Pepe já estava jogado no chão, cansado. Tinha corrido o dia inteiro, e feito todos os treinos possíveis. - Quem precisava de academia quando se era um personagem do Livro dos Sonhos? -Sua camiseta estava toda suada. Estava pingando. O sol, para ajudar mais a situação, estava extremamente quente. Martina preenchia coisas em uma prancheta, e Ruggero estava sentado, ansioso para xingar Pepe por não conseguir ser imune ao sol quente.
⁃ Pelo amor de Deus, Mago Implacável! -Pepe implorou, deitado no chão. - Diminua esse sol! EU TE SUPLICO!
⁃ Se continuar reclamando, eu faço um mini sol para andar ao seu lado enquanto corre.
Pepe se levantou e bebeu um gole de água de sua garrafa. Olhou para Martina, queria matá-la.
⁃ Tudo bem, se não perceberam, eu vou avisar: posso ser um herói, mas sou sedentário! Por que estão me fazendo correr assim? EU NÃO SOU O FLASH!
⁃ Pepe, você precisa descobrir seu poder. -Martina sorriu calmamente. Estava debaixo de uma árvore, parecia estar fresco lá embaixo. Porém, Ruggero chamou a árvore de "Área Proibida". O Herói da Geração não poderia ficar na sombra e nem descansar até encontrar seu poder.
⁃ Qual é, Stoessel! -Ruggero se levantou. Movimentou as mãos e o calor absurdo diminuiu bruscamente. O que fez parecer frio, de repente. - Eu já disse que SEI o poder do Heroizinho, aqui.
⁃ Não me chame assim, Mago Implacável. Você não é bom com apelidos irônicos. -O garoto se defendeu. - Martina, eu não vou descobrir meu poder assim! Eu odeio ter que dizer isso, mas Ruggero tem razão! Vai ser bem mais prático e fácil a ideia dele!
Havia dois dias que Ruggero havia aparecido. E nesses dois dias, Pepe e Ruggero já se odiavam. Tinham motivos o suficiente para brigarem. Primeiro: o Mago Implacável do Duck Dodgers se achava o cara mais legal do mundo. Era insuportável. Por ser o "maior herói do Livro dos Sonhos" Ruggero julgava o garoto. Olhava para Pepe desconfiado de que ele fosse realmente um herói. Apenas porque ele estava exercendo sua função no livro de ser criador de super-vilões. Ele desconfiava de que Pepe fosse um vilão disfarçado. Mas, qual é, se estava ali era porque também havia sido escolhido para ser um herói. E mesmo que não fosse "imune" aos poderes de Michelle, Pepe também era importante. Ruggero havia deixado bem claro que nunca gostou de Pepe. E o garoto ainda não sabia o por quê. Da mesma forma, o Mago Implacável disse que que Pepe era um dos heróis mais poderosos também. Que sabia o poder dele, e que ele precisava parar de perder tempo tentando descobrir, quando o Mago do Tempo já sabia. E estava certo. Porém, Martina não permitia isso de maneira alguma.
⁃ Eu não vou deixar que façam isso, não vou! -Martina protestou.
⁃ Barroso é extremamente poderoso! -Ruggero disse. -Além disso, a fadinha está em perigo. O GUARDIÃO está em perigo. Você está nos fazendo perder muito tempo.
Ela não respondeu. Do nada, ao lado dela, as folhas começaram a se juntar, e um pequeno redemoinho de folhas surgiu. Entre as folhas, o Harry Potter falso apareceu. Jorge estava exausto também. Estava procurando sua suposta irmã pantera revoltada, desde que ela havia fugido do hospital, no mesmo dia em que o Mago Implacável apareceu. Pepe que já havia descansado um pouco se levantou.
⁃ Olhem... Vocês não acham que é coincidência demais tudo estar aparecendo ao mesmo tempo?
⁃ Tudo o quê? -Martina perguntou, anotando algo na prancheta. Pepe pegou o objeto, cansado, e a jogou longe. - EI!
⁃ Eu não sou um brinquedo para ficarem me usando para esses testes de poder, assim. Não sou o Barry Allen. E você, Martina, é a minha auxiliar, não a Dr. Snow! Se eu fosse um bruxo que nem o Jorge, já teria explodido essa prancheta!
⁃ Quantas vezes vou ter que dizer que não sou o Harry Potter? -Jorge se defendeu. Se sentou no chão e começou a guardar suas luvas góticas e poderosas na mochila.
⁃ Só acredito em você, quando conhecer a Hermione. -Protestou.
Jorge olhou para Pepe, confuso.
⁃ Isso não fez sentido.
⁃ Não tem que fazer sentido, Harry Potter falso. -Esclareceu.
⁃ Pepe, vá pegar essa prancheta antes que eu soque você! -Martina mandou.
⁃ Não.
Martina se levantou e foi até ele, preparada para gritar. Mas ele começou a rir ironicamente.
⁃ Você confia no Mago, não confia?
⁃ Sim. Mas nós NÃO vamos viajar no tempo, Pepe!
