História O Jogo Das Dimensões (Guerra Entre Dimensões - Vol. 2) - Capítulo Três

Stephen não comia e nem dormia há dias.

 A guerra estava distante, mas aquele seria o dia em que a caçada começaria. Stephen e Michael já estavam prontos para a caçada, junto da U.S.S Enterprise, que estava toda arrumada para a viagem.

 _ Já está pronto para conviver com os tripulantes da Enterprise? _ perguntou Stephen carregando suas coisas pela nave.

 _ Honestamente, ainda não _ respondeu Michael carregando sua mochila e uma mala para seu quarto, que ficava ao lado do quarto de Stephen. _ Como Wong ficará sem nós dois?

 _ Ele já fica muito tempo na biblioteca _ disse Stephen dando os ombros. _ Acho que ele vai ficar bem, pois ele sempre acha algo interessante para fazer sem nós dois.

 Michael deu os ombros e entrou em seu quarto para arrumar suas coisas.

 Por um momento, Michael estranhou a tripulação da Enterprise, mas começou a entender cada um dos tripulantes.

 Em sua opinião, Spock foi um dos mais difíceis de entender, assim como Kirk e Pavel foram os mais fáceis de entender. Michael teve uma conversa a sós com cada um deles. O primeiro foi Kirk.

 Aconteceu naquele mesmo dia em que Michael e Stephen foram para a Enterprise, Michael estava observando o espaço pelo grande vidro e parecia estar confuso.

 _ Você está bem? _ perguntou a voz de Kirk.

 Michael o fitou com um sorriso fraco.

 _ Só estava pensativo _ respondeu Michael.

 _ Sobre o quê? _ perguntou Kirk.

 Michael respirou fundo e suspirou.

 _ Sobre o medo de perder essa guerra e de perder minha esposa _ respondeu Michael.

 Kirk sorriu de leve.

 _ Medo é a coisa mais comum que existe, para ser sincero _ disse Kirk se posicionando ao lado de Michael. _ Eu mesmo sinto medo das coisas. Tive medo de perder um amigo... _ Kirk olhou de relance para Spock, que observava novamente o mapa. _ Enfim, o medo é algo comum de se ter, Michael.

 Michael sorriu. Pôde ver como Kirk entendia sobre o medo.

 _ Está casado há quanto tempo? _ perguntou Kirk olhando a aliança no dedo de Michael.

 _ Seis meses _ respondeu Michael.

 _ Seja feliz enquanto pode, Michael _ disse Kirk dando leves tapas no ombro de Michael e se afastando, para ajudar Spock com os mapas.

 Michael queria entender o que Spock sentia _ ou deixava de sentir _. Michael tentou várias vezes entender os pensamentos de Spock, mas eles não tinham sentimentos, nem emoções, apenas a razão. Foi quando viu que Spock analisava as coisas de uma forma "diferente". Michael decidiu analisá-lo. Olhos escuros, não pareciam mostrar nenhum sentimento. A pele pálida, talvez ele fosse assim ou estivesse passando por problemas. As suas orelhas eram mais pontudas que as orelhas humanas que Michael conhecia. Suas roupas pareciam ser bem passadas. Michael então percebeu que Spock era solitário, mas inteligente, pois parecia decorar cada detalhe do mapa.

 Michael voltou a olhar para o vidro e viu como as supernovas eram bonitas de se ver de perto. As explosões delas, o brilho das estrelas, os planetas. Era tudo tão belo e tão simples. Nem havia percebido que, depois de uns quarenta minutos, Spock também olhava aquela imensidão.

 _ Como tudo pode ser tão perfeito? _ perguntou-se Michael em voz alta.

 _ Nada é perfeito, Sr. Jackson _ respondeu Spock. _ É apenas a nossa mente sendo surpreendida pelo desconhecido.

 Michael fitou Spock.

 _ Você não é humano, né? _ perguntou Michael. _ As suas orelhas denunciam um pouco.

 Spock o fitou. Os olhos negros de Spock e sua expressão... Ambos neutros.

