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História O Livro dos Sonhos - Uma grande lição para a vida: nunca insulte fadas


Escrita por: bellaborges02

Notas do Autor


Siiim, hoje é o último capítulo de OLDS, AAAHHHH! Eu realmente amei escrever essa história, cada momento foi incrível! E acreditem, não foi fácil! Mas espero que tenham gostado, mesmo! Bem, antes de tudo, quero dizer que teremos um epílogo, então vamos deixar o drama para ele huehue <3

Boa leitura! :3

~ Isabella M.

Capítulo 30 - Uma grande lição para a vida: nunca insulte fadas


Diego sorriu ao tocar no cilindro de vidro, onde a Rosa Negra estava. Ela estava em suas mãos, seus poderes, seus heróis, sua vida, o Livro dos Sonhos poderiam todos serem restaurados. Naquele momento, nada mais importava. 

Bem, isso era o que Diego adoraria pensar naquele momento. Porém, seu momento alegria foi interrompido pelo grito de Michelle, que corria até o Guardião, com toda a raiva que estava sentindo e se transformava em pantera. Era nítido o pensamento da pantera: "Vou matar você!". 

- Dominguez! -Michelle rugiu. Diego virou para trás e arregalou os olhos, sem reação. Estava assustado, e mesmo sendo o Guardião, sentiu medo de morrer ali, na hora em que ela pularia em cima dele, e morderia seu pescoço até que não respirasse mais. Diego sentiu medo de ser o próximo jantar dela. 

Tomando impulso, ela praticamente voou para cima dele. Porém, Martina usou sua varinha e a fez ser empurrada para longe e cair no chão, dando tempo o suficiente para Diego agir. 

Em outras ocasiões, o poder da Rosa Negra seria ativado com uma receita especial para aquilo, com muita calma e paciência para que tudo saísse perfeito, e nada desse errado. E  Diego faria calmamente um feitiço e o poder seria liberado. Mas a situação estava bem longe de ser aquela. Ele estava sem força alguma para liberar a magia da rosa. Seus poderes haviam sido roubados, o que tornava a coisa de "fazer o feitiço" impossível. 

Olhando para a pantera, o Guardião viu que ela estava se levantando aos poucos, nem um pouquinho tranquila. Mordendo os lábios, olhou para a flor. O que ele poderia fazer sem o feitiço? Precisava recuperar seus poderes, e somente a flor os dava de volta, com a mesma intensidade de antes. Ninguém mais poderia ativar os poderes dela sem Diego ao lado. Ele era o único que poderia fazer qualquer coisa com a flor. Jorge Blanco só estaria imitando os poderes do Guardião, se estivesse manipulado, e não seria da mesma forma, não teria a mesma força. - A verdade era que a rosa funcionava como um remédio. Mas era aplicado de forma diferentes, formas mágicas como um feitiço ou poderia ser derretida... O problema era que não tinham tempo para nada daquilo.

Michelle rosnou, e deu passos lentos até o Guardião, inclinando o corpo para baixo, como se preparando para caçar. Seus olhos emitiam uma vontade, que parecia guardada há muito tempo, de atacá-lo, de vê-lo lutar até a morte. De vê-lo sofrer, tanto fisicamente quanto sentimentalmente. Lodovica tinha morrido, Clara estava praticamente no estado zumbi. Ele estava sem os poderes. Agora, seria a hora certa de morrer: caminhou até Diego, que parecia com a cabeça longe demais para prestar atenção em seu futuro ataque. Quando a Pantera Negra do Mal tomou impulso para pular em cima dele, Diego acordou do transe e se desviou, caindo ao lado de Jorge. O garoto o ajudou a se levantar, e deu um sorriso encorajador. "Você consegue". Diego sorriu.

- Por que você ainda tenta lutar, Guardião? -Michelle pronunciou o nome com nojo. - Essa luta já acabou há muito tempo! Você é fraco desde sempre. 

Diego não respondeu, olhou para suas mãos: a rosa mágica tinha sumido. Seu coração bateu mais forte quando sentiu uma pontada de tristeza ao ver que a rosa tinha simplesmente fugido de suas mãos. Procurou com os olhos por todos os lugares, até que a viu jogada dentro de um vaso, camuflada embaixo de flores e folhas grandes. Correu seus olhos de volta para a pantera e deu um sorriso cínico.

- Você não é tão influente quanto pensa que é, Michelle. -Ela pareceu surpresa com a resposta, e ao mesmo tempo, pareceu ignorá-lo. Estava confusa. - Tentou fazer de mim um vilão, tentou me matar para que não ficasse no poder. E estamos aqui agora, outra vez. Eu ganhei de você, e a prendi, três vezes seguidas, e essa não será diferente, confie em mim.

Os olhos de Pepe pesavam. Sua respiração estava fraca, e ele sentia dificuldade em se manter de pé. Ele sentiu uma dor imensa ao tocar em sua marca. Era de lá que sua fraqueza saía, vinha de Michelle. Ela o estava fazendo ficar fraco. A pantera tinha inteligência o suficiente para saber que suas ligações com o herói poderiam ser úteis a ela. Ao mesmo tempo que os outros personagens de Barroso cediam seus poderes a ele, Michelle fazia o mesmo, com muito mais intensidade. Fazendo com que Pepe, que não tinha imunidade alguma contra os efeitos colaterais do poder da ilusão, ficasse mais fraco e acabado a cada minuto. 

O garoto observou a pantera com raiva. Ela não desistia nunca, e sua ambição estava fazendo com que todos ali sofressem. Não era justo. Fosse lá as razões pelas quais ela era do jeito que era, não precisava estragar o destino de ninguém. A xingou na mente, e se concentrou apenas em retirar Michelle de sua mente. Tentar de alguma forma fazê-la parar de deixá-lo esgotado, fraco, inútil.

Ouviu uma risada e viu uma mão estendida à sua frente. Levantou a cabeça e viu uma cara de cabelos castanhos e olhos claros. Seus dentes estavam como os de Lodovica após transformações, grandes e assustadores. Sua pele era um pouco pálida, embora ele parecesse ser um cara "saudável". Seu braço estendido mostrava uma marca no pulso. Mas não era como a de Pepe. De qualquer forma, ele se lembrou do garoto. O motivo pelo qual estava ali: o desenho. O desenho que o havia levado até o Livro dos Sonhos. Era o lobo solitário que se olhava no reflexo da água, com árvores-monstros atrás, e outros lobos que brigavam pela presa. 

O Ilustrador aceitou a ajuda e se levantou, puxado pelo garoto-lobo. 

- Valeu, cara. -Pepe abaixou a cabeça e encarou a marca de nascença. Não era a de Pepe, mas Pepe se lembrava do desenho, ele o havia criado. Por que era diferente, então? 
- Não há de quê. - O cara sorriu. Sua voz era grave e forte, como a voz do Google Tradutor que algum dia o Herói da Geração já havia sonhado em ter. - Ah, e eu... Sinto muito por Lodovica. Ela era uma garota... Ahn... Diferente. 

Pepe franziu a testa, desconfiado. Ameaçou sorrir, entretanto apenas o olhou por cima, como se o estivesse questionando. O garoto se encolheu. 

- Sou Bryan. Bryan Woodford. Ela já deve ter falado de mim, quer dizer, eu... nós...
- Não, ela nunca disse nada sobre nenhum "Bryan". Vocês... 

O tal Bryan ficou sério de repente, pensativo, confuso. Observou Pepe e encarou a marca do herói/vilão, e a sua em seguida, e logo para seu rosto. 

- Ahn... Eu... 

Salvo pelo gongo. Uma explosão ecoou pelo local.

Michelle havia causado aquela explosão, fazendo Diego ser atingido por uma energia forte; ele ficou jogado no chão, sentindo-se inútil, como ou tanto quanto Pepe se sentia.

Desde que Diego entrou no Livro dos Sonhos, desde que era apenas um insignificante coadjuvante, Michelle sabia de sua existência. Ela sempre estava ali para mostrar sua força e poder, e fazê-lo se sentir menor. Diego era quase uma criança quando se descobriu personagem do livro mágico, dedicou toda a sua vida em tentativa de proteger o Livro dos Sonhos, e proteger Lodovica. Protegê-la de Michelle, protegê-la de seu destino cruel, como Jorge Blanco. 

Em todos aqueles anos, Diego estudou, e lutou, e foi subindo de cargo, até se tornar o Guardião. Tudo por amor à Lodovica, ela era como uma irmã caçula. E ele a amava. E ele mentiu para ela, quase sua vida inteira. Mal sabia Lodovica que seu trabalho, seus estudos, seu estilo de vida eram apenas um disfarce para o verdadeiro eu de Diego, e que o mesmo acontecia com ela. Tudo era uma forma de protegê-la. Porém, mesmo a prendendo quase às sete chaves, Michelle encontrou uma forma de matá-la. Michelle encontrou o ponto fraco de Lodovica e usou aquilo à seu favor. O ponto fraco de Lodovica era Jorge Blanco. O ponto fraco de Jorge Blanco era Lodovica, assim como o de Diego. 

Michelle sabia o que fazia, e isso o deixava ainda pior. E mesmo que não admitisse, ele se sentia fraco, fisica e psicologicamente. Diego tinha perdido tudo. Tudo. Não sabia como continuar. Olhando para o teto de vidro, sentiu lágrimas escorrerem por suas bochechas. 

Clara. 

Quando a viu pela primeira vez, sentiu borboletas no estômago. Ele a conheceu na realidade, se apaixonou por ela na realidade. Ela tralhava na empresa de Diego, e por coincidência tinham os mesmo gostos, tinham praticamente tudo em comum. Até mesmo amor por coisas nada saudáveis como ficar em casa vendo TV o dia inteiro, e comer e beber besteiras como refrigerantes e sanduíches super gordurosos. 

