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História O Legado - Capítulo 40


Escrita por: LunaSelene

Notas do Autor


Olá!!
Quero agradecer muito, bastante, enfaticamente pelos comentários que recebi do último capítulo. Me deixaram muito feliz e animada.
Espero que gostem desse.
Me digam o que acharam, beijoos!!

Capítulo 40 - Capítulo 40


Jamais se desespere em meio as sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.”

Provérbio Chinês

 

Ela estava parada em frente a uma casa estranha, não sabia se deveria entrar, mas olhando para trás notou que tudo estava escuro. Não sabia o que encontraria na escuridão, porém o negrume nunca lhe agradou e a única alternativa foi abrir a porta e entrar. Se sentiu melhor quando saiu do frio, a casa parecia aquecida magicamente e isso lhe foi muito bem-vindo, as janelas fechadas impediam o vento de tocar seu corpo desprotegido.

Nada na residência atraia sua atenção, o que era estranho. Professora Clarke disse que ela deveria se concentrar nos detalhes, por mais simples que fossem, porém não havia nada lá que lhe chamasse atenção. As paredes eram claras, não havia nenhum objeto em cima da mesa ou retratos que pudessem identificar quem era o possível dono do local. A cozinha também não parecia ter nada de mais, do pouco que ela via parecia nunca ter sido usada.

Continuou avançando pela casa, mas tudo parecia igual, como se ninguém morasse ali. Subiu o primeiro lance de escadas, mas os quartos pareciam idênticos para ela, subiu o segundo lance e voltou a abrir as portas que iam surgindo. A terceira porta era diferente das demais, ela não sabia definir o que, mas sabia que ao abri-la encontraria o motivo de estar lá.

Prendeu a respiração quando reconheceu quem dormia na cama. Fechou a porta com cuidado, como se temesse acordar a menina adormecida, embora soubesse internamente que ela nem mesmo sentiria sua presença ali. Se aproximou e se abaixou na direção do corpo, suspirou aliviada quando percebeu que Amélia respirava, não sabia o que faria se ela estivesse morta. O quarto estava como o resto da casa, com a diferença que o malão da corvinal estava colocado em pé ao lado da cama.

Arwen tocou levemente a cabeça de Amélia para tirar alguns fios de cabelo e notou seu erro no momento que tudo começou a girar, não literalmente. Sentiu sua cabeça doer como nunca tinha sentido antes e por alguns segundos não conseguia respirar, quando tudo pareceu voltar ao normal estava caída no chão com as mãos na cabeça. Se levantou cambaleando, Amélia ainda dormia como se nada tivesse acontecido.

Tudo parecia ter mudado, agora havia uma estante, colada a parede, lotada de livros. Arwen não reconhecia metade daqueles títulos, uma das paredes estava pintada de azul da corvinal e havia enfeites em formato de águia na cama da menina. Uma porta do guarda-roupa estava aberta e dava para ver que estava lotado de roupas, vestes bruxas e trouxas misturadas, havia fotografias espalhadas pelas paredes, a lufana reconheceu várias pessoas da escola, as fotos com o quarteto se sobressaiam das demais. O chão, ao lado da cama, também tinha livros, como se Amélia não quisesse ter o trabalho de levantar indo até a estante e fosse mais fácil simplesmente pegá-los no chão.

Em cima da mesa havia exemplares de livros de Hogwarts, reconheceu o Livro Padrão de Feitiços 4º ano e mais alguns que ela mesma possuía agora. Alguns pergaminhos e envelopes lacrados, os virou para ver se tinha algum destinatário e não se surpreendeu ao ler os nomes. Amélia se mexeu incomodada com algo, parecia ter entrado em algum pesadelo, nunca saberia de fato, pois nos segundos seguintes feitiços começaram a serem lançados na casa. A atingiam, sem de fato alcançá-la, parando no escudo protetor que formava uma espécie de bolha protetora ao redor da casa.

A última coisa que Arwen viu foi Amélia olhar diretamente para si ao acordar sobressaltada.

 

As aulas estavam chegando ao fim, dali dois dias seria o último jogo de quadribol que seria decidido entre Grifinória e Sonserina, Sonserina estava a um passo de ganhar a Taça das Casas também, com a vitória no jogo era certo terem as duas taças nas mãos. Aquele seria o último treino antes do jogo final e na opinião de Albus era o pior que já tiveram em todos aqueles meses.

