História O ladrão de olhos - Capítulo IV

  Sua cabeça estava em um turbilhão de ideias, a cada dia que passava, mais a reportagem tomava o seu tempo, resumindo: o “Ladrão de olhos” virou sua obsessão. Naruto lutou com teimosia pelos seus sonhos e objetivos durante toda a sua vida, e não se esperava menos dele, contudo até para os seus níveis a dedicação ao caso extrapolava. Não era a toa que o editor-chefe, foi até sua mesa, lhe dar um sermão sobre a “diferença entre repórter investigativo e policial”, mas o que podia fazer? Achar o assassino se tornou pessoal, sua vida dependia disso...

— E AÍ PESSOAL!— pela primeira vez, Naruto tira os olhos da tela e acompanha o ser barulhento com o carrinho repleto caixas e mais caixas de cartas, Konohamaru. Dessa vez ele gritou tão alto que até mesmo o Uzumaki se assustou — Quando crescer eu quero ser como vocês, sabem disso, né?— ele ia passando de mesa em mesa da redação entregando as cartas ou pacotes de fãs com petições, elogios ou presentes, desafetos mandando tudo quanto é tipo de xingamento ou ameaça, familiares, de tudo um pouco.

— E aí seu maluco!— Chouji, joga seu sanduíche engordurado sobre a mesa, e estende a mão para receber o bolo de cartas que parecia ser para ele

— “Qualé” gordinho, ninguém te mandou carta não— o jovem põe as cartas nas costas zombando do jornalista

— É melhor me dar as minhas cartas... — Chouji levantou-se da cadeira e instantaneamente é atendido— Acho bom seu moleque!— senta novamente e joga as cartas de lado voltando-se ao generoso pacote com a boca cheia d’água

— São os biscoitos da senhora Sukiaki?! Se não dividir vamos comigo, vou te dedurar pra sua mulher!— os outros riam e entram na pilha do “Office boy” e Naruto não ficou atrás:

— Já imagino a primeira página: “Mulher mata marido que burlava a dieta!”— todos riram da provocação, apesar de não surtir efeito algum no “jornalista gordinho”, que se deliciava com os deliciosos biscoitos da simpática senhora.

— Morro, mas morro feliz!— era engraçado como propositalmente, ele soprava o farelo longe ao falar de boca cheia. E atingia justamente o Office boy que estava mais perto

— Seu porco... Tomara que tenha DIARRÉIA!— se afastou com seu carrinho, enquanto o outro literalmente se engasgava de tanto rir

  Se havia alguém que tirava toda tensão de um jornal, esse era o Konohamaru, um rapaz que não devia ter mais de vinte anos, contudo era imprescindível para o melhoramento do local. O jovem tinha pretensão em ser jornalista e Naruto sempre o apoiou desde que ele começou a trabalhar ali fazia um ano e meio, não era a toa que toda vez que o moreno o via seus olhos castanhos brilhavam de admiração:

— E eu não poderia esquecer o meu favorito— Konohamaru estende as cartas para o Uzumaki— Não tem nada de comer aí, por isso sei que não vai cuspir em mim— manda um gesto obsceno a Chouji que fez questão de comer um biscoito bem devagar.

Naruto assim que pegou o bolo de cartas sentiu um perfume familiar, que o levava a um passado o qual desejava esquecer. Levado pela curiosidade vasculhou aquelas cartas em busca de tal fragrância, foi quando percebeu uma carta pequena, cabia na sua mão, o papel era uma mescla de rosa e azul e estava fechada por um laço prata, escrito em caneta tinteiro “Para Naruto Uzumaki”, algo em seu peito gritava para não abri-la, e seu peito doía apenas por cogitar o contrário, passando por despercebido os olhares de Chouji e Konohamaru:

— Que isso Naruto! Você ta chique, olha o “nipe” do convite!— A zombaria do jovem, fez aumentar o seu receio seus olhos ficaram estáticos, desfez o laço do delicado convite e por mais difícil que fosse, preparou-se para lê-lo:

 “Fugaku Uchiha e Mikoto Uchiha

juntamente com,

Kizashi Haruno e Mebuki Haruno

Tem a felicidade de convida-lo para o casamento de seus filhos:

 Sasuke Uchiha e Sakura Haruno

Que será realizado no Jardin Heleonor localizado no Castelo Elselsior

Em New Jersey

Sendo de valor inestimável a sua presença”

  Naruto não podia acreditar... Sua respiração começava a ficar pesada... O ar estava rarefeito... Precisava sair dali, levantou-se de maneira brusca da cadeira para buscar mais ar

— Ei cara calma aí! — Naruto acabou por esbarrar acidentalmente em Chouji com quem até poucos segundos estava conversando animadamente, “Brincadeira! Nem os percebi depois que abri essa carta” — Onde você vai?— o rosto preocupado de Chouji mostrou que não conseguiu disfarçar seu mal estar

— Desculpa, eu... Só vou dar uma volta, pode segurar as pontas pra mim?— apesar de desconfiado Chouji concorda com a cabeça— Valeu cara se sabe que eu te amo, né? Nem precisa dizer— Naruto saiu as pressas como se temesse que o amigo mudasse de idéia nem ouviu o xingamento solto por ele

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  Finalmente, depois de quase três lances de escadas ele avista a rua, seus pulmões não estão mais tão pesados, apesar de suas mãos suadas e trêmulas, não podia se enxergar, mas devia estar com um aspecto horrível também... Solta um suspiro de alívio e decide caminhar um pouco, quem sabe espairecer seja o melhor remédio?

