História O Melhor Amigo do Meu Irmão-ABO Universe. - Dez.

-Eu estou aqui...-Digo, a voz falhando severamente.

O rapaz se ajeitou e guiou seu olhar diretamente à mim. Prendi a respiração, ao ver seus olhos vermelhos e raivosos, direcionados ao meu rosto, capturando os meus olhos com os seus.

Ele usava um soco inglês em sua mão, que estava completamente sujo de sangue. Sujo com o sangue de Jihoon. Arrepiei severamente, quando vi que o homem andava em minha direção, devagar e sério, me olhando como se pudesse me prender com os seus olhos, e ele estava conseguindo isso com muito êxito.

Movo meu olhar e vejo Jihoon me encarando numa intensidade absurda. Ele estava visivelmente assustado, boca entreaberta e olhos arregalados. Sangue escorrendo pelo seu nariz, respiro fundo e sorrio pequeno, tentando aparentar calma, mas por dentro, estava mais nervoso e com medo que estive no dia em que pulamos do furgão em movimento.

“Vá embora! Fuja!”-Jihoon mexeu seus lábios, nessa fala. Mordo o lábio, voltando meu olhar para o homem, que estava quase em minha frente.

O homem para bem próximo de mim, quase colando-nos. Sua mão suja segurou com força meu queixo, levantando meu rosto, para encarar o seu. Fecho os olhos e deixo que ele analise minha face, soltando-me bruscamente depois de um tempo.

-Se parece muito com a foto...-Ele comenta rouco e baixo, abro os olhos, sentindo meu corpo estremecer e uma vontade imensa de chorar se apossar em mim.

O homem se aproxima e cheira meu pescoço, afastando-se minimamente. Sinto repulsa, quero me encolher e chorar, me enfiar dentro de um buraco e nunca mais sair. Quem ele pensa que é para ficar tão perto assim de mim? Meu corpo estava tenso, eu não conseguia nem formular uma frase. Meu queixo trêmulo, e eu só quero nesse exato momento que Jihoon me abrace e diga que não passou de um sonho ruim.

-Rosas vermelhas, é esse o cheiro?-O homem pergunta e um outro, lá no outro lado, responde um sim.

O alfa me pega pelo braço com força, me arrastando para o meio das pessoas. Sinto meus olhos marejados e fecho-os com força, sentindo aquele nó na garganta se formar e o desejo de ter fugido começa a gritar dentro de mim.

Caio ajoelhado no chão quando sou solto por suas mãos brutas. Abro os olhos e estou ao lado de Jihoon, que olhava para o chão, sério. O sangue escorria livremente por seus machucados, me dando um certo desespero. Olho para frente e o homem estava caminhando em direção a minha barraca.

-Taeil, por que você não fugiu?-Jihoon sussurrou, encaro sua face e ele ainda encarava o chão, seus olhos parcialmente marejados.

-Você ia morrer se eu fosse...-Sussurro de volta, a voz embragada e as lágrimas começando a sair de meus olhos.

-Eu vou morrer de qualquer jeito.-Ele disse e encarou a minha barraca, a sua voz amarga e séria me deu um calafrio.

-Eles não vão matar ninguém, eu vou falar para não matarem ninguém...-Soluço e olho para a cabana em expectativa.

-Eu vou morrer se ficar longe de você Taeil.-Ele sussurra e fecha os olhos desgostoso.

Meu coração se aperta, a intensidade do meu choro aumenta. Levo as mãos para meu rosto, tiro meus óculos, tapo os olhos e começo a soluçar alto, sentindo meu corpo chacoalhar e minha mente pesar. Minha mente gritava que Jihoon não podia morrer, que ele não iria morrer. Eu não posso viver sozinho, sem Jihoon comigo.

-Como é lindo meu Coelho Branco...-Uma voz melodiosa e calma soa perto. Jihoon rosna e uma gargalhada com a mesma voz.-Acalme-se Stalker... Ele é meu por direito.

Tiro as mãos do rosto, limpando as lágrimas e colocando meus óculos novamente. Foco meu olhar à minha frente e vejo que o homem de terno trouxe outro consigo. Este estava um pouco mais próximo de mim, enquanto o outro, estava bem perto de Jihoon. Levanto meus olhos lentamente, vendo o sapato social bem lustrado, a calça caríssima social preta que o homem vestia, seu blazer igualmente preto e caro, sua camisa de seda lilás, a bengala... O broxe de ametista. Ametista? Eu conheço de algum lugar alguém que usava um broxe de ametista.

Não consegui ver o rosto do homem, por conta das posições que nos encontramos, ele estava próximo demais e minha posição não favorecia o contato visual.

-Você o roubou de mim!-Jihoon rosnou e se levantou, fazendo-me encolher ainda mais no chão.

-Como és selvagem, sem pedigree e sem prodígio nenhum...-O homem comenta calmo.-Não sou um animal para brigar com você.

-Você não acha melhor uma luta até a morte para ver quem fica com ele?-Jihoon propõe e eu tremo por completo. Ele é louco? Ele está acabado.

-Lee Taeil não é troféu.-O homem responde simples e Jihoon rosna mais uma vez.-Venha querido Coelho Branco, estás lindo demais para ficar neste chão.-Uma mão muito bem cuidada e pálida é oferecida à mim.

Olho para Jihoon que estava com o maxilar travado em pleno ódio, olhando para o homem de terno. Me levanto sem o auxílio da mão pálida, pondo-me ao lado de Jihoon, segurando seu braço. Sua pele estava quente em raiva, eu podia sentir seu sangue correr absurdamente rápido em suas veias.