Joseph os estava forçando até a exaustão, até mesmo Ellaria que era a mais paciente deles olhava para o Capitão com olhos acusadores em volta de olheiras e cansaço. Ele parecia especialmente furioso com cada um deles, como se eles fossem culpados de algo que desconheciam. Porém Albus sabia exatamente o motivo da chateação dele para consigo e não achava justo tê-lo colocando aquela pressão nos colegas de time apenas porque estava frustrado com ele, Albus.

O treino acabou apenas três horas depois e somente após metade deles descer das vassouras e se recusarem a continuar com isso. Joseph os olhou como se fossem seres medíocres e partiu sem se despedir ou lançar um segundo olhar para qualquer um deles.

– Está tudo bem entre vocês? – Perguntou Ellaria muito baixo, apenas para Albus escutar, mas o olhar do moreno já foi resposta suficiente. Ela deu um sorriso cansado e foi caminhando ao lado dele até encontrarem James.

Albus se encostou na parede, mas suas pernas estavam doendo muito para continuar em pé. James o acompanhou sentando ao seu lado, nenhum dos dois falou coisa alguma por alguns minutos. Albus foi o primeiro a quebrar o silêncio.

– Vi você com Amy hoje no café, pelo visto conseguiram se entender. – Ele deu um sorriso cansado, não pareceu muito com um sorriso, na verdade.

– Confesso que estou um pouco temeroso com Anthony, cada vez que ele passa por mim e me encara é a verdadeira personificação do “se olhar lançasse feitiço” – Fez aspas com os dedos. – Acho que Freya tem o impedido de vir tirar satisfação ou ele não quer chamar atenção.

– Aposto na primeira opção, ele não se incomodaria de chamar atenção, acredite. Não quando o assunto são as irmãs. Devia ter visto a pressão que ele colocou em um sextanista que resolveu tirar uma brincadeira purista com Amy outro dia.

James não ficara sabendo disso e não pareceu gostar de saber pelo seu irmão em vez de pôr Amélia.

– Ela já tem um irmão mais velho superprotetor que ameaça pessoas inconvenientes, ela não precisa disso em um namorado também. – Albus afirmou.

– Temos uma conversa pendente. – James decidiu esquecer aquele assunto por hora e focar no que era importante no momento, que no caso era seu irmãozinho com a expressão derrotada. – O time está tão mal assim ou tem outro motivo para essa sua cara?

Albus suspirou. Se encostou no irmão e posou a cabeça no ombro dele.

– É tão ruim assim? – James perguntou.

– É só… nem sei por onde começar. – Falou cansado.

– Pelo começo é uma boa forma. – James falara o que já tinha escutado várias vezes de Gina.

– Eu estava tendo um tipo de relacionamento com Joseph.

Albus continuou com a cabeça deitada no ombro de James e por isso não conseguiu ver sua expressão, mas era melhor assim, se fosse ruim sabia que não teria coragem para continuar.

– Joseph Morgan? – Perguntou duvidoso.

– Uhum.

– Ele não é muito velho para você? – Pelo tom da voz James não parecia muito animado com a ideia de seu irmãozinho ter qualquer coisa com um cara mais velho, na opinião dele, muito mais velho.

– James…

– Okay… Só espero que ele não tenha tentado nada…

– James… – Albus não queria entrar naquele tópico em específico.

– Vocês não estão mais juntos? – James perguntou curioso.

– Não sei se um dia estivemos realmente. – Albus estava triste e o som de sua voz entrega isso facilmente. – Quer dizer, nos beijávamos e eu gostava quando estava com ele, ele é legal e engraçado as vezes… mas nunca assumimos nada. Faz pouco tempo que começamos a não nos esconder, o pessoal do time sabe e acho que outras pessoas devem ter saído comentando também.

– Ninguém comentou comigo. – James falou se sentindo traído.

– Talvez a rede de fofocas de Hogwarts não seja tão boa quanto eu achava.

– O que aconteceu para você estar assim?

– Nós… ele… Scorpius…

– Scorpius? – James se mexeu fazendo com que Albus tivesse que olhar para ele e no segundo seguinte baixar o olhar. – O que o Scorpius tem a ver com isso?

