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História O irmão do meu melhor amigo - Capítulo único


Escrita por: Hachi_Nana94

Notas do Autor


Olá! Esta é uma oneshot que foi um pedido do meu projeto "lojinha das fics".
Provavelmente a pessoa nem se lembra já mas pronto, eu andei um tempo desaparecida e estou agora a ir escrevendo os pedidos por ordem!
Passando à frente, esta fic foi um pedido da @Nahitsme e ela pediu para eu incluir uma cena com a imagem da capa da fic na história (apesar de ser rapaz rapariga na imagem, na história será uma cena 2min)
Entusiasmei-me um pouco a escrever e por isso é que ficou assim um bocado grande xD oops!
Espero que gostem!
A história é do ponto de vista do MinHo!

LEIAM AS NOTAS FINAIS!!

Capítulo 1 - Capítulo único


Mais um dia aborrecido de aulas… tudo era aborrecido: a matéria chata sem interesse ou relevância para a minha vida futura, a voz monótona dos professores, as paredes brancas sem qualquer graça, enfim, tudo na escola me dava sono.

Era o nosso último ano e, em vez de nos tentarem motivar para quem sabe, continuarmos a estudar, ainda nos desmotivam mais com montes de matéria, aulas extra e discursos exaustivos sobre os exames.

-MinHo… MinHo… MinHo!-gritou o Jinki, fazendo todos olharem para nós, incluindo a professora de inglês que nos lançou um olhar feroz. Ou se calhar é mesmo a sua cara de bruxa que já é assim. Não interessa, não é que faça qualquer diferença.

Desviei a minha atenção da aula de educação física que decorria no exterior para me virar para o rapaz que se sentava na mesa atrás de mim.

-Sim?

-Ficamos juntos, como de costume?-ele perguntou.

-Desculpa? Que é que costuma acontecer? Juntos? -sem qualquer contexto para me orientar, eu estava totalmente à nora.

-Quem vai fazer o quê junto com o meu namorado, senhor Choi MinHo? -perguntou o Key, um pouco demasiado alto e puxando uma cadeira para se sentar ao nosso lado.

-Não fales tão alto que as pessoas ainda ficam a pensar coisas.

-E se pensarem? Preocupas-te assim tanto com o que pensam os outros? Se estás com medo que pensem que és gay, é porque tu mesmo estás com dúvidas.-ele lançou um sorriso provocador.

-Isso querias tu! -respondi também num tom provocador.

-O quê?-ele desatou a rir - Com essa coisita minúscula ?

Eu sabia que o Key estava a provocar-me até porque eu não sou nada desfavorecido e ele sabe-o porque já me viu sem roupa no balneário.

-Minúscula?-comecei a rir.- Por isso não paras de olhar sempre que me vês nu.

-Fico a olhar para ter a certeza que ainda lá está! É tão pequena que tenho que forçar a vista para ver!

-Sim,sim! Vamos já à casa de banho e eu mostro-te! -preparei-me para me levantar mas o Jinki mandou com o livro na mesa, fazendo-nos olhar para ele aterrorizados.

O Jinki era das pessoas mais calmas que conheço por isso até tremia quando o via chateado.

-Mas vocês querem parar com isso? MinHo, já sabes como o Key é, ele diz estas coisas só para provocar… e para quem não é gay estava disposto a ir agora à casa de banho baixar as calças para o meu namorado…

-Ah ah, toma!-interrompeu o Key,apontando o seu indicador para mim.

-E Key! -interrompeu o Jinki.- Até eu já reparei na forma como ficas a olhar para o material do MinHo que ambos sabemos que se vê bastante bem.-o Key ruborizou e olhou para baixo.- Agora, se fazem favor, calem-se de uma vez que, se querem que eu fique convosco no grupo, vão ter que se comportar ou fazem sozinhos!

Engolimos em seco e concordamos.

-Desculpa…-falei um bocado a medo.- Mas eu ainda não percebi o que vamos fazer juntos…-sussurrei.

