História O lado ruim do Amor - O garoto que não deixava ser entendido

Eu estou na pior fase da minha vida! E não estou falando da boca pra fora, muito pelo contrário. Porque quando se tem quinze anos, as únicas coisas que pensamos são relacionamentos, pornôs, sexo e muita masturbação. Qualquer coisa relacionada a sexo e beijar na boca.
            E então temos o pequeno detalhe que eu não tenho mais quinze anos, claro que dezessete não tem muita diferença, mas estou a um passo de me tornar um adulto, e mesmo assim prefiro ficar nas ruas com JongDae fazendo qualquer porcaria que ele arranja com a namorada dele.

Quando eu morava em Wonju as coisas eram mais fáceis do que são agora. Eu não tinha que arcar com as consequências que vinham depois das burradas que eu fazia, mas agora é tudo diferente. Eu teria que arcar com as consequências por amar Do KyungSoo.

Do KyungSoo.

Esse é o nome do garoto que eu amo mais que tudo. E também é o nome do garoto que mais me odeia.
O motivo que ele me odeia? É extremamente desconhecido. Mas ele me olha com tanto ódio que eu até me questiono se nós não nos conhecíamos antes, e se eu acabei por bater nele em nossa infância. Mas eu não me lembro de ninguém com esse nome ou esses olhos enormes.
Eu sei que ele me odeia, porém, ele nunca disse isso com todas as letras, mas sabe aquele ditado que diz “Um olhar vale mais que mil palavras”? Então, isso definia Do KyungSoo.

Na verdade ele nunca disse nada, a não ser uma vez em que ele disse exatamente estas palavras “Não se aproxime de mim” e esse é um dos momentos que nunca vou esquecer. Talvez seja porque foi a primeira vez que eu fui rejeitado, ou talvez seja porque foi a primeira vez que eu fui rejeitado por alguém que eu realmente gostava. Também foi a primeira vez que alguém me disse isso com extremo nojo na voz, onde eu me senti um sujo qualquer.

E isso me deixa deprimido.

Mas vamos deixar o meu “querido” amor platônico de lado e falar um pouco sobre mim. Mas não fique pensando que será algo importante, eu era e sou tão sem graça quanto piadas idiotas.
Como eu disse, eu morava em Wonju, mas me mudei assim que recebi uma bolsa de estudos em Seul. Eu estava no último ano do ensino médio, e isso me assustava um pouco, já que no ano seguinte eu iria para a faculdade. Eu não precisava de uma bolsa de estudos porque eu possuía dinheiro para pagar uma faculdade; mas eu nunca gostei de gastar dinheiro do meu pai, isso é uma coisa que eu não mudei em mim.
Talvez tudo fosse diferente se eu não tivesse saído de Wonju, é a famosa teoria do caos e ela adora andar ao meu lado. Talvez eu não estivesse tão fodido por causa de Do KyungSoo.

Mas não me julguem, eu não era assim antes de conhecer o meu amado amor platônico. Eu era uma pessoa que via animes sem pensar em ninguém, que tinha o que fazer quando estava em meu quarto, e não era adorar KyungSoo. E principalmente: eu gostava de garotas. Talvez ainda goste talvez eu seja bissexual, mas eu realmente tinha que descobrir isso com ele?

Talvez se eu estivesse em Wonju, eu estaria com uma namorada, e com o filha da puta do JongDae no meu pé.
Por mais que ele era um desgraçado — e ainda é — eu sinto falta dele, até porque ele é meu amigo.
JongDae era meu melhor amigo desde que me mudei de Seul para Wonju quando eu tinha dez anos, eu estou aguentando ele a lindos sete anos. Ele sempre foi meu melhor amigo, e nós já fizemos muitas coisas erradas, mas eu gostava de ser amigo dele. Devo muitas coisas a ele.

Eu o chamava de Sr.Kim por algum motivo, não lembro qual. Mas o fato, é que o Sr.Kim era um pegador, o cara mais hétero que eu já conheci, e também o mais safado. Porém, ele era uma pessoa que precisava de carinho, e o único jeito que ele viu de conseguir isso, foi saindo com todas as garotas da escola e do nosso bairro. E é nesse momento em que eu sinto realmente falta dele, por incrível que pareça. Porque, se ele estivesse aqui, talvez eu não passasse tanto tempo chorando por causa do pequeno Do. Ele daria um tapa na minha cabeça, me ofenderia dos palavrões mais chulos que viessem na cabeça dele, também me colocaria para cima, e talvez até me levasse para beber e beijar alguém na boca. Faria piadinhas sobre eu querer beijar um rapaz ou uma mulher. Irritaria-me, mas no final faria de tudo para me ver bem.

São tantos “talvez” que minha cabeça chega a doer.

Quando eu cheguei à minha nova escola, muitas pessoas não sabiam que eu era o filho do Governador e por isso os riquinhos mimados me zoaram por ser bolsista. Eu até preferia que continuasse assim, pelo menos ninguém ficaria sendo meu amigo por interesse.
Eu consegui dois amigos, SeHun e ChanYeol. Eles sabiam quem eu era, já que os pais deles trabalhavam no mesmo ramo que o meu. Eles não eram meus amigos por interesse, e eu percebi isso na primeira vez que eu os vi. Nós nos demos bem logo de cara.