Ele tinha orgulho dela. Orgulho em dizer que ela era sua namorada. Diego se sentia feliz por pensar que a queria pela vida inteira. Queria estar ao lado dela por toda a vida. Ele também a amava. Clara também era seu ponto fraco. E Michelle sabia muito bem daquilo. Como resultado, ela a manipulou. A fez de serva, como se Clara fosse uma simples fada. Clara não era uma simples fada.

Ele suspirou, e começou a cantarolar a música de ninar que usava para fazer Lodovica dormir, quando era mais nova.

- Ora, Dominguez. -Michelle cruzou os braços. - Você já foi mais persistente.  

Diego olhou nos olhos dela, e sentiu coisas estranhas em seu estômago, trincou os dentes. Queria matá-la. Queria que ela sentisse na pele o que era perder tudo, inúmeras vezes, como ela fazia com ele. Michelle merecia sofrer. Mas é claro que se fizesse coisas tão cruéis como pensava, não poderia mais ser considerado herói. Não era isso o que Diego queria.

- Eu desisto. -Ele declarou, com uma voz tão triste e baixa que mesmo ele quase não escutou. Michelle fez uma careta.
- O que disse? 

Ele se levantou, mais lágrimas escorreram.

- Eu desisto! -Sua voz estava rouca. Diego não via mais pelo que lutar. Não sem Lodovica, sua maior fonte de força, ali. - Você já tirou tudo de mim! Minha irmã, minha sobrinha, minha namorada, meus poderes, já roubou muitos dos meus títulos, já chegou a roubar o Livro dos Sonhos! Matou milhares de heróis, mudou a história de milhões de inocentes apenas para méritos seus! O que você quer, afinal?! 

A pantera gargalhou. De repente, apenas os dois estavam ali, trocando olhares de ódio. Ela deu um sorriso sarcástico. Michelle havia perdido a batalha, mas estava ganhando a guerra.

- O que eu quero? -Ela indagou, observando-o com ainda mais nojo. - Ah, Dominguez. Você sabe o que eu quero!, você sempre soube. 
- Você já conseguiu o que quer. -Ele respondeu rapidamente. - A Rosa Negra. Você a encontrou. Por que fazer todos sofrerem assim? 

Ela deu uma risada alta, rodou em volta do Guardião enquanto cuspia suas próximas palavras.

- A Rosa Negra? Ela é apenas um caminho para o que eu quero. Há muitas outras formas de conseguir alcançar meu tão sonhado desejo. E você, Diego, é uma dessas formas. 
- O que você quer? -Ele repetiu a pergunta, enxugando as lágrimas e forçando-se a mostrar-se forte. 

Michelle sorriu de lado, seus olhos transmitiam ansiedade. Ela estava atacando. Como uma pantera. 

- Poder, Dominguez. É isso o que eu quero. Quero mandar em cada um dos personagens malditos desse livro. Quero refazer minha própria história, à minha maneira. Quero fazer esses heróis se ajoelharem por piedade. Quero ser a Guardiã do Livro dos Sonhos. 

Diego olhou em volta. Todos os monstros que haviam sobrevivido estavam parados, por ordem dela. Jorge, Martina, Pepe e Ruggero estavam juntos em uma fila, esperando ordens de Dominguez para que atacassem outra vez, para que colocassem em prática o plano C. Virou-se para a vilã e apertou os punhos.

- Vai me prometer que não irá tocar em nenhum deles. -Ordenou. Michelle parou em sua frente, e mordeu os lábios. Sabia de quem estava falando. Os Heróis da Geração não fariam diferença nenhuma mesmo se ela ficasse no poder. Estariam todos mortos em pouco tempo. Ela sorriu.
- Mas é claro, Guardião. - Assentiu, juntando os dedos das mãos. - É uma promessa. 
- Ótimo. Então temos um acordo.

A pantera levantou a mão direita. Diego fez o mesmo.

- Jure pela Rosa Negra. -Ela mandou. Diego respirou fundo.
- Eu, Diego Dominguez Llort, Guardião do Livro dos Sonhos e Líder do Sistema da Tropa Defensora do Livro dos Sonhos, juro pelo poder da Rosa Negra...

Pepe sentiu muita raiva daquele momento. Ele estava renunciando o cargo. Diego não podia estar fazendo aquilo! Pepe não deixaria que aquilo acontecesse, não por uma personagem criada por ele. Sua marca começou a arder, seu braço ficou dormente. Olhou para Diego, suas íris vermelhas e seu olhar cansado, e seu queixo caiu. Michelle ela totalmente sem limites, ela estava usando os poderes dela. Diego estava sendo manipulado. 

Um desenho, e um estalo, vieram na mente de Pepe.

Pepe cutucou Jorge, que estava em sua frente. O garoto virou o rosto para trás, perguntando baixinho o que ele queria. Pepe mexeu os lábios dizendo apenas duas sílabas: "PA-TO". 

Demorou para Jorge entender, porém o garoto virou novamente para frente, à procura de uma das Filhas de Tayla, Melissa H. Silva, a pata selvagem e heroína mais violenta do Livro dos Sonhos. Discretamente, escreveu uma mensagem em sua pulseira holográfica e esperou que chegasse até ela. 

A garota-pato estava de prontidão, ao lado de uma alcateia de lobos. Originalmente, ela teria medo. Na cadeia alimentar, poderia até ser considerada um jantar para eles. Entretanto, aqueles lobos/garotos eram mais fracotes que gatinhos indefesos. Eram como cachorrões bobos. Não dava para sentir medo deles. 

A vibração da pulseira chegou até ela, e quase xingou o idiota que estava mandando mensagem naquele momento tão tenso. Quando viu a mensagem, não deixou de revirar os olhos e dar uma risadinha. 

"Vai, querida, pode dar o grito da pantera. Eu sei que você quer isso.

- Jorge Blanco"

Ela entendeu o recado. Era uma ordem de Jorge, um quase parente seu, para que usasse seu poder, em formato de um meme brasileiro; típico. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensava, Melissa não controlava as águas. Ser um pato não dava esse poder a ela. Melissa controlava os sons. Ela fazia com que os mais belos efeitos sonoros se tornassem gritos estrondosos e desesperadores, dando dor de cabeça a qualquer um. Estalou os dedos, e escreveu uma mensagem a todos os heróis que conhecia.

"Tapem os ouvidos.

- Melissa H. Silva"

A mensagem chegou rapidamente a todos. Logo obedeceram e acionaram os fones protetores, que ganharam de Diego como forma de proteção contra a ilusão e poderes fortes, como os de Melissa. 

Quando todos estavam protegidos, ela se transformou em sua forma natural, um lindo e bravo pato. Voou até Michelle.

- ...Que irei honrar, até a morte, o acordo proposto à Michelle Beaumont, Líder da Organização de Vilões Maiores do Livro dos Sonhos, com grande êxito, permitindo-lhe obter o poder necessário para que reescreva sua história, de acordo com a regra número 12.758 do Tratado de Paz aos Personagens e Direitos Igualitários. Aos poderes em mim investidos como Guardião e Protetor do livro... - Diego continuou proferindo as palavras, forçadas por Michelle. - Eu renuncio. 

Melissa pousou ao lado de Diego e se inclinou, abrindo a boca. Um grito alto e potente saiu de seus lábios. Ondas sonoras foram se formando e foram em direção da pantera, fazendo Michelle ser lentamente empurrada para trás, e fazendo seus tímpanos estourarem. Ela berrou com a dor nos ouvidos e caiu de joelhos, apertando os olhos ao máximo que pôde. Melissa, a garota-pato, aumentou ainda mais o barulho do grito, tornando-o mais fino e potente. Pepe sorriu, a ajudou. Usando seus poderes, desenhou uma enorme caixa de som ao lado dela, e com isso, apertou o botão de ligar. O chão tremeu.

Michelle começou a ver coisas. Coisas estranhas, bem estranhas. Começou a ouvir vozes, e a imagem de Diego à sua frente se multiplicou, o som dos gritos tornaram-se uma música horripilante em sua mente. Crianças chorando. Cobras sibilando. Panteras rugindo. Tayla murmurando: "Eu te avisei". 

O poder de Melissa fazia aquilo. Ela conseguia controlar o subconsciente das pessoas através do som. Era quase uma sereia. Apenas não as levava para o fundo do mar.

Michelle olhou para Pepe, e estreitou os olhos.

- Eu te odeio, Barroso! -Gritou. 

Melissa fechou as mãos bruscamente, e Michelle desmaiou. A primeira coisa que ela fez, foi dar um tapa bem forte em Diego, tomando todo o cuidado para que doesse muito.

- VOCÊ PERDEU A CABEÇA?! -Ela gritou. Diego tossiu, e coçou a cabeça. - RENUNCIAR O CARGO? DIEGO! 

O Guardião sentiu uma enorme tontura. Olhou para a Filha de Tayla e ficou confuso.

- O quê....? Eu... Preciso de água. Estou com sede. - Tonto, viu Michelle caída no chão. - Michelle... Ela está...?
- Não, ela não está morta! Apesar da minha vontade enorme, não tenho poder o suficiente para matá-la. É temporário. Mas eu tenho tempo o suficiente para fazer essa sua cabeça-oca voltar a criar juízo! -Ela quase deu outro tapa nele, mas se conteve. Ele meio que era o chefe dela. - Renunciar o cargo? O que estava pensando?! -Repetiu.

- Renunciar? Eu nunca... 

Jorge correu até eles. Colocou as mãos nos ombros de Diego e olhou dentro de seus olhos.