-Um trabalho de inglês, MinHo! Um trabalho! O que havia de ser? Uma orgia?-explodiu o Jinki, fazendo o Key rir às gargalhadas.

-------------------------

Finalmente as aulas terminaram e eu estava com o Jinki encostado à porta à espera do Key que, como sempre, era o último a sair.

-Desculpa, MinHo…- interpelou-nos uma rapariga do 1˚ ano do secundário.

A nossa escola usava um sistema de uniformes que diferenciava os diferentes anos por cores de gravata. Amarelo para os alunos do primeiro ano, vermelho para os do segundo e azul para os finalistas.

Ela olhou nervosamente para mim e para o Jinki enquanto brincava com os dedos.

-Será que podia falar contigo a sós? -Ela pediu.

Olhei para o Jinki que tentou disfarçar o sorriso. Um dia em que isto não acontecesse é que era um dia estranho. Desde o meu primeiro ano que todos os dias era interpelado por uma rapariga.

-Claro… Vamos lá para fora… -virei-me para o Jinki.- Encontramo-nos no portão?

-Sim. É só o atrasadinho se despachar e já vamos…

-Eu ouvi isso, Lee Jinki! -gritou o Key .- Quem é o atrasadinho?

-Ninguém, ninguém, Bummie. Amo-te muito!

-Está bem, vou fingir que não ouvi.

Sorri enquanto caminhava pelos corredores do edifício principal em direção ao pátio exterior.

Jinki e Key tinham-se só conhecido no primeiro ano do secundário e, quem os visse nunca diria que eles se tornariam um casal. Ao início nem eu nem o Jinki suportávamos o rapaz excêntrico e arrogante que atraía as atenções para onde quer que fosse.

Tudo mudou numa tarde em que eu e o Jinki ficamos até mais tarde por causa de uma reunião da associação de estudantes da qual fazemos parte desde para primeiro ano mas que, por agora estarmos no último ano, temos os encargos reduzidos.

Flashback

-Vou só à casa de banho antes de irmos.-disse o Jinki quando estávamos a passar perto das mesmas.

-Tudo bem…-parei e encostei-me à parede em frente, à espera do meu amigo.

-MinHo!!!-gritou o Jinki de lá de dentro, assustando-me.

Pelo seu tom, algo de grave se tinha passado por isso corri para a casa de banho, deparando-me com o meu melhor amigo ajoelhado no chão, tentando levantar alguém que estava no chão, num estado lastimável pelas roupas meias rasgadas, o cabelo bagunçado e o algumas feridas que sangravam. A sua cara estava virada para baixo mas, pelas roupas e cabelo vi que era o Key.

-Não fiques aí especado!-gritou o Jinki- Ajuda-me a levá-lo para a enfermaria!

Saí do meu estado de transe e apressei-me a ir ajudá-lo. O Key gemeu quando o pusemos de pé.

-Consegues andar?-perguntou o Jinki.

Ele demorou um pouco a responder mas acabou por sussurrar um “Sim” quase inaudível.

Percorremos os corredores lentamente até chegarmos à enfermaria que estava vazia. Ajudei o Key a sentar-se numa das macas enquanto o Jinki foi buscar a mala de primeiros socorros.

-Quem te fez isto?- perguntei.

O Key limitou-se a olhar para baixo e não respondeu.

-Sabes que podes falar connosco…- o Jinki assegurou enquanto molhava um bocado de algodão em água oxigenada e passava nas feridas para as desinfetar e estancar o sangue.

O Key silvou um pouco de dor e afastou-se ligeiramente por impulso mas voltou a colocar-se direito, deixando o Jinki limpar as suas feridas. Continuamos à espera da resposta mas esta não veio.

-Tens a certeza que não é melhor ires ao hospital? Podes ter algo partido…- insistiu o Jinki, visivelmente preocupado.

