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História O Médico Louco - O médico louco


Escrita por: Almafrenz

Notas do Autor


Vamos entrar no quarto do Sr. Horace, boa leitura!

Capítulo 13 - O médico louco


Fanfic / Fanfiction O Médico Louco - O médico louco

Quando entraram no quarto de Horace, Sherlock e John puderam ver aos pés da cama o corpo de um homem de aproximados quarenta e cinco anos, imóvel, com um notório corte no pescoço e um cachecol vermelho preso entre os dedos da mão direita. John sentiu um arrepio ao reconhecer a peça vermelha.
– Droga! – reclamou o detetive se aproximando do corpo estirado no chão. – como isso pôde acontecer?
– Era meio óbvio, não? Ele era uma peça no quebra cabeças, o spetsnaz assassino não ia querer deixá-lo dando sopa com a gente na investigação dos assassinatos dos agentes dissidentes, não é? – John falou guardando a arma e se agachando para avaliar o corpo enquanto Sherlock olhava para ele entre admirado pela lógica simples e ofendido por ser considerado tolo em não levar esses pontos em consideração.
    Sherlock havia pesado esses pontos, apenas se equivocou levemente nos cálculos, imaginou que conseguiria chegar antes do assassino. Ledo engano...
    Quando John tocou o ferimento no pescoço do homem, o gesto provocou leve movimento do que se presumia ser um cadáver.
– Deus, ele ainda está vivo! – o médico declarou afundando dois dedos no corte para tentar conter a hemorragia.
– Oh! Isso! Maravilha! – o detetive comemorou se agachando perto de Horace. – Certamente o spetsnaz estava em ação quando batemos na porta e teve que fugir após cravar a baioneta no pescoço da vítima. – ele deduziu se colocando na linha de visão do homem que havia aberto minimamente os olhos. – E.M.H é você não é? De onde é esse esquema?  – o detetive perguntou sôfrego por resposta enquanto mostrava o esquema para o moribundo.
– Pelo amor de Deus, Sherlock! O homem está morrendo. – John repreendeu o companheiro.
– Eu sei, e não vou repetir o erro que cometi com o agente envenenado no Hotel Queen Mary no caso da Mensageira. – Sherlock rebateu recordando que havia deixado uma peça humana importante nas investigações ter atendimento médico antes de fazer perguntas, acabando por perder a oportunidade com a morte do homem no hospital.
–Lugar... – o moribundo grunhiu com o resto de energia que lhe restava e depois amoleceu.
    John ainda pressionou a carótida rompida no pescoço do homem por mais alguns segundos, mas depois os removeu sacudindo o excesso de sangue resvalado na mão e declarou:
– Ele morreu, esse tipo de ferimento é letal na grande maioria dos casos... eu não pude salvá-lo. – o médico lamentou.
    Sherlock não fez nenhum comentário, permaneceu agachado olhando para o nada tentando extrair algum significado oculto na última palavra dita com grande esforço pelo homem que acabara de morrer.  
    Enquanto o detetive fazia uma breve incursão em sua mente, John captou um movimento no sentido da porta do quarto e ergueu-se de imediato com a arma em punho, novamente mergulhando em um pico de adrenalina que pôs sua mente em alerta máximo.
– O que foi? – Sherlock despertou de suas divagações erguendo-se.
– Tem mais alguém aqui. Eu vi um movimento na porta indo para o corredor. – o médico sussurrou cuidadosamente saindo do quarto tomando o rumo indicado.
    Quando John passou para o corredor, ele pôde ver um vulto descer as escadas e o médico o seguiu apressado para os degraus superiores a tempo de ver o sujeito correr pela sala em direção a uma janela aberta.
– Pare ou eu vou atirar! – John ameaçou.
    O vulto não levou a sério a ameaça e pulou pela janela ao mesmo tempo em que um tiro acertava o parapeito estilhaçando um vaso de mine azaléias. O médico desceu correndo a escada sendo seguido de perto por Sherlock, ambos passaram pela janela e John avistou o intruso há quinze metros correndo para uma área arborizada.
