Robin parecia envergonhado, fez um gesto com a mão para que eu o seguisse. Comecei a ter um leve interesse por ele.
Estávamos indo por um caminho diferente ao sair do corredor sem saída, pelo o que me lembrava, meu quarto não era tão longe dali. Havia uma escada de ferro bem sorrateira em um corredor em que estávamos. Subimos.
- Você é cego ou o que? - perguntei. Ele não respondeu.
Ao chegar ao topo, me deparei com a luz do dia. Que visão maravilhosa, parecia ser meio - dia, o sol estava agradável, a vista era de um longo mar e uma floresta mais a frente. Estávamos em um precipício, o solo era uma grama bem cuidada. Atrás de nós tinha uma montanha, a "caverna" em que estávamos era dentro dessa montanha.
- Por quê estamos aqui? - perguntei
- Porque eu quis. Acredite, estou lhe fazendo um favor, ficar o dia todo ali dentro tira a sua beleza natural da pele.
- Acha minha pele bonita? - perguntei envergonhada.
- Acho.
- Espera um pouco- falei brava - por quê estou falando isso? Aposto que é mais algum plano de vocês acólitos!
- Por quê acha isso?
- Não é óbvio? Vocês são maldosos, brutais! Só pensam em vocês, meus familiares estão presos e a culpa é sua!
- A culpa é minha? São os outros que fizeram isso, estou tentando ser legal com você, mas tudo o que pensa é vingança!
- Olha só quem fala...
- Pare!
Foi por um instante, Robin veio em minha direção decidido e pensei que fosse fazer algo como me bater, porém, ele segurou minha cabeça e fechou os olhos levando meus lábios aos seus.
Era minha primeira vez. Seus lábios macios estavam colados aos meus. Por sua atitude ele abriu sua boca e eu também, levando nossas línguas ao encontro. Minhas mãos foram ao encontro de suas costas. Sua camisa branca, estava suada.
- Preciso respirar - falei
Ele sorria. Foi aí que reparei pela primeira vez com atenção seus olhos brancos. Como eram lindos, apesar do vazio, valorizava o amor que nunca recebera ali.
- Fuja comigo, vamos ser felizes, vamos libertar meus familiares, sei que não gosta daqui - disse
- Não posso, o demônio te prejudicaria, não posso deixar que isso aconteça com você
- Olha só você, tão novo, porém, mais velho que eu, deve ser horrível ficar aqui, seja lá quem for esse demônio, venha comigo e vamos ser felizes.
- Entenda minha amada Lira, não possi deixar que nada ocorra a você e a sua família, se fugirmos, será pior.
- Eu entendo.
Com um sorriso calmo, seus olhos monstruosos e sem expressão me tranquilizam ainda mais.
- Melhor eu leva- lá ao seu quarto, ou Hooper terá um ataque.
- Tudo bem.
Descemos a escada presa à parede e me despedi daquele sol do meio - dia.
Seguimos o corredor até chegar a minha porta, onde Robin abriu para mim.
- Vou pegar uma comida para você.
- Obrigada.
Ele fechou a porta e depois de alguns minutos ela se abriu novamente.
- Vejo que a pequena Lira aprendeu mais à amar, do que matar etéreos - era Hooper
- Você - disse constipada
Ele carregou seu corpo enorme para dentro do cômodo e suas botas faziam um barulho estrondoso.
- Não envolva Robin nisso, já repararam no que fizeram para ele? Deixem o garoto em paz!
- Querida, você sabe o que acontece quando um filho de acólito nasce?
- Eu tenho cara de quem sabe?
Ele prosseguiu:
- Seu querido "Robin" - ele disse em uma imitação da voz de uma garotinha - vai ser levado para uma nova caverna em poucos dias - ele continuou com sua voz normal - Sim querida, crianças, ou melhor, adolescentes, acólitos tem que ser treinados para que sejam duros e fortes como eu.
- Não pode nos separar
- Querida, posso, como também vou, ora você é só uma garotinha, não aprendeu a amar! Só sabe pular amarelinha e brincar de casinha.
Dei um salto sobre Hooper e o imobilizei na parede.
- Eu vou explicar só uma vez, então preste atenção, tenho mais amor do que a sua unha do mindinho, aprendi a amar com as pessoas certas. Tenho maturidade suficiente, às vezes, mais do que você, nao sabe nada sobre mim, nao sabe o que passei pela minha família, então nao fale o que nao sabe, seu filho da...
Com um golpe Hooper me imobilizou na mesma parede.
- Quietinha mocinha, você só está aqui para fazer nosso trabalho sujo, já conversamos sobre isso, não está aqui para mudar a cabeça de Robin, entendeu?
Cuspi em seus olhos brancos e ele me soltou para limpa - los.
- Vá se ferrar - berrei
A porta novamente se abriu, era Robin. Ele carregava uma bandeja azul, com um prato com cores variadas e um copo de líquido laranja.
- O que está fazendo aqui general Hooper? - perguntou
- Já estou de saída - ele respondeu em um olhar demoníaco diretamente para mim.
Esperamos ele desaparecer no corredor.
- O que ele fez? - perguntou o menino
- Eu fiz. Disse umas boas verdades para ele.
- Ah eu não acredito! Você está louca? Ele é o general Hooper! O mais próximo do "demônio"
- Estou pouco me lixando pra quem ele é, não importa
Ficamos nos encarando e comecei a ficar com medo.
- Não vou poder ficar pra conversar - disse ele - chamada urgente.
- Tudo bem - falei
Robin estava quase fechando a porta quando criei coragem e perguntei:
- Você vai mesmo ser transferido?
- O que? Quem te disse isso?
- Adivinha.
- Sim, e não, temos muito à conversar.
Ele me lançou um sorriso triste e fiquei com pena dele.
- Até amanhã - ele disse - no mesmo horário de hoje
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