– Joe começou a ser implicante com o Scorp. Ele disse… – Albus limpou a garganta e tentou soar displicente. – Disse que não queria continuar com o que estávamos tendo se eu estava apaixonado pelo meu melhor amigo.

– Ah… – James estava começando a entender a direção que aquilo estava tomando. – E você não negou?

– Negar o que? – Albus perguntou olhando diretamente para ele.

– Que está apaixonado pelo Scorp, a menos que você esteja de fato apaixonado por ele. – James falou com suavidade e devagar. No fim o que dissera ficou entre uma afirmação e uma pergunta.

Albus olhou para o lado evitando encarar seu irmão. Aquela era a pergunta que vinha se fazendo desde que Joseph o confrontou e dissera que a partir daquele momento eram apenas companheiros de time.

– Você está? – O grifinório resolveu pela abordagem direta.

– Se apaixonar pelo melhor amigo é um erro. Quer dizer, a amizade pode ser prejudicada e eu poderia acabar o perdendo e eu não posso perder o Scorpius, ele é…

– Albus, calma. – James falara segurando as mãos do menor. Queria ter algo sábio para dizer, para fazer com que Albus não ficasse mais tão agoniado. Teddy provavelmente saberia o que dizer, Victorie com certeza saberia. – Se você sente algo pela serpente loira talvez devesse fazer algo a respeito. Acho que guardar um sentimento desse não faz bem para ninguém.

Albus bufou. Só um grifinório daria um conselho desse. Eles eram muito: arrisque-se, bote sua mão no fogo para comprovar se está realmente quente, diga a seu amigo que está apaixonado por ele e veja o que acontece.

– Você não deveria estar mais chateado por eu ter ficado com Joseph? – Perguntou Albus na tentativa de sair daquele assunto desastroso abordando um também desastroso, mas que não faziam seus olhos lacrimejarem.

– Ah, eu estou. Muito. – James esclareceu. – Mas o Morgan sempre foi decente, mas se você tivesse tido algo com o babaca do Flint estaria em sérios problemas.

– Flint? – Albus falou com asco. – Não seja absurdo, Jamie.

– O que você vai fazer agora, Al? – Ele perguntou tomando uma postura séria.

– Agora eu vou me concentrar no jogo para conseguir levar a Taça.

O sorriso que Albus deu não era tão feliz quanto deveria, mas foi o suficiente para James entender que aquele assunto estava encerrado por enquanto. Sabia que se forçasse algo ali seria deixado sozinho e estava com muita saudade de ter um momento a sós com Albus para correr o risco, então enveredaram por assuntos aleatórios até os dois estarem com fome suficiente para irem até o Salão Principal.

 

Scorpius andava com os braços jogados por cima do ombro de Rose e os quatro andavam pelo jardim aproveitando a tarde ensolarada que fazia. Albus andava na ponta oposta, os quatro tentavam ignorar a situação delicada da amizade dos dois, eles não tinham brigado, porém era como se tivesse algo ali, algo quase vivo e corpóreo no meio dos dois que os impediam de se aproximar. Eles sabiam que em algum momento teriam que se entender, conversar sobre aquilo, no entanto, ambos sabiam que quando isso acontecesse algo mudaria entre eles e não estavam muito ansiosos para descobrir como seria essa mudança.

Arwen estava encostada em uma árvore no limite que dava para a Floresta Proibida, eles sempre tiveram curiosidade sobre aquele lugar, mas por ser proibido e também pelas histórias que outros contavam, sobre os perigos que habitavam a Floresta, nunca tiveram coragem suficiente para adentrarem.

Rose foi a primeira a avistar a menina. Ela vestia um vestido solto amarelo com um casaco branco por cima. Sua palidez e seus cabelos quase brancos contrastavam com a escuridão da Floresta.

– Srta. Thompson? – Rose a chamou e a menina abriu os olhos encarando as quatro figuras de longe.

Arwen os olhava com resignação, colocou as mãos no bolso do casaco e foi caminhando na direção dos quatro com passos curtos e leves. Scorpius a recebeu com um abraço perguntando no ouvido dela se estava tudo bem, mas a menina não respondeu.

Ela colocou seus olhos em Amélia, queria ver alguma diferença entre a menina do seu sonho e essa parada a sua frente, mas as duas pareciam idênticas. A lufana demorou muito para tomar aquela decisão, mas a angústia que a consumia não lhe dava trégua.

