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História O medo de Willy Wonka. - Capítulo 15


Escrita por: Ryuuaka

Notas do Autor


1. A fic está chegando ao fim. Não quero virar com ano com ela incompleta, acho injusto com os leitores.
2. Este foi o capítulo mais perto de um romance que eu escreveria nesta fic, mas tem um motivo básico: eu não pensei em escrever um yaoi e não vou torná-la um agora, na reta final (baixa a arma!)
3. Já estou trabalhando no último capítulo (tenho ideias no papel desde o primeiro capítulo, huhuhuhu)
4. Divirtam-se.

Capítulo 16 - Capítulo 15


O ato de Veruca Salt uniu os presentes em um silêncio sufocado, com o ar presos aos pulmões e o cérebro paralisado pela descrença. Ela estava jogada sobre o herdeiro da fábrica Wonka, um garoto alto, com rosto angelical e que daria o par perfeito para ela, que um dia conheceu a fábrica. Sorrindo, murmurando sobre a beleza dos dois juntos e como era mágico ter o próprio Willy Wonka na festa, os convidados aos poucos se soltaram e começaram a fingir que não estavam estarrecidos com o que presenciaram, os garçons voltavam a rodar a festa e a música se soltou com calma e suavidade.

Willy Wonka, por outro lado, estava pronto para enfartar. Ele sabia que era bem possessivo com seu herdeiro, que precisava manter as aparências, que Charlie não era posse dele, mas não conseguia ficar vendo o casalzinho junto, os dois afastando os corpos, um do outro, lentamente; conversando cheios de sorrisos, tão próximos que provavelmente sentiam o perfume um do outro, o hálito quente soprando na pele.

O chocolateiro ergueu a mão e tomou uma taça do garçom que veio em sua direção. Os olhos amendoados ainda queimando contra herdeiro e aniversariante, questionando se eles ficariam realmente ignorando uma das maiores estrelas da festa, se ficariam de segredinhos como estavam. O chocolateiro bebeu metade da taça em um gole, o líquido marrom lembrava chocolate, mas o gosto inconfundível de amarula tomou conta da boca do chocolateiro.

A tensão criada pelo ciúme logo sumiu como se o ego de Willy recebesse uma massagem suave, quente, extremamente relaxante. As pupilas do chocolateiro se dilataram lentamente enquanto o álcool explodia na corrente sanguínea, subia ao cérebro do chocolateiro e o transformava em uma máquina de chamar a atenção e gerar notícias.

 

W.W.

 

Veruca Salt tinha um abraço apertadinho, o perfume refrescante e o corpo quente. Ela era bem magra e leve, e os braços de Charlie não só conseguiam segurá-la facilmente como também a envolviam com muita facilidade.

- Charlie, como você está bonito! – Ela sussurrou ao pé do ouvido dele.

Era possível, apesar de mergulhado no cabelo de Veruca Salt, sentir o sorriso que ela tinha nos lábios.

- E perfumado também.

Ela apoiou as duas mãos nos ombros do herdeiro Wonka e então se afastou, mas ainda estava mais perto do que qualquer mulher, fora da família, tinha ficado do herdeiro. Charlie, apesar de ser quem era, nunca havia se interessado por relacionamentos, talvez fosse Willy lhe enchendo de trabalho, fomentando apenas o lado criativo, talvez fosse da natureza do garoto.

Mas ainda que Veruca o tivesse abraçado, seu corpo não se importou. De alguma forma ela era como uma irmã que há muito tempo não via.

- Fico tão feliz que você e o senhor Wonka tenham vindo. – Ela juntou as mãos batendo palma apenas uma vez. – Fizeram boa viagem? E que presentes maravilhosos vocês trouxeram! Não precisava, sério! – Tagarelou e tagarelou.

Veruca não conseguia se frear. Estava tão emocionada com os modelos de chocolate, com a beleza da festa, com os doces esculpidos em suas iniciais, com a presença dos dois homens que a fizeram ser quem era, que precisava ficar falando ou explodiria.

Charlie apenas sorria. Não conseguia falar e sentia que a moça precisava tirar aquela energia de dentro dela. As pessoas, muitas vezes, precisam falar até que elas mesmas se enjoem do assunto, mas ninguém quer lhes sanar esta necessidade. Charlie aprendeu isto com Willy Wonka, que lhe apresentou o Umpa Lumpa responsável por escutar a fábrica quase toda – às vezes ele mesmo se escutava, tagarelava em frente ao espelho até que tenha desinflado tudo o que tinha na cabeça – e percebeu que falar fazia muito bem para ele.

