História O Literário - O Garoto

Logo o cedo o pobre garoto era aliciado por seus primos.

Talvez ele deveria ter contado aos seus pais, ou aos seus tios. Mas em silêncio resolveu ficar. O tempo foi passando e talvez o trauma que ele não sente tenha se transformado nas atitudes, no seu jeito de viver.

Logo cedo sentia algum tipo de sensação no seu corpo que o sempre chamava para o toque. Talvez algo natural, algo que acontece com todos. Talvez não.

O garoto não demonstrava nenhum sinal do que havia acontecido. Realmente, nunca se viu sinal.

Talvez ele gostasse.... Mesmo sendo improprio, errado, indecente o que fizeram com ele despertou um desejo que o próprio adorava.

Logo quando se tornou mais velho foi em busca dos prazeres mais intensos.

Sua primeira experiência foi com alguém do mesmo sexo, um amigo da escola. Ele adorava ser o passivo, sempre foi o passivo.

Deseja sempre mais e mais. “ Como pode ser tão bom? ”  – Pensava.

Se envolveu com bebidas e outras drogas no decorrer da sua vida. Era tudo muito bom para ele.

Talvez só para ele.

Em casa já não era mais bom, nada era feliz. Brigas entre familiares, disputas por herança. Pensou errado se as brigas eram por seu estilo de vida atual.

Ele era um camaleão. Próximo de sua casa e seus familiares, até de seus primos, ele se portava como qualquer garoto de bem.

“ Como são otários! ”

Ele continuou sua vida sexual homo até um dia conhecer sua primeira namorada. Não o seu primeiro amor, pois vários ele teve.

Mas essa era sua primeira namorada, virgem.

A primeira a ser traída...

Mesmo não sendo virgem por um lado, o outro ainda era. Logo uma de suas amigas o chamou para transar, ela queria muito saciar a vontade dela e resolver fazer um agrado para o amigo.

Talvez ele fosse o único disponível no momento.

Na juventude se envolveu com as drogas mais pesadas. A viagem era garantia de prazer, felicidade, “good vibes”, a batida da “rave” era o seu transporte.

Mas a mistura foi demais. Demais até para ele... “ O que eu fiz? ”

Acorda em uma ala médica recebendo glicose direto na veia. Sua mãe ao seu lado, ela acha que ele apenas bebeu demais e o alerta.

Ah, se fosse só a bebida que o possuía.

O desejo constante por mais sexo continua em seu corpo, fetiches estranhos, bissexualidade, estava de certo modo em alta. Vários casos de descoberta.

Era um paraíso para ele. 

A segunda namorada veio, a primeira nem durou. Imagine essa... Três meses. Podem rir do garoto. A conheceu em um show de sua banda favorita.

Mas o garoto amava outra pessoa. Era ela linda.

Se desfazia por ela. Mas ela era daquelas, aquelas que não querem compromisso. Que garoto bobo, acabou se iludindo. Não foi uma ilusão apenas de vista, mas de toque também. Eles só transavam, mas ele queria algo fixo com ela. Talvez fosse a sua alma gêmea.

Que garoto ingênuo. Logo seu coração foi despedaçado... A primeira dor a gente nunca esquece.

Ela vivia com outros, ele não conseguia aceitar. Ele a amava ou a desejava só para ele, pois seus “esquemas” sempre estavam ativos.

Nenhum dos seus relacionamentos deram certo. Regados a brigas e traições, não se sabe o porquê de tanto insistir. Ele já conhecia o resultado.

Nada estava mais dando certo, nada mais era tão legal quanto antes. Seus verdadeiros amigos se afastavam, ele se afastava sentimentalmente da família.

Um dia ele cansou de tudo. Cansou de tudo e de todos.

Cansou de tentar ser o descolado.

Cansou de contar quantas comeu.

Cansou de ser o passivo.

Cansou das festas.

Cansou dos falsos amigos.

Cansou de viver.

...

Ele tinha uma arma em sua mão e sabia o que fazer.  Ele atirou.

...

Matou aquilo que o matava, matou aquilo que estragava o que estava ao seu redor.

Hoje o que restam são apenas as memorias que nem são tão frescas assim.

Já faz tempo... nem me lembro mais como era.