- A Rosa Negra. Onde ela está? 

Diego olhou em volta. Não se lembrava de nada. De nada mesmo. Ele tinha bebido? 

- Eu... N-não sei. - Procurou com os olhos, tudo outra vez. A encontrou de novo. - Ali -apontou-, naquele vaso. Embaixo das flores grandes. 

Jorge seguiu o seu olhar e correu para pegá-la. Suspirou. Ele tinha que fazer aquilo, era o certo. Tinha que ativar seus poderes de vilão. Jorge tinha que usar sua varinha. 

Fechou os olhos, relutando. Ele não queria aquilo. Não queria usar seus poderes de vilão. Não queria usar seus poderes como um vilão. Mas era para salvar Diego. Diego merecia o favor. 

- Helena. -Jorge a chamou. A garota foi até ele, engolindo em seco. - Minha varinha.
- Não precisa fazer isso, Blanco. - Seus olhos claros de raposa se encontraram com os de Jorge. 
- Sim, eu preciso. E preciso de sua ajuda.
- Tem certeza? - A garota perguntou.

Ele olhou para o Guardião, que tentava se lembrar do que havia acontecido.

- Absoluta. 

A garota-raposa entregou a varinha a ele, e pegou a sua em seguida. Os dois se ajoelharam um ao lado do outro e trocaram olhares duvidosos. Ambos estavam com medo de usarem seus poderes e estragarem tudo. 

Apontaram as varinhas para a flor mágica e recitaram as palavras mágicas, como Michelle os havia ensinado. Luzes e raios fortes saíram de lá, fazendo o local parecer escuro de repente. Os poderes cessaram, e a Rosa Negra tomou conta de iluminar o lugar. 

O poder dela havia sido liberado. Ela podia ser usada. Os poderes de Diego estariam voltando.

Helena e Jorge sorriram, orgulhosos. As mãos delicadas dela pegaram a rosa com o maior cuidado, e os dois foram até o Guardião. 

- Agora é com você, cara. -Jorge entregou a rosa a Diego e esperou. Dominguez a observou com um sorrisinho. Naquele momento, nada mais importava. 

A apanhou com as duas mãos e a levantou no ar. A Rosa Negra voou, exibindo todo o seu poder para todos. 

- Você jurou, Dominguez! -Michelle rosnou. Aparentemente, o tempo do desmaio havia acabado. 

As lembranças de Diego voltaram rapidamente.

- Você me manipulou! -Ele gritou. - Não confio em você! Não vou renunciar nada, Michelle!
- Você não tem provas de que eu o manipulei. E você jurou! Me entregue a rosa, AGORA! 
- NÃO!

Ele absorveu um pouco do poder da Rosa Negra, como havia aprendido. Diego sorriu ao perceber que seus poderes estavam, de uma forma muito estranha, voltando. Seu coração batia forte e seus olhos voltaram a ter vida. Ele ficou a poucos metros do chão, e o poder da Rosa Negra atuou por completo nele. Tornando-o forte outra vez, uma restauração completa, como se ele tivesse tido um dia no SPA. Uma transformação parecida com a de Pepe, mas diferente. Mais forte. 

Quando o Guardião Feliz tocou o solo outra vez, sabia que seus poderes estavam lá. Não teve tempo de sorrir, a Pantera Negra Louca do Mal pulou em cima dele e abocanhou seu pescoço. Ele sentia o sangue escorrendo de seu corpo. Tinha que fazer algo, e o desespero não ajudava em nada. Se remexendo e tentando fugir daquilo como um rato, a marca dos dentes de Michelle só aumentavam, causando mais dor ao Guardião, que usou seus poderes, por necessidade, tão fortes quanto antes. Era incrível que ele havia conseguido reagir. O normal era que nada daquilo acontecesse. Era como se Dominguez estivesse sendo caçado. Porém, se ela queria agir à moda da natureza, era isso o que teria.

Ele se transformou em um tigre. Sim, ele já tinha assistido a inúmeros documentários sobre animais com Lodovica, e já estava acostumado a vê-la lutar com eles. Imitá-la poderia (ou não) até ser fácil.  

Correu até a pantera e começou a briga. Com suas novas patas, arranhou a pantera no rosto, fazendo-a rugir brutalmente. O som de sua raiva ecoou por toda a estufa. E então, fez o que deveria fazer. Algo que ele fora mandado fazer. Algo que já sabia que aconteceria e que da mesma forma deixou seu coração disparado.

Por ordem de Michelle, os monstros voltaram a atacar. Tudo voltando ao estado de antes. Os heróis estavam mais felizes agora, mais esperançosos, com o poder de Diego voltando. 

O Guardião se desviou dos ataques de Michelle. Ele a estava distraindo, deixando-a cansada.

Diego já havia assistido a tantos documentários com Lodovica, por obrigação dela, que praticamente já sabia todo o método de caça das panteras. E agora, estava agradecendo a ela por saber daquilo. Ao caçar, a pantera camufla-se entre a vegetação e se aproxima o máximo possível da presa antes de atacar. Michelle tinha 75% pantera em seu gene, ela agia como um grande felino quase todo o tempo, embora deixasse sua aparência humana. O que, naquele momento era muito bom. Quando ela tentasse se aproximar de Diego para atacar, o Guardião faria o mesmo, e daria o bote. Não iria matá-la por asfixia ou esmagar o seu crânio, como ela faria. Porém, ganharia tempo, e tudo o que havia planejado naqueles anos daria certo. Já tinha seus movimentos pré-ensaiados na mente. Só deveria esperar o momento certo de agir. 

Enquanto isso, Pepe e Jorge se desviavam de metais e plantas que voavam em suas direções. Estavam encurralados outra vez, com dezenas de monstros (qual é, aqueles monstros não tinham fim, pareciam insetos chatos!), olhando para eles como se fossem o jantar. E a cada minuto, Pepe se sentia ainda mais acabado, Michelle ainda o atacando através da marca.

- E agora, Superman Magrelo -Jorge olhou para Pepe, enquanto os dois davam passos para trás, tentando manter distância dos monstros o máximo possível. -, alguma ideia?

Pepe gargalhou. 

- Ei, não sou eu quem tem as ideias. Sou o bobão do grupo. Você é o Harry Potter!
- Normalmente o Harry só espera Hermione ter as ideias. -Jorge responde irônico.
- E onde está a Hermione? 
- Quem é a Hermione Falsa daqui? -Jorge retrucou. 

Pepe se defendeu de ataques dos monstros que os prendiam. E caiu no chão, dramaticamente, apertando o braço direito, onde se encontrava sua marca. Doía muito. Era como se ele tivesse quebrado o braço e tivesse levado um choque. Ou talvez Pepe fosse muito sensível. Mesmo assim, doía e não era pouco.

- Pepe! -Jorge gritou, e se ajoelhou ao seu lado. 

Martina não estava tão cansada quanto os outros, os monstros não a atacavam tanto já que a classificavam como "inútil" por ser uma simples auxiliar. Entretanto, muitos heróis estavam machucados, e ela tentava atender a todos usando seus poderes com o máximo de agilidade possível. Dando certo ou não, Martina estava dando seu melhor para que pudesse ajudar a todos os heróis, da melhor forma. 

Como calculado, Michelle se esgueirava no chão, seus sentidos felinos totalmente atentos à presa: Diego. Seus passos, tão silenciosos e aveludados, que se não a estivesse vendo, o Guardião não perceberia sua presença. Os olhos da pantera estavam fixos no homem-tigre, que caminhava para trás, tão lentamente quanto ela. Quando a pantera o atacou, Diego a imitou e suas enormes garras foram cravadas perto das costelas dela. Rugidos e gritos foram ouvidos dos dois, lutando para tentarem um estar no controle do outro. Michelle tentava vez ou outra mordê-lo, porém Diego era mais rápido e ágil, consequência de anos de treinamento como Herói e Guardião. Já em outras ocasiões, Michelle colocava todo o peso de seu corpo sobre Diego, e cortava sua pele com as garras, impedindo-o de se defender.

Eles brigavam como verdadeiros animais, mordendo-se, atacando um ao outro, usando todas as oportunidades possíveis para ganharem. Era como uma briga por território. A pantera estava brava por não ter ganhado ainda, estava se cansando. Diego ficava menos ágil, e eles ainda estavam ali, brigando. Feito cão e gato, insistentes. Um sendo a presa do outro. Rosnados, rugidos, bramidos, urros... E a briga ainda lá. Nenhum desistia. 

Em pouco tempo, quase todos os monstros estavam exterminados. Apenas os mais fortes estavam vivos e de pé, ainda. 

Ruggero já não conseguia controlar o tempo com tanta facilidade, aqueles minutos pareciam horas. À medida que ele se cansava, o tempo ficava cada vez menos controlável. O que tornava tudo mais difícil. Seus poderes eram fortes, mas, qual é, estavam lutando há tempo demais, na visão dele. Todos eram fortes, era uma luta justa. Mas àquele ponto alguém já deveria ter vencido. Ele bufou de raiva. 

Diego derrubou Michelle no chão, e ela voltou à sua forma humana, cansada. Rosnou.

- Argh, CHEGA! 

Ela se levantou e usou o pouco dos poderes dos monstros que ainda lhe restavam. Com gestos rápidos e ágeis, fez com que jaulas surgissem do solo. Elas foram erguidas, e logo a pantera ordenou que todos os monstros prendessem cada um dos heróis nelas. Mesmo lutando para não ficarem presos, os monstros mais altos e grandões os empurraram e os heróis ficaram presos, como animais. Ironicamente como animais.

