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História O Legado - Capítulo 19


Escrita por: LunaSelene

Notas do Autor


Olá, gatinhos. Desculpem por eventuais erros.

Feliz Natal e um ótimo ano novo a todos, que esse acho que vai chegar seja cheio de felicidade e harmonia. Estamos precisando de um tempo de paz.
Obrigada aos que comentaram no capítulo passado <3

Capítulo 19 - Capítulo 19


Seria bom dizer que uma coruja voou para longe de Hogwarts e que voltou dias depois com uma resposta satisfatória para Amélia, mas a realidade não tende a ser tão adorável e simples. A verdade é que a corvinal não sabia ainda o que deveria fazer e ninguém para quem ela perguntou a ajudou satisfatoriamente.

Ela tentava achar uma razão para Eliza ter mentido, mas nenhuma opção parecia razoável, então ela achou melhor esperar. Foi uma decisão mais tomada pela falta de opções, mas isso logo se mostrou ser um erro quando a menina não conseguia se concentrar em nada realmente e já tinha levado duas advertências e caso viesse uma terceira era certo ela tomar uma detenção.

Amélia estava preocupando a todos e eles resolveram juntar suas mentes brilhantes e ajudá-la. No final tinha mais pessoas do que eles pensaram que teriam.

Rose estava segurando um pergaminho, segundo ela conseguia visualizar melhor as coisas se as colocasse no papel. Eles sentaram em uma roda e Amélia começou a falar as informações que tinha conseguido com os anos.

– Meus pais se conheceram na França, em Paris enquanto minha mãe trabalhava em um jornal pequeno. Jacob Atlas era um contador e eles ficaram juntos por alguns anos e quando eu tinha dois anos ele morreu em uma viagem a trabalho. Meses depois houve um incêndio na casa em que eles moravam e tudo se perdeu, todos os documentos, toda foto, carta… Não sobrou nada. – Amélia parou para ver se eles estavam acompanhando – A empresa que meu pai trabalhava tinha fechado uns anos antes e no tempo da morte ele estava trabalhando por conta própria. Minha mãe tentou fazer novos documentos, mas sem qualquer documentação de Jacob o governo francês não permitiu, eles disseram que era o procedimento obrigatório, para evitar documentação falsa. Minha mãe foi viver com meus avós e algum tempo depois viemos para Escócia.

– E a família dele? – Timothy perguntou.

– Ele não tinha família. Eles tinham morrido muitos anos antes.

– Isso tudo é… – Rose não conseguia encontrar uma palavra adequada.

– Vago, solto, uma mentira mal contada. – Freya completou e ignorou o olhar de censura de Amélia. – Mais ninguém acha isso? Então quer dizer que o governo trouxa se recusa a dar legitimidade a você e sua mãe simplesmente sai do país?

– Talvez… – Amélia não sabia o que dizer, mas ela queria desmentir o que Freya estava dizendo, porque dar veracidade aquelas palavras era acreditar que Eliza mentiu para si durante 13 anos.

– Temos que ser práticos aqui. – Timothy disse. – Você não pode se ofender ou ficar na defensiva, Hall. Estamos partindo do ponto que a sra. Hall mentiu sobre alguma coisa ou sobre tudo.

Albus que estava sentado ao lado de Amélia segurou a mão da menina tentando confortá-la.

– Há o feitiço de sangue. – Nicholas falou.

De uma forma quase mágica parecia que Nicholas tinha florescido em apenas algumas semanas. De um menino tímido e recluso para aquele garoto que conseguia ficar em uma roda cheia de pessoas, algumas desconhecidas e dar uma ideia.

– Que está além da capacidade de crianças, sem contar que achar os componentes seria algo épico. – Freya desdenhou.

– Pelo menos eu dei uma ideia. – Nicholas encarou a sonserina. – Bem mais do que você fez até agora.

Aquilo foi o máximo que ele conseguiu fazer, já que no momento seguinte tirou um livro da bolsa que tampou seu rosto o escondendo dos demais. Freya levou uma cotovelada de Timothy que doeu mais do que ela demonstrou.

Eles ficaram discutindo por quase uma hora, quando Nicholas fechou o livro com um estrondo e ficou olhando para o vazio por alguns segundos.

– Nick? – Rose o chamou.

