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História O Menino do Quarto ao Lado - Jikook - Vaso Sanitário


Escrita por: BeTerrabaS_

Notas do Autor


Boa leitura<3

Capítulo 2 - Vaso Sanitário


Capítulo 2

Uma luz forte surge, fazendo meus olhos doerem, mesmo estando fechados. Abro os com dificuldade. Teria finalmente caído em sono profundo?

- Acorde Jimin, você passou o dia inteiro dormindo - Maldita voz, como queria parar de ouvi-la. Conseguia ouvir o som de Seung abrindo as cortinas.

- Me deixe dormir Seung - Cubro meu rosto com o cobertor.

- Meu trabalho é fazer você continuar vivendo, e isso não vai acontecer se continuar preso nesse quarto dormindo - Me descobriu.

- Então pare de trabalhar e me deixe morrer logo - Cubro-me novamente.

- Jimin, não diga isso - Realmente, disse algo pesado. Mesmo assim, é o que desejo - Por favor... Vamos dar uma volta. O que acha?

- Ok - Descubro-me.

Me levanto com dificuldade da cama. Recém havia acordado, mas já me sentia exausto. Tudo isso em decorrência de minha doença.

Coloco minha pantufa branca, meu presente de Natal do meu tio, posso dizer que ele não sabe como presentear as pessoas. Pelo menos é algo que uso todo dia. Não posso exigir muito, nunca fomos próximos, provavelmente a única coisa que ele sabe sobre mim é meu câncer.

Seung me ajuda a levantar da cama, fazendo-me apoiar em seus braços. Ela segura em meus braços até sair do quarto. Sinto firmeza em minhas pernas, o que me faz largar-me dela. Mesmo assim, fico perto da parede e com Seung quase colada em mim, caso caísse, teria onde me segurar.

- Onde vamos? - Pergunto enquanto caminhava, me surpreendo pois me sentia bem.

- O Dr. Choi quer falar com você - Sua expressão não era de felicidade.

- Pelo que seria? - Pergunto, mas internamente já sabia a resposta.

- Não sei, ele não me falou nada - Fez-se de desentendida.

- Eu sei que você sabe Seung - Não sou idiota, como eles acham que sou.

- Eu sei, mas não tenho autorização para te falar. Desculpa.

- Não precisa falar, eu já sei o que é.

Logo chegamos a sala do Dr., ela estava localizada no mesmo andar do meu quarto. Seung entra primeiramente, falando rapidamente com Choi. Poucos minutos depois ela me leva para dentro, me deixando sentado na cadeira do consultório do doutor, saindo logo em seguida para nós dar privacidade.

- Como foi a noite Jimin? Conseguiu dormir? - Perguntou o Dr. enquanto mantinha um grande sorriso no rosto. 

Odeio o fato que por ter câncer todas as pessoas parecem me tratar com felicidade infinita. Elas deveriam entender que fazendo isso elas não vão me curar, só me irritar pois me lembram da minha situação.

- Incrivelmente não acordei com enjôos ou qualquer outro sintoma da quimioterapia.

- Isso é devido ao fato que ela já não afeta mais seu organismo - Escrevia meu relato em minha ficha médica - Essa touca é nova? - Tenta trocar de assunto.

- Por que me chamou? - Pergunto diretamente, ignorando sua pergunta, não queria perder meu tempo.

- Por que quer ser tão rápido? Vamos conversar um pouco...

- Não - O interrompo, fazendo-o largar os papéis e não tirar os olhos de mim - Eu sei o motivo, apenas diga se estou certo ou não.

- O que você acha que é? - Se aproxima de mim.

- Você sabe muito bem o que é doutor. Quimioterapia não é mesmo?

- Infelizmente sim - Já sabia, mas ouvir da boca dele foi mais impactante que achei que seria - Pelo visto suas células são fortes.

- Já notei isso faz algum tempo... Por que me contou sozinho? Não teria que fazer isso com os meus pais juntos?