Eram dezenas de jaulas, e em cada uma ficaram dois heróis. Filhos de Tayla da mesma espécie ficaram presos juntos, alcateias foram separadas por duplas, ficaram todos inquietos. Como se o lugar estivesse se fechando. Alguns se transformavam em animais e tentavam atacar a própria jaula. Aves tentavam voar por entre as brechas das grades, mas as brechas tinhas espaços pequenos demais para deixar que escapassem. Porém, se acalmaram com o tempo. 

Ruggero e Diego, presos em uma jaula. Parados e calculando a possibilidade de saírem dali.

Apenas Pepe ficou preso sozinho na jaula. Ele se sentou no fundo, quieto e resmungando de dor. 

Michelle umedeceu os lábios, e cruzou os braços.

- A paciência tem um limite. O meu já foi ultrapassado.

Michelle fez Martina se ajoelhar a baixar a cabeça, enquanto apontou uma arma, recém-feita com sua magia, para a cabeça dela. Uma ameaça de morte, algo tão desumano, mesmo para uma mulher-pantera. Estalou os dedos para o único cara que estava solto: Jorge Blanco. Olhou nos olhos dele, e deu um sorriso malvado.

- Você já perdeu algo importante, Blanco. Vai querer perder mais alguém que você ama?

A respiração de Jorge se tornou irregular. Seus olhos ameaçando espirrar lágrimas. Ainda estava tentando entender que sua irmã havia morrido. Ele não precisava de mais uma bomba de realidade e ter que chorar por Martina também. Olhou para a garota, que ergueu o olhar lentamente para ele. O olhar dela era totalmente decidido. Não demonstrava medo. Não demonstrava sentimento algum. Apenas dizia uma coisa, diretamente: "Não". Ela o estava proibindo de fazer qualquer coisa por ela. O estava proibindo de ser um herói. O herói dela.

Não havia planos. Não havia mais maneiras rápidas, nem golpes, para tentar reverter a situação. O Livro dos Sonhos agora estava nas mãos de Jorge Blanco. Os músculos de seu corpo ficaram rígidos. Novamente, ele teria que fazer uma escolha. 

Martina ou o livro dos Sonhos. 

Os piores momentos de sua vida eram aqueles. Quando descobriu sobre a morte de sua irmã. Quando presenciou a morte de sua irmã. Quando de repente lembrou que havia beijado a garota que ele gostava, e que ela não confiava mais dele. Quando Michelle o manipulou de todas as formas possíveis. Agora, quando Michelle o estava manipulando outra vez, apenas com a pressão de escolher entre as coisas mais importantes para ele. 

Jorge Blanco admitiu para si mesmo. Seus pontos fracos não eram as pessoas que ele amava, na verdade eles o faziam mais forte, e sim as dúvidas que tinha sobre si mesmo. As dúvidas sobre o que era certo ou errado. Se salvasse Martina, tudo iria ao caos, mas ela estaria viva. Ela merecia permanecer viva. Isso era o certo. Se salvasse o Livro dos Sonhos, salvaria milhões de pessoas, heróis, vilões, talvez até Michelle fosse presa novamente. Também era o certo. O que o deixava fraco, era o simples fato de se perguntar: "Qual certo escolher?".

Logo, Michelle entrou em sua mente. Fazendo a típica lavagem cerebral, remexendo em suas lembranças, apenas olhando-o nos seus olhos, vermelhos como o sangue. Sua expressão facial agora sem sentimento algum. Manipulado. Jorge Blanco, o vilão que todos deveriam temer. 

A pantera abriu um largo e sínico sorriso.

- O que vai escolher, Blanco? Seu amor ou... O poder? 

Jorge olhou para Pepe, mordeu os lábios. Estava contando os segundos para vê-lo morto. Ele merecia morrer, por ter criado Lodovica para ter um destino injusto. Pepe era o vilão. E Jorge, ah, Jorge seria o maior herói por exterminar o vilão que se fazia de heroizinho inocente, Pepe era uma farsa. 

Apertou os punhos com toda a força, e inspirou o ar da enorme estufa, a esse ponto quase destruída por completo. Olhou para todos, e para os monstros gigantes ao lado de cada jaula esperando para atacar caso algum engraçadinho tentasse fugir, e para Martina novamente. Fixou o olhar nela.

"Alguém já disse para você, que você é muito gata?"

"Não preciso de sua proteção!"

"Você não é assim, Jorge. Não é o Jorge Blanco que eu conheci." 

"Você é importante para mim, Martina."

Mais momentos vieram. E, quando percebeu, não estavam mais lá. Haviam todos sumido. Quem era Martina, mesmo? 

- Poder. -Jorge sorriu para Michelle, ela havia conseguido de novo. E todos já estavam cansados de deixá-la mostrar-se mais forte. Mesmo assim, não havia nada a ser feito. - Quero liderar junto com você a Organização de Vilões Maiores do Livro dos Sonhos, em troca... Dela. 

A pantera franziu a testa, comovida pela crueldade de seu Precioso. 

- Feito. Mas primeiro... Vai acionar o poder máximo da Rosa Negra, e entregá-la a mim. 
- Seu desejo é uma ordem! 

Jorge se agachou para pegar a Rosa Negra. Olhou novamente para Pepe, o desespero e ódio em seu olhar. Jorge gargalhou e balançou a cabeça. Tanto talento desperdiçado... Lamentável. 

Pegou sua varinha a metros de distância de Michelle e ativou o poder máximo que a Rosa Negra emitia. Em pouco tempo, a Rosa ficou totalmente negra, viva, forte, brilhante. As pétalas estavam quase indestrutíveis. Nada delicadas.

Martina forçou as lágrimas a permanecerem nos olhos. Como? Como ela havia confiado nele? Durante todo aquele tempo... Jorge sempre foi um idiota. Sempre foi um vilão. Seus momentos de herói eram temporários. Aquilo era nítido agora. Seus olhos estavam verdes. Ele estava em sua forma natural. Naturalmente, um vilão idiota. 

Jorge entregou a rosa mágica para a vilã, esperando que o feitiço desse certo nela. O único sentimento que seu rosto demonstrava era esperança. Esperança em vê-la tornar-se a Guardiã do Livro dos Sonhos, e ter todo o poder para tudo.

Michelle gargalhou e tomou a rosa nas mãos. Observando Diego, as sombras das grades refletidas em seu rosto. As mãos apertando as grades, descontando sua raiva naquilo.

- Você já foi mais forte, Dominguez. Mas... Acho que eu já ganhei essa. 

Ela recitou palavras mágicas e mais um pouco do poder da rosa foi absorvido por ela. A mesma técnica de Diego. A melhor maneira de obter todo o poder. 

Martina levantou um pouco a cabeça para ver Pepe. Ele acariciava a sua marca, com dor. Seu olhar ainda estava fixo em Jorge Blanco, o odiando muito, cada vez mais. E pensar que ela não havia confiado nele. O verdadeiro herói da história... Quando percebeu que Martina o observava com total atenção, ele deu um sorrisinho seguido de uma piscadinha. No começo, ela estranhou, mas quando olhou para Jorge, ele fez o mesmo. 

- O qu... -Murmurou, extremamente baixo. Olhou para todos os Filhos de Tayla que fizeram o mesmo discretamente. E então ela sacou tudo. Um sinal.

Plano C. 

Michelle olhava tanto para si mesma, que se esquecia de olhar para os outros. E os heróis estavam usando aquilo a seu favor. Que gênios mais idiotas! 

Jorge pigarreou e juntou as mãos. 

- Sabe, Michelle -ele começou a andar até ela, lentamente-, eu pensava que você era esperta. Que tinha lábia. Mas... Você é uma verdadeira tonta! Ha, ha! 
- Como? -Ela baixou os braços, e colocou as mãos na cintura. Ainda estava absorvendo o poder da Rosa Negra. 

Jorge foi até ela, rindo muito.

- Acreditar que eu, o cara que já sofreu por tudo o que é possível, iria ficar ao seu lado, novamente? E aceitar isso numa boa? Não, obrigado! Não quero mais perder a confiança de ninguém! 

Ela ficou confusa. E perdida em seus pensamentos. Ela o estava controlando. Como ele estava tão... Em si? 

Jorge deu de ombros, feliz por não desistir de ter tomado a decisão certa.

- Sinto muito, mas... Dessa vez, sua ilusão não deu tão certo. 

E então ele pegou a Rosa Negra, usou seus poderes naturais. Acertou a arma com água, fazendo-a voar para longe. Fez uma muralha de fogo para impedir que os monstros a ultrapassassem. Alguns ficaram agitadíssimos, e outros morreram queimados tentando sair dali. 

Por sua vez, o Herói da Geração/Harry Potter Falso apertou o botão com função de abrir todas as jaulas. Os heróis saíram correndo dali. Michelle gritou.

- Sua pantera mimada! Sua... -Melissa, o pato selvagem, a xingou. E com nomes que foram piorando a cada segundo. - Talvez agora você pare de ser tão chorona! Idiota! 

Ela começou a usar seus poderes e gritou. Mais monstros foram derrubados e fizeram Puff. Sobraram apenas cinco. Os piores monstros. Suas cabeças batiam no teto de vidro, e eles quebravam tudo com os braços. Um deles pisou com tudo no chão, abrindo uma cratera no solo, tão funda que várias camadas foram quebradas. Quase um buraco sem fundo. Uma alcateia de lobos quase caiu, entretanto foram ágeis e saltaram para o lado oposto.

Pepe estava na jaula ainda. Não conseguia se levantar. Sentiu tanta dor que não era capaz de falar. Martina correu até ele, seus poderes a avisando que ele precisava de ajuda. 

