Algum tempo depois... Dos eventos da Batalha contra os Titãs...
Aiolia voltava de uma vila próxima ao Santuário, quando passou próximo a alguns soldados que conversavam sobre as novidades do lugar.
—Em dois dias vão disputar a armadura de Pégasus. -um dizia.
—É... soube que o discípulo de Shina é muito forte! Matou todos os seus oponentes arrancando suas cabeças!
—O garoto da Marin não tem chances. -outro dizia calmamente. -Aquele japonesinho fracote perderá a cabeça em menos de dez segundos de luta!
Os soldados riram e Aiolia teve vontade de parar e dizer a eles que cuidassem das suas vidas, mas o fato que não se preocupou com o resultado que eles esperavam da luta. Tinha certeza absoluta que o discípulo de Marin era forte o bastante para vencer Cássius.
Já vira os dois lutando em treinamento. Cássius era pura força bruta, e isso não era o suficiente para se tornar um cavaleiro. Mas sentiu a necessidade de ver como Marin estava. Desde que conversaram naquele dia, a amazona vinha se mantendo distante dele, evitando-o. Era o momento de encerrar isso.
Ficou caminhando pelos lugares onde ela poderia estar e não a encontrou. Seus passos o levaram até aquela praia, na qual a conhecera anos atrás. Qual foi sua surpresa ao vê-la ali, sentada na areia, os cabelos ruivos a balançarem com a brisa marinha. Tão absorta em seus pensamentos que não percebeu a sua aproximação.
Aiolia cogitou a hipótese de ficar ali parado, apenas admirando-a. Mas o desejo de lhe falar foi mais forte.
—Marin. -finalmente a chamou.
Para a sua surpresa, a viu encolhendo-se e colocando algo em seu rosto. Ela estava de costas para ele, sem a máscara. Aiolia se recriminou por não ter se aproximando antes. Poderia ter visto o rosto da mulher que tem invadido seus pensamentos desde seus quatorze anos.
—Aiolia, não percebi sua chegada. -disse a amazona, se virando para ele.
—Tudo bem, parecia distraída. - dizendo isso, sentou-se ao seu lado na areia -Parece preocupada.
—Sim, e não. -voltou a olhar o mar. -Tenho medo que Seiya não consiga sobreviver a Cássius e ao mesmo tempo... tento dar a ele...
—Confiança?
—Sim. Quero acreditar que ele vencerá.
—O garoto é teimoso, com certeza irá vencer! -tentou tranquilizá-la.
—Eu sei. Bem, preciso ir... -disse-lhe, se levantando, mas o cavaleiro ficou diante dela, forçando-a a encará-lo.
—Marin, eu preciso lhe dizer algo.
—Pois diga, Aiolia.
—Quero dizer olhando diretamente em seus olhos. -estendeu a mão, tentando tirar-lhe a máscara.
—NÃO! -Marin recuou imediatamente. -Sabe que...
—Que se dane as leis do Santuário, Marin! -falou em um tom mais elevado, pegando-a pela cintura. -Sabe que desejo isso há muito tempo!
—E-eu...-não tinha argumentos para rebater o que ele dizia.
E sentiu o coração em sua garganta, quando os dedos da mão ainda livre de Aiolia tocaram seu pescoço com uma leve carícia, antes de subir até a sua máscara e tirá-la. Marin cerrou os olhos.
—Abra os olhos, Marin, por favor. -ele pediu gentilmente e ela o atendeu, mostrando os olhos azuis mais lindos que Aiolia já vira. -Como você é linda!
—Aiolia...
Ele inclinou-se, aspirando o perfume de seu pescoço, subindo aos cabelos cor de fogo dela.
—Gosto do perfume de sakuras de seus cabelos... -murmurou, aspirando-os.
—Aiolia... -ela murmurou, fechando os olhos. -P-por favor...
Sem lhe dar chances de protestar, o cavaleiro tocou os lábios trêmulos da amazona com os seus. Ouviu-a gemer levemente, fazendo-o intensificar a carícia, trazendo-a para mais perto de seu corpo.
Como se tivessem vontade própria, os braços de Marin envolveram a cintura de Aiolia e deslizaram por suas costas. Seus seios se aconchegaram junto ao peito firme, como se ali fosse o seu lugar. Todas as curvas de seu corpo moldavam-se ao dele, e a sensação fez aflorar nela todos os sentimentos femininos que aprendera a suprimir, desde que colocou a máscara pela primeira vez.