-Não, por favor, o hospital não!- gritou o Key, em pânico.- Os meus pais não podem saber, por favor!- ele agarrou na camisola do Jinki, enquanto os seus olhos começavam a ficar marejados de lágrimas e ele implorava.

Neste momento percebi que a sua atitude altiva e arrogante era só uma fachada e que, na verdade, Kim Kibum tinha bastantes fragilidades.

Quem tinha feito isto ao Key tinha tido o cuidado de não deixar muitas marcas no rosto. à excepção do lábio rachado e de um arranhão na bochecha, nada se comparava às manchas arroxeadas que tinham distribuído pelo seu corpo delicado.

Olhei para o Jinki que, enquanto tratava das pisaduras e reparei que, apesar de concentrado naquilo que fazia, o seu olhar era de raiva e ele mordia o lábio inferior, mostrando o quanto aquela situação o estava a incomodar.

Continuamos em silêncio até o Jinki terminar de tratar das feridas todas, passando até pomada nas pisaduras que o Key tinha pelo corpo mas especialmente na zona das costas e costelas.

-Pronto, já está tudo… Pelo menos da minha parte, não há mais nada que possa fazer. Mas se sentires muitas dores tens mesmo que ir ao hospital!- o Jinki usou o seu tom de hyung para reforçar a ideia que não era uma sugestão, era mesmo uma ordem.

O Key limitou-se a concordar com a cabeça e levantou-se, gemendo com as dores mas logo tentando fazer uma cara de que não se passava nada quando o Jinki franziu o sobrolho como quem diz “eu vou-te arrastar mesmo até ao hospital”.

-Disseste que não queres que os teus pais saibam mas como pretendes chegar a casa nesse estado sem que eles se apercebam?- fiz a pergunta mais óbvia.

O Key fez uma cara de quem nem sequer tinha pensado no assunto e suspirou.

-Eu não sei… Eles nunca tinham sido tão violentos… das outras vezes eu tinha sempre conseguido disfarçar…- ele confessou, como se se esquecesse por momentos que nós estávamos ali e ele estivesse a falar consigo próprio.

-Quer dizer que não é a primeira vez?!- explodiu o Jinki.

O Key olhou para ele, só então chegando à conclusão que tinha falado demais.

-Diz-me quem eles são! Eles não podem fazer isto!

O Key continuou sem revelar o nome dos agressores apesar de tanto eu como o Jinki continuarmos a perguntar.

-Então namora comigo!- gritou o Jinki de repente, fazendo-nos olhar para ele surpreendidos.- Se namorares comigo eles não serão capazes de te fazer mal.

O Key franziu o sobrolho ligeiramente antes de silvar de dor.

-Mas assim todos vão pensar que és gay! E se eles depois te fazem o mesmo? Nem pensar!- o Key enfrentou o Jinki.

-E se pensarem que sou gay? É melhor do que ser um deles quem nem humanos se pode chamar! E se me agredirem, eles não ficam impunes!

-Mesmo assim… eu não posso aceitar que namores comigo mesmo que seja a fingir.

-Veremos…

-Que tal falarem disso noutra altura? É que já é tarde, não sei se sabem…

Ambos os rapazes ficaram espantados ao confirmarem as horas.

-Key, liga aos teus pais a perguntar se podes ficar em casa de um amigo. Esta noite dormes em minha casa, se não queres que os teus pais descubram.- convidou o Jinki.

O Key demorou um pouco a responder mas acabou por pegar no telemóvel e ligar à mãe que deu autorização.

Flashback off

Não sei que aconteceu durante essa noite nem como o Jinki conseguiu convencer o Key mas, no dia seguinte eles anunciaram o seu namoro. O Key andava sempre connosco mas, mesmo assim, punham ameaças e bilhetes insultuosos no seu cacifo até que o Jinki elaborou um plano para apanhar os culpados que, assim que descobertos, foram expulsos da escola.