- Pepe, o que foi? -Ela indagou, preocupada. - Seus batimentos cardíacos estão altíssimos! 
- Michelle... Rosa Negra... Eu preciso...  Herói... -Ele se apoiou para se levantar, mas a tentativa foi vã. Caiu novamente. 
- Fique quieto, bem aqui. -Ela mandou. - Vou tentar fazer...

- Não. Não, Martina. -Ele se encostou na grade e suspirou. Forçou as palavras a saírem- Isso depende apenas de mim. 

- Pepe... 
- Sério. Não. Obrigado, mas não! 

  Martina deu uma última olhada para Pepe.

- Se você morrer, eu te mato. - Pepe gargalhou. 
- Tenho orgulho de você. -Ele respondeu. Martina fez uma expressão séria, e ele consertou. - Por... Você estar aprendendo o que é zoeira de verdade! Daqui a pouco vai estar fazendo referências idiotas como eu! 

Ela revirou os olhos e saiu da jaula. 

Os Filhos de Tayla fizeram um círculo em volta de Michelle. Ela tentou escapar, todos usavam seus poderes para impedi-la. De uma vez. A Rosa Negra ainda estava em suas mãos. 

- Diego! -Martina correu até o Guardião. Ele a fez ficar quieta com um simples gesto. 

Ele estava escondido atrás da mesa em que antes estava a flor mágica. A puxou e fez Martina ficar escondida também. Quando se certificou de que ninguém a tinha visto direito, se virou para ela. 

- Estamos no plano C, mas ainda estou usando tópicos do plano A. 

Ela arregalou os olhos. Entendendo exatamente o que ele disse. 

- É suicídio! -O repreendeu. - Acabou de ganhar seus poderes, você é louco!
- Sei disso! -Ele murmurou. Baixou o olhar para o chão. - Mas é o único jeito! Aqueles monstros são quase imortais e... Eu a amo. 

Martina ficou um tempo parada, congelada. Espiou pela frestinha de um buraco na mesa de escritório e respirou fundo. 

- Tudo bem. Eu te ajudo. -Ele sorriu. A Conselheira abraçou o Guardião. - É o melhor Guardião de todos, Diego.

Ele ficou vermelho.

- E você é a melhor Conselheira do mundo, Stoessel. 

Eles se entreolharam e se concentraram no tópico mais importante do Plano A: Trazer Mercedes de volta. 

Após um momento de preparação psicológica, Diego se levantou e foi, na ponta dos pés, disfarçando o máximo que pôde, até a caixa de vidro em que estava Mercedes, dormindo o terrível sono da morte. Engoliu em seco ao vê-la ali. Realmente ela parecia estar apenas dormindo. Sua pele estava com o tom pálido de sempre, sua maquiagem e roupas góticas que eram magicamente trocadas quando ela sentia raiva, suas orelhas pontudas que carregavam brincos grandes e nada discretos. Tinha um leve sorriso no rosto, mesmo que não estivesse mostrando os dentes. Suas mãos, uma em cima da outra, apoiadas na barriga, segurando uma das mais pequenas e delicadas jóias. Apenas fadas honrosas morriam com jóias nas mãos. Mercedes era irritante, mas era incrível. Como pessoa e como ser místico. E Diego também tinha orgulho dela, orgulho por poder chamá-la de sobrinha. 

Quanto mais Michelle se sentia ameaçada e usava seus poderes de forma assassina, mais Pepe se sentia fraco. Ela estava descontando tudo nele, jogando todas as fraquezas para ele, como se o garoto fosse uma lixeira. Por isso, o Ilustrador não conseguia se mexer direito. A pantera atacava em ritmo frenético, sem pausas, sem perdão ou compaixão. E por consequência, Pepe ficava cada vez mais invulnerável. Sentia o veneno do poder de Michelle correndo por suas veias, e todos os poderes que ela estava carregando, que ela havia roubado injustamente dos outros. Ilusão, destruição, a luz eminente da Rosa Negra... Eram poderes demais. Era força demais. Ela era forte demais. Forte para carregar todas aquelas manipulações mágicas sem sentir um pingo de suor escorrer em sua fronte enquanto lutava. Sem sentir dor. Sem sentir culpa. 

Com Pepe era o contrário. Quanto mais sentia Michelle aumentar sua força, mais ele se sentia fraco. Por tê-la criado, mais ele sentia culpa. Por que a havia criado? E todos os "sinto muito" do mundo não fariam diferença. Mesmo se ela fosse capturada e presa, o Livro dos Sonhos estava praticamente destruído. Por culpa dele. O Herói da Geração havia se descoberto metade vilão. E aquilo mudava tudo. Inclusive sua visão sobre Michelle. Ele também era como ela. Metade dele era como Michelle. Metade de Pepe destruía, matava, roubava. Pepe era como ela. E a culpa misturada com sua fraqueza o deixava totalmente louco.

Ouviu-se o regougar de uma raposa, destemida e majestosa. Ela atacava um gigante sem medo, apesar de sua estatura pequena. Uivando, ela lançava círculos de fogo, em monstros e em Michelle, sem parar. Corria de um lado para o outro, mostrando os dentes e atacando. Seus olhos azuis-piscina se fixavam apenas em vilões. E sua pelagem, de um laranja quase avermelhado, soltava faíscas de fogo quando tentavam atacá-la de perto. 

Outros Filhos de Tayla estavam eufóricos como ela, retomando suas forças, corajosos. Como Lodovica. Não era apenas ela que não tinha medo de Michelle, afinal, todos foram criados para detê-la. Animal contra animal. Grandes poderes contra grandes poderes. Fogo contra fogo. Literalmente. Por toda a parte, o som de bichos emanava pelo jardim botânico. Lobos, patos, leões, falcões, ursos, águias. Brigando todos ferozmente, com apenas um pensamento em mente: deter a vilã pantera. Mesmo que Michelle os atacasse tão fortemente, eles não desistiam. Não iriam desistir, nunca. Morreriam como heróis. Mas Michelle não teria o fim que desejava. Todos lutariam até o fim. Em nome de Tayla, em nome dos heróis, em nome da Tropa Defensora do Livro dos Sonhos. 

As mãos de Diego tremiam, à medida que se aproximava da caixinha de vidro. Quando a tocou, sentiu todo o coração parar. Mas precisava fazer aquilo. A história de Mercedes não estava pronta para entrar oficialmente no Livro dos Sonhos. Não como a de Lodovica. A fadinha ainda viveria muito, o Guardião prometera para si mesmo. Pensou que Mercedes fosse ser livre. Ela poderia finalmente conhecer a realidade como tanto sonhava... Construiria uma vida lá. Quem sabe, ele até a deixaria conhecer caras. Ele seria menos rigoroso com a sobrinha. Ela seria mais feliz. Diego prometera. 

Com o máximo de delicadeza, pegou a fada e a deitou na mesa, na mesma posição de antes. Olhou para trás e viu monstros tontos, de tanto atacarem. Michelle perdendo a força. Pepe ainda tentando se levantar, caindo de dor, resmungando de dor. Milhares de Fadas do Norte desorientadas, acordando ainda dos efeitos da ilusão. Martina ajudando todos os heróis feridos. Ruggero se defendendo de ataques e manipulando o tempo. Jorge usando os quatro elementos, usando as flores da estufa a seu favor para cegar os monstros gigantes e feios. Clara, ainda tentando entender toda a situação. Virou para olhar para a Fada-Líder. Mercedes era a única e última solução para que tudo se resolvesse. 

Ergueu as mãos e as apontou para a sobrinha. Respirando fundo, tentou mantê-las paradas, porém a tremedeira não facilitava em nada. 

- Vamos lá, Diego - ele disse, para si próprio-, você consegue. Você consegue. Você consegue.

Não era necessário ser um Guardião para saber que aquela tarefa de trazer Mercedes Lambre de volta era difícil. Complicada. Quase impossível. De qualquer forma, o Guardião expirou o ar que estava guardando, por ficar sem respirar ao olhar para ela, e lançou seus poderes. Como Martina, raios roxos saíram de suas mãos. Simbolizava a cor do Livro dos Sonhos, queria dizer que ele não servia ao Lado Negro da Força. Que ele tinha muita autoridade. Que era o Guardião e Protetor do livro. Que ele poderia fazer aquilo. Diego só precisava acreditar em si mesmo. E foi o que ele fez. 

Direcionou todos os seus pensamentos para Mercedes, para seu irmão, fadas, todas as coisas referidas a ela. 

Nada. Ele era fraco para aquilo, para trazê-la de volta. Diego não podia. Talvez... Ela devesse ter morrido mesmo...

Ou talvez não.

Mercedes começou a convulsionar e si inquietar dentro da caixa, até que a quebrou. Aos poucos, ela foi aumentando de tamanho, voltando ao seu tamanho humano. - Seu vestuário mudou por completo. Agora, ela usava uma camiseta branca lisa, simples, e calças jeans azuis-marinhas, quase pretas, levemente rasgadas nos joelhos. Também trajava uma jaqueta de couro vermelhas e botas pretas. Seu rosto, totalmente delicado, uma maquiagem leve e totalmente natural, quase imperceptível, que acompanhava seu cabelo, novamente com o tom loiro, quase branco. Suas orelhas, agora um pouco pontudas, sem exageros, levava o peso de pequenos brincos de ouro, com os pequenos diamante de sempre. Parecia... Completamente humana. Uma humana comum. Estava pronta para sair e dar uma volta no shopping. 

Seus batimentos, rápidos demais. Ela, junto de seus poderes voltando à vida. Foi se acalmando aos poucos e parando de convulsionar. Abriu os olhos e olhou para Diego, seus olhos meigos e surpresos. Ele apenas a observava perplexo, sem saber o que dizer. O Guardião só conseguiu sorrir, e abraçá-la.