Com a língua, Aiolia entreabriu seus lábios, ele acariciava suas costas enviando a Marin ondas de calor que percorriam seu corpo todo. Suas pernas ficaram bambas, em um instinto de defesa, agarrou-se a ele. Tocou-lhe os cabelos da nuca, afagou-lhe o pescoço, descrevendo círculos para cima, para baixo. Ao mínimo contato, ouviu-o gemer, e sentiu sua respiração acelerar. Uma sensação poderosa tomou conta de Marin, ao perceber que um homem como Aiolia se modificava a um simples toque seu.
Hesitantes, se separaram. Ofegantes fitaram um ao outro, querendo que a sensação que havia tomado conta de ambos não cessasse nunca.
—Não deveria ter visto meu rosto... ou me beijado. -disse Marin depois de um longo silêncio.
—Não me arrependo de nada, Marin. -ele sorriu, se afastando dela. -Sabe o que sinto por você? Sei que sente o mesmo por mim, Marin.
—Eu... eu preciso ir... -disse, recolocando a máscara e saindo rapidamente.
O cavaleiro não fez menção alguma de impedi-la. Ficou olhando para o mar com um sorriso no rosto. Marin era a mulher mais linda que havia visto em sua vida. Suas fantasias não faziam jus à realidade. E aqueles olhos azuis... Pareciam duas pedras preciosas. Tinha certeza de que ela era a mulher de sua vida!
Restava convencê-la disso.
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Dois dias depois...
De longe, Aiolia observava a luta do pupilo de Marin contra Cássius. Por um momento chegou a pensar que o discípulo de Shina iria vencer, mas Seiya conseguiu virar o jogo contra o gigante e assim, derrotá-lo.
Sorriu junto com o garoto quando este alegremente comemorava o fato de ter ganhado a armadura de Pégasus. Sabia que Marin estava orgulhosa de seu aluno, mas também podia senti-la preocupada. Mesmo sem ver seu rosto, pelos gestos dela, sentia isso.
Nestes dois dias, ela o evitou. E ele respeitou este pedido silencioso dela para pensar no que havia acontecido na praia. Mas a paciência não era uma de suas virtudes, e o isto o deixava nervoso.
Depois da luta, o Mestre do Santuário fez o discurso de praxe sobre os deveres de um Cavaleiro de Atena, e voltou para o seu Templo. Depois, aluno e mestra saíram da arena, sob os olhares insatisfeitos de muitos dos presentes, que torciam para que a armadura ficasse com um grego.
—Shina não vai deixar assim. -ouviu comentarem. E preocupou-se.
Naquela mesma noite, sentiu-se agitado. E sabia que a agitação tinha um nome. Marin. Queria muito sentir novamente o gosto dos lábios dela, mas era algo que sabia ser muito difícil de acontecer.
Não conseguia ficar deitado em sua cama. Aiolia acabou levantando da mesma e pegou sua blusa que jazia jogada em um móvel e vestiu-se, saindo para a noite do Santuário. Com toda certeza um passeio iria desfazer sua agitação. Caminhou por algum tempo quando percebeu que algo estava errado e cosmos pareciam explodir. Estava havendo alguma luta naquele solo sagrado? Seriam invasores?
Correu para verificar o que acontecia.
Quando chegou ao local da provável batalha, viu Shina se aproximando e achou melhor manter-se no anonimato escondendo-se nas sombras. Notou que as sombras encobriam o rosto da amazona e estava sem sua máscara e o braço parecia ferido. Era ela quem lutava? Notou também que a mesma se encontrava furiosa.
Deixou que a amazona passasse e observou o caminho pelo qual Shina teria vindo e por ele seguiu. Caminhou um tempo e parou ao ver de longe Marin e Seiya. O rapaz parecia estar partindo. Ergueu uma sobrancelha. Será que o Mestre sabia disso?
Observou Seiya caminhando apressadamente para fora dos limites do Santuário, os passos apressando se transformando em uma corrida, como se ele tivesse uma grande pressa de chegar ao seu destino... Seja ele qual for.
Marin ainda ficou parada no mesmo lugar algum tempo depois de seu pupilo ter sumido de vista, em seguida começou a caminhar de volta para o Santuário, estacando seu passo ao avistar Aiolia.