Eles poderiam ter terminado o falso namoro quando tudo foi resolvido mas, na altura, eles já se tinham apaixonado um pelo outro e decidiram começar a namorar a sério.

Acordei do meu transe quando a rapariga também acabou a sua longa declaração.

-... E é por isso que eu gosto de ti, oppa…

Ela olhou para mim, mais vermelha que um tomate e esperou pela minha resposta. Eu já estava tão farto de confissões que já nem as ouvia.

-Desculpa…- limitei-me a responder, friamente.

Os seus olhos castanhos começaram a ficar vermelhos e ela forçou um sorriso.

-Percebo… -a sua voz era trémula.

Eu detestava quando choravam! Faziam-me sentir culpado mesmo que eu não tenha culpa nenhuma por não conseguir corresponder aos seus sentimentos!

-Bem, eu tenho que ir…- desculpei-me antes de virar costas e caminhar em direção ao portão onde o Jinki e o Key me esperavam.

-Então…?- perguntou o Key.

-Até parece que já não sabes a resposta.- respondeu o Jinki.

-Eu nem sequer a conheço.- encolhi os ombros. - E nem ela me conhece verdadeiramente.

-Aigoo! Assim vais ficar sozinho para sempre, MinHo! Tu nunca dás a oportunidade a ninguém!- exasperou-se o Key.

Encolhi os ombros e perguntei ao Key se o casaco que ele trazia era novo. Para minha sorte, o casaco era mesmo novo e o Key rapidamente se esqueceu da conversa que estávamos a ter para começar a contar a aventura extraordinária que foi para comprar aquele casaco e eu só sentia pena do meu melhor amigo que era arrastado pelo Key para as compras e também acrescentava alguns pormenores à história.

-E foi assim que eu consegui o último casaco disponível! -ele terminou mesmo a tempo de entrarmos em casa do Jinki, onde fomos logo recebidos pela senhora Kim que não se mostrou surpreendida por nos ver lá porque, como ela dizia, nós já éramos da família.

-Bem vindos! Chegaram mesmo a tempo! Acabei de fazer um bolo de laranja que, modéstia à parte, está uma delícia!

-Mãe, eles vieram para fazer um trabalho, não foi para brincar!- reclamou o Jinki.

-Lee Jinki, não sejas chato!- ela piscou-nos um olho.- Ainda agora vieram da escola, tanto estudo ainda faz mal, vocês ainda ficam maluquinhos! Andem lá lanchar que não são 10 minutos que vos vão matar.- ela fez um bico adorável.- Além disso, eu com tanto trabalho a fazer este bolo…

-Pronto, pronto, omma… - o Jinki suspirou. Ninguém conseguia resistir aos encantos da senhora Lee.

O bolo estava mesmo maravilhoso e soube mesmo bem juntamente com o chá quente que a senhora Lee tinha feito para acompanhar. Claro que demoramos mais do que 10 minutos até porque a senhora Lee queria saber as novidades que eu e o Key tínhamos para contar.

-E então, MinHo, ainda nenhuma namoradita? - perguntou a senhora Lee.

-Não…- sorri, embarassado.

-Ainda hoje teve uma confissão!- aproveitou logo o Key para contar.

-A sério? Não me digas! O MinHo sempre foi muito popular, não entendo como é que é solteiro…- a senhora Lee suspirou.- Se ao menos eu fosse mais nova...

-E não fosses casada…- acrescentou o Jinki.

Desatamo-nos todos a rir. Tal como eu disse, nós éramos como família e dávamo-nos ao luxo de ter estes momentos de cumplicidade.

-Olha, deve ser o Taemin!- a senhora Lee levantou-se para ir receber o filho mais novo.- Bem vindo, querido. O Key e o MinHo estão aqui também. Vem comer bolo connosco.- ouvimos a senhora Lee dizer.

-Não tenho fome, obrigada, omma. Vou para o meu quarto.- respondeu o mais novo.

- Mas Taemin…- ainda tentou dizer a senhora Lee mas ouvimos uma porta fechar.