– Como somos idiotas. – O garoto bateu na própria cabeça, uma atitude familiar para Timothy que via aquilo constantemente e significava que Nicholas tinha esquecido algo óbvio. – No final de 1998, tínhamos muitos bruxos desaparecidos, mortos, que tinham fugido para outros países. Para ajudar as famílias foi criado uma seção no Ministério para esses casos, e outros países também fizeram isso. Eles atualizavam a lista semanalmente e…

– Como você sabe disso? – Scorpius perguntou.

– Saiu nos jornais da época. – Ele respondeu.

– Mas como você…? – Scorpius ia perguntar quando foi interrompido.

– Isso não importa, Scorp. – Freya falou. – Continue, Nott.

– Atlas não é um conhecido nome bruxo, se ele tivesse na época da guerra por perto o mais certo seria ter fugido, como muitos nascidos trouxas. Acionando o governo mágico daqui podemos ter acesso à lista americana e francesa. Podemos saber se algum Jacob Atlas foi procurado por familiares ou amigos.

– Mas ele não desapareceu na guerra, minha mãe o conheceu alguns anos depois, lembra? – Amélia disse.

– É um ponto de partida. Sua mãe falou que ele não tinha família mais e não que ele era órfão, logo presume-se que a família dele morreu, eles tinham acabado de sair de uma guerra devastadora. E se ele perdeu os pais na guerra e depois fugiu? Ele conheceu sua mãe, mas não poderia falar para ela sobre o nosso mundo, por causa da lei do sigilo.

– Mas porque ele não falaria depois? – Zach perguntou.

Mas Rose respondeu por Nicholas.

– Muitos bruxos só deixam para falar sobre sua natureza mágica quando os filhos começam a apresentar traços mágicos.

– Isso é muito bizarro. – Emílio parecia confuso com essa ideia. E eles se desviaram para falar sobre muitos dos costumes que nasceram por causa da mistura entre bruxos e trouxas.

– E como explicamos a belladona? – Freya trouxe a discussão de volta ao seu ponto. – Amélia disse que tem certeza que já viu belladona em sua casa “totalmente sem dúvida alguma trouxa” – A menina fez aspas com os dedos falando o que Amélia tinha dito dias atrás.

– Há alguma chance, qualquer que seja, de uma trouxa cultivar belladona? – Amélia perguntou com uma ponta de esperança.

– Amy, você leu os livros, fez o trabalho e tirou E. Você sabe a resposta. – Albus falou.

Não, belladona não poderia ser cultivada por trouxas. Precisa de muito conhecimento mágico para fazer uso da planta, conhecimento que um trouxa nunca teria.

O problema é que as duas sugestões que apareceram eram barradas por eles ainda serem crianças. O pedido ao Ministério só poderia ser feito pessoalmente por um adulto e tudo voltava a Amélia ter que falar com Eliza e essa era uma conversa que a menina não estava ansiando.

– Acho que isso encerra o assunto. – Nicholas tomou a palavra. – Visto que não podemos fazer mais nada sugiro que deixemos o assunto de lado. Não acho que esse seja um assunto para ser tratado por carta, então é melhor esperar pelo feriado onde terá a chance de vê-la. – Nicholas ficou encarando Amélia até ela assentir lentamente. – Ótimo, tenho dever de história da magia.

O menino saiu sem se despedir de ninguém e sendo seguido pelo olhar de todos.

– Eu sabia que tinha o orgulho nos Nott nesse garoto. – Freya tentava conter um sorriso.

– Com a clara arrogância da casa de Rowena. – Scorpius completou e deu de ombros quando os corvinais presentes se revoltaram.

 

Para Albus a escola parecia ir ficando cada ano mais silenciosa. Primeiro teve que dizer adeus a Victorie e depois a Molly. Victorie ainda tinha passado a virada do ano com eles, a loira estava fazendo alguns trabalhos com o professor de poções e apareceu na escola na véspera para entregar um relatório sobre os avanços de sua pesquisa, tendo sido convidada para passar o feriado no Castelo.

Ele queria falar com uma das duas ou com Teddy, alguém que não faria com que ele se sentisse idiota, embora talvez ele corresse esse risco com Molly. Ele não queria ir até James, por que sabia que o irmão falaria que ele estava sendo bobo. Fred sempre levava as coisas na brincadeira e Albus não se sentia particularmente a vontade em falar sobre seus problemas com o primo. Scorpius e Rose estavam quase na mesma linha de James, eles falariam que ele não deveria se deixar levar pelo que os outros queriam, mesmo que Rose não tenha aceitado entrar naquele grupo e Scorpius ainda continuasse se escondendo da maioria das pessoas.

