História O Livro dos Sonhos - Jorge Blanco é a nova Elsa do Frozen, versão malvada

Martina mandou que Pepe fosse para outro lugar. Ela precisava conversar com Jorge. No começo, Pepe ficou com medo de encontrar outra cuspidora de baba tóxica, mas ele viu o quanto ela estava irritada. Se não fosse, era Martina quem iria cuspir ácido nele. Então ele foi para perto de um lago, e se sentou à beira dele. Não sabia se os dois iam demorar ou não, entretanto, olhar a paisagem faria o tempo passar. Pelo menos era o que ele esperava.

Com toda a correria de tentar se manter vivo, Pepe não havia percebido o quanto os lugares do livro eram bonitos. Aquela floresta central do livro passava um ar de tranquilidade. Não tinha nada de assustador ali. As árvores se uniam umas às outras por meio de cipós, e o lago era tão limpo que Pepe conseguia ver-se ao reflexo da água... Olhando em volta, conseguiu perceber que aquele lago era familiar... Pepe só não sabia onde o tinha visto. Mas tinha, com certeza. 
Ficar sozinho ali até que fez bem a ele. Precisava colocar as ideias em ordem. Nada daquilo parecia real, porém ao mesmo tempo era bem real, porque se não fosse, não teria sentido tanta dor quando foi atingido. E toda a coisa de ser o herói, o escolhido, o assustava um pouco. Quer dizer, na verdade o assustava para caramba! E se ele não conseguisse salvar o destino dos personagens? O que aconteceria com a história do livro, sua história? Ele estava com medo de não ser o herói que todos esperavam. Se não fosse bom o suficiente para o livro, seu destino estaria arruinado... E as coisas ficariam bem piores do que gigantes e monstros à solta.

Olhou fixamente para seu reflexo na água, pensativo. Ele não podia ter medo. Talvez ele e Jorge, os heróis escolhidos da geração, fossem a única solução para tudo. Pepe só tinha certeza de uma coisa nisso tudo, com medo ou não, sendo bom o suficiente ou não, ele precisava tentar salvar o destino de todos. Mas primeiro, ele precisava saber quem ele realmente era, e como era, dentro daquele livro. Pepe precisava descobrir que tipo de herói ele era. E precisava ser o melhor herói que pudesse ser. Martina tinha razão, nada daquilo era brincadeira... 
Ainda olhando para seu reflexo, ele tentou se convencer de algo que ainda tinha dúvidas:

⁃ Eu sou um herói.

Pela primeira vez, ele se manteve sério. E era assim que ele precisava permanecer...

Martina arregalou os olhos. Aquilo não podia estar acontecendo. Jorge Blanco não era mais um herói.

⁃ Você só pode estar brincando. -Reclamou. - Dominguez jamais faria isso!
⁃ Ele me deu uma nova chance. Uma chance de mostrar que eu ainda posso ser um herói, também! -Jorge se aproximou dela, porém Martina se afastou. Jorge ficou confuso, de repente.

Ela ficou de costas para ele, não podia nem sequer olhar para ele. Ela se lembraria de tudo o que havia acontecido, e isso era o que ela menos queria. E o que menos precisava no momento.

⁃ Ah, qual é, Martina! -Jorge tocou em seu ombro. - Não confia em mim?
⁃ Você traiu minha confiança quando se aliou à Michelle.
⁃ Eu fui manipulado! -Prometera ele. A virou, e olhou em seus olhos. - Por favor, você precisa confiar em mim. 
⁃ Então me diga como! Sinceramente... Eu não consigo aceitar que você tenha congelado a terceira Rosa Negra! Mercedes quase morreu por SUA culpa.
⁃ E eu sinto muito por isso... Ela também não parecia feliz em aparecer na caverna, mas eu a salvei de lá, acredite em mim.

Ele tentou tocar nas mãos dela, porém Martina se esquivou de novo. Desde que Jorge começou a usar seus poderes para o mal, ela não podia tocar nele. Isso o matava por dentro. Perder a confiança dela o deixava ainda pior. Martina colocou as mãos no bolso da jaqueta e olhou para o chão.

⁃ Eu não posso acreditar em você. Não mais.

Ele segurou seu queixo e levantou o rosto dela.

⁃ Olhe em meus olhos e diga que estou dizendo mentiras. -Jorge parecia muito seguro do que estava dizendo, o que a deixou ainda mais confusa. Ela queria muito poder acreditar, mas não sabia como. - Preveja meu futuro.
⁃ O quê? 
⁃ Você é conselheira do guardião. Você pode ver se estou mentindo ou não. Veja se eu vou ajudar vocês a salvar o destino das pessoas. Veja se estou mentindo... Se eu estiver errado, me coloque na prisão dos monstros. Caso contrário, você precisará começar a confiar em mim! 
⁃ Só posso fazer isso com permissão do guardião. O poder é dele.
⁃ Ele deu esse direito a você!