- Oh, nossa, onde está o senhor Wonka? – Veruca olhou em volta e Charlie finalmente estranhou que o chocolateiro não estava ao seu lado.

Os dois passaram os olhos pela festa, caçando o recém citado. As pessoas em uns pontos riam, a música estava mais alta e os garçons que se encontravam fuxicavam algo e saia rindo. De alguma forma, parecia que Willy estava envolvido naquele fuxico.

- Senhorita Salt! – Uma pessoa a chamou.

- Preciso ir, Charlie. – Ela soltou uma piscadela.

- Vou encontrar Willy e então nos vemos, sim? – Ele comentou. A voz sempre rouca e suave, daquelas que queremos escutar todos os dias porque nos faz sorrir.

- Obrigada. – Ela soltou um beijo na bochecha do herdeiro e então partiu na direção de quem a tinha chamado.

Estranhamente uma mulher, uma senhorinha de cabelos brancos e roupa pomposa, surgiu ao lado de Charlie. Ela tinha as bochechas vermelhas, a mão enluvada tapando o riso e um belo toque de malícia nos olhos. Nela, era possível enxergar seu passado, a mulher recatada que ela tinha sido, impedida de apreciar as melhores aventuras que a vida oferece.

- Oh, você deve ser o senhor Charlie Wonka, não é mesmo? - Ela espichou a mão para que ele beijasse.

Charlie manteve a postura, engoliu a vontade de correr e salvar Willy (caso descobrisse onde ele estava).

- Espero que os docinhos estejam tão gostosos quanto pretendíamos que estivessem. – Ele tomou a mão enluvada e beijou-a, pois não podia deixar a mulher com a mão estendida em vão.

- Oh nossa, que menino educado. – A mulher recolheu a mão e se abanou com ela.. – Igualzinho a seu tutor.

- Ah, a senhora falou diretamente com Willy?

Ela ria agudamente, algo que deveria ter impedido ela de escutar Charlie.

Mas o pupilo não sabia, só de olhar para ela, que aquela mulher tinha sido uma ótima fofoqueira e sabia escutar os menores ruídos nos lugares mais barulhentos. Aliás, aquela senhorinha só tinha crescido na vida sob o manto da fofoca bem-feita, uma fofoca que não fosse acabar com a reputação de boa moça enquanto a alavancava.

- Estava. – Ela gemeu. – Mas num piscar de olhos ele sumiu. Achei que tinha vindo lhe ver.

- Vou procurar por ele, então. – Charlie sorriu. – Posso até mesmo lhe trazer ele, se assim desejar. - Mentiu.

- Ah sim. – Como uma boa fofoqueira, ela sabia que não receberia nada sem entregar algo. – Ele sumiu ali perto das varandas, o vi fugindo da mesa de comida para lá. - Ela lançou seu melhor olhar serelepe. - Vou comer um pouquinho e rondar a festa, sim?

Charlie se despediu com um leve aceno e quase trotou até onde tinham perdido o chocolateiro de vista. Willy não era muito bom em ficar perto das pessoas e podia ter se refugiado em qualquer lugar, podia até mesmo ter esquecido do herdeiro e fugido no elevador de vidro. O herdeiro deu uma olhada para trás, o veículo já tinha sido recolhido para o telhado, onde poderia partir sem chamar muito mais atenção.

Charlie entrou em cada varanda que tinha naquela festa, até mesmo na privativa, onde o segurança não queria deixar ele passar até Veruca passar e permitir sua entrada, mas o tutor não estava em canto nenhum. Entre uma varanda e outra havia enormes cortinas pesadas, talvez para quando tivessem algum evento durante do dia e fosse necessário tirar a luz do ambiente.

O trajeto foi mais demorado do que a paciência de Charlie julgou necessário, pois as pessoas caminhavam, acenavam para o herdeiro e até o tiravam para uma rápida conversa sobre os docinhos. O herdeiro pegou uma taça com água e se encostou na porta de vidro de uma das varandas. Ali estava mais tranquilo, longe da mesa de doces (que ele tinha rodado seis vezes) e quase sem pessoas do lado de fora. Era uma das varandas perto da saída de emergência, uma escada para cima – caso alguém estivesse no telhado – e uma para baixo, onde levava para a saída mesmo.