SeHun era três meses mais novo que eu, mas as vezes ele parecia ter cinco anos. Quase não expressava nada de emoções, ele era o tipo brincalhão, mas que raramente sorria. E ele só sorria quando via LuHan. O garoto era amigo do KyungSoo e parecia uma boneca de porcelana, e SeHun gostava muito daquela boneca. Gostava tanto que às vezes me irritava.

ChanYeol é outro idiota, aquele cara é gigante e tem umas orelhas enormes, sabe? E eu adorava tirar sarro disso. Ele é muito divertido, vive brincando com as coisas que, para mim, são sérias — sim estou falando da minha paixonite por KyungSoo.

 Aquele babaca vive dizendo que eu pareço uma garota apaixonada quando o vejo por aí. Mas é inevitável, e ele mais do que ninguém deveria saber como eu me sinto. Por que? Bom, ele vive atrás do outro amigo de KyungSoo, o tal de BaekHyun, e eles quase estão namorando. E nesse momento eu paro novamente e pergunto: Por que KyungSoo não é amoroso como BaekHyun ou LuHan? Eu devo ter jogado pedra na cruz mesmo.

Mas vamos falar de como eu o conheci.

Em um dia frio de começo de ano eu o vi na biblioteca. Por que eu estava na biblioteca? Sei lá, talvez fosse o destino, até porque eu sempre odiei a biblioteca, aquela maldita regra de ficar em silêncio e aquele universo de livros chatos. Quando eu o vi eu já me apaixonei na hora, e olha que a única coisa que eu vi foram seus olhos, já que o resto estava coberto pelo livro que ele lia, o qual identifiquei como Harry Potter.

Eu fiquei bem curioso para ver o seu rosto, por isso me aproximei. E ele percebeu.

Sabe em filmes quando acontecem aqueles momentos clichês que deixar alguém enjoado? Onde eles se apaixonam de primeira vista? Foi isso o que aconteceu comigo — literalmente só comigo.
KyungSoo tinha um rosto adorável e o que eu mais adorava nele eram seus olhos grandes e sua boca fofa. E eu adorei isso tanto que fiquei o olhando até de mais.
Eu fiquei naquilo de apreciar sua beleza até que ouvi o som do livro batendo com força na mesa e da porta da biblioteca sendo fechada. E essa, foi a primeira de muitas vezes que fui ignorado por Do KyungSoo.

Uma semana depois, LuHan e BaekHyun haviam faltado e ele estava sozinho sentado em um banco ao lado da escola enquanto todos ficavam com seus amigos. Eu fiquei triste em vê-lo sozinho lá, então me sentei ao seu lado e disse:

— Oi KyungSoo, tudo bem?

Eu tentei parecer calmo, mas era impossível quando se sentia o calor e o cheiro de Do KyungSoo a poucos centímetros de você.

E como eu disse antes, a única coisa que ele disse foi:

— Não se aproxime de mim.

E depois de dizer isso ele simplesmente se levantou e foi para outro lugar, enquanto eu me perguntava o porquê de ser tratado assim logo na nossa primeira conversa. Ainda não descobri a resposta.

Acho que nunca descobrirei.

Depois de ser ignorado pela primeira vez, eu fiquei um pouco triste por saber que ele não era ao todo um anjo, mas eu não abri mão dele. Não me descobri bissexual para ser ignorado por um garoto que nem me conhece. Então, como todo guerreiro, eu enfrentei a guerra.
Nos dias que se seguiram eu continuei a me aproximar dele, mas eu sempre fui deixado falando sozinho depois que só dizia “Oi” com um sorriso no rosto.

Tenho que admitir que eu pensei vários momentos em desistir disso tudo e voltar a ser a pessoa alegre que eu era, mas ChanYeol e SeHun nunca me deixaram desistir. “Não desista, meu amigo. Eu sei que se você tentar mesmo, ele vai ser mais gentil com você, e até vai te dar alguns beijos” palavras do próprio ChanYeol.

Com o passar das semanas eu descobri algumas coisas sobre KyungSoo; como o fato dele amar maçã. É sério! Pense num garoto que adora aquela fruta. Ele comia maçã, torta de maçã, maçã caramelizada, e para concluir, ele tomava suco de maçã em todos os dias da semana na hora do intervalo.
Eu não fiquei muito surpreso em saber que ele amava maçã, já que maçã é uma fruta incrível.

Também descobri que ele cantava. Céus! Não tinha como amar mais esse garoto. A voz dele era tão linda me enchia de emoção vê-lo cantar. Mas, sempre dizem que nosso olhar, voz e comportamento nos entrega, e a voz dele era triste, era extremamente triste, e eu como um bom idiota, ficava triste também.

Do KyungSoo era um dos enigmas mais difíceis que eu resolvi tentar compreender, mas eu Kim JongIn, mais conhecido como super-idiota, não irei desistir. Se Alan Turing conseguiu vencer os russos, eu consigo vencer a barreira que KyungSoo colocou em volta de si.