Martina tirou as mãos do bolso para poder ver o futuro de Jorge. Mas se conteve. Jorge poderia manipular os poderes dela também.

⁃ Você vai fazer mais umas de suas ilusões mágicas baratas. 
⁃ Eu prometo que não. -Garantiu ele. 
⁃ Você também prometeu salvar o meu destino. E só o atrapalhou, Jorge Blanco. Por sua causa, eu quase perdi meu cargo. 
⁃ Mas...
⁃ Me dê sua varinha.

Jorge estreitou os olhos. Martina era teimosa, mas não tanto. Ele sabia que não estava mentindo. Jorge estava dizendo a verdade. E tinha certeza de que ela, no fundo, ainda confiava nele. Só estava se fazendo de difícil para manter sua pose de Conselheira do Guardião. Jorge pegou sua varinha e a quebrou no meio.

⁃ Por que você quebrou a varinha? -A auxiliar perguntou incrédula. 
⁃ Para provar para você que eu mudei! -Insistiu. - Eu faço qualquer coisa para você confiar em mim.

Martina olhou em seus olhos verdes e intensos. Jorge estava tão confiante que ela estava quase se convencendo do que ele dizia.

⁃ Você venceu, Blanco. -Respondeu a auxiliar, com um pouco de raiva. - Vou prever o seu futuro. Se você estiver mentindo, saiba que você tem um lugar especial na prisão. E você não terá outra chance. 
⁃ Ótimo, porque eu não vou para lá.

Do bolso de sua calça, Martina pegou um saquinho. Jogou o pó que estava lá no rosto de Jorge, e ele desmaiou.

Pepe ouviu um galho se quebrando atrás dele, virou-se de reflexo e não viu ninguém. Ele se levantou lentamente e olhou tudo ao seu redor... E então, ele sentiu a presença de alguém.

⁃ Seja quem for, sei que está aí!

Sua voz estava trêmula, sem poderes, ele era totalmente vulnerável ali. Qualquer coisa do mal que o atacasse, faria picadinho de Pepe. Das outras vezes, foi pura sorte. Dessa vez, ele tinha dúvidas de que provavelmente não se sairia tão bem.

⁃ Você está no MEU território! Saia já daqui, Mortal!

Quando a viu, seu coração quase parou. Ele concluiu que estaria morto em alguns segundos. Era ela. A pantera.

⁃ Por favor, não me mate! 
⁃ Só farei isso, se você não sair daqui!
⁃ Eu não posso, eu...

Ela grunhiu. Pepe deu um passo para trás. Ficando agora extremamente perto do lago.

⁃ V-você... É Michelle, a Pantera Negra.

Ela rosnou.

⁃ NUNCA MAIS REPITA ISSO! -Gritou. É, a pantera raivosa podia falar. E isso não o intimidava. O que dava medo, era aquele olhar do mal. Como se a qualquer momento fosse atacar. Seus olhos eram brilhantes, suas presas eram enormes. Ela lambeu o focinho com ansiedade em ter seu almoço. - Isso é uma ofensa para Tayla!
⁃ O quê? Quem é Tayla? É o segundo nome de Michelle?

A pantera se irritou. E de novo, Pepe se viu encurralado, jogado ao chão. Sua cabeça estava quase se afundando no lago. Seu corpo estava em terra firme, porém sob as patas pesadas do felino.

⁃ Olha, vamos conversar! -Pepe estava quase se borrando. - Eu... Eu sou a versão magrela do Superman, então me solte. Ou você sofrerá as consequências! -Os olhos dela tinham um brilho maldoso, ela estava começando a ficar com fome.

Ela rosnou e, quando foi atacá-lo, Pepe berrou suas últimas palavras:

⁃ POR FAVOR, NÃO! -Foi um pouco tarde, ela cortou seu rosto, que agora escorria sangue. Pepe gritou de dor. A pantera ficou fraca de repente. Ela foi atingida por trás. Se afastou de Pepe e ele pôde ver Jorge e Martina. Os dois haviam atacado a pantera.

Rapidamente, Pepe se levantou e ficou bem longe daquele lago. Jorge fez sair chamas de suas mãos e acertou o chão.

⁃ Saia daqui, ou teremos churrasco de pantera!

O felino grunhiu, e perdeu totalmente sua força. Sua forma real apareceu. Uma garota. Uma garota muito bonita. Com roupas queimadas pelo poder de Jorge, seu cabelo estava todo bagunçado e seus olhos, agora de um castanho escuro profundo, pesavam. Ela perdeu a consciência e desmaiou.

Jorge arregalou os olhos, e baixou as mãos.

⁃ Precisamos levá-la ao hospital.