- Mercedes!, pelas Rosas Negras!, achei que ia te perder! -Ela se assustou com o ato, apenas murmurou um "ãh..." e Diego se afastou.

Ah, é, ele lembrou, ainda tinha a coisa da memória. Suspirou, ainda com o sorriso largo no rosto e se afastou, o suficiente para que ela não desse um surto de medo.

- Não se lembra de mim, não é? 

Ela balançou a cabeça negativamente. Não disse uma palavra. Olhou à sua volta e arregalou os olhos. Animais lutando, monstros feios, sangue, jaulas, plantas no meio de tudo, gritos, choros... Poderes mágicos. O quê?

Martina o apressou:

- Ei, sei que está no seu momento "que bom que está viva!", mas ainda estamos com problemas aqui, cara!

Dominguez lambeu os lábios e juntou as mãos. Começou a explicar a situação resumidamente.

- Bem, você estava morta, mas eu a trouxa de volta. -Disse ele. - Seu nome é Mercedes Lambre e mesmo que não se lembre de nada agora, vai se lembrar mais tarde. Você é personagem de um livro mágico, uma fada, na verdade. E, como vê, está rolando uma treta aqui, há um bom tempo! Precisamos de você para usar seus poderes de fada e prender aqueles grandões ali e impedir o apocalipse, consegue? -Ele apontou para os monstros gigantes e Michelle. 

O Duende de Asas, no momento sem asas, piscou. Não riu. Não reagiu. Não fez nada. Apenas observou Diego. Ele sentiu medo de que ela tivesse se esquecido de como se falava. 

Outra explosão ecoou pela estufa, e Diego apenas viu os restos de um dos monstros voando por todos os lados. Uma explosão de um dos Filhos de Tayla. Jorge caiu de costas no chão, rolando escadaria abaixo. Logo, o Herói da Geração berrou:

- Diego, precisamos dessas prisões, URGENTE! -Ele reclamou. 

Michelle gritava e fazia de tudo para descontar sua raiva nos heróis. Martina corria de um lado para o outro, quase todos os heróis estavam no chão, largados e feridos. Ruggero sangrava nos braços e na testa, mas continuava lutando. Pepe se arrastava no chão em direção da vilã pantera.

O Guardião Feliz encarou a fada, apreensivo. Ela não se lembraria de nada com tanta pressão, não de um desconhecido como ele, no momento. Então, virou-se para ver os monstros e mordeu os lábios.

- Ah... Acredita no que está vendo, Mercedes? -Perguntou. Ela demorou para responder. Porém, assentiu, lentamente. Ele sorriu. - Então, me imite. E... Tente pensar ao máximo nesses grandões longe daqui, Okay?
- S-sim... -Ela murmurou. Ótimo, ela se lembrava de como falar. 

Diego esticou as mãos e apontou para um dos gigantes que atacava a Jorge e alguns heróis animais. Mercedes fez o mesmo timidamente. 

- Isso. -Ele sorriu. - Agora, pense neles presos, em uma prisão bem grande e... Mágica. 

Ela baixou o olhar para o chão, aparentemente pensando. Em momentos de emergência, ela usava os poderes sem a varinha. Esse era um daqueles momentos. A garota-fada gargalhou animada quanto viu algo mágico sair de suas mãos. 

Seu poder foi em direção de todos os poucos e grandes monstros que estavam ali. Em um momento breve, eles fizeram um Puff sincronizado, fazendo todos os heróis que estavam lutando pararem. 

Silêncio. 

Todos se entreolharam. Procuraram por algum sinal de vilões ou coisas parecidas. Nada. Michelle também havia sido presa. Aos poucos, eles começaram a sorrir.

- Acabou. -Ruggero começou a pular. Mesmo que fraco, tinha forças para comemorar. 

Todos gritaram de alegria, pulando, se jogando no chão para descansar. Acabou. A melhor palavra para ser usada naquele momento. 

Pepe se sentou, um pouco mais forte. Não sorriu. Ele estranhou. Olhou em volta e se levantou, sério. Como se farejando Michelle. Deu uma risada irônica.

- Não. Não acabou. 

Antes de todos reagirem ao ver a pantera, Michelle fez com que todos parassem. Pegou a Rosa Negra, e colocou as mãos na cintura. 

- Parados, ou eu a destruo. E o Livro dos Sonhos já era. 

Todos obedeceram. Alguns tentaram ignorar a ameaça e atacar, mas outros os convenceram a não o fazer. Afinal, ela não parecia estar brincando.

Michelle encarou a flor mágica e absorveu poder o suficiente para ficar no poder. Sorriu quando Diego balançou a cabeça e engoliu em seco, nervoso. 

- Quem irá me deter agora? Quem irá me destruir?-Ela perguntou. Diego deu uma gargalhada.
- Você mesma. -Pepe respondeu rapidamente.

Ele e Dominguez se entreolharam e usaram seus poderes rapidamente. Atacaram Michelle. Usando a Rosa Negra a seu favor. 

Em outro breve momento, ela começou a brilhar como a Rosa Negra, bem mais, na verdade. Flutuou no ar, e estranhou. Não era o planejado. 

Michelle começou então a... Sumir. Seus poderes, fortes demais para que ela ficasse viva. Michelle tinha tanta ego que ela mesma se destruiu, aos poucos. Michelle lançou um olhar de ódio para Pepe, murmurou:

- Isso não acaba aqui! -E então, ela explodiu.

Michelle explodiu. Ela fez Puff. Um Puff oficial. Os monstros e vilões estavam presos, Mercedes viva. Herói vivos. Tudo tinha dado certo no final. Acabou.

Os Heróis da Geração sorriram uns para os outros. Pepe fez o mesmo. Logo, uma tontura tomou conta do garoto e ele cambaleou para os lados. Ele tornou-se o foco de todos, perguntando se estava bem e o que estava acontecendo. Tudo girava. E antes que percebessem, Pepe desmaiou.

***

Pepe acordou no escritório de seu pai, em um dos sofás extremamente confortáveis. Já havia levado tantas broncas ali, já havia tido muitas conversas com o pai ali. Sentiu-se feliz ao ver o lugar intacto, como se nada tivesse acontecido. Demorou para perceber que estava na realidade. Levantou-se do sofá, e viu seu pai, em pé, em sua frente. Não parecia feliz. 

- Ah... -Ele falou. - O-oi, pai. 

Martina também estava ali. Com os braços cruzados, concentrada em não ser histérica naquela sala. Por dentro, a Auxiliar estava sorrindo. Por fora, tentava manter-se séria. Tudo estava bem. E ela podia dizer isso. Pepe mordeu a língua, totalmente confuso. O que ela fazia ali? 

Baixou o olhar para suas roupas, e uau. Ela estava incrível. Realmente parecia uma garota com um cargo importante. Seu cabelo estava amarrado em uma trança embutida de lado, ela trajava jóias simples e uma maquiagem discretas. Usava uma camisa branca e um blazer vinho, em um tom escuro, e calças sociais da mesma cor. Apesar de simples, o blazer carregava muitos pingentes e escritos nele, que chamavam totalmente a atenção. No lado esquerdo do peito estava seu nome bordado, e então Pepe entendeu o que ela fazia ali.

Martina Stoessel, Auxiliar Executiva Nº 01 de Heróis Selecionados da Geração e Conselheira Oficial do Guardião do Sistema de Tropa Defensora do Livro dos Sonhos. 

- Ah, uau. Quanta humildade em um título só. -Ele ironizou. Martina queria rir, mas estava ainda concentrada em ser séria. Pepe, seu pai, revirou os olhos. 
- Boa tarde, Pepe. 

O garoto se levantou, passando a mão pelos cabelos e esfregando os olhos. Olhou diretamente para seu pai e ficou confuso.

- Que horas são?
- Não importa. -Ele respondeu. Caminhou até Pepe e colocou as mãos nos bolsos. - Stoessel veio para levá-lo para a premiação, então temos que conversar rápido. 
- Conversar? A respeito de quê? -Pepe bocejou e olhou para sua Auxiliar distraído. As engrenagens giraram e ele acordou. - Oh... 

O pai deu um leve sorrisinho, apontou para o sofá para que se sentassem. O senhor Barroso cruzou os dedos e olhou nos olhos azuis de Pepe, pigarreando.

- Soube que você fez uma pantera explodir. -Começou. Pepe levantou as sobrancelhas e a encarou como se gritasse com ela. "Contou a ele?". Martina apenas levantou os braços, como se não tivesse nada a ver com a história. Pepe, o pai, riu. - Ela não me disse nada, é que as notícias correm. Principalmente em nossa geração. 

Pepe, o filho, ficou sem graça ao se lembrar de que seu pai também era parte do Livro dos Sonhos. Um vilão, nona geração provavelmente. Sua missão de vida era destruir o livro, e os heróis que estavam nele, e Pepe os salvou. Pepe era um herói. Metade herói. 

- Ah... É. -Foi a única coisa que ele conseguiu responder. - Sim. Ela fez um Puff muito louco. 
- Então, é um herói. 
- Sim, eu sou. Mas também sou um vilão. É estranho, eu sei, mas... Sei lá. Faço tantas idiotices quando as conserto. -Os dois riram. O pai colocou a mão no ombro dele. 
- Estou orgulhoso de você. 

O Ilustrador juntou as sobrancelhas.

- Não está bravo? -Pepe perguntou.
- Por que estaria? Fez o que deveria ser feito. Está cumprindo seu destino. E tenho orgulho por isso.
- Ahn... Valeu. -O garoto abriu um sorriso. - Fico feliz que não queira me matar por acabar com os planos do mal de Michelle. 
- Não trabalhamos para ela. Somos independentes. -Pepe respondeu satisfeito. 