- Tecnicamente, como você tem 18 anos, já é maior de idade, então pode fazer suas decisões sozinho. Sua mãe não apoia isso, mas mesmo assim pediu para te informar pois ela e seu pai estão presos no trabalho.

- Que novidade... 

Desde que recebi o diagnóstico, a vida financeira dos meus pais tem sido nada instável. Quando dou uma recaída, preciso fazer muitos exames e tratamentos caros. Isso fez com que eles trabalhassem 24 horas por dia para eu poder continuar vivendo. Isso só é mais um motivo para eu querer não viver.

- Mesmo assim Jimin, você tem que ser forte! - Disse com convicção

- Forte? Eu não consigo nem levantar da cama sozinho - Me livro dessa ilusão de melhorar.

- Seja mais positivo Jimin. Se for pessimista nunca irá conseguir vencer a leucemia.

- Você tem razão Doutor Choi - Apenas concordo com ele para não ficar discutindo sobre algo que não vai levar a nada - Eu vou voltar para meu quarto agora, quero deitar - Me levanto sozinho. É tão bom me sentir mais forte, mas logo sei que isso irá passar se fizer a quimio.

- Aliás Jimin - Me interrompeu, fazendo-me parar na porta da sala - Hoje um menino irá ser internado aqui, acho que vocês deveriam conversar.

- Como vou conversar com ele? Vou falar sobre o fato que nós dois vamos morrer por causa de nossas próprias células?

- Apenas não fale com ele sobre câncer - O Doutor tirou minhas palavras, apenas estava tentando arrumar alguma desculpa para não falar com ele e me deixarem ficar em meu quarto.

- Acho que vou para meu quarto. Daqui a pouco minha mãe chega - Me viro de costas para o Doutor, indo embora e o deixando sozinho em seu consultório.

Tenho que confessar, parte de mim está feliz por alguém ser internado. Finalmente vou poder conversar com quem não é pago para me manter em bom estado. Mas ao mesmo tempo sei que, se ele está aqui, não é por um bom motivo.

~•~•~•~•~•~

- Estou entrando - Disse Seung - Olha o que trouxe para você - Se aproximou segurando uma bandeja com o meu almoço.

- Comida? - Olho com nojo

- Você tem que comer - Puxou a mesa de rodinhas, a colocando em uma posição em que pudesse comer.

Abro o plástico que envolvia a bandeja. Um vapor logo sobe, a comida ainda estava quente. Noto que Seung ainda me observava.

- Pode ir embora - Digo a Seung enquanto cutucava algo que deveria ser um brócolis com um garfo.

- Eu sei que você joga a comida fora Jimin, vou ficar aqui para ter certeza que você irá comer - Se sentou na cadeira ao lado da cama.

- Eu vou comer, não precisa se preocupar - Digo de modo que ela pudesse confiar em mim.

- Não posso fazer isso - Ignora o que disse.

- Seung, eu tenho 18 anos, não precisa fazer isso, eu sei que tenho que comer para ficar forte e me curar rapidamente.

- Você tem razão, não tens 4 anos. Mas se lembre, quero esse prato vazio quando voltar - Levantou da poltrona - Qualquer coisa, estarei no corredor. - Saiu do quarto

Encaro aquele prato com comida. Nada parecia apetitoso ultimamente. São poucas as coisas que sinto o gosto.

Com uma colher, pego um pouco de purê de batatas, era o mais comestível. Ponho na boca logo em seguida. Só sentia um único sabor, ferro. Desde o início do tratamento só sinto isso.

Me levanto da cama. Verifico se alguém conseguia me ver pela janela do quarto.

Com a bandeja na mão, vou até o banheiro. Abro a tampa do vaso e jogo toda a comida ali. Apenas volto para a minha cama como se nada tivesse acontecido.


Notas Finais


Obrigada por ler<3


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