Cerca de um minuto depois ela entra na cozinha, cabisbaixa.

-Não sei que se passa com o teu irmão ultimamente… Mal come, mal fala, chega e vai para o quarto… Não queres ir falar com ele, Jinki?

-Porque não falas tu com ele?

-Achas que já não tentei? Ele não fala comigo! Mas se fores tu, como és irmão dele e és rapaz e tudo… pode ser que contigo ele fale…

O Jinki suspirou.

-Tudo bem… Mas agora não… Prometo que amanhã falo com ele com calma.

A senhora Lee abraçou-o.

-Pronto, pronto, omma. Agora temos que ir fazer o trabalho senão o Key e o MinHo vieram aqui para nada.

-Para nada não… Nem que seja, vieram para me ver.

Rimo-nos novamente e levantamo-nos, agradecendo à senhora Lee pelo lanche e fomos para o quarto do Jinki para então fazermos o trabalho.

Já passava das 11h da noite quando decidimos que já estávamos demasiado cansados para continuar o trabalho e que o melhor era continuar noutro dia. Como de costume, o Jinki e o Key ficaram na cama enquanto eu fiquei num colchão que a senhora Lee tinha guardado para estas ocasiões e que estendia no chão, ao lado da cama do Jinki.

Ficamos ainda a conversar algum tempo até que decidimos desligar a luz. Passou-se algum tempo e eu ainda não estava a dormir quando comecei a ouvir movimentações na cama ao lado e alguns sons estranho.

-Jinki… o pescoço não…- sussurrou o Key num gemido.

-Shhh… não faças barulho ou o MinHo acorda…- sussurrou o Jinki.

Ouvi-os a beijarem-se e a gemerem baixinho e decidi que não podia fingir que estava a dormir ou ia acabar por assistir ao que não queria e ia ficar traumatizado!

Levantei-me e atirei-lhe com a almofada.

-Eu vou dormir na sala, seus tarados!

O Key guinchou com o susto e saiu de cima do Jinki.

-Pensávamos que estavas a dormir…- sussurrou o Jinki.

-Pois mas não estava… Eu vou dormir para a sala para vos deixar à vontade.- abri a porta.

-Obrigada e, Minho…- parei para ouvir o que o Jinki ia dizer.- Podes ir dormir com o Taemin, a cama dele também é de casal e ele de certeza que não se importa.

Ambos riram baixinho mas decidi ignorar e fechei a porta.

Ainda fiquei a pensar se deveria ir dormir na sala mas depois cheguei à conclusão que se a senhora Lee me visse de manhã na sala que se ia chatear com o Jinki por eu ter dormido no sofá, desconfortável, quando poderia ter dormido no colchão que ela tinha preparado.

Suspirei e parei à frente da porta do Taemin. Taemin era 2 anos mais novo do que nós e tinha entrado este ano no mesmo colégio que o irmão. Apesar de andarmos na mesma escola, raramente nos encontrávamos lá. Quando eu perguntava ao Jinki, ele dizia que o irmão não nos queria incomodar, apesar de o mais velho o assegurar que não havia problema.

Eu sempre tinha gostado do pequeno que, desde novo, se mostrou bastante tímido. Apesar de tudo, quando começava a ganhar confiança com a pessoa, o Taemin era das pessoas mais doces e divertidas que eu conheço. Para dizer a verdade, eu até sinto falta de falar com ele.

Bati à porta e esperei pela resposta do outro lado. Já era tarde, se calhar ele estava a dormir.

-Sim?- perguntou uma voz trémula no interior.

Abri a porta e espreitei.

-Sou eu, posso?

Ele estava vermelho mas, assim que me viu, ficou ainda mais, endireitando-se na cama e limpando a cara com as mangas compridas da suéter larga de capuz que ele vestia. Ele fungou e eu tive a confirmação que ele estava a chorar.

-Sim, claro…- ele repsondeu.

Entrei e fechei a porta.