Martina olhou no relógio de pulso. Ainda concentrada e séria. Parecia que nunca tinha rido na vida. Estava cumprindo sua função de maneira reverente. Embora ela parecesse uma sem coração com aquela expressão séria. 

- Temos que ir. -Ela observou os dois Pepes. O pai assentiu e deu um sorrisinho para o filho. 
- Ir? -O Herói da Geração perguntou. - Para onde?
- Para a Premiação do Livro dos Sonhos. 

Martina baixou o olhar.

- E depois para... O velório de Lodovica. 
- Ah... -Barroso piscou e se levantou devagar. Suspirou e tentou dar um sorrisinho alegre. Se lembrar de Lodovica não ajudou. Olhou nos olhos de Martina. - Tudo bem. Eu... Tá. 

A Auxilar entregou algo para ele, ainda refinada e séria. 

- Vista isso. É seu novo uniforme. 
- Uniforme? 
- Sim, de Herói Escolhido da Geração. Tem o seu nome nele. Mas não vai ficar tanto tempo com ele. Lá, usará outro.
- Por quê?

Ela finalmente deixou de lado a aparência dura e deu um sorriso. Um lindo sorriso. Pepe desviou o olhar para as roupas , e impedindo que ficasse mais nervoso do que já estava, por ficar perto dela. 

- Porque você foi promovido de cargo para Herói Definitivo do Sistema de Tropa Defensora do Livro dos Sonhos. É um Herói Fixo, Pepe. 

***

Pelo que Pepe pôde entender, a premiação era bem tradicional ao fim de grandes batalhas. Todos os personagens que foram honrosos ao defender suas gerações, famílias e ideias, ganhavam prêmios e novos títulos se merecessem. Todos os grandes líderes estavam ali, para promover os verdadeiros heróis. - Pepe sorriu ao descobrir que, ao absorver os poderes de Michelle e ajudar a todos com a ilusão, ajudar nos planos A B e C, ser um Herói da Geração e conseguir ser um verdadeiro herói com poderes de vilão, ganhou um dos cargos mais importantes do Livro dos Sonhos: Herói Fixo. Pepe agora era um herói, definitivamente. E em todos os lugares do livro, ele poderia dizer aquilo. Seus poderes se tornariam mais fortes em pouco tempo. 

Seu uniforme era parecido com o de Martina na verdade, agora azul. Iguais aos de todos os heróis definitivos. Com vários títulos e logotipos de parcerias com outras organizações do livro. Seu nome estava nele, tão "humilde" quanto o dela: 

Pepe Barroso Silva X, Herói Definitivo do Sistema de Tropa Defensora do Livro dos Sonhos, Ilustrador Nº 02 da Sucessão Insubmissa de Vilões Maiores Pepe. Barroso. Silva, P.B.S., Décima Geração, e Fundador da Etnia de Heróis e Vilões Alternativos do Livro dos Sonhos. 

O garoto se surpreendeu que todos as pessoas tinham nomes e funções com nomes desnecessariamente cumpridos nos uniformes. 

- Belo uniforme, cara. -Jorge sorriu para ele, e cruzou os braços. Pepe levantou os olhos para ele e viu que estava com o mesmo uniforme. 

Jorge Blanco Guereña, Herói Definitivo do Sistema de Tropa Defensora do Livro dos Sonhos, Personagem Representante da Etnia de Heróis e Vilões Alternativos do Livro dos Sonhos e Membro Associado da Irmandade de Tayla

Ele também era um Herói Fixo. E parecia estar por feliz por ser escolhido para aquilo também.

 - É um grande cargo.

Pepe gargalhou.

- Com certeza. -Concordou. - Mas no momento, minha missão principal é conseguir decorar e pronunciar esses nomes sem ficar tonto com tantas palavras. Nem o presidente dos Estados Unidos tem um nome tão complicado.
- Exatamente! -O Harry Potter Falso descruzou os braços. - Sucessão Insubmissa? Irmandade de Tayla? De onde tiraram isso? Ha, ha! 

- Vocês se acostumam com o tempo. - Martina chegou, sorrindo. Ela carregava uma prancheta nas mãos e foi a vez de Jorge de babar na garota. Ela estava concentrada demais lendo os papéis para perceber que os olhos dos dois brilhavam ao olhá-la. 
- Pelo menos você tem um nome de apenas duas linhas e apenas duas funções. "Martina Stoessel, Auxiliar Executiva Nº 01 de Heróis Selecionados da Geração e Conselheira Oficial do Guardião do Sistema de Tropa Defensora do Livro dos Sonhos". Dá preguiça de pronunciar só de olhar! Imagine o meu? -Pepe riu. Ela revirou os olhos.

Ela finalmente olhou para os dois, a postura de Conselheira do Guardião sumiu, era apenas para momentos de reuniões importantes. Afinal, ela era profissional no que fazia. Viu o uniforme de Jorge e Pepe, orgulhosa. 

- Ahn, a vez de vocês é a próxima. Ganharão seus títulos oficiais e apertarão as mãos dos grandes líderes do Livro dos Sonhos. Por favor, se comportem da maneira devida, é um momento importante. 
- Claro. -Eles assentiram, sérios. Pepe finalmente percebeu que Jorge Blanco estava com o mesmo sorriso travesso que ele, e pensou que ele poderia ser tão bagunceiro quanto. - Nos comportaremos. 

- Ótimo. Vocês entrarão em... Quinze minutos. 

Os minutos se passaram horas. A abertura do evento havia demorado cerca de uma hora e os líderes fizeram grandes discursos em resposta de comemoração do fim da guerra. Obviamente, a entrada deles foram atrasadas e a cada minuto Pepe ficava mais nervoso. Ele não conhecia quase nada de tradições, nem nada daqueles títulos e organizações. Para ele, o Livro dos Sonhos era apenas um livro. Mas era bem mais do que aquilo.

Finalmente sua vez de entrar chegou. Lá estavam as maiores autoridades como Diego Dominguez, Tayla Beaumont e Ruggero Pasquarelli, dentre outros. Estavam todos enfileirados e os membros das organizações estavam atrás, ouvindo os discursos. Coadjuvantes ficavam indo e vindo, ajudando a todos, quando Pepe, Jorge e alguns do Filhos de Tayla subiram ao palco. 

Eles ouviram de Diego, o Guardião, o quanto haviam ajudado na guerra e o quanto foram importantes para que tudo estivesse bem no momento. Pepe, o garoto em que quase ninguém havia acreditado e agora seria para sempre um nome importante. Jorge, o herói que fora manipulado diversas vezes mas que dera a volta por cima em todas elas. E os Filhos de Tayla, que provaram seus valores diante de todos os momentos e que agora estavam mais uma vez honrando Tayla. Diego agradeceu a todos, e deu a cada um novas armas de alta qualidade que os ajudariam em momento difíceis. 

Pepe sorriu e se sentiu importante ali. Agora, ele era uma dos caras mais importantes também, por ter criado sua própria geração, a Etnia de Heróis e Vilões Alternativos do Livro dos Sonhos. Martina apertou as mãos de todos e entregou a eles troféus, e medalhas de platina, como forma de agradecimento e promoção dos cargos. Eles teriam muito mais responsabilidades agora. 

A cerimônia durou pouco mais de duas horas, com risos e muitos agradecimentos. No fim, comemorariam com uma grande festa na torre do livro mágico. Os Heróis da Geração foram no carro que Martina havia feito dias antes. Era quase uma balada e todos comemoraram e dançaram a noite inteira. Pepe conheceu todos os seus personagens, e conversou por horas com todos. Incrivelmente, todos eram tão irônicos quanto o garoto e tinham um nível bem elevado de zoeira e referências idiotas, nem todas nerds, mas ainda sim eram boas referências.

Era noite, e apesar de cansados, os heróis mereciam aquela festa. Por todos os lados haviam pessoas com uniformes, apenas as cores mudavam. Heróis da Geração com uniformes verdes, Heróis Fixos, azuis, Líderes com roupas roxas, auxiliares, vermelhas (com exceção de Martina, que era vinho, por ser líder e conselheira), Filhos de Tayla, com lindos uniformes pretos, Fadas, rosas e os demais personagens com cores variadas. Haviam sorrisos e piadas por onde quer que passassem. 

Martina rodava por toda a torre, cumprimentando a todos, não podia estar mais feliz!, no andar de cima, ficou por horas conversando com Fadas, até que viu Jorge entrando da sacada, ele não parecia tão feliz. 

- Eu já volto. - Ela disse às fadas e o seguiu. 

Jorge estava apoiado no parapeito da sacada olhando para o céu estralado. Martina ficou ao seu lado. Por um momento não disse nada, não sabia bem o que dizer. Aquele momento era para ser feliz, e ele não parecia tão feliz assim. 

- Eu adoraria ver seu sorriso convencido e irritante agora. - Ela começou a dizer. Jorge não se mexeu, apenas levantou o olhar para a Lua.

- Ela adorava observar a Lua, à noite. Era o momento em que ela colocava todas as coisas em ordem. -Jorge disse, e logo Martina entendeu o motivo da tristeza: Lodovica. É claro que ele não esqueceria tão rápido. Ninguém esqueceria. Lágrimas surgiram de seu rosto e Martina não respondeu. - Eu deveria estar comemorando junto com os outros, mas... Por que eu me sinto tão... Vazio? 

Jorge a encarou. Seus olhos estavam em um verde extremamente escuro. Martina piscou e assentiu, como se dissesse: "É, eu te entendo". 

- Adoraria voltar no tempo e refazer toda a minha história.

- Ela te salvou, Jorge. Isso quer dizer muita coisa. 
- Sei disso, Martina... Mas, ela era minha única família. Eu não tenho mais ninguém.