    O médico disparou mais dois tiros que, apesar de muito bem mirados, não acertaram o fugitivo e isso causou irritação ao ex-militar. Naquela distância e em um espaço livre de obstáculo, ele não erraria. Apesar dessa contrariedade, ele não desistiu da sua empreitada, correu com o melhor do seu condicionamento físico atrás do fugitivo que mantinha-se adiante sempre mantendo uma distância razoável independente do quanto ele apressasse o passo.
– John! – Sherlock chamou ofegante logo atrás.
– Anda, Sherlock! Ele está fugindo! – ordenou o loiro disparando mais um tiro.
– Pare, John!
    O médico desacelerou seus movimentos até parar permitindo que Sherlock se aproximasse.
– Parar? Você está louco? O possível assassino dos agentes dissidentes e do Sr. Horace estava bem diante de nós! – John reclamou incrédulo.
    Respirando com muita dificuldade, o detetive balançou a cabeça negativamente e disse:
– Não havia nada à nossa frente, John.
– Como não? – o médico olhou com olhos arregalados para o detetive como se houvesse nascido um terceiro braço em seu corpo.
– Não havia ninguém. – o moreno insistiu com a respiração mais estável.
– Impossível! Você não o viu? Você estava bem atrás de mim quando eu tentei acertá-lo na janela antes dele fugir. – John insistiu.
– Sinto muito, mas eu não vi ninguém. Você atirou contra o nada e acertou o vaso na janela.
– Não, não mesmo... Você está enganado. Tinha alguém lá e eu vi!
– Está tudo bem, John.
– Não! Não está nada bem! Eu persigo um cara, disparo vários tiros na direção desse cara e você diz não ter visto ninguém além de mim correndo atrás de coisa nenhuma! – John reclamou em voz alterada.
– Que gritaria é essa? – Lestrade perguntou se aproximando dos dois.
– O que você está fazendo aqui? – John perguntou confuso.
– Eu o chamei por mensagem enquanto você estava com a mão enfiada no pescoço de Horace e pedi que trouxesse paramédicos, afinal, tínhamos uma importante peça do nosso quebra-cabeça morrendo. – Sherlock esclareceu.
– E eu trouxe a ambulância comigo, mas ao que parece vou precisar mais dos legistas do que dos enfermeiros.Vocês estavam seguindo o assassino? – o inspetor perguntou.
– Sim. – John respondeu ao mesmo tempo em que Sherlock respondeu “Não”.
– Espera, ficou confuso, é “sim” ou “não”? – Lestrade perguntou franzindo a testa.
– Eu vi o assassino fugir da casa e corri atrás dele. – John enfatizou olhando zangado para Sherlock.
– Sim, estilo velhinho no parque. – o detetive pontuou encarando o médico.
– Oh. Entendo. – Lestrade comentou olhando John como se esperasse que ele fosse se tornar subitamente agressivo.
– Eu não acredito que eu estou recebendo esses olhares... – John reclamou. – Eu não estou ficando louco, ouviram?
– Claro que não, só precisa de um calmante. – o moreno disse. – Acredito que os enfermeiros da ambulância que Lestrade trouxe tenham algo do tipo. E me dê sua arma. Já desperdiçou munição demais. – Sherlock completou deixando claro o seu desejo de desarmar o parceiro.
– Não preciso de nada. E se isso te faz feliz, pega a droga da arma. – o médico disse entregando o revolver para depois pôr-se a andar na frente dos dois, voltando para a rua.
    Greg fez questão de retardar mais os seus passos lanceando um olhar para Sherlock também retardar os próprios passos de modo que ficaram a uma distância razoável do médico, possibilitando-lhes conversar em baixo padrão de voz sem serem ouvidos por John.
– Você precisa resolver logo esse caso. – Lestrade comentou.
– Não fique tão ansioso para apresentar a solução para seu chefe e à imprensa, inspetor. – Sherlock respondeu ajustando seu cachecol que folgara durante a pequena corrida minutos atrás.
– Não estou falando isso por conta do meu superior ou da imprensa, estou falando isso pelo John.
    Sherlock parou imediatamente ao ouvir a última parte da resposta do inspetor fazendo Greg parar também enquanto observava John seguir mais alguns metros na frente deles sem notá-los.