-Desculpa mas o Key e o teu irmão…- fiz uma careta, não terminando a frase.

Ele riu-se e eu sorri ao ouvir o som melodioso do seu riso.

-Percebo… Podes ficar a dormir aqui, claro.

-Eu posso mesmo dormir no chão, não te preocupes.

Ele cruzou as pernas à chinês e mexeu no cabelo, descobrindo a testa por alguns segundos. Ele tinha um rosto bastante bonito.

-Podes dormir na cama. Ela é suficientemente larga para os dois. Isso se não te importares de dormir comigo, claro.

Sorri e sentei-me ao seu lado, também cruzando as pernas à chinês. Despenteei o seu cabelo, fazendo o mais novo resmungar antes de desatarmos os dois às gargalhadas.

-Claro que não. Para mim és como um irmão.

O sorriso imediatamente desapareceu do seu rosto e ele afastou-se ligeiramente de mim. Inclinei a cabeça e olhei atentamente para mim antes de cutucar a bochecha dele com o dedo indicador.

-Queres contar-me o que se passa? Ainda agora estavas a chorar e a tua mãe também anda preocupada por andares cabisbaixo.

Ele suspirou e continuou a olhar para baixo.

-Não se passa nada… e eu não estava a chorar.

-Sim, claro. Vamos fingir que eu acredito… É alguma coisa na escola? Andas a sofrer de bullying? Sabes que nos podes contar! Sabes que o Key também sofreu de bullying e nós conseguimos ajudá-lo.

-Não é nada disso…

-Então que é?

-Aish, é algo idiota, hyung!-ele começou a brincar com os dedos, envergonhado.

-Para te deixar assim não é idiota…

Voltei a aproximar-se dele e abracei-o assim de maneira meia estranha até porque não estou habituado a estas demonstrações de afeto. Senti o sangue subir todo às minhas bochechas e tive a certeza que, ao meu lado, um tomate seria pálido. Afastei-me ligeiramente e voltei a baixar os braços com medo que ele se apercebesse que o meu coração estava a bater desenfreadamente. Que raio estava a acontecer?

Olhei para o mais novo ao meu lado e, apesar de este estar a olhar para baixo pareceu-me que também ele estava corado.

-Min-hyung…-Taemin quebrou o silêncio, chamando-me pela alcunha que ele próprio tinha inventado- Estás a namorar com alguém?

Suspirei e deixei as costas encostarem à cabeceira da cama, fechando os olhos.

-Mas hoje toda a gente decide perguntar-me pela minha vida amorosa? Não, não namoro.

-Porquê? Todas as raparigas na escola falam de ti. Ainda hoje uma se confessou…

-Como é que sabes?-interrompi-o.

-Eu… eu… -o mais novo ficou atrapalhado- Eu ia a passar e vi… desculpa… -ele confessou num sussurro.

-Não tens que pedir desculpas… mas que é que a minha vida amorosa tem a ver?

Ele ficou uns tempos em silêncio antes de responder.

-Eu gosto de alguém…

-Boa, Taemin! Quem é a sortuda? Já lhe disseste?

Ele sorriu tristemente e abanou a cabeça, puxando mais as mangas para cobrir as mãos.

-Não… essa pessoa é muito popular… de certeza que não iria olhar para mim duas vezes… -a sua voz começou novamente a tremer e eu não consegui controlar e voltei a abraçá-lo.

-Taeminnie, tu és das pessoas mais bonitas que conheço. Tanto por dentro como por fora. A rapariga que te tiver vai ter bastante sorte.

Continuei a abraçá-lo apesar de sentir a minha cara como se fosse explodir!

-E se não for uma rapariga, Min? -ele sussurrou.

Eu fiquei um pouco surpreendido mas não me afastei para não o magoar.

-Bem, rapaz ou rapariga não interessa. Já vês com o que se passou quando foi o Jinki que todos nós aceitamos a homossexualidade.

