História O melhor amigo do meu irmão - Décimo Sexto Capítulo

Surgi no salão da minha casa, Alexis acenou e Aiden veio junto de mim – De certeza que não queres vir? – perguntou-me.

- Vocês vão a um encontro, claro que tenho a certeza que não quero ir. – repeti a mesma resposta pela terceira vez ao meu irmão mais velho.

- Mas, mas estás sozinha em casa. JK foi ter com uns amigos da Universidade e... – neguei com um gesto de cabeça.

- Divirtam-se. – sorri e levei uma nova colher cheia de gelado de morango aos lábios, o casal anuiu e despediu-se. Respirei fundo e sentei-me confortavelmente no sofá, procurei um bom filme para alugar pela internet e assim ocupar esta noite de sábado.
Ron continuava sem me dar resposta pois segundo o que ele havia dito horas antes, iria jantar fora e sair com uns conhecidos da zona onde seus avós vivem.

O rodar da chave na porta de casa fez-me olhar na direção do hall de entrada e então Jung Kyun surgiu ainda de saco de ginásio ao ombro. – Óh... olá. – cumprimentei-o – Aiden disse que saiu primeiro que tu do ginásio e que ias sair depois de terminar lá.

- Eu disse-lhe que era capaz de sair com uns colegas depois. – suspirou – Ele estava demasiado extasiado com o seu encontro com Alexis.

- Vens...agora do ginásio? – perguntei com receio pois via que ele usava uma blusa de alças, revelando bem seus músculos treinados, seus cabelos estavam um pouco húmidos nas pontas e as calças cinza eram de treino.

- Sim. Fui experimentar uma aula de combate por isso que vim mais tarde. – informou-me enquanto se aproximava e estudava minha posição, sentada de pernas cruzadas sobre o sofá, calções folgados vestidos e blusa de alças justa ao peito e claro...taça de gelado de morango em mãos.

- Não jantaste ainda. – falei e sorri após – Sobrou do jantar, felizmente fui só eu quem jantou pois o casal foi mais cedo. – elevei-me, confirmei que não havia dado “play” no filme escolhido e aproximei-me de JK – Aqueço-te o jantar? – quis saber.

- Amh...s..sim, por favor. – ele murmurou e seu olhar voltou a me observar de uma ponta a outra, corei imenso perante o facto de ser alvo daquele olhar atento – Vou então tomar um duche e não devo demorar. – disse-me e eu afirmei.

- Sempre vais sair com os teus colegas? – perguntei então – Desculpa meter-me mas...

- Pergunta o que desejares, Lís. – sorriu-me – Não. Vou ficar a te fazer companhia.

- Eu não tenho medo de ficar sozinha em casa. – brinquei.

- E eu realmente quero ficar por casa e... – olhou a tv – assistir aquele filme contigo. – anui ainda corada e afastei-me dele.

Observá-lo a jantar, decorar aquelas madeixas molhadas de seus cabelos e todo aquele jeito relaxado dele cativava-me, JK é tipo um vicio meu e mesmo tudo estando confuso para mim... olhá-lo só me deixava cada vez mais animada e a esperança começava a crescer no meu coração. Soltei um suspiro e fui recuperar minha taça de gelado do congelador, mal girei de volta Jung Kyun estava próximo, muito próximo – Quê? – pestanejei e tentei esconder meu rosto, de súbito, corado atrás da taça de gelado. Vi como ele alcançava a colher e roubava um pouco do gelado para si – Q..Queres uma taça? – perguntei timidamente e evitando captar a fixação do seu olhar.

- Não, obrigada. – respondeu e afastou-se até se dedicar em lavar e arrumar a loiça que fora utilizada no seu jantar.

Ele sentou-se a meu lado, olhei-o por mera curiosidade pois sentir toda aquela proximidade da parte de Jung Kyun não era, ainda, considerado normal no meu entender, pestanejei lentamente perante ver aquele modelo a usar óculos, aros redondos o que era estranho de ver mas no final acabava por ser engraçado – Tu usas óculos desde quando? – perguntei na minha total ignorância sobre aquele facto.

- Faz pouco tempo. – informou-me – Em alturas que esforço mais a minha vista acabo por cansá-la e por isso... – indicou seus óculos colocados – ficam estranhos, não é?

- Bem... – inclinei ligeiramente a cabeça – de algum modo mas acaba por dar-te um ar muito... – corei e silenciei-me abruptamente.

- Muito... – incentivou com um sorriso.

-...amh...muito querido. – bem, corada será sempre normal quando junto de JK, não é mesmo?

- Tens realmente gostado imenso de mim e por tanto tempo, sem nem pensar em desistir? – quis ser informado, suspirei e olhei a taça de gelado entre minhas mãos.

- Eu nunca irei conseguir ser... o suficiente para ti, sabes. – murmurei – Somos um pouco opostos. – pestanejei – Tu socializas com uma facilidade incrível ao contrario de mim, tens esse teu charme que acabou por te tornar famosos no mundo da moda fotográfica e... – humedeci meus lábios – eu sempre me sinto inferior. Eu... – JK retirou a taça das minhas mãos, pousou-a rapidamente sobre a mesa baixa do salão e puxou-me de súbito para si, fazendo meu corpo embater em si e por ato de conforto eu terminei sentada sobre seu colo, frente-a-frente consigo – JK. – minhas bochechas pareciam pegar fogo e eu tentei ao máximo não tomar aquele colo.