Havia Freya, mas a garota tinha uma língua ferina e podia estar em um mal dia. O teste para entrar para o time seria dali a alguns dias e Albus já tinha colocado seu nome na lista. Mas cada vez que pensava sobre isso seu estômago embrulhava e ele tinha a sensação que seu corpo ficava mais quente.

Ele sabia que aquela sensação seria muito pior quando estivesse frente aos concorrentes ou a toda escola, caso passasse. Ele poderia simplesmente se autossabotar e se livrar de algo pior, mas a verdade é que ele queria saber se poderia ser chamado, se tinha capacidade para ser do time.

 

Albus adorava a sensação de estar no ar, do vento batendo em seu rosto e bagunçando seus cabelos, da liberdade que ele sentia estando a vários metros acima do chão. Quanto mais alto ele subia menor as pessoas ficavam, ele fechou os olhos e tentou esquecer o que tudo aquilo significava. Era só mais um jogo, como quando ele treinava com James, Fred e Teddy, ele teria que ser veloz e jogar a bola com força, como fazia quando Teddy queria saber de sua habilidade como goleiro.

O moreno sorriu, pela primeira vez desde a conversa com James Albus pensou que realmente era capaz de fazer aquilo, que era capaz de ser bom o suficiente para entrar para o time. Não bom como Harry, Gina ou James, era bom como Albus Potter.

E daí se as pessoas ficariam comparando? Ele se forçava a pensar isso e o pensamento ia tomando cada vez mais forma e força. Sim, ele era filho de Harry e Gina Potter, dois importantes integrantes do time da Grifinória, Gina foi jogadora profissional e Harry tinha um tipo histórico de vitórias apanhando o pomo.

Sorriu ao pensar na carta que Gina tinha enviado dois dias atrás lhe dizendo técnicas de voo que o ajudariam a ser mais rápido e táticas de jogo para se desviar de outros jogadores. Gina também tinha dito que se as notas dele baixassem ele sairia do time antes que pudesse esquentar a vassoura. O nervosismo poderia aumentar, levando em consideração que a mulher falou como se a vaga já fosse dele, mas Albus ficou feliz com a confiança.

Harry também tinha enviado uma carta. Na dele vinha especificações sobre o vento e a vassoura e como Albus poderia manobrá-la para que o ar não se transformasse no inimigo. Harry dizia que estava orgulhoso por ele tentar entrar, sabia que os outros tinham muitas expectativas sobre ele, mas que ele devia ignorar a todos e ir viver seus bons tempos em Hogwarts. Ele fez uma nota especial dizendo que esperaria uma carta dizendo que ele tinha passado, o que era óbvio que aconteceria.

Várias pessoas estavam nas arquibancadas para ver a seleção. No começo do campo ele encontrou o grupo que procurava, de lá ele poderia observá-los bem. De pensar que no íncio era apenas ele e Rose, depois veio Scorpius e Amélia e agora o grupo estava muito grande. Claro que eles não teriam a importância que Rose, Scorpius e Amélia tinham, aqueles três eram seus melhores amigos no mundo inteiro, os mais especiais.

Mas ele percebia que Freya ia conquistando cada vez mais espaço em sua vida. Os Miller, Steph, Tim também eram boas pessoas, e era engraçado ver a interação de pessoas tão diferentes juntas. Anthony e James viviam trocando farpas, mas no momento seguinte seguiam por outro assunto e tudo parecia bem. Freya desmerecia cada coisa que saia da boca de Steph e no começo a grifinória ficava envergonhada e se calava, mas agora ela respondia como podia. Não tinha a acidez e o nível de dissimulação da sonserina, mas as vezes fazia um bom trabalho e Freya apenas dava seu sorriso de escárnio que significava que não tinha mais respostas.

Os corvinais do grupo eram os mais contidos. Com suas respostas inteligentes e sempre cheios de argumento faziam o resto revirarem os olhos, ao menos, uma dúzia de vezes por dia. Nicholas, com certeza, era o corvinal mais irritante que Albus já tinha conhecido e ele tinha crescido com Victorie. Nicholas tinha uma inteligência que beirava ao absurdo, já tinha lido mais livros que Rose e Amélia e isso era algo assombroso para um menino de 11 anos. Tudo piorava quando você lembrava que ele não tinha sido criado para ser a mais gentil das criaturas. Ele ainda se reservava as vezes, principalmente quando Eric estava por perto, e parecia detestar pessoas estranhas falando consigo. Então ele passava muito tempo com eles por causa de Timothy que estava cada dia mais próximo do grupo e incrivelmente ele andava bastante com Lily.

