História O jardim inglês. - Inesperado.

   O dia amanheceu chuvoso, o homem bocejou e se espreguiçou na grande cama macia, a primeira vista parecia um grande felino, de olhar languido e suave, mas era na verdade uma fera, seu nome é Peter, tem 32 anos, um corpo atlético e muito bonito, definido por longas horas de natação, seu esporte favorito, na verdade quase uma religião, seus cabelos sedosos e negros são parte de seu charme quase irresistível, quase porque ele tem olhar perturbador, que em sua grande maioria afastam qualquer ser humano com um simples piscar de seus profundos olhos verdes, ele é gerente de negócios imobiliários de uma das maiores cidades do mundo, vive em Nova York desde de seus dezenove anos e ama seu ritmo louco e hipnótico, faz parte de seu temperamento terrível e ao mesmo tempo charmoso.

O telefone tocou e ele se levantou já sabendo quem ligaria num domingo chuvoso as 08:00h da manhã, a única criatura no mundo a quem ele amava desesperadamente, sua mãe.

-Bom dia lady Mary, como vai o clima em Londres?

-Bom dia meu querido, oh como poderia estar? Perfeito e úmido, com uma névoa difusa e fantasmagórica que atravessa nossos lindos jardins, simplesmente lindo...Mas não é por isso que estou ligando, eu quero saber quando meu filho vai por juízo em sua linda cabecinha e tomar um rumo na vida!

O homem riu baixinho, por tomar um rumo na vida, a bela senhora queria dizer casar e ter uma porção de filhinhos, coisa que ele definitivamente não queria fazer, e muito provavelmente não faria.

-Minha lady, o que quer dizer, eu sou um homem lindo e desejável, rico, bem sucedido, moro em um apartamento maravilhoso e tenho tudo que quero na vida, o que me falta? Perguntou de forma simplista.

-Ora, ora, não acredito que vamos ter essa conversinha de novo senhor Peter, não quero morrer sem ter netos! Quando vai encontrar uma boa moça e se casar? Sabe que sou uma criatura simples, só desejo que seja feliz e me de um ou dois netinhos nessa vida, é pedir muito? Ela respondeu, dando uma pequena tosse seca ao final da frase, para impor respeito.

-Mãe...Ele sussurrou, e chama-la de mãe era algo raro em sua vida, ele franziu a testa, um tanto pensativo, casar não estava em seus planos para essa existência.

Ele era um cara prático, amava o belo, e tinha experimentado quase tudo no sexo, já tinha se deitado com lindas mulheres, jovens e maduras, tinha experimentado alguns rapazes, igualmente belos, já tinha até mesmo se entregado a um homem mais velho e muito bom de cama, que o fez ter uma dolorosa e deliciosa noite, mas...Bom, nunca foi além disso, somente uma ou duas noites de sexo selvagem e intenso e nada mais, nunca amou ninguém na vida toda.

-Sabe que sou ocupado, mas estou tentando...Ela vai aparecer, acredite. Fugir do assunto era melhor, ela aceitaria suas desculpas por mais algum tempo, até pelo menos o próximo telefonema.

-Sabe que te amo Peter...Ela respondeu sinceramente, ele podia até mesmo ver seus lindos olhos verdes do outro lado da linha, tristes e suaves, e seu rosto anguloso e ainda muito belo, seus cabelos agora tingidos de um castanho claro, sedosos e perfumados como as maças verdes, sua mãe era e sempre fora uma bela mulher, exótica em seus traços e marcante em sua personalidade, o tempo a deixou ainda mais interessante.

-Eu sei minha lady Mary, eu sei...Também te amo. Respondeu sinceramente, dando um suspiro.

-Certo, você vem nos ver nas férias de final de ano? O Richard quer te conhecer.

-Hum, o duque agora recebe toda essa intimidade? Estou com ciúmes, cuidado minha lady, ou o convocarei para um duelo a moda antiga!

Ela riu de modo divertido e depois mais suavemente.

-Querido, nós vamos nos casar na próxima primavera, acha que é loucura na minha idade?

-Mãe, é claro que não, você ficará linda, como sempre e eu me sentirei honrado, meus parabéns pelo seu casamento, e mande meus parabéns ao duque, ele é um homem de muita sorte.

-Ele sabe disso meu querido, fique tranquilo, um beijo e até mais tarde...

-Adeus minha lady.

Ele desligou o telefone e suspirou feliz, sua mãe iria se casar em breve e ele nem tinha se apaixonado ainda, que vida estranha...