– Do que está falando? – o moreno perguntou contraindo as sobrancelhas.
– Donovan apresentou um relatório conectando John Watson ao assassinato de Rebeca Allen.
– Não foi ele! – Sherlock afirmou num quase rosnado.
– Eu também acho que não, mas você tem que convir que vários elementos do caso apontam para John, ele já está sendo considerado um suspeito pela divisão de roubos e homicídios.
    Sherlock apertou as mãos em punhos e os afundou nos bolsos do seu casaco num claro sinal de irritação e colocou-se a andar novamente. Os dois homens seguiram a passos médios pelas árvores observando o médico caminhar à frente até John parar subitamente alarmado.
– Oh, meu Deus! Corram! – John gritou.
– Por quê? – Lestrade perguntou atordoado olhando por todo o perímetro tentando localizar alguma ameaça.
– Corram, ele está armado e está atirando, protejam-se! – John continuou afirmando de forma agitada batendo nos ombros do detetive e do inspetor que continuavam parados olhando na direção na qual John apontava nervoso.
– Fique calmo, John... – Sherlock pediu constatando não haver nada em canto algum.
– Meu Deus! – o médico gritou correndo depois de encarar Greg e Sherlock.
John disparou para dentro do aglomerado de árvores como se buscasse proteção entre os troncos, sendo imediatamente seguido por Greg e instantes depois por Sherlock que pôde observar, enquanto tentava alcançar o homem, o quanto o estado do médico não parecia normal. John corria dos dois como se sua vida dependesse disso, como se algo extremamente grotesco avançasse atrás dele fazendo-o exigir tudo de suas pernas para imprimir o máximo de distância possível e fugir deles.
Greg, mais próximo de alcançar o loiro por haver arrancado atrás dele primeiro, conseguiu, em um pico de aceleração, esticar o braço e puxar a ponta do casado do médico, derrubando-o de costas no chão coberto por folhas secas, atirando-se sobre ele e apertando seus pulsos no solo em uma hábil imobilização tantas vezes treinada na academia de polícia e muitas vezes eficiente em sua função.  
Parecia tudo sob controle, porém esse pensamento foi dissolvido por um violento golpe que o médico desferiu com o joelho direito nas genitálias desprotegidas do inspetor que rolou quase fulminado de dor para o lado permitindo que John se erguesse imediatamente e continuasse sua fuga.
Teria sido uma fuga hábil se a curta contenção promovida por Greg não tivesse possibilitado a Sherlock alcançá-lo. Tudo o que John percebeu foi um forte impacto de um longo corpo contra suas costas prensando-o de bruços no meio das folhas e galhos secos.
– Me solta! – o médico rugiu se debatendo como um animal sob ameaça.
– Calma, John! Sou eu, Sherlock!  
– Não! – o homem rosnou ainda se debatendo ferozmente.
– John... por favor... – Sherlock suplicou pressionando os pulsos do médico no solo com toda sua força. – Você não está bem, nós vamos ajudar você...
– Sherlock? – John pareceu recuperar a lucidez por alguns minutos. – Sherlock... Meu Deus... Eu vi... Não... Eu não sei mais... Acho que realmente estou ficando louco... Ajude-me... Por favor... – o homem implorou ficando imóvel e mole por baixo do corpo do detetive que deixou de apertar seus pulsos para virá-lo de frete e encará-lo.
    John estava desgrenhado, folhas e pequenos gravetos entrelaçados em seus cabelos claros em desalinho, ostentando pequenos arranhões pela face corada pela corrida e doloridos olhos lacrimejantes que buscam segurança e amparo no olhar de surpernova que o detetive lhe lançava tentando acalmá-lo.
– De uma hora para outra... Eram vários... Eles... Eles estavam atrás de mim e iam me transformar numa peneira... Todos armados... Eu tinha que fugir... – o médico murmurava meio desorientado.   
– Vai ficar tudo bem, John. Está seguro agora. Você vai repousar e tudo vai ficar bem. – o detetive disse percebendo a aproximação de enfermeiros ao redor dos dois.
– Estou tão cansado, Sherlock... – o médico murmurou não esboçando reação alguma à picada do tranquilizante injetado na veia do seu braço.    
