História O Menino da Casa ao Lado - Chapter IV

Greenville, New Hampshire

12 de Julho de 2015

Com o passar dos dias, o Menino Misterioso e Alissa se tornavam cada vez mais próximos. Diariamente eles se reuniam para brincar ou apenas para jogar conversa fora. Á medida em que ia ganhando confiança, o Menino Misterioso se abria mais com Alissa. Ela descobriu que seu nome era Cory Williams e tinha 9 anos. Martin e Elizabeth Williams, seus pais, moravam a poucos metros da casa de Ivie e acabaram se tornando amigos próximos da mulher.

Ao perceber vozes vindas do quintal, Ivie se dirigiu ao lado de fora da casa para ver quem falava com Alissa. A mulher então se surpreende quando encontra sua sobrinha conversando sozinha no quintal.

- Alissa? Com quem você está falando? – perguntou a tia preocupada

 - Com o meu amigo, tia. – responde a menina sorrindo para Ivie

- Que amigo? Não estou vendo amigo algum por aqui. – pergunta a tia confusa

- O Cory. Como não pode vê-lo? Ele está bem embaixo do seu nariz. – Alissa acha graça

 - Que Cory? – Ivie agora se sentia desconfiada e insegura, como se um garotinho inofensivo de 9 anos pudesse machucá-la

 - Cory Williams da casa 13. Aquele menino que mora aqui perto. Ele me disse que você é amiga dos pais dele.

A mulher estaca em seu lugar e por um momento parece se desligar, mostrando-se totalmente alheia ao que acontecia ao seu redor.

- Tia?

- O-o que? - perguntou Ivie aparentemente aérea

- Você está bem?

- Si-sim, estou... Vem Alissa, entre logo antes que chova. – disse Ivie se aproximando mais da garota

- Mas não está com cara de que vai chover. – Alissa olhava para o céu, confusa. Tentou enxergar nuvens escuras anunciando uma chuva, mas se deparou apenas com um céu claro e ensolarado.

- Apenas me obedeça e não faça perguntas!

A menina assentiu, se despediu de Cory, o Menino Misterioso, e correu para dentro. Preocupada e com medo, a jovem decide não fazer mais perguntas e sobe para o quarto de hóspedes. Ao subir as escadas, Alissa ouve a porta dos fundos bater atrás de si.

O que poderia ter mudado tão repentinamente o comportamento de sua tia? Por que ela agiu daquela maneira tão estranha? E o mais intrigante: por que ela não viu Cory? Cory era uma criança pequena, como qualquer menino de sua idade, mas não ao ponto de não ser visto por ninguém.

Perdida em devaneios, Alissa não percebe quando Ivie bate à porta e se assusta com sua presença quando esta se senta ao seu lado, na cama.

- Como você está? – pergunta Ivie

- Bem. E você? Como VOCÊ está? – perguntou Alissa dando ênfase ao ‘’você’’

- Bem... Também.

- Tem certeza? – a resposta de Ivie pareceu não convencer nem um pouco a sobrinha

- Alissa... Me prometa uma coisa? Por favor? – Ivie agora segurava as mãos de Alissa com força

- Sim tia, pode falar.

- Não fale mais com esse tal Cory, ok?

- Por que? O que ele fez de errado?

- Apenas não fale mais com ele. Você pode fazer isso?

- P-posso... Acho que posso, mas... O que ele fez de tão grave? Você não é amiga dos pais dele?

- É uma longa história que não posso te contar agora, está bem docinho? Isso é pela sua segurança. Esse menino não é uma boa pessoa. Ele é traiçoeiro e pode contar mentiras para você. Não acredite em nada do que ele tenha falado.

-Tá, está bem...

- O que ele falou para você, Alissa?

- Nada. Nada demais.

- Tem certeza? – a tia encarava os olhos da sobrinha com desespero

- Sim, tia. Ele apenas me falou que o nome dele é Cory e que os pais dele são seus amigos. Há outras coisas também, mas não sei se devo contar.

- Outras coisas? O que?

- Ah... Ele me contou que os pais dele brigavam muito e que Martin era mau, mentiroso e machucava a esposa. Ele me parece uma criança bem triste. Isso é verdade, tia?

- Não sei, querida. Eles nunca me falaram sobre isso. Mas isso não é da minha conta, certo?

Alissa balançou a cabeça afirmativamente. Um silêncio denso e claustrofóbico inundava aquele cômodo. Para quebrar aquele silêncio sufocante, a jovem decidiu perguntar sobre aquilo que mais a havia intrigado.

- Você realmente não viu Cory, tia?

- Bom, eu não esperava encontrá-lo. Não foi uma surpresa muito agradável e... há certos momentos em que é melhor não vermos nada.

Em seguida, Ivie deu um longo beijo na bochecha de Alissa e saiu do quarto. Embora não tivesse encontrado respostas plausíveis para suas reais dúvidas, ela procurava resolver aquele enigma em sua mente. Cedo ou tarde ela o conseguiria.