- Realmente vai ser complicado mas já estou preparado. Lís... – tocou meu rosto – jamais voltes a te sentir...inferior comparando comigo ou com quem for. – tocou algumas madeixas de meus cabelos – Não compliques as coisas nos teus pensamentos, ok. Apenas deixa-te levar. – inspirou profundamente – Eu consigo perceber todo o teu medo e necessidade de te manteres em “local seguro”, Aiden tem-me atormentado ultimamente desde que percebeu tudo. – sorriu suavemente – Temos que deixar acontecer primeiro antes de decidir se é bom ou correto... – deslizou com suavidade o seu indicador direito pelo meu lábio inferior e eu realmente já começo a me sentir demasiado nervosa mas eu tenho que me esforçar e acreditar que também sou capaz de lidar com estas coisas.

Uni minhas mãos às faces dele e tomei coragem de ser eu quem começava aquele beijo, um beijo tão saboroso e indescritível, Jung Kyun circundou-me pela cintura e fez-me aconchegar mais contra si mesmo e um beijo desenvolveu-se para tantos mais.

Seria difícil de explicar mas vamos ver: depois de vários beijos, JK e eu acabamos por tomar nossos lugares originais naquele sofá e assistir aquele filme mas quando este se aproximava do final, senti o peso da cabeça do melhor amigo do meu irmão sobre meu colo e assim ficamos, sendo que eu havia aproveitado para acariciar de modo cauteloso os cabelos dele; agora olhava suas feições adormecidas enquanto os créditos finais do filme chegavam ao seu final, sorri não sei porquê e devo ter memorizado cada milímetro daquele rosto. Puxei seus óculos com cuidado e acariciei seu rosto – Jung Kyun. – falei seu nome num tom suave – Nunca que conseguiria carregar-te para a cama portanto... – ri-me ao perceber que ele se movia preguiçosamente – acorda. – pedi-lhe até que ele despertou sem grande vontade e bocejou após.

- Hum...adormeci de cansaço. – comentou e começou a elevar sua cabeça do meu colo, ficando novamente sentado a meu lado e encarou-me.

- Demasiadas horas de treino tem seus efeitos, deves sabe-lo. – ri-me e elevei-me do sofá.

Confesso que a minha noite foi dominada pela insónia, afinal, naquela casa só esteve eu e JK e Aiden nem sinal de retorno, rodei em minha cama tantas as vezes quanto possível e por pouco não tomei caminho em direção ao chão; que nem uma idiota deixei-me levar por minha fértil imaginação então imaginei Jung Kyun deitado na sua cama singular, peito nu e destapado pois o calor daquela noite fora pavoroso, relembrei seu rosto adormecido e imaginei tanta coisa que me deu até vergonha. Como era possível alguém inexperiente como eu ter tais pensamentos e imaginar tais coisas, ah...

Sorri timidamente, Ron olhava-me atentamente, estávamos ambos numa esplanada de café próxima da minha casa, soltei um breve suspiro e todo o meu corpo se esforçava para manter o contacto visual com o rapaz. Não estava a conseguir força na minha voz para anunciar a Ron que JK mostrara-se interessado em mim e eu queria testemunhar isso pessoalmente, queria confirmar se era real ou não mas...para isso iria ter que deitar por terra as esperanças dele para comigo. – Estou a tentar dar-te tempo Lís mas o teu rosto e incomodo físico estão a revelar tudo. – Ron falou então, ele não sorria como sempre, aliás...seu rosto estava imparcial, ele apenas me olhava mas não me demonstrava qualquer emoção de momento – Sendo que... – sua boca entreabriu-se – Lís? – sua expressão tomou imagem de preocupação e perceber o rosto de Ron turvo devido às lágrimas que haviam começado a escorrer incessantemente deitou todas as minhas forças por terra – Lís. – ele estendeu sua mão pela mesa mas não alcançou as minhas pois eu pousara-as sobre meu colo entretanto, Ron elevou-se de seu lugar e veio direito a mim, acocorando-se a meu lado e tomando minhas mãos, afagando-as com carinho e com a mão livre tentou limpar minhas incessantes lágrimas – Não precisas chorar, Lís. – sua voz suave e aconchegante como sempre tocou-me – Vá lá...ainda vou acabar por me sentir mal. – lamentou.

- Não! Eu...eu... – acabei por esconder meu rosto com minhas mãos – Perdoa-me, eu não queria... – solucei – eu nunca imaginei sequer que... – era impossível continuar a falar e assim explicar-me.

- Lís. – segurou minhas faces e obrigou-me a encará-lo – Eu percebo perfeitamente, não é necessários martirizares-te. –suspirou – Eu se estivesse no teu lugar iria fazer o mesmo. Se tens oportunidade com o teu primeiro e grande amor...tens que aproveitar, seja por muito tempo ou não.

- Mas eu tinha pensado em... – solucei de novo e Ron já recomeçava a limpar minhas lágrimas – em esquecer tudo e...tentar...tentar...gostar de ti de outro modo. Tu...

- Eí...shh... não chores, aperta-me o coração ver-te a chorar e mais ainda se for por minha causa. Vá lá... – começava a ter sucesso em secar minhas lágrimas – ah...tu realmente és especial, Lís. Eu espero bem que Jung Kyun seja correto contigo senão irei fazer a vida nele num inferno. – declarou.

- Eu não te quero magoar, não quero mesmo Ron. – apertei meus lábios e foi aí que ele se juntou mais a mim e me abraçou, o calor do seu corpo dominava o meu e aquele aconchego começou a me tranquilizar.

Um falso tossir quebrou nosso abraço e no brilho do sol observei JK surgir ao lado daquela mesa.