– Você vai descansar agora, John. – o detetive disse saindo de cima do loiro e puxando-o para seus braços, afagando seus cabelos até sentir o homem ficar completamente inconsciente.
– Nós assumimos daqui, Sr. Holmes. – um enfermeiro declarou fazendo menção de puxar o médico dos braços do detetive.
– Não. – Sherlock recusou apertando o namorado nos braços. – Ele vai para casa comigo, ele só precisa descansar.
    Greg suspirou fazendo um pequeno gesto com a cabeça pedindo para que os enfermeiros se afastassem por alguns minutos, o que os profissionais fizeram, postado-se a dois metros dos três homens.
– Sherlock, deixe os enfermeiros levarem o John.
– Não há necessidade, inspetor, vou levá-lo para casa. – o detetive insistiu com uma ponta de irritação.
– Lembra-se do que conversamos minutos atrás?
– A acusação absurda contra John? O que isso tem a ver com a minha decisão de levá-lo comigo para casa?
– Eu não disse a você, mas estão providenciando um mandado de prisão preventiva para ele, então... Vamos, você sabe.
– É melhor deixar John ser recolhido num quarto de hospital do que dentro de uma cela. – Sherlock concluiu.
– Isso mesmo. É a coisa lógica a fazer até esse caso ser resolvido para provar a inocência do John. Deixe os enfermeiros levá-lo, Sherlock. O mandado não poderá ser cumprido enquanto ele estiver internado.
    O moreno baixou a vista olhando para seu namorado adormecido por força de tranquilizantes em seu colo, afagou levemente os cabelos despenteados e um pouco úmidos e depois folgou o aperto dos seus braços em torno do corpo do médico.
– Tudo bem. – o moreno concordou permitindo que dois homens erguessem o corpo adormecido de John Watson e depositassem numa maca para levá-lo à ambulância.
    Sherlock ergueu-se observando a cena por alguns segundos parado e sem reação. Seu torpor foi cortado quando Lestrade bateu no seu ombro fazendo-o encará-lo. O inspetor ainda tinha uma expressão meio torcida pela dor que latejava entre suas pernas e ele jurou a si mesmo que um dia faria John pagar por isso, mas por enquanto, ele precisava concluir aquele caso.
– Ele vai ficar bem.  
– Espero que sim. – o detive disse caminhando para frente da casa de Horace onde estava a ambulância e o veículo utilizado pelos legistas da Yard.
– Você vai acompanhá-lo? – Lestrade quis saber.
– No momento não serei útil ao lado dele. John está sedado, deve permanecer assim por algumas horas. Vou dar mais uma olhada na cena do crime, afinal, tenho que resolver logo esse caso. – O detetive afirmou com uma nota obscura e determinada na voz.
    Teto branco, paredes brancas, cortinado branco na janela ao lado da cama estreita com lençóis brancos. Foram estas características ambientais que John Watson captou ao erguer levemente as pálpebras pesadas. Ele moveu-se pesadamente na cama tentando sentar-se, estava com sede e tentou alcançar o copo plástico ao lado de uma jarra do mesmo material, mas seus movimentos eram erráticos e nada firmes e isso estava irritando o médico que continuou tentando alcançar o copo para servir-se de água até obter sucesso.
    Trêmulo e instável na sua posição sentada na beira da cama, John arrastou a jarra para a ponta da pequena mesa ao lado do seu leito e a inclinou para obter água, tendo novo sucesso em sua empreitada. Quando o líquido deslizou por entre seus lábios e escorregou pela sua garganta, John suspirou de satisfação e deixou um pequeno sorriso desenhar-se em sua face. O mundo todo se resumia naquela pequena vitória: beber um pouco de água.
– Sr. Watson, é bom ver que o senhor já está acordado. Como se sente? – Um homem de meia idade perguntou fechando a porta atrás de si ajustando os óculos de armação grossa na ponte do nariz redondo.
 – Me sinto... tonto. – John respondeu tentando focar as coisas em volta percebendo que tudo parecia balançar com se estivessem numa balsa em alto mar. – Quem é você? Que lugar é esse? Por que me trouxeram para cá? Cadê o Sherlock?
