheço e…

— Você sabe meu nome, não sabe?

— Sim, mas...

— Já deve ter deduzido que também estou morando nessa região, na verdade estou em um hotel com enquanto procuro um lugar fixo. Ainda não conheço ninguém nessa cidade e vim para São Paulo em busca de minha pós-graduação em Gastronomia, além do que meu cachorro já gosta de você. Não se preocupe está de dia. Claro. E eu não sou nenhum maníaco, assassino e nem nada do estilo, aliás já estava indo até a sorveteria, de todos os modos e é só um convite inocente. Topa ir?

Laura tornou a fitá-lo e sentido confiabilidade em suas palavras optou por aceitar seu convite, pois sabia que se negasse haveria mais persistência.

— Tudo bem, eu te acompanho, mas… terá de ser rápido!

— Sim senhorita.

Ambos então caminharam juntos pela Terra da Garoa naquela tarde de sol sem a menor ideia que ali seria só o início de uma história que se estenderia por muitos anos. Com o tempo, os finais conturbados podem vir a se tornarem alegres. O final feliz é só para o autor parar de contar a história, mas ela continua.

Só não é contada.


Notas Finais


Até a próxima.


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