-E se essa pessoa fores tu, Min-hyung?

Eu fui apanhado de surpresa e não sei como é que o meu coração não saiu disparado pela boca de tão forte que batia. Afastei-me ligeiramente só para poder olhar para o seu rosto que estava tão vermelho quanto o meu provavelmente estaria. Se calhar ainda mais se é que era possível.

-Esquece que eu disse isto! Estava só a brincar! Claro que não és tu!

Franzi o sobrolho e coloquei uma mão de cada um dos lados da sua cara, fazendo-o olhar-me nos olhos.

-Taemin, não me pareceu que estivesses a brincar… Taemin, eu…

-Não! -Ele interrompeu-me, e afastou as minhas mãos.- Eu não quero ouvir a resposta! Por favor!

-Mas Taemin…

-Lá, lá, lá, lá!!! -Ele tapou os ouvidos numa atitude infantil.

-Taemin, ouve-me… Taemin!

Tentei fazer com que ele parasse com aquilo o que fez que caíssemos os dois na cama, eu por cima dele. Ele parou e olhou para mim assustado, enquanto eu segurava os seus pulsos ao lado da sua cabeça.

-Min, sai de cima de mim!-ele tentou debater-se mas sem sucesso.

-Não enquanto não me ouvires.

-Ouvir o quê? A tua rejeição? -ele começou a chorar- Eu não quero! Por favor! Eu prometo não te incomodar mas por favor, não rejeites os meus sentimentos!

Num ato impulsivo silenciei-o, dando-lhe um beijo rápido. Ele olhou para mim surpreendido. Também eu estava em choque com a minha atitude.

-Min… tu… porquê?

-Eu… eu não sei… -respondi honestamente.

Ele franziu o sobrolho e fungou.

-Eu não quero que me beijes por pena!

Senti-me ofendido com a acusação.

-Sabes bem que eu não faço isso por pena!

-Então porquê?

-Taemin, eu não sei! -voltei a sentar-me, largando as mãos do mais novo que também se sentou. -Eu não sei mas eu não quero rejeitar os teus sentimentos.

-Que queres dizer...?

Pensei bem na minha decisão quanto me era possível na pressão do momento mas eu sabia que era o que eu queria.

-Queres tentar ver o que pode acontecer entre nós? -fiz a pergunta mais embaraçosa da minha vida.

Ele ficou a olhar para mim confuso antes de desatar a rir.

-Choi MinHo, isso foi um pedido de namoro? É que se foi, não tens muito jeito para isso…

Fiz um bico e deixe-me na cama, tapando a cara com uma almofada.

-Aish, não estou habituado a estas coisas, desculpa lá! É a minha primeira vez!

-Aish! O meu hyung é tão fofo! -Ele tentou tirar a almofada mas eu não deixei.

Ele começou por me tentar beijar o queixo e a linha do maxilar, puxando a almofada para tentar alcançar outras zonas. Acabei por não resistir e tirei a almofada beijando o mais novo nos lábios antes de o abraçar contra o meu peito. Sentia a sua respiração quente no meu pescoço e sorri. Tenho a certeza que ele sente o batimento acelerado e forte do meu coração tal como eu sinto o do seu.

-Vamos dormir… -sussurrei.- Já é tarde…

-Está bem. Min-hyung… Boa noite.

-Boa noite, Taeminnie.

Fechei os olhos e preparei-me para adormecer mas o Taemin voltou a falar.

-Min, a minha resposta é sim…

Sorri e apertei-o ainda mais forte nos meus braços. Quem diria que o amor esteve mesmo à frente do meu nariz este tempo todo?


Notas Finais


Como devem ter reparado a ficar está na categoria Lemon e Lemon nem cheirá-lo xD
Isso porque, como eu disse, o capítulo já estava a ficar muito grande e por isso decidi fazer um capítulo especial completamente centrado em 2Min! ^_^
Prometo publicar em breve !
Podem comentar que eu não mordo xD
*chu*


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