 _ Sou meio humano meio vulcano _ respondeu Spock.

 _ Vulcano? _ perguntou Michael em tom de confusão.

 _ Uma raça alienígena antiga _ respondeu Spock em tom neutro. _ Meu pai era vulcano e minha mãe era humana. Os vulcanos são seres frios, que usam a lógica e que reprimem as emoções, tornando-as ilógicas.

 _ E seu lado humano? _ perguntou Michael curioso para entender como os vulcanos eram. _ Realmente reprimiu todos os seus sentimentos?

 _ Sim, eu reprimi _ respondeu Spock. _ e uso a lógica como meu modo de viver, pois, se a lógica não existisse para os vulcanos, estaríamos mortos. É como os seres humanos precisam de água. Não aguentam muito e vão à loucura e, logo depois, vão à morte.

 _ Você parece depressivo _ disse Michael dando um sorriso sincero.

 Foi possível ver Spock sorrir de lado por menos de um segundo exato.

 _ Isso é o que todos pensam _ disse, dando os ombros.

 _ E você é solitário, pelo que percebi _ disse Michael. _ Posso ser sincero com você?

 _ Fique a vontade, Sr. Jackson _ disse Spock em tom baixo.

 _ Eu tenho medo de morrer nessa guerra.

 Um silêncio se instalou. Michael logo viu que Spock parecia bem com a conversa.

 _ Michael _ disse Spock depois de um tempo _, como um homem que entende o Universo, lhe digo que o medo é comum para você. Para mim, é ilógico ter medo de uma guerra, pois meu povo vivia em guerras profundas.

Outro silêncio.

 _ Vulcanos não têm medo de nada? _ tornou a dizer Michael, tentando entender como Spock pensava.

 _ Aprendemos a não ter medo _ respondeu Spock se afastando de Michael e deixando-o sozinho.

 Michael viu, naquele segundo, que precisava caminhar um pouco pela Enterprise. Foi quando encontrou Leonard McCoy, o médico da Enterprise.

_ Precisa de ajuda, Sr. Jackson? _ perguntou Leonard.

Leonard tinha algumas características parecidas com as de Kirk. Talvez a pele pouco bronzeada e a altura, mas eles eram claramente diferentes.

_ Não, obrigado _ disse Michael. _ Me chame de Michael, por favor.

_ Tudo bem _ disse Leonard. _ Mas precisa de ajuda?

_ Só estou pensativo sobre o medo dessa guerra.

_ Normal. Todos, exceto os vulcanos, sentem medo.

_ É normal o Spock ser um homem neutro?

Leonard assentiu.

_ Ele, desde quando eu o conheci, sempre foi assim _ respondeu. _ Mas acho que, se eu não me engano, só vi ele chorar duas vezes.

_ E quais foram essas vezes? _ perguntou Michael.

_ Quando a mãe dele morreu e quando a irmã dele morreu há seis anos atrás.

Michael sentiu um pequeno aperto no coração e leu a mente de Leonard. Era divorciado, um humano como Kirk, mas tinha um ponto de vista mais realista que o de Kirk. Isso era o que diferenciava ele de Kirk.

_ Vou continuar caminhando por aí _ disse Michael.

_ Fique a vontade, Michael _ disse Leonard indo direto para a Sala Principal da nave.

Michael seguiu caminhando, foi quando encontrou Pavel Chekov arrumando alguns cabos da nave. Pavel estava em cima de uma escada arrumando um cabo que ficava no alto.

Pavel tinha cabelos castanhos um pouco cacheados, pele esbranquiçada e um olhar extremamente gentil. Isso fazia dele ser um dos mais queridos da Enterprise.

_ Ah, Sr. Jackson! _ exclamou Pavel ao ver que Michael observava o seu trabalho e desceu as escadas. Era possível ver o forte sotaque russo de Pavel em sua voz. _ É bom lhe ver aqui. Pelo visto, está explorando a Enterprise.