Charlie fechou os olhos e suspirou. Tinha andado tanto que seus pés já reclamavam o desconforto do sapato social. Ele bebeu um gole da água e olhou em volta, nada de Willy Wonka.

- O…

Ele ia gritar “o que está acontecendo?”, mas teve sua boca tapada por luvas de couro, luvas bem caras. A cintura tinha sido abraçada por trás, passando entre a parede e seu corpo, o copo d’água derramou metade do líquido no carpete e nos trajes que ele usava enquanto o corpo era puxado para detrás da cortina pesada.

- Quietinho, Charlie. – O cheiro de amendoim dominava o local e acalmava o herdeiro. - Aquela velha louca vai me achar. Acredita que ela me roubou um beijo?

Charlie suspirou aliviado. Willy tinha sido encontrado, finalmente.

O chocolateiro tirou a mão da boca de seu herdeiro, era maravilhoso tê-lo por perto. Sentia-se protegido quando o herdeiro estava por perto, mas como Charlie passava boa parte do tempo na faculdade (eram apenas seis horas, na verdade), o chocolateiro sentia-se nu, vulnerável.

- Estava se escondendo? - Charlie perguntou.

- Oras, estrelinha, se eu fosse querer beijar alguém, não seria uma senhorinha safada e fofoqueira. Claro que eu fugi! – O chocolateiro se arrepiou inteiro.– Já posso ver os jornais amanhã, a notícia será terrível.

- Um beijo roubado? - Charlie sorriu zombeteiro (ele nem sabia que podia fazer isto). - Encontrei uma moça apaixonada.

Willy arfou abismado, o hálito dele vagou até o herdeiro, que um cheiro bem diferente do costumeiro. Willy desatou a falar sobre seu pânico em ter um beijo roubado, o hálito quente batendo no corpo do herdeiro, denunciando que o chocolateiro tinha bebido algo alcoólico.

- Você está bêbado? – Charlie sussurrou. E então arregalou os olhos. – O que você bebeu, Willy?

- Saliva? – Ele sorriu, mas logo fechou a cara. Talvez tinha se lembrado do beijo roubado.

- Willian Wonka! – Rosnou o herdeiro.

Ninguém, em todo mundo, era mais fraco para bebidas do que Willy Wonka. Uma vez tentaram fazer um doce usando Amarula, mas a fruta que naturalmente alcoólica não trouxe bons resultados. Umpa Lumpas tiveram ressacas pesadas, mas Willy, que decidiu provar o produto final, quase atacou (de todas as formas que Charlie podia imaginar – e ele conseguia imaginar muitas formas diferentes) a fábrica inteira pouco antes de entrar em uma depressão sem fundamentos e chorar como uma criança de seis anos que perdeu o brinquedo favorito na mudança de casa.

- Charlie! – O chocolateiro ralhou.

Tinha fugido de uma velhinha safada que havia roubado um beijo, fugido de pessoas loucas por fotos com ele e agora que finalmente tinha o herdeiro apenas para ele, Charlie tentava chamar a atenção? Willy não queria mais ter que dividir o seu herdeiro, não queria mais ficar naquela festa e sentia o corpo ficando sonolento e de estômago enjoado.

- O que voc…

Charlie parou de falar. Willy lhe tapou a boca com a mão enluvada, os lábios vermelhos do chocolateiro tocavam as luvas que impediram o beijo, deixando a mente do herdeiro desesperada para saber o que era mais preocupante naquele momento: a) a embriaguez de Willy Wonka ou b) a proximidade de quase um beijo.

- Estrelinha, só me dê um minuto de paz, sim?

O herdeiro gemeu. A voz de Willy saiu abafada pela luva, mas clara para o herdeiro que estava tão pertinho dele.

- Oi? – Willy, ao contrário do herdeiro, não conseguia escutar, já que o herdeiro também não conseguia falar.

Charlie apontou para a mão enluvada. O chocolateiro retirou a mão dos lábios do herdeiro, mas a distância entre os rostos não diminuiu. Era possível, percebeu Charlie, beijar Willy era questão de um espasmo muscular.

Perceber isto deixou Charlie constrangido. Constrangido de per pensado isto, constrangido em ter Willy tão perto, constrangido por estar constrangido.

- Quer que eu lhe deixe só?

A careta de Willy respondia a pergunta, mas o chocolateiro ainda disse:

- Se eu quisesse ficar sozinho, não tinha lhe sequestrado para dentro desta cortina.

- Eu juro menina, escutei ele por aqui! Pelo menos aquele menino simpático que veio com ele.

