História O jardim inglês. - Uma família feliz.

O pequeno ômega acordou, sentia seu corpo leve, se mexeu com certo cuidado, sabia que o cio o deixava muito dolorido depois, mas ao se esticar na cama tudo que sentiu foram algumas áreas mais sensíveis, porém não doloridas, então as lembranças dos três dias vieram com força total sobre sua memória e ele ficou vermelho como um tomatinho.

-Oh...Droga! Resmungou nervoso, lembrando dos pedidos nada decentes que fez no ouvido daquele desconhecido bonito e cheiroso que cuidou dele durante seu cio.

Pensando bem foi o primeiro cio de sua curta vida que não foi assustador, na verdade tinha sido muito gostoso, ele não fazia ideia que era algo tão bom fazer amor assim...Mas assim que pensou nisso ficou triste, ele não fez amor, fez apenas sexo, com certeza aquele bonito alfa que ele nem sabia o nome iria embora, isso se já não tivesse ido, pensar nisso o deixou triste e sem querer deixou uma pequena lágrima descer, a limpou com o lençol que o cobria, mas outras vieram de mansinho.

-Yuri? Está tudo bem? Tá sentindo alguma dor meu pequeno ômega?

Yuri deu um pulo ao ouvir essa voz conhecida tão perto dele, e se encolheu na cama bem assustado, só então viu o alfa parado perto dele com uma bandeja de café da manhã nas mãos, que ele colocou de lado numa mesinha para vir até junto dele, tocando em sua testa com carinho, avaliando seu rosto molhado e enxugando as lágrimas.

-V-você ainda...Anda está aqui? Não foi embora? Perguntou num sussurro, que o alfa ouviu com clareza, e que o fez sorrir de um jeito muito bonito, muito bonito mesmo.

-Eu vou embora hoje, e você vai comigo, eu não deixaria meu ômega neste lugar de horrores, só não te levei antes porque queria esperar você acordar.

Yuri mal se continha, ele iria embora dali? Para outra instituição? Ficaria perto do seu alfa bonito?

-Vai me levar pra outra instalação? E eu, eu posso te ver de vez em quando?

Farrel se sentiu tocado com a docilidade do pequeno e seu total abandono.

-Você é meu ômega e eu sou seu alfa, nunca mais viverá num lugar destes, quero que viva comigo, em minha casa, na nossa casa...É verdade que já estou arranjando um apartamento maior, afinal sempre vivi sozinho, e agora tenho você, quero te dar mais conforto, podemos passear pelo parque, tomar sorvete, comer pipoca, caminhar todas as tardes, você precisa tomar sol meu pequenino, isso faz bem sabia?

Yuri abraçou repentinamente o alfa e soluçou por um longo tempo, enquanto o alfa fazia promessas tolas que o acalmavam, e acariciava suas costas macias, sua pele nua tão branquinha e delicada, onde se via uma única pintinha rosada, bem acima das costelas, ele era lindo e extremamente delicado, e o alfa jurou ama-lo por toda a vida e protege-lo sempre.

-Meu Yuri, você aceita ficar comigo? Pode me dar uma chance? Eu me apaixonei pro você assim que te vi...Por favor...Pediu o alfa gentilmente.

-Alfa...E-eu nem consigo acreditar...Por favor me diz de novo que me quer? Que vamos andar no parque vendo o entardecer e comer pipoca, me fala de novo...

Farrel riu, comovido, e o puxou para olhar em seus olhos, seus lindos olhos tão verdes quanto as folhas na primavera, salpicados de manchinhas marrons, um olhar lindo e inocente que o encantou tanto.

-Yuri, vamos ser felizes juntos. Sempre.

O garoto sorriu feliz, e começou a comer o lanche preparado para ele, enquanto olhava o homem a sua frente.

-Seu nome alfa é mesmo Farrel?

-Thiago Farrel, mas no trabalho todo mundo me chama de Farrel, deve ser para impor respeito, nem mesmo eu sei...Mas você pode me chamar como quiser. 

Yuri sorriu e abaixou o olhar tímido, sentia amor por aquele alfa num nível inacreditável para alguém que tinha conhecido a tão pouco tempo, mas isso não importava agora, ele se sentia feliz de verdade, foi quando lembrou dos amigos.

-Alfa, e os outros? Meus amigos? Eles estão bem? Poderei ir ver como eles estão?

