POV. Lucas
Estacionei meu carro de qualquer jeito e saí do mesmo jogando a chave para um manobrista qualquer. Eu não estava com cabeça pra nada e meu coração parecia que ia sair pela boca à qualquer momento.
O céu ainda estava escuro quando Guilherme me ligou desesperado dizendo que tinha acontecido algo com Luiza. Não, eu não sei o que aconteceu, porque ele estava falando tão rápido e chorando que eu apenas entendi: "Luiza...vem para o hospital".
- Oi, é eu preciso de informações sobre Luiza, Luiza Albuquerque Ticiano! - disse impaciente.
- Será que o senhor poderia repetir o nome da paciente? - passei a mão no cabelo completamente nervoso.
- Lucas, por aqui! - olhei pra trás e encontrei uma Amanda com os olhos inchados. Fui em sua direção e seguimos em direção ao elevador, ele apertou o botão oito e então as portas se fecharam.
- Amanda, eu...eu preciso saber como...- antes que eu pudesse terminar ela balançou a cabeça negativamente começando a chorar. Senti meu coração acelerar e o ar faltar-me. Fechei os olhos com força desejando que ela esteja bem.
[...]
- Guilherme, como ela está? - mal saí do elevador e praticamente corri em direção aos familiares de Luiza, foi impossível não perceber Julianna, a mãe dela, chorando em um canto da sala sendo amparada pelo seu marido que parecia ter chorado também.
- N-não dá....- disse ele chorando ainda mais e escondendo o rosto entre as mãos. A cada rosto inchado e chorando que eu via, ajudava ainda mais para o meu desespero aumentar.
- Mas que merda, será que alguém pode me dizer como ela está? - perguntei explodindo.
- Péssima, ela engoliu muita água e perdeu muito sangue...- disse uma mulher que eu nunca vi na vida. - Os médicos estão fazendo o possível e o impossível, mas...- deixou a frase ar balançando a cabeça negativamente.
Dei dois passos pra trás quase perdendo o equilíbrio com aquelas palavras gravadas na minha mente.
" ...ela engoliu muita água e perdeu muito sangue..."
Olhei ao redor e tudo parecia girar, meu corpo já não respondia as ordens do meu cérebro.
- Lucas? Lucas? Droga! - disse uma voz que eu não soube identificar. - Senta aqui, a pressão dele deve ter caído! - sentei no banco e bebi um pouco da água que me deram, sentindo-me um pouco melhor.
- Você precisa ficar bem cara...- disse Guilherme sentando ao meu lado. - Ela precisa da gente! - isso fez com o que meu corpo despertasse. Ela precisa de mim, Luiza precisa de mim...
[...]
- Cadê ela? Como ela está? - a voz que pertencia a pessoa que eu mais odiava no mundo, tomou conta daquela sala de espera fazendo meu sangue ferver.
- O que você está fazendo aqui? - levantei-me em um pulo indo de encontro com aquele filho da puta. Se Luiza está nessa merda de hospital, é por causa dele!
- O que VOCÊ está fazendo aqui? - encarou-me superiormente.
- Parou os dois! - disse Amanda se metendo entre nós. - Se quiserem resolver alguma coisa, vão resolver lá fora, respeitem a Luiza! - exclamou nervosa.
- Se ela está aqui é por causa dele Amanda! - rebati nervoso.
- Lucas por favor! - antes que eu pudesse dizer algo, ou até mesmo ele, um homem todo de branco, que eu presumi ser o médico, adentrou na sala.
- Responsáveis por Luiza Albuquerque Ticiano? - perguntou encarando uma ficha.
- Sim...- Alex(o pai dela) pronunciou-se. - Alguma notícia doutor? - senti meu coração acelerar.
- Bom, o caso dela é estável, a paciente teve alguns ferimentos internos, mas nada grave...- suspirei aliviado. Mas o que significava "estável"? Ela não vai morrer, mas também não está totalmente bem?
Esse merda não pode explicar melhor?
- Ela já pode receber visitas doutor? - perguntou Amanda fazendo-me ficar atento.
- Sim, só peço que se organizem porque a paciente precisa de descanso! - assentimos. - Quem me acompanha? - Julianna e Alex foram em direção ao médico seguindo em direção aos corredores à dentro.
Decidi ir por último, assim eu tenho mais tempo com ela e nada mais justo do que os familiares dela irem primeiro.
Sentei em uma das poltronas para esperar minha vez, olhei para o lado oposto e ele tava lá, sentando com os olhos completamente inchados. Quem visse essa imagem poderia muito bem pensar que ele se importa e está preocupado, mas nada e nem ninguém tira de minha mente que o meu amor só está aqui, por culpa dele.
- Lucas? - olhei pra cima e Amanda secava sua lágrimas. - Pode ir! - assenti e levantei-me seguindo em direção ao seu quarto. A cada passo que eu dava passando pelas aquelas paredes brancas, sentia cada vez mais o medo tomando conta do meu corpo. Sim, logo eu que nunca temi nada, estou aqui, morrendo de medo de perdê-la.
Abri a porta lentamente e senti meu coração se apertar e minha visão embaçar assim que a vi ali, com vários fios ligados em seu corpo e respirando com ajuda de aparelhos. Tão vulnerável....
Aproximei-me de sua cama e peguei delicadamente em sua, não queria machucá-la. Fiquei observando seu estado e quando menos percebi já chorava compulsivamente.
- Volta pra mim meu amor, volta pra mim! - disse em meio aos soluços. - Lembra da sua promessa de ontem anoite? Você disse que sempre voltava Luiza, você prometeu! - disse encarando seu rosto pálido e abatido.
Estava tão imerso as coisas que mal percebi quando Caio adentrou no quarto, eu poderia muito bem gritar e mandá-lo sair daqui, mas eu estava tão sem força, que não sei nem se consigo dar um passo.
Ouvi um soluço profundo e levantei o olhar o encarando e vendo que ela segurava a mão da minha menina, chorando tanto quanto eu.
- Eu te amo muito! - disse ao pé do seu ouvido. - Amo-te mais do que qualquer coisa, e jamais iriei te deixar....fica bem! - depositei um beijo em sua testa e saí daquele quarto.
- Oi, é...- disse parando uma enfermeira. - Você poderia me informar aonde tem uma capela aqui?
- Seguindo nesse mesmo corredor até o final! - assenti e fui até a mesma.
Aquele lugar realmente parecia uma igreja, alguns santos no altar e pouquíssimos bancos. Ajoelhei-me no chão, apoiando meus cotovelos no banco e fechando os olhos.
- Eu não sou normalmente muito religioso...- dei uma pausa sentindo minha garganta fechar. -...mas se você estiver aí em cima, por favor, salve a minha garota! - supliquei em meio ao choro.
"...a melhor forma de provar que ama uma pessoa, é orando por ela..."
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