A pequena ruiva parecia ter feito amizade com todos da casa, com sua incrível habilidade de ser meiga, doce e cativante. Era difícil resistir aos encantos da menina e isso pareceu ter chegado até o caçula dos Nott. A amizade parecia ainda estar florescendo, mas o menino sempre ficava mais descontraindo na presenta de Lily.

O resto do time chegou ao campo e Albus teve que descer. Ele escutou as diretrizes do capitão. Naquele ano eles estavam em busca de um artilheiro, um batedor e apanhador. Eles montariam times e os melhores iriam se classificando até restar apenas o escolhido de cada modalidade. O capitão colocou todos em fila e foi fazendo uma chamada para ver quem tinha tido a coragem de aparecer.

Claro que todos sabiam quem era Albus Potter, e não era diferente para Joseph Morgan. O rapaz estava no 7º ano e aquele seria seu último ano e Merlin sabia como ele queria ganhar a taça e torcia para que Albus tivesse metade do talento de sua família. Ele olhou para o moreno por alguns segundos a mais e lhe dirigiu um sorriso.

Que Albus voava de forma excepcional ninguém poderia negar, nem mesmo Eric que estava jogando no time contrário. Se eles fossem práticos mandariam os outros de volta para o castelo e escolheriam logo o garoto Potter, sem dúvida ele era o melhor. Mas Morgan parecia querer levar aquilo até o fim.

Era 15 inscritos inicialmente, apenas 12 apareceram. Nos primeiros 30 minutos 5 já tinham sigo eliminados. Passado quase 1 hora só restava Albus e mais duas meninas. Eles agora voariam enquanto os outros tentariam tomar a goles e no fim eles teriam que acertar a goles nos aros. Quem acertasse mais seria selecionado.

No fim Melissa tinha acertado três, Laura quatro e Albus tinha acertado todas as cinco bolas. Ele se desviava com graça e agilidade. As dicas de Harry sobre o que deveria fazer com a vassoura por causa do vento foi de muita ajuda, assim como a de Gina. Parecia que Albus deslizava pelas mãos dos outros jogadores com a goles sempre presa embaixo do braço. Ele passava veloz na frente de um aro apenas para acertar o outro, fazendo o goleiro se sentir perdido.

Albus desceu rapidamente e foi agarrado por James.

– Acho que agora vamos ter que tomar mais cuidado com vocês serpentes. – James falou bagunçando o cabelo do irmão.

Albus estava feliz de uma forma que não conseguiria descrever, ele apenas conseguia sorrir. Ele pensou que já estivesse liberado, mas parou de caminhar quando escutou seu nome ser chamado. Ele viu Joseph correr até chegar onde ele estava.

– Potter. – O capitão fez um cumprimento na direção de James e pareceu ignorar os demais, olhando em seguida para Albus. – Aqui estão os horários dos treinos, chegue 5 minutos antes, nunca falte.

Albus olhou para o papel e seus olhos se arregalaram.

– Mas são 4 vezes por semana. – Ele falou olhando para o rapaz a frente. Joseph era uns bons centímetros mais alto o que fazia Albus ter que erguer a cabeça para olhá-lo.

– Sim, eles costumam aumentar na temporada dos jogos ou se precisarmos treinar algo em particular.

– Mas…

– Esses são os horários, Potter. – O capitão bufou. – Esteja aqui no horário marcado.

Ele não deu mais chances para o menino reclamar e voltou para junto dos outros que observavam os candidatos a batedor.

– Como ele quer que eu estude e mantenha minhas notas? Mamãe vai me mandar um berrador se elas diminuírem e…

– E você pegará detenção com a srta. Green. – Scorpius falou. – Eu soube que ela vigia pessoalmente o time de quadribol para que eles mantenham um bom currículo escolar.

As semanas que se seguiram confirmaram isso. Ao que parece o trabalho falando sobre contrafeitiços não tinha sido tão bom quanto ele achava, e sendo sincero, Albus o fez as pressas, já que no mesmo dia tinha tido treino por boa parte da noite e nos dias anteriores estava lotado com o trabalho de Trato das Criaturas Mágicas e Feitiços.

Ele ficou depois da aula e a professora parecia muito assustadora em pé diante dele, com os braços cruzados e com a varinha segura na mão esquerda. Albus estava preparado para receber uma detenção e ser chamado atenção, mas se surpreendeu quando a mulher puxou a cadeira e sentou de frente a ele.