-Claro, termine seu café, tome um banho, eu trouxe roupas e depois vamos encontra-los na sala de reuniões, cada um dos seus amigos tem alguém agora, parece que o destino colaborou bastante, meus homens são pessoas leais, e na verdade a gente mora bem perto, poderão visitar um ao outro enquanto a gente trabalha, podem descobrir muito para fazer, são livres agora.

Yuri terminou o seu café rapidamente e foi tomar banho, vestiu a roupa que o alfa lhe deu, e ficou meio constrangido com ele, mas depois de tudo que tinham feito era pura bobeira, mas uma coisa era o cio, e outra era a normalidade, mesmo assim o alfa era gentil, não o olhou trocar de roupa, fingindo ler um livro e foi muito gentil em ajuda-lo com o cardaço do tênis, que de tão nervoso nem conseguia amarrar, depois de lhe dar um beijinho na bochecha seu receio foi diminuindo e ele se sentiu mais leve e solto, até mesmo passou a olha-lo com mais intensidade, nossa como o achava lindo! Um homem forte e alto, com um rosto de feições bem marcadas, másculas e fortes, cabelo castanho claro, levemente ondulado nas pontas, num corte despojado bem comprido na nuca, cabelos que ele puxou muito na cama...Pronto, a vergonha voltou e ele encolheu os ombros olhando para o chão.

-Está com vergonha do que fizemos? É isso?

Yuri confirmou com a cabeça, corado até as orelhas, e ouviu a sonora gargalhada dele, uma gargalhada adorável a seus ouvidos, que o fez relaxar novamente.

-Todos lá fora devem estar sentindo o mesmo, estamos entre iguais, e eu adorei...Não fizemos nada errado, eram seus hormônios comandando tudo, não tem nada de que se envergonhar, tá bom?

-Tá bom! Falou mais firme o ômega e aceitou sua mão que se entrelaçou a sua, saíram para o corredor e encontraram os outros numa grande sala redonda, quando o viram os outros correram ao seu encontro, pulando como crianças que se encontraram para brincar no parque.

-Yuri!!! Só faltava você! Nós vamos embora, mas a gente vai se ver sempre! Olha, eu vou morar pertinho da sua casa!  Falou um dos gêmeos havaianos, feliz e corado, foi seguido por seu irmão que logo pulou no pescoço do amigo, feliz.

-Acredita que moraremos no mesmo prédio? Não vou ficar longe do meu irmão! Não é ótimo?

-Sim, é ótimo mesmo. Respondeu sorrindo o jovem ruivo olhando para Kaleo e Kai com carinho.

Um loirinho lindo e pequeno pegou em suas mãos macias e o olhou com alegria.

-Yuri, eu vou ver o mar, acredita? Edward vai me levar, e Sebastian vai junto, o alfa dele o Arthur vai cuidar de tudo por lá...Tem uma casa bonita, e vamos viver por lá durante alguns meses...Mas eu vou voltar, vamos morar pertinho, todos nós, não é bom?

-Você está bem? Edward é bom com você? Perguntou Yuri meio na dúvida.

-Tentarei ser o melhor possível jovem Yuri, e eu...Quero pedir perdão a você, assim como pedi aos outros, eu sinto muito mesmo, nunca quis te ferir, me perdoe se eu te machuquei antes, eu quero que seja feliz de agora em diante, como eu mesmo pretendo ser, junto com meu ômega, junto com Gabriel. Falou o alfa, causando uma pequena comoção ali em todos, eles ainda tinham medo dele, mas apesar disso reconheciam a verdade, ele nunca os machucou por querer, e sempre tentou ser gentil quando era possível.

-S-se me provar que vai ser bom para Gabriel, eu...Eu te perdoo sim...Respondeu Yuri.

Edward sorriu e abraçou Gabriel com carinho, logo mais Arthur se adiantou, trazia Sebastian pela mão, ele parecia feliz e corado, isso fez Yuri sorrir cúmplice.

-Tudo bem senhor Arthur...Só cuide do meu amigo, ele é muito especial também.

Arthur sorriu e beijou a bochecha do ômega corado.

-Um dia sei que me perdoará, um dia seremos uma família, farei todo o possível para isso, ficaremos fora durante um tempo, mas retornaremos, é uma promessa.

Yuri e o detetive Farrel saíram do complexo, o detetive Miguel morava no centro, num prédio de apartamentos bons e modestos, no quinto andar, seria lá que viveria com Kaleo, e por coincidência seu amigo na divisão o detetive Felipe morava no sexto andar do mesmo  prédio, assim os irmãos gêmeos não ficariam tão longe um do outro, na verdade Kai estava muito feliz.

