História O Lar dos Peculiares - "O que estava acontecendo?"

Seguimos o corredor, juntos.
  Ao chegarmos em nosso local secreto, Robin me entregou uma flor pequenina e roxa.
  - Você merece todas as flores do mundo, mas nessa prisão quase não existe mais dessas - ele disse apontando para a flor que estava em sua mão - eu te amo, Lira. Se Hooper e meu pai querem nos separar eu não vou deixar.
  Eu o abracei e ele retribuiu. Estar nos braços dele me fez sentir segura, era como estar com minha mãe. Ele era minha alma gêmea.
  Sentamos na ponta do precipício lado a lado. A vista do mar e da floresta à frente era maravilhosa.
  Mais tarde voltamos para meu quarto, como já era noite insisti para que Robin fosse dormir, mas ele insistiu em continuar cuidando de mim.
  "Era um lugar branco, como uma tela de pintura. Estava sentada na minha cama, ali eu pensava 'O que era amor?', seria a mesma coisa que eu sentia com Robin? Eu era praticamente uma criança, como saberia o que era amor?". Acordei.
  Mais uma vez estava andando pelo corredor cinzento, mas dessa vez, com Hooper. Como eu odiava aquele homem.
  - Hoje você vai fazer uma coisa diferente - ele falou arrumando seus óculos escuros.
  - Que coisa?
  - Uma coisa que ninguém nunca fez, apenas eu.
  Pensei em várias possibilidades: morte, brutalidade, sem piedade...
  Seguimos pelo lado contrário do que eu estava acustumada. Haviam dois guardas vigiando a porta, entramos.
  A sala era larga, havia uma mesa de escritório a frente, à direita havia uma maca e aparelhagens que eu nunca havia visto em toda a minha vida. À esquerda haviam livros.
  O homem que estava atrás  da mesa levantou em um susto, eram um acólito, tinha olhos brancos.
  - Você não deve me conhecer ainda, Srta. Lira. - ele fez um sinal para que Hooper saísse.
  - Eu prefiro não conhecer monstros como vocês, sei exatamente quem você é.
  Ele ficou com uma expressão horrorizada, como se não tivesse muita experiência com garotas do meu tipo.
  - Ninguém desta organização me conhece, apenas Hooper, você agora e. ..
  - Robin, ele é seu filho -chutei
  - Você é uma menina muito esperta, ou meu filho é um tolo de contar isso para você. Ainda bem que vou tranferi-lo , não aguento ver a cara daquele moleque.
  - Como pode dizer isso dele? É seu próprio filho!
  Tentava esconder minha paixão por Robin, assim parecia mais intimidadora.
  - Eu não estou nem aí para esse garoto, tenho motivos mais pessoais, como a senhorita sabe, em breve seus amigos morrerão!
  - Não conte com isso, eu sou a chave para isso tudo, então é melhor começar a me respeitar - disse séria - não trabalho para pessoas que nem sei o nome.
  - Rick, nem pense que seguirei ordens de uma garotinha.
  Com um golpe fiz a minha melhor chama de fogo e atirei no homem. Ele desviou depressa.
  - Pelo o que sei, acólitos não tem peculiaridades.
  - Eu vou ter, quando matar seus amiguinhos! -ele deu um soco na mesa
  Percebi que o maior desejo daquele acólito era ter uma peculiaridade.
  - É melhor liberta - los, ou eu me mato e você não terá nem chance do seu plano funcionar.
  - Não será tão fácil assim
   Hooper entrou na sala e me agarrou, ele me levou até a maca e me prendeu com pulseiras de couro.
   - Onde estaria? - Rick perguntou para Hooper.
  Eu já não entendia mais nada. Rick pegou uma tesoura enquanto o outro tirava meus sapatos.
   O que eles estavam pensando? Eu me debatia muito, berrava, mas era inútil.
  Rick pegou uma seringa e injetou em meu pescoço. A dor foi tão intensa, a agulha me perfurou, parecia ter chegado em minha traquéia. Eu já não me lembrava de nada.
  Ao acordar eu continuava no mesmo lugar, com uma dor intensa nos dois pés. O que estava acontecendo? Eu ainda estava estranha, como se meu corpo estivesse ali mas minha mente não. Ouvi um barulho vindo do lado esquerdo, era Rick, ele batia um pé de cabra na estante de livros e chorava.
  -Droga, droga...
  Meus olhos se fecharam novamente sem minha permissão.
  Continuei assim não sei por quanto tempo, acordava e dormia. Não tinha forças para fazer nada. Não sabia mais se estava viva. Sonhava, mas não sabia se era sonho ou se era real.