História O ladrão de olhos - Capítulo II

Que situação... Ainda bem que tinha uma nota de cem, senão ia parar na delegacia. Ele se sentiu um idiota e toda vez que lembrava ficava com mais raiva de si mesmo. As mulheres sempre o fizeram de babaca, mas era a primeira vez que era enganado por uma gótica, roqueira, sei lá

— Ei Naruto, ta rindo do quê?— o seu vizinho gorducho de cabelos flamejante o fez dá conta de que havia se dispersado pela terceira vez hoje por causa desse assunto

— Pô Chouji, eu tava pensando naquilo de novo

— Ah, não cara, de novo não! Esquece isso mané!— impaciente ele ralha com o amigo

— Aí que ta, esquecer que você foi enganado por burrice sua, é quase impossível!

— Tsc, certas coisas acontecem para aprendizado, agora você não vai mais dividir carona nem que seja a mulher mais gata do mundo!— ambos começam uma sessão de gargalhadas

— A mulher mais gata do mundo não pegaria um taxi as dez da noite, para fazer o Naruto de trouxa— os dois param de ri imediatamente e fixam o olhar nada agradável a criatura a frente, o homem pálido de cabelos pretos e uma cara de nada, era Sai um dos editores do jornal

— Ah cala boca lagartixa ambulante!—irritado Naruto volta para o computador

— Poxa Sai não é literal! A mulher mais gata do mundo deve está fazendo um bilionário de trouxa agora— Sai pareceu entender a piada de Chouji

— Isso se resolveria se você comprasse um carro Naruto— o loiro fechou o cenho ao editor, ele assumiu uma política contra carros e não desejava comprar um tão cedo, enquanto suas exigências fossem acatadas

— Sem essa! Já viu quanto veio o IPVA esse ano? Fora a gasolina, o estacionamento... Isso é o um gasto de dinheiro, espaço e ainda suja o meio ambiente— sempre era o mesmo discurso quando o assunto era ter um carro. Depois que se mudou para lá, um veículo automotivo, estava longe de ser uma prioridade para ele, inclusive teve uma bicicleta, e ela foi sua companheira por muitos anos, até um leitor insatisfeito atropelá-la por diversas vezes poucos meses atrás; então Naruto precisou recorrer aos transportes públicos para se locomover além do taxi, transporte usado apenas para quando estava com muita pressa o que ocorria com freqüência

— Lá vem você com esse papo— Chouji resmungou

— Ai Naruto, você é um pão-duro, isso sim!— Sai fez muxoxo e seguiu para sua sala. Naruto balançou o braço como se o espantasse e voltou a fazer seu artigo sobre o ocorrido de dias atrás

O editor chefe gritou o seu nome de sua sala. Naruto ficou confuso, desde aquela última conversa não tinha feito nada de alarmante, pelo menos não se lembrava, mas foi atender o chamado de seu chefe. Bateu na porta e entrou dando de cara com o homem na mesma posição da última conversa

— Pois não, senhor Rodney?— o rosto dele não estava amigável, o que era praticamente normal

— Me ligaram dizendo que ocorreu outro assassinato— Naruto ia correndo para cena— Como você irá sem endereço seu idiota?!

— Ih, é mesmo, hehe— o loiro coçou a nuca sem graça— O endereço, por favor?

     Mais de um mês havia se passado desde o último ataque do “ladrão de olhos”, aliás, era algo de se estranhar, o espaço de uma vítima a outra era de no máximo três semanas, claro, se não contar aquelas oito semanas de “tranqüilidade” depois dos assassinatos serem noticiados. Naruto finalmente achou algo para se distrair, e dessa vez se quisesse saber mais detalhes do caso teria de ter mais cuidado

      Do taxi pode ver os carros de polícia, os bombeiros e a ambulância apesar da certeza de que nada poderia ser feito. Desceu do veículo e pagou a corrida e já foi em busca de alguns vizinhos ou alguém da família para pegar alguma exclusiva para o jornal, é certo que tinha alguns repórteres, contudo tinha como ponto forte o fato de ter sido o primeiro a noticiar do “Ladrão de Olhos” e seu inseparável equipamento. 