Yahiko e Takeru viveriam na mesma rua, apenas uma quadra abaixo, numa pequena e bela casinha, com um jardim bem cuidado que agora teria mais uma pessoa para aprecia-lo.

Todos juntos se dirigiam a suas novas casas, a um novo começo, com novas esperanças e alegrias, finalmente livres, finalmente felizes.

-Espero que goste de sua nova casa, está meio bagunçada, e tenho que fazer umas adequações, mas...Estou procurando um novo apartamento, de preferencia bem pertinho dos seus amigos, assim poderá visita-los sempre, e eu ficarei mais tranquilo...Por enquanto sempre que quiser eu te levo, você precisa aprender a andar pela cidade ainda.

-Se eu estiver com você tudo bem, vou adorar. Respondeu sorrindo o jovem Yuri.

-E eu estou feliz por Sebastian e Gabriel...Até mesmo por Edward e Arthur...Espero que voltem logo.

-Eu tinha arrumado um local para eles ficarem, era fora da cidade, mas um pouco mais perto, mas confesso que a ideia de Arthur foi melhor, eles terão mais paz lá naquela pequena cidadezinha, a beira mar, serão apenas alguns meses, depois poderão viver aqui em Londres, e segundo o próprio Arthur poderemos visita-los lá na praia, será muito bom.

No caminho Yuri se sentiu em paz, verdadeiramente em paz.

.................................................................................................................................................................................................................................................

Lucas acordou se sentindo cansado e faminto...Muito, mas muito faminto mesmo! 

Sentiu o cheiro gostoso que vinha da cozinha, levantou e tomou um banho rápido, estava dolorido em lugares incomuns, mas estava feliz, tinham feito amor como loucos, e pensar nisso o deixou corado e satisfeito, sorriu para si mesmo, vestiu uma calça de pijama e uma camiseta e foi a cozinha, Peter estava sentado no sofá lendo algo distraído.

-Oi. Falou Lucas baixinho.

-Fadinha...Acordou, que bom, estava te esperando para comer algo, já estava indo te acordar, estou com fome sabe? Como se sente meu pequeno lindo?

-Faminto! Respondeu manhoso e correu ao sofá, aninhando o corpo ao do namorado, que sorriu se lembrando que o detetive Farrel lhe contou que um ômega quando saí do cio fica muito manhoso e precisa de muito carinho.

-Adivinha quem veio aqui enquanto você dormia?

-Quem?

-O detetive Farrel, ele veio contar que todos os ômegas estão bem...Farrel e Yuri estão namorando...Vão viver juntos, se mudam hoje mesmo.

-Sério? E os outros?

-Bom...Felipe um dos detetives sob o comando de Farrel está com Kai, e o outro detetive o Miguel está com Kaleo, eles vão morar pertinho, no mesmo prédio. Yahiko um outro detetive está com Takeru, e tem mais...Tá preparado?

Lucas riu e confirmou com a cabeça, curioso.

-Edward...Quero dizer meu pai está com Gabriel, e Arthur com Sebastian. 

-Ah...Nossa, sério? Bom, se eles estão felizes...No fundo eu acho que seu pai e o Arthur eram vitimas como todos nós...Eles tem o direito de serem felizes, espero que os perdoe um dia, para sermos uma família por completo.

Peter sorriu e o abraçou com carinho.

-Eu já perdoei meu lindo, e nós já somos uma família, e agora...Comer!

-Eba! To com tanta fominha!

Peter riu e foi encher um prato para seu ômega, que comeu tudo, nunca antes o viu comer tanto, e se lambuzar na sobremesa.

Depois disso ficaram no sofá vendo filmes antigos, rindo e se divertindo.

-Peter, estou com vontade de comer pepino...Tem pepino?

-Viche fadinha, pepino? Acho que posso ter um vidrinho em conserva, será que serve?

-Ah...Que tal um lanche com pepino? Ou melhor podemos ir ao McDonald´s? 

-Sério? Quer ir agora meu amorzinho? Não está cheio ainda? Perguntou o alfa divertido.

-Não sei porque mas estou com tanta vontade de comer um lanche de lá, com picles...Muito picles!!! Estou com água na boca só de pensar! Me leva? Por favor! Por favorzinho...Pediu fazendo um bico super fofo.

Peter sorriu divertido...Mal sabia ele que os desejos só tinham começado.