– Oh, sua mente é muito alerta, mesmo ainda dopado. Típico de um ex-soldado. – o homem riu olhando para um prontuário em suas mãos.
– Você não me deu respostas. – John insistiu incomodado.
– Desculpe, estou sendo grosseiro. Eu sou Dr. Zachary Elliott, médico psiquiatra responsável pelo tratamento de pacientes com esquizofrenia. O senhor foi colocado sob meus cuidados por apresentar um quadro de transtorno psicológico análogo ao estágio esquizofrênico inicial, mas fique tranquilo, o Bethlem Royal é uma excelente Clínica, logo estará recebendo alta.
– Isso só pode ser uma piada. – John riu nervoso. – É uma piada, não é? Onde está o Sherlock, eu quero ir para casa.
– Não, Sr. Watson, eu não estou brincando com o senhor, jamais faria uma coisa dessas, não precisa ficar nervoso, aqui é um lugar agradável apesar do injusto rótulo que as clínicas para repouso psiquiátrico possuem na sociedade fora dessas paredes. – o homem insistiu de forma paciente, mas enfática.
– Sinto muito, mas eu não vou ficar aqui para provar da hospitalidade de vocês. – John declarou fazendo um movimento para sair da cama, mas não foi muito longe. Os efeitos do tranquilizante em seu corpo ainda não haviam passado totalmente e no instante seguinte, o loiro desabou no chão.
– Oh, Sr. Watson! Não se exceda, o remédio que lhe deram foi muito forte, um exagero em minha opinião. Vamos, levante-se. – o médico disse ajudando-o a voltar para o leito onde John permitiu-se deitar afundando a cabeça sobre o travesseiro enquanto sentia tudo girar em torno dele.  
– Sherlock... – o loiro gemeu sentindo um suor frio tomar conta do seu corpo. Ele não se sentia bem, queria voltar para casa.
– Acredito que o Sr. Holmes deve vir visitá-lo em breve. – o homem afirmou tentando acalmá-lo.
– Eu não quero visita, eu quero que liguem para ele agora e digam para que venha me buscar! – John pediu um tanto agitado, não compreendendo ainda como ele foi parar numa clínica de tratamento psiquiátrico.
– Sinto muito, mas não podemos fazer isso.
– É claro que podem, o que vocês não podem é me manter aqui contra a minha vontade.
– Sr. Watson, eu gostaria que entendesse que apenas duas coisas podem liberá-lo da internação: uma alta assinada por mim, seu médico ou um termo de responsabilidade assinado por seu companheiro que foi o responsável pela autorização da sua internação uma vez que o senhor não está plenamente capaz de gerir suas escolhas. Então, eu acho melhor o senhor se acalmar.
– O Sherlock me internou? – John perguntou incrédulo. – Não... você está enganado, ele não faria isso, por favor, ligue para ele agora, eu preciso falar com ele, deixe-me falar com ele, por favor. É só me deixar falar com ele que tudo isso vai ser esclarecido, tenho certeza que há algum engano aqui, Dr. Elliott.
– Sinto muito, mas não há engano. Quanto antes o senhor aceitar os fatos, mas rápida e eficiente será a sua recuperação. Em meia hora os enfermeiros trarão algo para seu primeiro café da manhã, o senhor dormiu a noite inteira e não teve condições de comer nada no jantar ontem quando deu entrada. Depois, dependendo do seu estado de espírito, irei apresentar nossas salas de terapia. Acredito que vai apreciar muito nosso amplo jardim.
    John não disse mais nada, limitou-se a virar de costas para o médico pondo-se a encarar a janela por onde uma luz difusa tentava vencer as cortinas. Ele não podia acreditar que Sherlock o havia internado, estava profundamente magoado com essa ideia absurda.
    Após o café da manhã durante o qual recebeu seus comprimidos, John foi conduzido por um enfermeiro até um amplo pátio arbóreo e aconselhado a relaxar e aproveitar as primeiras horas matinais ao ar livre. John realmente tinha a intenção de aproveitar suas primeiras horas ao ar livre, mas não caminhando e aspirando flores pelo jardim.