Amélia deu um passo involuntário para trás quando Arwen estendeu a mão na sua direção.

– O que você está fazendo? – Albus se interpôs entre as duas.

– Preciso ver algo. – Ela olhava por cima de Albus encarando Amélia. – Eu preciso ver algo, Amélia.

– Arwen, isso… – Scorpius começou, mas não sabia como expressar como aquela ideia parecia absurda.

– Eu vi algo, mas fui tirada do local antes de ver além. Preciso ver mais. – Arwen mantinha seus olhos fixos nos de Amélia.

A corvinal tocou no ombro de Albus e o garoto deu passagem. A lufana ainda estava com a mão estendida e tudo que Amélia precisou fazer foi estender a sua também. Os olhos de Arwen perderam o foco e o aperto se tornou forte demais, forte o suficiente para Amélia começar a sentir seus dedos formigarem, mas ao tentar soltar sua mão a lufana apertou mais forte.

Amélia olhou para os outros em busca de ajuda, mas eles pareciam tão perdidos quanto ela. Scorpius só interveio quando Arwen começou a fazer barulhos indistintos, mas estava claro que tinha algo de errado. Ele puxou a loira para longe de Amélia e segurou suas mãos a expressão dela suavizou e ela caiu sem forças.

Arwen não chegou a desmaiar, mas estava um pouco tonta. Scorpius a segurava com esforço e achou melhor colocá-la no chão, ainda segurando suas mãos. Os outros três também sentaram próximos.

– O que você viu? – Amélia perguntou com urgência.

– As coisas estão prestes a mudar, Amélia. – Arwen falava enquanto passava a mão na cabeça. – Você terá que ser forte e ter coragem, principalmente quando…

Ela não continuou. Sua mente trouxe a tona a voz de Eveline lhe dizendo como era perigoso dizer mais do que se devia. Ao saber do futuro as pessoas tendiam a tentar evitá-lo e ao fazer isso, na maioria das vezes, elas corriam na sua direção mais rápido. Pensou em mostrar para a corvinal o desenho que tinha feito do quarto que viu em seu sonho, mas ao mostrar aquilo, quando Amélia tomasse conhecimento, o futuro poderia se tornar concreto, assim como aqueles bruxos tentando quebrar as barreiras mágicas.

– Como é seu quarto? – Arwen perguntou, embora achando estranho Amélia foi respondendo, mas foi parada pela lufana. – Não, não seu dormitório. Seu quarto, na sua casa. Como ele é?

A descrição de Amélia não batia com seu sonho e o livro do 4º ano a localizava em que ponto do futuro ela estava.

– Por que?

– Arwen, está tudo bem. – Scorpius tentava tranquilizá-la, a abraçou e ficou passando a mão na cabeça dela gentilmente.

– Não, não está. – Ela respondeu sem encará-lo e ele questionou se ela falara o respondendo ou só pensou alto demais.

– Você pode nos dizer o que viu? – Rose perguntou.

– Não.

– Como assim não? – Albus perguntou impaciente recebendo um olhar duro de Scorpius, que ele ignorou completamente.

– Algumas pessoas acham que saber do futuro é como ler o final de um livro antes de começar de fato. Entendem o que quero dizer?

– Não importa o quanto você queira mudar, o final será aquele. – Amélia respondeu sabiamente. – No fim você está apenas tentando me proteger, não é?

Arwen respirou fundo e se controlou para não chorar. Ela se encolheu para mais perto de Scorpius evitando olhar para qualquer um deles.

– Há algo que você possa me dizer? Alguma coisa, qualquer coisa.

– Confie na proteção da casa. – Arwen respondeu depois de um tempo. – Não importa o quanto seja difícil fazer isso, confie na proteção da casa e vocês estarão seguras.

Arwen se ergueu com a ajuda de Scorpius, ainda sobre o olhar atento dos outros três.

– Vai me dizer o que você viu sobre mim? – Scorpius perguntou inseguro, mas ficou mais tranquilo depois de vê-la sorrir.

– Você vai ganhar uma vassoura nova de presente.

Amélia queria que seu futuro fosse tranquilo como o de Scorpius. Que ao tocá-la Arwen visse apenas qual presente ela ganharia, mas vendo a expressão ela tentava manter, escondendo aquela de a pouco dava para saber que seu futuro não era nenhum pouco bom.

 



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