– Os primeiros meses depois que se entra para o time são os mais difíceis. – A professora falava tranquilamente. – Você terá que contar com a ajuda dos seus amigos, creio que o sr. Malfoy não terá dificuldade em ajudá-lo a acompanhar as matérias, a srta. Weasley e a srta. Hall também podem ser de alguma ajuda visto suas notas.

O menino só conseguia assentir.

– A questão sr. Potter é que o sr. Morgan acha que o senhor pode ser alguma salvação para ganharmos a taça esse ano e detestaria ter que tirá-lo do time por conta de sua inaptidão em conciliá-lo com os estudos. Mas não hesitarei em fazê-lo, fui clara?

Albus tremia levemente. Mas ele concordou e prometeu se esforçar. E foi o que fez nas semanas que se seguiram. No tempo que tinha livre ele estava estudando com os outros, ou sendo observado estudar enquanto eles se divertiam com alguma coisa. O primeiro jogo seria no começo de Novembro, eles jogariam contra a Lufa-Lufa, que não tinham um trio de artilheiros muito bom, mas para compensar seu apanhador foi incrível no ano anterior.

Todos estavam animados com a perspectiva do primeiro jogo de Albus, e aquilo serviu bem para distrair Amélia de toda a tensão familiar que ela estava vivendo. Enquanto os outros pareciam ter seguido o conselho de Nicholas, a menina se arrastava pelos dias se esforçando para ficar atenta as aulas e sempre concentrada nos deveres. Agradeceu quando Albus surgiu pedindo ajuda para estudar, e ela o atendeu prontamente. Aquilo foi bom para que ela tivesse algo mais para fazer.

Como se já não tivesse problemas suficientes Thomas resolveu vir dizer seu olá anual. O garoto tinha se afastado deles desde a discussão com Scorpius e não pareceu nem remotamente interessado em retomar a amizade. Nos primeiros meses Amélia ainda tentou se aproximar dele novamente, mas sempre era afastada e embora ele tenha a presenteado no final do ano ele não voltou a se aproximar.

– Você já viu o que eu lhe entreguei? – Ele perguntou, sem nem mesmo cumprimentá-la dignamente.

– Olá, Tom. Como você está? Eu estou bem. Minhas férias foram interessantes e as suas? – A menina respondeu com cinismo, ia continuar seu caminho quando foi parada pela mão dele firmemente segurando seu braço.

– Olá, Amélia. – O garoto respondeu.

Parecia que já fazia muito tempo desde de que tinha falado com ela a última vez. Os cabelos dela estavam maiores, estavam soltos, mas ela mantinha uma faixa para que eles não caíssem em seu rosto. Ela ainda tinha aquele olhar que ele lembrava da primeira vez que se falaram na aula de feitiços, como se o desafiasse. Sua postura ereta demonstrava uma confiança que ele não sabia se ela realmente sentia e tinha aquele ponto de arrogância presente em cada palavra que ela falava, achava que isso vinha da convivência dela com os sonserinos.

– Eu lhe dei um compêndio, e acho que você não se deu o trabalho de lê-lo.

– E-eu… – a menina estava envergonhada – Aconteceram muitas coisas, tivemos problemas com o Scorp – Ele torceu a boca diante do nome do sonserino e ela ignorou – Depois as aulas e eu estou com algumas coisas para resolver.

– Hum… – O menino a encarava.

– De qualquer forma, o que aquilo significa? Eu vi que fala sobre a guerra, mas…

– Aquilo é a verdade sobre a guerra. – Ele esclareceu, mas a menina o olhou com desconfiança.

– Não há verdades em uma guerra, Tom. Apenas lados e cada lado conta uma história da forma que melhor lhe beneficiar.

Thomas não se demorou mais ali e saiu tão rápido quanto chegou. Mais tarde Amélia foi até o seu malão e achou o compêndio. Ela folheou algumas páginas e seus olhos pararam em algumas partes.

Após alguns anos depois de desaparecer você-sabe-quem voltou ao mundo dos vivos, onde todos pensaram que estavam livres de sua presença nefasta. Muito se especulou sobre sua volta, Albus Dumbledore e Harry Potter passaram um ano alertando sobre o retorno do mais temível bruxo das trevas, mas o Ministério da Magia, corrompido e manipulado, afirmava que tudo não passava de autopromoção por parte de Harry Potter e demência vinda de Dumbledore.

