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História O Mestiço e o Vingador do Planeta Vermelho - A vingança é um prato que se come em outro planeta


Escrita por: SpiderFromMars

Capítulo 12 - A vingança é um prato que se come em outro planeta


Fanfic / Fanfiction O Mestiço e o Vingador do Planeta Vermelho - A vingança é um prato que se come em outro planeta

   Carregava em seu corpo e em seu sangue uma angústia sem tamanho, e o tempo que passou viajando pelo espaço só aumentou essa raiva que possuia sua mente e seu coração. Depois de vários dias percorrendo o caminho que já conhecia, Troan contava os segundos para chegar à Terra e reencontrar Diego. Tinha certeza absoluta que Kevin havia levado-o para lá.
   Sua ira aumentou em grande escala quando viu a Terra novamente. Azul, magnífica e bela, girava vagarosamente no espaço. Guiou sua nave precisamente ao planeta avistado e levantou-se da cadeira onde, sentado, pilotava. Andou (tentando não passar perto do pólus desacordado) até uma pequena prateleira móvel e pegou várias armas daquele pequeno arsenal, instalando-as em seu uniforme. Retornou à cadeira e olhou pelo vidro, onde via o planeta bem mais próximo.
   A grande nave desceu até à superfície sem ser notada por ninguém, facilmente, já que a nave em questão estava com um avançado dispositivo de invisibilidade ligado. Sua vontade de encontrar o mestiço era tanta que saiu da nave como se não pudesse respirar dentro dela. Deparou-se com árvores e pequenos animais ao redor, notando que não foi ali que esteve da outra vez.
   Olhando para todos os lados com seus grandes olhos negros, não conseguiu avistar nenhum humano. Muitos pássaros que andavam com suas frágeis patas voaram ao sentirem os fortes passos de Troan, que queria fazer uma vistoria por ali para ver se encontrava alguém. Quando andava, sentia um desconforto nos pés. Arrancou o calçado danificado e o jogou fora. Sem nenhum sinal de vida humana nas regiões, retornou à nave, onde sentou-se na cadeira principal e ligou o computador de bordo. Diante dele surgiu um mapa holográfico da Terra e onde era a antiga Europa, viu um ponto vermelho piscar. Agora já tinha a exata localização de quem procurava. Religou a nave e, mesmo estando invisível, fez os animais por ali se afastarem.
   Em poucos minutos e já havia deixado o local onde, erroneamente, pousou. Sobrevoando o oceano Atlântico, via as águas profundas do mar ao mesmo tempo em que checava a aptidão de suas armas.
   A nave foi diminuindo a velocidade até parar completamente, ficando estacionada no oceano. O ex-líder de Redder sorriu como há muito não sorria. Viu ali perto, também flutuando, a nave que Diego usara para fugir. Quando abriu a porta de sua nave, não pôde esconder que sentiu um pouco de medo, mas seus objetivos ali eram maiores. Pulou no mar, jorrando muita água e, desengonçado, nadou até a outra nave.
   Mais uma vez sorriu, mas desta vez com uma alta gargalhada. Subiu no veículo que boiava e andou por ele com delicadeza. Notando que a porta estava aberta, sabia que o seu procurado já não estava mais ali.
   - É! Ele chegou aqui. Aquele covarde traidor!
   Enquanto andava com cuidado pelo local, deslizava sua grande mão vermelha pelas paredes da nave. Saiu de lá rapidamente, sem pegar ou mexer em nada, apenas nadou de volta à sua nave. De onde ele estava a praia era visível. Só alguns metros separavam-no das areias e poucos segundos foram suficientes para atravessar essa distância. Saiu da nave e a deixou invisível na orla da praia - sem saber que nesse exato momento o pólus acordava lentamente, faminto.
   Os quentes grãos de areia começaram a incomodar os seus pés nus. O alien correu e subiu em algumas rochas que embelezavam aquele lugar paradisíaco. Lá, começou a andar, onde agora caminhava em terra de chão. Algumas plantas e gramas refrescavam a paisagem, dando um ar verde ao ambiente.
   Uma longa viagem desgasta qualquer um, mas Troan se mostrava estar em plenas condições de andar. Não demonstrou, durante sua caminhada, cansaço ou sono.