—Há quanto tempo está aí? –ela indagou.
—Permitiu que Seiya partisse levando sua armadura? O Mestre sabe disso?
—Não sabe. –respondeu com sua peculiar calma.
—Isso pode gerar problemas para você, Marin. Cavaleiros só podem se ausentar do Santuário com a permissão do Mestre!
—Antes você não ligava muito para o que o Mestre tinha a dizer, Aiolia.
—Marin! - Aiolia colocou a mão direita atrás da nuca e a esquerda na cintura, e parecia refletir sobre o que iria dizer. -Não quero é que usem isso para te ferirem.
—Sempre soube cuidar de mim, Aiolia. E se tiver que encarar as consequências de meus atos hoje, o farei. -a amazona respondeu com serenidade, colocando as mãos na cintura.
—Pare ser tão autoconfiante por um momento, Marin! –ele pareceu se irritar. -Será que não percebe que estou pouco me lixando para o que o Mestre diga ou deixa de dizer? Não vê que estou é preocupado com você?
Um silêncio perturbador foi a resposta que teve. Marin não sabia o que falar. Era impossível ver o que se passava com suas emoções, escondidas pela máscara prateada, que se tornou nos últimos anos o objeto de ódio do cavaleiro.
“—Por que diabos inventaram o uso da máscara?”, se indagou várias vezes.
—Preciso ir. –disse a amazona.
—Marin...
—Aiolia, não há necessidade de que se preocupe comigo. –disse com firmeza, passando pelo cavaleiro que não se mexeu. -Mas... Obrigada por se importar.
Aiolia sorriu e observou a jovem se distanciando. Olhou os céus e notou que as estrelas brilhavam com intensidade maior que antes.
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Uma manhã qualquer... Alguns dias depois.
O Cavaleiro de Leão se ocupava em exercitar o corpo, quando percebeu a presença de mais alguém e franziu o cenho ao perceber que era a amazona de Ophiuccus, Shina.
—Acaso viu Marin, Cavaleiro? -foi logo perguntando.
—Por que eu deveria saber onde Marin está, Shina? -continuou a se exercitar, sem olhar para a amazona.
—Estão sempre juntos. Como... Amigos íntimos. -ela alfinetou e sorriu por debaixo da máscara ao ver o cavaleiro parar o que fazia e a encarar. -Mas deve ser impressão minha, pois todos sabemos que relacionamentos entre cavaleiros e amazonas são proibidos. E você agora segue as regras, não é?
—O que quer com a Marin?
—Apenas dizer a ela que o Mestre declarou que seu pupilo e alguns cavaleiros de bronze menores são traidores do Santuário. É ridículo o que fazem! Se exibirem na TV com lutas, usando as armaduras sagradas e o pior! Expondo nosso Santuário.
Aiolia ergueu uma sobrancelha. Seiya se aliando a rebeldes? Usando o que aprendeu com Marin para aparecer na televisão?
—É uma coisa ridícula chamada Guerra Galáctica.
—O Mestre não deveria se importar com essas inutilidades. -resmungou Aiolia se afastando de Shina. -Direi isso à Marin quando a encontrar.
—O Mestre não se importaria. Deixaria que qualquer leal cavaleiro cuidasse deles de modo que fossem exemplarmente punidos. Mas acontece que estes cavaleiros lutam pela posse da armadura de Sagitário.
Aiolia estancou e olhou perplexo para Shina.
—O que disse?
—Parece que a Armadura de Sagitário, desaparecida há anos, está no Japão.
—Eu vou falar com o mestre e trazer a armadura de meu irmão de volta.
—O mestre já enviou outros dois cavaleiros de bronze para cuidar dos traidores e trazer de volta a armadura ao Santuário, Aiolia. Parece até que um dos cavaleiros é discípulo de Kamus. Então, não vejo razões para que perca seu tempo. -ela começou a rir. -Só lamento que o mestre não tenha me enviado junto, adoraria ter a cabeça de Seiya!
A amazona se foi, deixando Aiolia com seus pensamentos. E se ela estivesse inventando tudo isso? Todos sabem que desde a derrota de Cássius e a humilhação seguida com a fuga de Pégasus, a amazona nutria um ódio mortal pelo japonês.
E Marin? Ter um discípulo acusado de traição só iria atrair mais hostilidades a ela!
Continua...
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