Viro meu rosto e vejo finalmente o homem alto e elegante que me ofereceu a mão. Seu rosto delicado, abrigava lábios cheios e vermelhinhos, um nariz fino e muito bem desenhado, seus olhos são cheios de expressão e me olhavam com carinho. Seus cabelos negros estavam bem colocados por sua testa, me impossibilitando de ver sua sobrancelha. O que mais me impressionou, foi sua pele pálida e bem delicada, sem nenhuma imperfeição.

O homem me olhava com uma sede palpável, como se eu fosse algum tipo de droga. Me encolhi mais sobre o corpo de Jihoon, quase me escondendo atrás de si. Meus olhos não paravam de mirar os olhos escuros do homem, que sufocava cada partícula de mim com seus olhos sedentos.

-Se não vier comigo, Jihoon irá sofrer, querido.-Sua voz mansa soou, sua cabeça tombou para o lado, me analisando crítico.

Engulo seco e desprendo os meus dedos da pele de Jihoon, soltando-o aos poucos. Abaixo a cabeça e respiro fundo, criando coragem para caminhar até o homem de terno. Senti-me nu quando me soltei completamente de Jihoon. Olhei mais uma vez para sua face e ele me olhava num misto de tristeza e medo. Quero sumir, morrer..

-Está apaixonado pelo Stalker?-A voz agora era um tanto quanto magoada. Rompi nossos olhares, sentindo meu coração pesar uma tonelada.

-Não.-Disse. “Na verdade eu o amo” , completei na minha mente.

-Oh sim!-Diz esboçando um sorriso e, Deus! Como alguém consegue ser assim?-Então, vamos?-Ele pergunta, lançando-me mais um de seus sorrisos.

-Me promete que você não vai machucar ninguém, por favor...-Digo e ele arregala os olhos.-Se prometer, eu vou com você.

-O que eu poderia fazer à eles?-Perguntou com um tom inocente.

-Eles me ajudaram muito, eu vim parar aqui porque estava muito doente... E eles me salvaram-Digo, me referindo à quando Jihoon e eu viemos para cá.-Não faça mal a ninguém, por favor.

-Tudo bem, não faremos mal à ninguém...-Ele diz e eu sorrio mínimo, olhando para as minhas mãos.

-Então acho que é isso...-Digo baixinho, sentindo meu coração ficar em pedaços.-Até mais...-Levanto meu olhar, encontrando-o com o de Jihoon.

Meus olhos marejados viam os olhos dele de tristeza. Esbocei um sorriso e vi seus lábios se comprimirem e seu olhar se tornar sério mais uma vez. Virei-me para o homem mais uma vez e sorri, começando a caminhar consigo, para longe daquele lugar. Para longe de Pyo Jihoon.

Agora eu teria que colocar tudo o que eu planejei em prática, sozinho. Mas o mais difícil vai ser dormir à noite sem Jihoon...

^-^

Fomos de helicóptero para onde o meu “noivo” mora. Ele tentava puxar papo comigo mas meus pensamentos só estavam num lugar e em uma pessoa: Na aldeia e em Jihoon.

Era difícil para mim pensar que agora eu viveria longe dele, para sempre. Mas eu teria que fazer isso, afinal, ele morreria, e todos da aldeia também. Não poderia deixar pessoas morrerem por uma vontade egoísta minha de viver um amor, um maravilhoso e devastador amor com Pyo Jihoon, no caso.

Foi bom o tempo que ficamos juntos. Cada beijo, abraço, carinho, olhar. Cada coisa que compartilhei com Pyo Jihoon sempre vai estar grudado em mim e em minh’alma, afinal, somos marcados... Mas meu noivo não pode saber, se ele souber... Eu nem sei o que vai acontecer.

E é agora que as coisas voltam a ser como antes. Conduta, regras, submissão e tudo o que eu era antes de Jihoon, antes de ser feliz.

Suspiro, este quarto grande e luxuoso não é nada comparado a minha barraca. Essa cama espaçosa não tem valor nenhum perto daquelas peles e lençóis, no qual eu me emaranhava com Jihoon. Essa vida não tem valor nenhum comparada a vida que eu tinha até algumas horas atrás... Quando Jihoon ainda estava comigo.

Eu quase não o sinto mais, eu não sinto mais sua raiva, seu medo, sua tristeza, seu aborrecimento ou qualquer outro sentimento que senti quando deixei a aldeia junto de Ahn Jaehyo, que me falava a cada 2 segundos que eu fiz uma boa escolha e que agora eu seria feliz, que agora eu seria uma pessoa digna e que agora eu seria amado.

Mas eu sei que eu era feliz, eu era digno e era muito bem amado quando estava com Jihoon. Nunca achei o contrário e nunca pensei nisso quando estava com ele, porque ele me mostrava o quanto eu era amado, e me fazia feliz. Dignidade nunca me faltou, então, nunca me preocupei.

Deito na cama que não tinha o cheiro de Jihoon, tento acalmar meu coração que está afobado, dolorido e completamente em pedaços. Eu não sabia que ficar longe de Jihoon seria tão ruim para mim assim.

Sinto meus olhos marejarem e eu me permito chorar mais uma vez nesse doloroso dia. Deixo que meu corpo se embale nos soluços baixos e que a minha saudade de Jihoon grite e escorra por meus olhos. É tão doloroso. Tão ruim... Por que eu me apeguei tanto? Por que eu me tornei tão dependente de Jihoon assim?

Eu nunca mais irei vê-lo. Nunca mais irei senti-lo. Nunca mais serei amado. Agora só serei um objeto de uma pessoa vazia.