_ É, eu sou curioso demais _ admitiu Michael colocando as mãos no bolso de seu casaco.

_ A curiosidade, em certos momentos, é uma boa amiga _ disse Pavel estendendo sua mão e com um sorriso no rosto. _ A propósito, sou Pavel Chekov.

Michael assentiu e apertou a mão de Pavel.

_ Você parece ser o mais novo da tripulação _ disse Michael com um sorriso fraco.

_ E sou sim, senhor.

_ Apenas Michael. Não quero parecer muito velho _ disse Michael rindo.

Pavel acabou rindo junto.

_ E eu que tenho 17 anos _ murmurou Pavel.

_ Só? Que jovem... Você já conhecia o Stephen antes de vir pra cá?

_ Sim, senhor _ respondeu Pavel. _ Eu o conheci quando eu tinha 11 anos. Foi quando decidi que eu queria vir para a Enterprise. E, a propósito, ele me ensinou tudo que eu sei sobre as Dimensões Isoladas, que quase foram extintas, pois ninguém habita elas há mais nove milhões de anos.

_ Parece ser muito interessante mesmo _ disse Michael olhando para os cabos que Pavel estava arrumando. Cabos prateados que pareciam ser feitos de ferro, outros cabos avermelhados que cruzavam com esses cabos prateados e, um pouco longe deles, havia cabos azuis que pareciam ter sido postos ali a pouco tempo.

_ Enfim, preciso voltar ao meu trabalho, senhor _ disse Pavel subindo as escadas. _ Espero que aproveite o tempo que estiver aqui conosco.

Michael assentiu e continuou andando pela Enterprise. Foi quando viu Nyota Uhura, a única mulher da tripulação.

_ Boa tarde, Sr. Jackson _ disse Nyota acenando para Michael e seguindo seu caminho.

Nyota, mesmo sendo a única mulher da Enterprise, era muito bonita. Pele escura, cabelos negros lisos, alta e tinha uma boa postura, tanto no caminhar quanto na luta.

Michael logo viu que a tripulação era gentil e convidativa com ele.

Foi quando decidiu escrever em um papel o que havia descoberto conversando com cada um dos tripulantes da Enterprise. E essas foram as anotações de Michael:

*James Kirk - Capitão da Enterprise, cheio de energia positiva, divertido, não é muito responsável e é um humano comum que vive em uma nave espacial, tem um bom coração e é uma pessoa movida pela emoção (O que eu pude notar em nossa conversa sobre um dos assuntos que mais me interessava naquele meio tempo: O Medo).*

*Spock - Meio humano meio vulcano, 1º Oficial da Enterprise, um ser inteligente, a lógica é sua principal arma para vencer os enigmas, mas, de acordo com ele próprio, é ilógico ter sentimentos, ou seja, ele é movido pela razão e reprimiu as emoções humanas quando era mais jovem.*

*Leonard McCoy - Humano divorciado, médico da Enterprise e uma pessoa gentil com quem é gentil com ele, mas era possível ver que ele era um homem que ainda se sentia um pouco por conta do divórcio que teve anos atrás e, possivelmente, pode ser dependente de bebidas.

*Pavel Chekov - Um rapaz de 17 anos, humano, russo (seu sotaque é bem visível quando ele fala com qualquer pessoa da tripulação), amigo de Stephen desde seus 11 anos de idade, o mais jovem da tripulação, inteligente, engraçado e parecia ser o jovem nerd que todos gostariam de ter como amigo.*

* Nyota Uhura - A única mulher da Enterprise, inteligente (pelo que ouvi de Kirk e de Pavel depois de algumas horas que conversei com eles pela primeira vez), educada e sempre gostou do trabalho.*

Michael olhou para o papel escrito e sorriu, pois viu que havia conseguido resumir cada um deles de uma forma que qualquer um entenderia, mas decidiu guardar o papel em um caderno que carregava consigo o tempo todo. Michael dobrou o papel ao meio e guardou dentro do caderno e o guardou em sua mochila.