POV. Lucas
Sinceramente? Eu acho que nunca corri tanto na minha vida...Corria olhando em todos os cantos daquele lugar a procura da minha garota, minhas pernas já não estavam aguentando, e meu peito já estava ardendo me implorando para parar, mas eu não podia, não podia deixá-la ir assim...
Esbarrava nas pessoas e não me importava em pedir desculpas, estava ocupado demais a procura dela...
" Ela não pode me deixar, não pode! "
Dizia repetidamente em minha mente.
De longe pude ver o guichê onde as pessoas compram as passagens, corri até o mesmo abordando a recepcionista ou sei lá que porra aquela mulher é.
- Senhor, o final da fila é atrás daquela senhora! - informou-me assim que me viu passando na frente das pessoas.
- Eu só preciso de uma informação...- disse ofegante. - O voo das quinze horas para o Rio de Janeiro, já saiu? - perguntei rapidamente.
- Só um instante...- disse ela se virando e verificando algo em seu computador. - O voo das quinze? - encarou-me por cima do óculos.
- Sim...- batia meu pé impacientemente.
- Acabou de decolar! - não, não pode ser! Isso não está acontecendo...
- Você tem certeza? - perguntei sentindo minha respiração acelerar e um sentimento de desespero invadir meu corpo.
- Sim senhor! O voo das quinze acaba de decolar...- repetiu ela me encarando com tédio.
- Obrigado! - saí sem nem ao menos ouvir sua resposta, estava acabado e desacreditado demais. A dor da perda já tomava conta do meu corpo...
Ela não fez isso comigo, eu não acredito nisso...
Senti meu olhos marejarem e uma lágrima cair, ah qual é Lucas, vai chorar? Em público?
A seguei bruscamente e virei-me indo embora pra casa.
[...]
- FILHO DA PUTA! - gritei entrando no quarto de Matheus e depositando um soco na cara do mesmo.
- QUAL É A PORRA DO SEU PROBLEMA? - gritou com a mão no canto da boca.
- POR QUE NÃO ME DISSE MATHEUS? POR QUÊ? - gritei nervoso sentindo as veias do meus pescoço ressaltarem.
- Do que está falan...- o interrompi com outro soco no rosto.
- LUCAS! - ouvi o grito da minha mãe e logo em seguida fui puxado pra trás.
- EU NUNCA VOU TE PERDOAR POR NÃO TER ME FALADO, NUNCA! - virei-me para sair do quarto mas meu pai entrou em minha frente impedindo-me.
- Não vai sair desse quarto enquanto não me disser o que está acontecendo! - disse ele firmemente usando sua autoridade de pai.
- Esse moleque é louco! - murmurou Matheus raivoso.
- E você é trairá! - retruquei.
- Quem começa? - perguntou minha mãe intercalando o olhar entre mim e Matheus.
- Eu também quero saber o que está acontecendo, afinal, ganhei dois socos de graça! - debochou.
- Por que não me disse que Luiza iria embora? - perguntei de uma vez o fazendo rir sem humor.
- Já entendi tudo, está com o orgulho ferido? - perguntou sarcástico, ameacei ir pra cima dele mas meu pai me segurou.
- Luiza foi embora pra onde? - perguntou minha mãe confusa.
- Rio de Janeiro! - disse sem desviar os olhos de Matheus. - Me responde caralho! - exclamei irritado.
- Porque ela não quis que você soubesse, porque ela pediu a todos nós que não contássemos a você! - com certeza isso doeu mais do que os dois socos que eu dei na cara do Matheus, se eu estou me sentindo traído? Claro que não...
- Estão escondendo isso de mim à quanto tempo? - perguntei seriamente com o maxilar travado.
- Ah mano, sei lá! - deu de ombros. - Já descobriu o que queria, não já? Então caí fora! - apontou pra porta.
- Por que ela foi embora? - perguntou meu pai.
- Por causa do idiota do seu filho...- respondeu Matheus amargamente me fazendo fechar os olhos e engolir em seco.
- Cala boca! - disse entredentes.
- A verdade dói né? - encarou-me debochadamente. - Como é saber que ela foi embora por causa de atitudes infantis sua?
- Eu já mandei calar a boca! - alterei a voz cerrando os punhos.
- Vai fazer o quê? Me dar outro soco? - ironizou. - Tudo bem, vá em frente! Mas pode ter certeza que tudo o que eu te falei, dói bem mais do que todos esses socos que você quer me dar!
- Está dizendo que ela foi embora por causa daquela bendita aposta? - perguntou minha mãe incrédula.
- Sim mãe, culpa do inconsequente do seu filh...
- Já chega Matheus! - interrompeu meu pai o repreendendo com o olhar.
- Deixa pai! - passei a língua entre os lábios. - Ele tá certo, perdi o amor minha vida por conta dos meus erros!