— Bom dia— Naruto cumprimentou uma senhora de roupão e um lenço cobrindo os bobies que estava parada na outra calçada com o seu cachorro nos braços— A senhora pode me dizer quem era a vítima?— ele ligou o gravador, a mulher pousou os olhos verdes com bolsas fundas e escuras de onde desceu uma lágrima

— Victor Brand— ela segurou o cão com uma das mãos e limpou o rosto— Era uma pessoa tão agradável, não merecia isso— Naruto lhe entregou um lenço e que não foi rejeitado

— O que sabe sobre o Brend?

— Ele era solteiro, morava com a mãe e a avó, tinha vinte e dois anos, Elisabeth, a mãe dele, foi diagnosticada com câncer então eles colocaram a casa a venda, para custear o tratamento na capital. Victor até conseguiu um bom emprego por lá— ela enxugou as lágrimas e respirou fundo para controlar a voz falha— Aquele menino era de ouro, um bom filho, neto, vizinho, eu moro sozinha desde que meu marido faleceu e Victor sempre vinha aqui limpar meu quintal, ou me fazer companhia, sem pedir nada em troca desde muito jovem— ela se entregou ao choro, e comovido, Naruto acariciou-lhe o ombro

— Sinto muito, que ser identificada?— ela negou— Eu entendo, muito obrigado, logo, logo teremos notícias agradáveis, um bom dia— deixou a mulher com seu animal e foi em busca de novos depoimentos, parando apenas quando atendeu o pedido de seu estômago

   Desta vez iria de ônibus, pois não tinha tanta pressa assim para encontrar vaga em seu restaurante favorito. O restaurante não estava cheio, colocou um bom prato e se fartou, depois resolveu caminhar até o trabalho, passando pelo parque da cidade, um campo ao céu aberto, com uma linda trilha cercada de arvores, bancos de madeira e na parte gramada ficavam os brinquedos para as crianças e equipamentos de ginástica que Naruto se distanciava ultimamente. Passou perto do playground onde havia um bebezinho brincando com um bolo de festa sendo fotografado, então resolveu parar um instante para observar. Os pais ficavam brincando com a criança toda lambuzada para que ela risse o que não era uma dificuldade para ela. A pessoa que fotografava, a julgar pelos cabelos longos e escuros, o corte da blusa e da calça preta se tratava de uma mulher, se pôs em pé e foi ver o resultado ficando de perfil, e Naruto reconheceu aquele crucifixo...

— VOCÊ!— ele gritou fazendo a mulher se virar para frente dele. Ela pulou com o susto colocou a alça da câmera no pescoço, puxou a mochila e começou a correr— Ah, não vai não!— Naruto passou a prossegui-la, correndo tanto quanto ela. Eles atravessaram o parque, e partiram para o outro lado da cidade, o número de habitantes não era muito alto, contudo o número de comércios movimentava o lugar, sendo difícil se desviar das pessoas. Ela acabou entrando num beco e Naruto fez o mesmo, e para a sorte dele o local era sem saída— Te peguei!— ela estava acuada e ofegante, mas não aparentava querer se render

 — N-Não se aproxime!— ela tirou de dentro da bolsa um frasco de spray de pimenta

— Você me enganou sua vigarista!— Naruto não parecia estar temeroso quanto a isso, no entanto ficou em uma distância segura

— Ei!— uma voz grave fez Naruto girar o corpo— O que pensa que está fazendo cara?— eram no mínimo três homens altos vestidos socialmente

— E-essa mulher está com um spray de pimenta!— o Uzumaki se defendeu

— Esse cara está te incomodado?— o mais alto que tinha cabelos castanhos uma barba e usava óculos escuros o ignorou se voltando para moça de estilo nada angelical

— Não mais obrigada— ela guardou o spray e passou por um Naruto boquiaberto sumindo das vistas dele

— Enquanto a você— o homem o puxou pelo colarinho batendo as suas costas na parede— Não quero você incomodando mulheres indefesas nessa cidade, entendeu

— Ela não era indefesa! — Naruto se soltou enfurecido— ELA ERA UMA LADRA E VOCÊS A AJUDARAM A ESCAPAR!— berrou deixando o trio com cara de tacho retornando em passos duros para o jornal