    O loiro empregou os próximos vinte minutos analisando os muros que guarneciam o pátio e dedicou especial atenção a uma vistosa trepadeira que se enroscava volumosa e vistosa de alto a baixo no lado sul da propriedade. Era simplesmente perfeita para quem desejasse escalá-la e John desejava. Muito.
    Os próximos cinco minutos foram investidos numa laboriosa escalada ramas acima até conseguir sentar no topo do muro para analisar os meios para acessar o térreo do outro lado sem conseguir um estiramento ou uma fratura. O muro decididamente não era baixo. Os poucos minutos que John empregou analisando uma forma de pular, foram suficientes para dois enfermeiros darem conta de sua empreitada.
– Sr. Watson, fique onde está, não se mova, o senhor pode se machucar. – recomendou um rapaz moreno alto e magro ao pé do muro enquanto um jovem atarrancado de traços asiáticos arrastava uma escada metálica para ter acesso ao paciente.
– Eu não vou voltar para a clínica, vou embora e vocês não podem me segurar. – John declarou virando-se para pular no sentido da rua.
– Por favor, Sr. Watson, não dificulte o nosso serviço, volte para o pátio.
    John não deu ouvidos ao enfermeiro, ajeitou-se e marcou o pulo sabendo que sentiria muita dor com o impacto, mas não tinha muita escolha. Ele mirou, tencionou os músculos e...
– Peguei! – Gritou o enfermeiro de traços asiáticos que havia desistido da escada e subido pelas ramas enquanto John estava distraído com o rapaz magro e alto.
– Não! Me larga! Eu não vou voltar! – John se debatia de forma agressiva enquanto era colocado novamente no pátio.
– O que aconteceu? – Dr. Elliott indagou se aproximando – Ele tentou fugir pulando o muro, doutor. – o enfermeiro atarrancado respondeu tentando conter John que ainda se debatia, mas sem conseguir se soltar em decorrência da letargia que os medicamentos imprimiam em seu corpo.
– Bem... eu tinha esperanças de iniciar um tratamento menos severo com ele... – o médico murmurou coçando o queixo. – Vamos levá-lo de volta ao quarto, talvez um pouco de calmante e descanso ajude o Sr. Watson a refletir melhor sobre sua situação atual.
    Quando John chegou ao seu quarto, seu nível de irritação elevou-se exponencialmente. Ele não era louco e não devia ser mantido num quarto sendo constantemente dopado, isso ele não iria aceitar. Antes que o enfermeiro atarrancado fosse capaz de administrar o calmante em seu braço, John o derrubou no chão, quebrou uma mesa e usou a perna para ameaçar o médico e o segundo enfermeiro que paralisou escorando-se amedrontado contra a parede.
– Eu vou sair daqui agora e ninguém vai me impedir, fui claro? – John falou bufando feito um touro.
– Sr. Watson, o senhor precisa se acalmar, queremos apenas ajudar. – o médico insistiu erguendo as mãos em sinal de paz e mantendo uma distância segura do paciente.
– Então me ajudem a sair daqui. Isso é tudo o que eu preciso. – o loiro pediu.
    Zachary Elliott suspirou baixando as mãos e disse:
– Tudo bem, eu vou ajudá-lo a voltar para casa, mas precisa se acalmar e parar de nos ameaçar com essa perna de mesa. – o homem disse apontando para o pedaço de madeira que continuava erguido em direção a ele e ao enfermeiro.
    John abaixou o pedaço de madeira balançou positivamente a cabeça, fungando um pouco relaxado com a perspectiva de finalmente poder voltar para casa, esse foi o seu último pensamento antes de ser engolido pelo torpor do tranquilizante que o enfermeiro atarrancado injetou na veia do seu pescoço enquanto ele estava distraído conversando com o médico.
    O primeiro dia de John Watson na clínica psiquiátrica foi um inferno.

 


Notas Finais


John não está tendo uma temporada muito boa, não é mesmo?
Bem, pessoas amadas, hoje é véspera de natal e eu quero desejar-lhes um ótimo natal, recebam um apertado abraço meu e uma chuva de pétalas de cerejeiras meus amores! #Alma adorará receber suas impressões de leitura como presente de natal ;D


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