Do outro lado da cortina, onde a festa acontecia como se nada estivesse acontecendo sob o tecido pesado da cortina, a senhorinha fofoqueira passava apalpando as cortinas. Ela jurou ter escutado, ou, pelo menos, sentido o cheiro de, Willy Wonka. A senhorinha jurava que poderia seduzir ele e assim se casar novamente, aos setenta e sete anos; e pela juventude e energia que ele tinha lhe mostrado, seria um ótimo amante também.

É que a senhorinha tinha visto Willy bem embriagado – depois de uma taça de licor de amarula, por menor que fosse a taça, Willy Wonka já estaria bem embriagado – e dançava rebolando junto com umas crianças que foram roubar comidas de adultos. Depois de ver ele mexendo o popozão, a velhinha se aproximou e o chamou para uma conversa forçada, onde conseguiu arrancar um beijo bem ardente do cavaleiro que trouxera os doces da festa.

Não tinha sido um beijo ardente, apenas o toque dos lábios, mas ela tinha bela visão deturpada e ninguém poderia mudá-la.

Era exatamente isto que Veruca Salt pensava ao ser arrastada pela senhorinha que apalpava as cortinas. A mente dela era deturpada demais para entender que ninguém ousaria se esconder sob as cortinas de uma festa. Até que ela viu Charlie ser puxado para dentro da cortina. Ai sim soube que a velhinha não estava tão maluca e que precisava, de uma forma bem sábia, ajudar os dois chocolateiros a ter um pouco de privacidade.

Willy também escutou a voz de sua abusadora. Um arrepio escorregou por suas costas, arranhando como garras de gatinhos, jogando-o na direção de Charlie, que prontamente agarrou a cintura de Willy, forjando um abraço protetor.

- W...

Willy tapou a boca do pupilo. Tinha os olhos arregalados por perceber que seriam descobertos, mas não percebia que a posição dos dois seria o mais comprometedor.

- Veja só o quanto andamos, senhora Poltys. – A voz de Veruca penetrou o tecido pesado. – Vamos tomar algo e voltamos a procurá-lo, sim?

- Mas ele pode fugir de novo… – Choramingou a velhinha.

- Acho que ele só passou mal. Ele é bem reservado, mas duvido que seja fujão.

A voz de Veruca foi morrendo aos poucos, sumindo como a buzina de um carro que ia à direção contrária. Willy suspirou, abaixando a mão para que Charlie falasse o que ele bem quisesse.

Mas o herdeiro arrancou a cartola do tutor, apertou o abraço e fez um cafuné bem relaxante no cara que tinha lhe salvado da miséria. Willy nunca gostou de contato físico com as pessoas, nunca gostou de estar cercado de muitas pessoas, mas nunca negaria Charlie.

Charlie era sua exceção.

E o pupilo não aguentava ver o chocolateiro tão estressado como estava. Não aguentava vê-lo tão tenso.

- O que você bebeu? – Sussurrou o mais novo.

- Licor de amarula. – O mais velho suspirou sob a carícia.

- Acho melhor irmos embora, então. – Willy ergueu os olhos. A festa tinha acabado de começar. – Você escutou a aniversariante, o senhor não está nada bem.

- Senhor é a...

Mas Willy calou-se rapidinho. O sorriso de Charlie foi ocultado pela bochecha do chocolateiro, que descaradamente era beijada pelos lábios finos e macios de Charlie.

Willy Wonka não se acalmou com aquele beijo, mas esqueceu-se completamente da festa e de qualquer problema que pudesse carregar nos bolsos da alma. Este era o poder de Charlie Bucket: fazer Willy vencer qualquer barreira.


Notas Finais


Hello. Teve cenas tentadoras, não teve? Eu mesma imaginei os dois se beijando ardentemente...
Popozão? Sim, sou das antigas, via banheira do Gugu logo depois do almoço, feiticeira de biquinho e chibata torturando os homens... E o termo deixava a cena cômica, pois em breve teremos grandes emoções na seção da tarde, com esta turminha do balaco baco!
Por fim, se você está acompanhando a fic ainda nos primórdios de seu lançamento, eu sei que estou com erros pesados no capítulo anterior, mas só vou arrumar depois. Estou tentando não perder o foco (podem deixar os pontos de erros que acharam, nos comentários. Me auxilia na correção).
Por fim, nos vemos mais cedo do que espero.
Bjs, abraços, aperto de mão e bye.


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