Ela segurou as mãos do garoto, firme. Fazendo-o olhá-la nos olhos. Martina deu um leve um sorriso.

- Não está sozinho, acredite. Você ainda tem uma família.  

Ele conseguiu dar um sorriso desanimado, agradecendo a ela pelo esforço de tentar deixá-lo um pouco feliz. Os dois se olharam nos olhos por um bom tempo, até Jorge se soltar e olhar para a Lua novamente. Ela não entendeu o motivo, mas não disse nada.

- Obrigado... Tini. Mesmo. 

- Não precisa agradecer. 

Ela segurou o rosto dele e delicadamente o virou. Jorge lembrou-se de todos os momentos com ela, no começo de tudo, quando havia entrado no Livro dos Sonhos. E então, se lembrou de que as coisas estavam bem. Ele não estava manipulado. Eles podiam ficar juntos. 

- Martina...
- Não diga nada. -Eles se aproximaram com sorrisinhos tímidos, e teriam se beijado, porém Diego interrompeu o momento entrando no lugar. O Guardião Feliz estava cantando uma música e ria sem parar. Caminhou em direção dos dois, e deu um abraço coletivo em Jorge e Martina. 

- Ah, essa noite está linda, não está? - Ele encarou o herói e a auxiliar e desmanchou o sorriso ao ver que os dois ficaram sem jeito com sua chegada. - O quê? O que houve? 
- Ah... -Martina riu. A mesma risada que sempre dava quando o Guardião interrompia suas reuniões para convencê-la de que Jorge realmente era apaixonado por ela, e que deviam ficar juntos. Diego olhou para Jorge, um olhar reprovador.
- Cara, não chamou ela para sair ainda?

Jorge simplesmente quis se enterrar em um buraco, deu uma risada tímida. Parou quando viu que Diego não estava brincando. Os olhos dele o estavam xingando de lerdo. 

- Você vai chamá-la para sair, não vai?
- Diego -A Auxiliar o interrompeu-, isso é cois...
- Se não convidá-la, faço isso por você, Jorge. 

Martina ficou sem graça, entretanto não protestou. Diego não a deixaria falar, ela o conhecia há muitos anos. Jorge não respondeu, ele estava tímido demais para fazer aquilo. Suspirando, Diego cumpriu o prometido. Virou-se para a conselheira e disse:

- Jorge quer sair com você. Quando está livre? Domingo? Sábado à noite? Pensando bem, Terça-Feira é seu dia de folga. Posso falar com Ruggero e pedir para ele dar uma folga para Jorge também...
- Dieg...
- Para onde vai levá-la? -Perguntou a Jorge. - Cinema? Boliche? Uma lanchonete qualquer? 

Jorge finalmente tomou coragem e abriu a boca para falar. Iria protestar e fazê-lo parar, mas Diego continuou:

- Não, pensando bem, vamos honrar os casais clichês: um piquenique. Aqui no Livro dos Sonhos. Pode ser no lago de Lodovica. -Ele começou a organizar tudo na mente. - Que tal na Terça? Às 15h:00? Ótimo. Vou falar com Ruggero. - Diego sorriu e se soltou do abraço. - E, cara, pede ela em namoro logo. Ela está esperando isso há muito tempo! 

Pepe gargalhou. Estava falando com Melissa, a garota-pato. Ela era tão raivosa e fofa que chegava a ser engraçado. Estava gritando com um dos outros patos, Dylan Baudelaire, e o xingava dos palavrões mais brutos e feios. Em alguns momentos, ela voltava a virar pato e o atacava. O garoto não ficava por trás e respondia a todos os xingamentos. Pepe secou as lágrimas, cansado de rir, eles se amavam. 

- E eu achava que eu que era o irônico da livro. -Ele disse. Melissa voltou a ser humana e cruzou os braços. Dylan fez o mesmo e eles cansaram de brigar. Ela cruzou os braços e olhou na direção oposta. Baudelaire a abraçou por trás e murmurou em seu ouvido:
- Sei que você é caidinha por mim, Melissa. - E então, atiçou mais a raiva da garota, beijando sua bochecha. Os xingamentos voltaram, e ele saiu correndo pelo salão, se defendendo dos ataques dela. 

A barriga de Pepe doeu de tanto que riu. Apertou sua barriga e se sentou na cadeira. 

Ele viu Martina andando pelo salão, com o sorriso mais lindo que ela já tinha dado. Logo, o garoto se lembrou do beijo e sua cabeça voltou a ficar confusa. Foi até ela. 

- Tenho que contar algo a você! - Os dois falaram, ao mesmo tempo. Os dois ficaram quietos, esperando que o outro dissesse o que tinha a dizer. Pepe deu de ombros.
- Você primeiro. 

Ela sorriu, entusiasmada. 

- Sou a Gina Weasley Falsa do Harry Potter Falso! 
- O quê?
- Jorge Blanco me chamou para sair! -Martina deu pulinhos de alegria, e Pepe ficou sem graça. Ele queria falar sobre o beijo e tentar a situação, mas, pelo visto, já tinha entendido tudo. 
- A-ah, nossa! -Ele forçou um sorriso. Martina não percebeu sua decepção por um triz. - Eu sabia! Eu disse que ficariam juntos!
- Na verdade, foi Diego que disse tudo, mas... Vai ser incrível. Estou tão animada! 
- Não duvido. -Pepe sorriu. 

Diego a chamou. Ela deu um último sorriso e falou para Pepe:

- Obrigada, Pepe. Você é um cara incrível! 

Ele ia responder, porém ela foi falar com Diego e o deixou sozinho. Pepe desmanchou o sorriso e olhou para o chão. Ele teria dito que era apaixonado por Martina.

***

Era o velório de Lodovica. Todos estavam cabisbaixos, ouvindo as belas palavras que diziam a ela. Por todos os lados, viam roupas roxas, que significava que Lodovica havia morrido como uma heroína, que ela servia ao Livro dos Sonhos. Jorge e Diego, que eram os mais próximos da garota, foram os primeiros a dizer coisas sobre ela. Os dois emocionaram a todos com suas palavras. Todos os Filhos de Tayla se reuniram para dizer o lema de Tayla, em nome da garota, todos usaram seus poderes e se transformaram em pantera, para representá-la da melhor forma possível. Também fora uma cerimônia emocionante. E se estivesse viva, Lodovica teria abraçado a todos que estavam tristes, com certeza. Pepe e Jorge encerraram o velório lendo as páginas do livro mágico em que estavam registrados sua história. 

No fim, se reuniram todos no lago de Lodovica e fizeram uma ceia saudável, apenas com alimentos totalmente naturais, e receitas que ela fazia. Usavam roupas apenas de algodão, e não comeram nada derivado de animais, para simbolizar o respeito que a morena tinha pela natureza.

Jorge se afastou um pouco de todos e sentou-se sozinho no chão. Não demorou muito para que Pepe ficasse ao lado dele. 

- Acredite, dói tanto em mim quanto em você. 

Jorge estava com os olhos fixos no lago, seguindo os movimentos lentos de vai-e-vem dele.

- Eu não duvido. Ela conseguiu ser um exemplo e comoveu a todos os heróis. 
- Graças a ela, entendo o que é ser um herói de verdade. -Pepe comentou. - Também era muito gata. 

Jorge quase o estrangulou, porém Pepe corrigiu.

- Ei, ela era um felino, dã! -A piada sem graça causou risadas em Jorge, como um "Ah, jura?". -Eu... Fiz um desenho. É para você. 

Pepe entregou um papel a Jorge. Era um desenho de Lodovica. Metade dele era noite, e a Lua brilhava esplendidamente, os olhos de pantera dela brilhavam, seus dentes grandes dando a impressão de um rugido. A pantera encarava a pessoa que olhava para o desenho, como se fosse atacá-la. Atrás, era o seu lago, onde Lodovica sempre parava para pensar, como Pepe. A outra metade, era dia e a garota estava com uma expressão tranquila no rosto. No fundo, estava a torre do Livro dos Sonhos. Havia natureza por toda a parte. A Rosa Negra brilhava no solo. As duas metades se encaixavam perfeitamente, uma fazia parte da outra, ao mesmo tempo que duas entrevam em um perfeito contraste. Era como a vida de Lodovica. A realidade, completamente diferente de sua vida no Livro dos Sonhos. Mas as duas faziam parte dela. Em cima, estava uma frase que ela sempre dizia: "A coragem e a bondade é o que fazem de você uma heroína".

Jorge sorriu, agradecido. 

- Valeu, cara. 
- Não há de quê. -Pepe respondeu.
- Você aprendeu muitas coisas com ela. 

O Ilustrador sorriu.

- E quem não aprendeu?
- É, tem razão.

Pepe ficou pensativo, de repente. Repassando tudo o que havia passado ali em tão pouco tempo. Desde que era apenas um simples personagem, até tornar-se um Herói Fixo, e blá-blá-blá. Houveram brigas, abraços, sorrisos, risadas, viagens no tempo, ataques, referências idiotas, animais falantes, guardiões loucamente estranhos e felizes, e juntando tudo, nada daquilo parecia real. Ele era tão importante quanto todos. O garoto olhou para Jorge.

- Mas, acredite, cara, Lodovica não foi a única que me ensinou coisas importantes. Mercedes também. Do tipo, nunca insulte fadas. Elas podem estar à beira da morte, e você vai ter que salvar o mundo delas, depois.


Notas Finais


Como podem ver, o capítulo saiu ENORME :V mas MUITO obrigada a todos que leram até aqui, essa história é muito importante para mim :) <3 Até o epílogo huehue <3

~ Isabella M.


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