Ela passou as páginas, se prendendo as vezes em algum nome que ela já tinha visto nos livros de História da Magia ou que os amigos tivessem comentado.

Entre 1996 e 1998 muitos bruxos nascidos trouxas tiveram que fugir de suas casas e abandonar empregos e a escola. A caça dos comensais da morte tinham recomeçado e não era mais seguro para essas pessoas permanecerem no mundo mágico. Não se tem um número de quantos nascidos trouxas foram mortos, mas se tem uma vaga ideia de acordo com o Registro de Busca

A Comissão de Registro de Nascidos-Trouxas foi extinta assim que o antigo regime acabou. Ela foi criada sobre um pretexto vil e dissimulado, buscando unicamente a discriminação e o encarceramento daqueles que eram considerados inferiores. A comissão forçava os nascidos-trouxas a se apresentarem ao Ministério e aqueles que não obedeciam eram caçados por sequestrados, e quando lutavam acabavam assassinados, como Dirk Cresswell, que até a ascensão das trevas, era um importante bruxo que chefiava a Seção de Ligação com os Duendes, um posto altamente almejado no Ministério e de bastante prestígio.

Amélia estava com os olhos marejados. Ela não conseguia entender de onde vinha tanto ódio, como aquilo podia ter acontecido, pessoas mortas apenas por terem magia, pessoas como ela. Ela folheou mais algumas páginas sem realmente notar nada em particular até seus olhos pararem no começo na folha.

Malfoy.

Ela pensou que não faria mal em ler só um pouco.

A família Malfoy vem de uma antiga linhagem de bruxos puro-sangue, a maioria de seus integrantes estudaram na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e foram selecionados tradicionalmente para a casa de Salazar Sonserina.

O texto continuava falando sobre a chegada da família na Grã-Bretanha e como a família firmou seu poder, se transformando em uma das famílias mais ricas do local.

A família preza, acima de tudo, a pureza sanguínea. Seu valor é provado quando você estende sua árvore genealógica e seus cofres no Grigorts.

Eles eram ricos, assombrosamente ricos, Amélia sabia disso. Também sabia sobre o ideal de pureza que eles defendiam. Ela tentou lembrar de como Draco e Astória foram gentis com ela quando passou um tempo na mansão, de como Scorpius era um bom amigo. Nada daquilo importava mais.

É de conhecimento público que eles se aliaram a você-sabe-quem nas duas guerras. A primeira Lucius Malfoy alegou estar sob a Maldição Imperio e que não fez nada consciente, tendo permanecido em liberdade. Em busca de mais poder dentro do Ministério, ele passou a ser um amigo de confiança do então Ministro Cornelius Fudge, que sempre pôde contar com seus galeões.

Na Segunda Guerra Bruxa o Lorde das Trevas permaneceu hospedado casa dos Malfoy até ser assassinado por Harry Potter em 1998. Onde…

Amélia correu seus olhos para os parágrafos seguintes.

Não se sabe se o silêncio foi comprado pelo medo ou pelo dinheiro, mas os Malfoy foram libertos da maioria das acusações. Mas fazendo um apanhado podemos dizer que Lucius e Draco Malfoy assassinaram mais de 20 nascidos-trouxas, tendo compactuado com outros inúmeros crimes como tortura e violência sexual. Sua mansão foi abrigo de prisioneiros e lá foram cometidas diversas atrocidades.

A população se sentiu traída ao saber da liberdade dos membros da família e ela passou a ser…

Amélia não conseguiu mais ler. Ela pensava se realmente eles tinham amedrontado tanto as pessoas ou se eram apenas influentes demais para serem julgados de acordo com seus crimes. Então o ódio das pessoas não vinham apenas pelo que eles tinham feito, vinham também pela sensação de injustiça.

Amélia balançou a cabeça como um meio para se livrar desses pensamentos. Ela fechou a capa e jogou aquilo dentro do malão novamente. Deitou na cama e ficou pensando em tudo que tinha lido. O nome das pessoas que tinham morrido, as famílias que tinham sido extintas por causa da guerra…

Pelo menos aquilo serviu para distraí-la de tudo que estava acontecendo e por algumas horas não tinha Eliza ou Jacob ou dúvidas sobre se os pais eram bruxos ou não. Ela esqueceu que o Natal se aproximava e com ele a sua busca pela verdade.


Notas Finais


Me digam o que acharam.


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