Naruto andou um pouco, cumprimentou uns conhecidos até se sentiu tentado em ir ao bar, mas sempre levou o trabalho muito a sério, apenas se contentou em comprar um milk-shake de chocolate e encontrou na calçada de uma loja fechada um banco pra se sentar.

Tinha deixado o estúdio feliz da vida, havia conseguido sair mais cedo, do trabalho, depois de voltar de viajem onde acompanhava mais um jogo da temporada o que lhe daria tempo de sobra para ficar com sua noiva. Pensou até em ligar, entretanto a idéia de uma surpresa lhe pareceu mais atraente. Estacionou o veículo na garagem de seu apartamento e pegou o elevador até o onde morava com a noiva, riu ao lembrar do chilique de sua mãe ao tomar essa decisão uns meses atrás,  mas iam casar naquele ano mesmo e estavam em contagem regressiva, quinze dias.

Estranhou a porta aberta, mas entrou assim mesmo, tirou seus sapatos ficando na ponta dos pés, ouviu um som vindo da cozinha e isso fez seu coração acelerar, e a cada passo sua respiração ficava pesada, e tremia e assim que teve coragem de entrar na cozinha, a viu, nua, em cima da bancada, com seu melhor amigo também nu, entre as suas pernas. Sua primeira reação foi sair de lá, sem que os vissem, sentando-se no sofá da sala, onde chorou, segurou o som o quanto pode, apoiando o rosto com as mãos. Sasuke era um mulherengo incorrigível, colecionava conquistas, mas porque a Sakura? Ela era sua noiva, sempre achou que fosse seu amigo, e ela? Por que o traiu dessa forma, justo no apartamento que compraram juntos. Entrelaçou os dedos das mãos e limpou o rosto, ouviu um grito, e olhou de esgueira a dupla o encarando, em pânico depois de buscarem coisas para se cobrir.

— Boa noite— sua voz rouca se fez presente, levantando-se do sofá e encarando os dois que um dia julgou terem alguma consideração por si— Acho que não terá mais casamento, não é?— passou o rosto numa lágrima que ousou em cair, como queria estar forte, mas não conseguia

— Naruto... — Sakura disse num fio de voz, tinha lágrimas em seus olhos verdes, seus cabelos róseos estavam bagunçados e vestia uma camisa de seu amante

— Eu acho que nossos advogados terão de conversar, mas eu preciso pegar umas coisas minhas... — engoliu um bolo em sua garganta e mais lágrimas caíram de seu rosto— Eu não sei como vou fazer isso, entregue para o Kakashi o mais rápido que poder pode ser?— Sakura ficou em silêncio olhando para ele, limpando as suas lágrimas. — Bom eu já vou, — ao fazer menção a sair Sasuke, que usava apenas sua calça social, esboçou uma fala, porém Naruto mostrou lhe a palma de sua mão— Eu não quero ouvir sua voz! Você não fala comigo!— naquele momento ficou irritado, como ele tinha coragem de lhe dirigir a palavra? Nada podia ser dito naquele momento— Tchau— retirou a aliança e a soltou no chão virou-se deixando o apartamento como uma flecha,

—NARUTO!— ouviu a voz sofrida de Sakura, contudo não se enganava mais, agora tinha um motivo para aceitar aquela proposta de um jornal, deixaria a vida regalada que um repórter esportivo poderia ter, para ficar atrás de uma mesa, contudo ficaria longe de tudo, de consolos, perguntas, acusações, olhares de pena, justificativas... Deixaria tudo para trás.

Já fazia três anos e esses dois ainda o assombravam, porque não se casavam e o deixavam em paz?! Era difícil? Deixou uma risada escapar, só podia ser brincadeira

— É claro que eu não vou!— falou alto e irritado assustando um casal de idosos que passavam por ele— Me desculpe— coçou a nuca devido ao constrangimento

— Cada um... — o senhor murmurou caminhando mais rápido

Naruto foi sugar pelo canudo o milk-shake, que pelo barulho que fazia estava se acabando, se levantou daquela calçada e limpou sua calça jeans, jogou o copo no lixo e caminhou de volta para o seu trabalho, contudo alguém lhe cutucou no ombro com muita força, e ao se virar não gostou do que viu: Ela usava peruca que usava era azul turquesa, o crucifixo prata era o principal em seu pescoço, vestia uma camisa branca, por baixo de um espartilho preto de couro, vestia um short curto preto e as pernas estavam cobertas por meias até coxa preta e branca e botas estilo militar da mesma cor

— O que você quer... — estava cansado e sem paciência, ela não parecia estar em seu melhor humor

— Não gostei do que escreveu de mim!— ela cruzou os braços na altura dos seios, como uma mulher zangada conseguia ter uma voz tão suave

— Eu também não gostei de você ter me passado a perna, então estamos quites!— ela exclamou e talvez ia rebater, porém Naruto a cortou— Olha, eu não estou com saco pra você hoje ta legal?— virou as costas e voltou a andar e sentiu que ela o estava seguindo

 — Eu quero que me peça desculpas!— disse se pondo na frente de Naruto

 — Me esquece!— atravessou para a calçada da redação, esperou que ela o seguisse, no entanto isso não aconteceu, para o seu alívio— Mulher maluca... — assobiou impressionado, subindo as escadas do prédio em seguida