- Amor da sua vida? - riu Matheus sem humor. - Você não sabe o que é amor!
- Você não consegue disfarçar o quanto te incomoda saber que ela me ama, né? - perguntei sarcástico, meus pais apenas observavam.
- Amor esse que você jogou fora! - rebateu.
- EU AMO ELA PORRA! - gritei irritado com aquela merda toda.
- Não confunda sentimento de perda com amor! - exclamou friamente.
- Quer saber? Eu quero que você se foda, eu sei dos meus sentimentos por ela e não tenho culpa se você sempre quis o que é meu!
- Eu sempre quis o que é seu? - levantou-se da cama. - Para de ser ridícul...
- CHEGA! - gritou minha mãe pondo-se entre mim e Matheus. - Lucas vá para seu quarto! - os olhos de Matheus faiscavam de tanta raiva, e os meus não estavam muito diferentes. - Agora! - bateu o pé no chão nervosa.
- Não precisa pedir duas vezes...- lancei um último olhar fervilhando de ódio para Matheus e saí do quarto que nem um furacão batendo a porta.
...Não confunda sentimento de perda, com amor...
Rio de Janeiro, um mês depois...
POV. Luiza
Com certeza, a melhor sensação desse mundo é sentir seus pés se enterrando na areia, e a leve brisa bater em seu rosto, jogando seus cabelos pra trás...
Caminhava na praia ao lado de Caio, os dois em silêncio, apenas aproveitando a paisagem. Esse foi um mês bem agitado, os últimos preparativos para a inauguração do resort, a mudança pra casa nova, tudo estava um caos.
E hoje depois do almoço resolvemos vir pra praia para andar um pouco e ver o pôr do sol...
Quem é Caio? Bom, ele é um grande amigo meu de infância, sempre que vínhamos para o Rio eu e Guilherme ficávamos brincando com ele, nossas famílias são amigas.
E com toda certeza foi um alívio descobrir que irei estudar na mesma escola que ele, e que nos veremos todos dias. Sempre gostei muito dele, ele me lembra muito Matheus, só que é mais bonito!
Loirinho meio bronzeado, dos olhos mel, e com um corpo definido, mas nada exagerado...Com toda certeza, não é de se jogar fora!
Balancei a cabeça espantando esses pensamentos e me sentei na areia ao lado de Caio.
- E então, o que está achando do Rio? - perguntou em um tom alegre, mas sem deixar seu timbre rouco de lado.
- Você sabe que eu sempre amei o Rio, então...- dei de ombros encarando o lindo horizonte.
- Só o Rio? - perguntou em um tom malicioso me fazendo encará-lo.
- Só o Rio! - disse com divertimento.
- Nossa, magoou! - disse em um falso tom triste.
- Ah não fica assim, sabe que eu te amo também! - disse rindo e dando um beijo estalado em sua bochecha.
- Eu sei que você me ama, todas me amam! - se gabou me fazendo revirar os olhos, esqueci de um detalhe, ele é o tipo de garoto "galinha".
- Não sou igual à elas! - exclamei com indiferença.
- Não mesmo, você é bem melhor...- disse ele em meu ouvido dando um beijo em meu pescoço logo em seguida.
- Caio! - o repreendi.
- Tá, esqueci que não pode tocar em você! - disse ele me fazendo rir.
- Menino você é muito abusado...- disse o encarando segurando o riso.
- É assim que elas gostam Lu...- sua boca se contorceu em um sorrisinho de lado, o famoso sorriso "cafajeste". Balancei a cabeça negativamente dando um leve sorriso, estava abalada demais com aquele sorriso para conseguir dizer algo.
Engraçado como tudo o que eu faço me lembra dele. Apesar dessa semana ter sido muito agitada, toda noite quando tudo se acalmava, era ele que tomava meus pensamentos e sentimentos. As duas primeiras semanas foram os piores, Lucas me ligava à todo momento, chegou em um ponto que eu tive que desligar o celular para poder ter um pouco de "paz". Mas depois ele parou, simplesmente parou de ligar, e como o esperado, isso me incomodou, pra caralho.
Pensamentos como: 'Ele arrumou outra" ou "Nunca se importou realmente"; tomaram conta a minha mente.
Acho que não existe coisa pior do que amar sozinha, pode ter certeza...
- Sabe, eu sempre sonhei em morar sozinho! - disse Caio depois de um tempo me fazendo encará-lo, mas o mesmo encarava o mar.
- Eu já morei sozinha...- disse brevemente.
- Você? Sozinha? Duvido! - zoou.
- É sério! - disse sem rir perdidas em pensamentos.
- Onde? - perguntou desconfiado, virei-me pra ele tirando o cabelo que o vento jogava em meu rosto e respondi:
- Em um amor! - sorri brevemente de lado e virei-me encarando o pôr do sol.
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