⁃ Se eu tenho mesmo poderes como ele diz, eu preciso saber que poderes são esses!
⁃ Você vai descobrir com o tempo.
⁃ Não, ele não vai. -Ruggero foi até eles, seguido de Jorge que estava logo atrás. - Eu sei de todas as possíveis histórias futuras desse livro. Em nenhum deles, Pepe descobre os poderes de um jeito delicado, como você está planejando.
⁃ O que significa? -Barroso indagou.
⁃ Que vamos ter que voltar no tempo.
⁃ O que significa...?
⁃ Sua auxiliar precisa permitir que eu faça isso.
⁃ O que significa que...?
⁃ Por favor, Stoessel! -Jorge tocou no ombro dela. - Você sabe que Ruggero não faria nada para machucar Pepe. Ruggero é um herói.
⁃ Eu não preciso da proteção de ninguém, tá legal?
O garoto gritou. Desde que chegou no Livro dos Sonhos estava sendo tratado como um prêmio, e como uma bonequinha de porcelana. Ele não precisava ter toda essa proteção. Ele era um herói, e heróis normalmente sabem se defender sozinhos. Por que com ele seria diferente?
⁃ Martina, quando você quiser mesmo salvar o destino dos personagens, aceite a ideia do Mago Implacável.
⁃ Pare se me chamar de Mago Implacável! -Ruggero reclamou.
Pepe correu para perto do lago. Precisava ficar sozinho por alguns minutos. Aquela raiva precisava passar. Sentiu passos atrás dele, e viu Martina. Ela fechou as mãos e as abriu bruscamente. Uma chuva forte começou então. Martina estava usando os poderes de Ruggero. Aparentemente, ela tinha muito conhecimento sobre isso. Sem dizer nada, pegou a varinha de Jorge de sua bolsa. Estava colada de volta. A girou e uma névoa azulada apareceu. Então, Pepe viu alguns de seus desenhos se tornando realidade. Os lobos raivosos brigando pela presa. O lobo solitário, olhando-se ao reflexo do lago. As árvores-monstros, com rostos irrigados e velhos... E os seus primeiros desenhos do ensino médio: um rosto. Metade pantera negra do mal, metade mulher malvada. E uma fada lendo um livro mágico, com asas góticas e seus cabelos loiros, quase brancos, em degradê com preto. - Ilusões. Nada daquilo estava realmente ali. Da mesma forma, Pepe arregalou os olhos.
⁃ Não me lembro de ter feito esses desenhos.
⁃ Por causa de seu poder. Ele faz você se esquecer dos desenhos que fez, para o mundo real e o mundo fictício não se misturarem.
Pepe fixou o olhar nas árvores-monstros. Pareciam tão reias... Como ele fazia aqueles desenhos? Olhou para o chão, e as engrenagens começaram a girar.
⁃ Você sempre soube...?
A auxiliar assentiu.
⁃ Sinto muito por não ter contado. Mas isso seria contra as regras.
⁃ Então... Meu poder... É desenhar?
⁃ Não exatamente.
⁃ Como assim?
⁃ Não posso dizer isso ainda, Pepe. Se eu dizer, isso vai mudar tudo.
⁃ Por quê?
⁃ Você é um herói. E heróis precisam descobrir seus destinos sozinhos. Para que não afete em suas missões.
⁃ Está dizendo isso por que tem medo de que eu mude como Jorge, não é?
Ela pareceu surpreendida com a pergunta. Guardou a varinha na bolsa e suspirou.
⁃ Pepe, você precisa entender que o que...
⁃ MARTINA! -Jorge e Ruggero gritaram correndo até os dois.
⁃ Eu mandei vocês ficarem de vigia!
⁃ UM LOBO!
Ela ouviu um uivo e logo viu os olhos brilhantes do animal. Era enorme!, tinha mais de dois metros, e sede de sangue. Jorge tentou congelá-lo, queimá-lo, soterrá-lo e até mesmo fazê-lo voar para longe. Mas nada estava dando certo.
⁃ Ele está manipulado por Michelle! -Berrou.
Ruggero tentava fazê-lo parar. Parando o tempo. Mas era em vão. Martina ficou parada. Se Michelle o havia manipulado, nada do que fizessem ajudaria a mantê-los vivos. Ela empurrou Pepe e disse:
⁃ Você o criou, você sabe como pará-lo!
⁃ O quê? -Berrou o herói. - ESTÁ LOUCA? Eu não...
O lobo tomou impulso e pulou em cima de Pepe. Por que raios ele sempre acabava no chão? Pepe olhou nos olhos do animal, e berrou para que lobo sumisse.
Por incrível que pareça, o lobo fez o típico Puff. O que deixou todos de boca aberta, inclusive o criador do lobo do mal, Pepe Barroso.
⁃ Mas, o que...
⁃ Você já está preparado. -Martina disse.
⁃ O quê?
⁃ Você está pronto para isso, Barosso.
⁃ Pronto para quê?
⁃ Para viajar no tempo.
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