   Sem parar de andar, olhou para o seu braço esquerdo, onde um mapa holográfico saía do seu aparelho eletrônico. Ele andava para onde o mapa apontava, sem medo de ser notado ou atingido por alguém.
   Andou, andou e andou, até que em certo ponto viu uma população em uma vila. Observou os cidadãos por trás de uma grande árvore, só então percebendo que estava dentro de uma pequena floresta. Enquanto espiava aquela população, viu e ouviu ao longe três grandes cães latindo. Amarrados em correntes diferentes, ladravam para o alienígena sem parar.
   Um deles era preto e tinha uma das orelhas cortadas - provavelmente resultado de uma briga. O segundo era menor, mas parecia ser mais forte do que o primeiro. Latia com tanta vontade que chegava babar. O terceiro cão era um típico pitbull. Era tão feroz ao latir que toda a sua medonha cara tremia. Seus olhos negros sem vida mostravam que uma só mordida poderia ser fatal, com seus dentes grandes, afiados e amarelos. O pitbull fazia força com o corpo para escapar e seus esforços para se livrar das grossas correntes foram compensados. Quebrou a corrente de aço ao meio e correu na direção da árvore em que Troan espiava a vila.
   Corria tão rápido que chegava a levantar algumas folhas do chão. Troan o encarava e não se mexia. Nunca tinha visto um animal daquele tipo, entao ficou sem reação. O feroz cachorro parecia estar perto do triunfo, e, enquanto pulava para matar o alien, foi surpreendido por um animal bem mais perigoso. O pólus apareceu e agarrou o pitbull e o dilacerou, comendo pela primeira vez carne de outro planeta.
   Ver o pólus ali assustou Troan mas para sua sorte o animal estava tonto e confuso. Ao olhar para trás, viu todas as pessoas da humilde vila encarando-o.
   Ali estava a oportunidade de começar sua vingança.
   Pegou duas armas e, como um maluco rejeitado, começou a atirar desenfreadamente. Pessoas corriam e gritavam enquanto eram massacradas. Troan ria discretamente das pessoas morrendo e sofrendo sem saberem o motivo. O pólus, aproveitando, corria e matava facilmente os humanos. "Enfim uma utilidade para esse animal", pensou o redder.
   Troan gostava do que estava fazendo. Era familiar. Perder o planeta e pessoas para opressores alienígenas sem saber o motivo. Ele sabia que aquilo era só o começo e que em seu plano estava incluído todos os humanos, o planeta e o mestiço.
   Andou até os corpos caídos banhados de sangue e admirou sua monstruosidade. Ninguém havia sobrevivido à sua chacina, a não ser alguns cães que insistiam em latir, mas esse problema foi logo resolvido pela criatura que vingava seu planeta.
   Em meio ao silêncio caótico daquela carnificina, ouvia-se um choro alto de criança. Troan olhou para o pólus um pouco afastado e via que ele saboreava carne humana. Andou na direção da voz com cautela, segurando uma arma pesada e, quanto mais andava, mais aquela voz infantil se tornava nítida. Andando entre corpos ensanguentados, ele finalmente encontrou aquela que sobreviveu. Apenas uma pequena menina; idade entre seis e oito anos; cabelos dourados; pele branca; um vestido rosa com enfeites de cetim.
   O choro da criança ficou ainda mais alto quando o alienígena vermelho, armado e sedento apresentou-se perante ela.
   - Por favor... - implorava a garotinha aos prantos, sentada ao lado do corpo morto de sua mãe. - ... Não... me mate...
   Quando olhava nos olhos brilhantes da menina ele pôde ver Redder chorando. Na cabeça da pequena ele via a cabeça de seus inimigos e ao redor, ele via tudo vermelho.
   - Crianças também morreram em meu planeta sem saberem o motivo! - argumentou e depois puxou o gatilho, matando a última pessoa daquela vila.
   Os sinais daquela crueldade estavam expostos. O ato desumano de Troan estava espalhado, com o vermelho se destacando para todos os lados. Corpos encharcados de sangue eram testemunhados pelas nuvens; o vento bailava, levando as almas das vítimas ao ritmo de uma triste canção; a luz do sol iluminava os corpos dos assassinados e, lentamente, tornava-se fraco, com nuvens negras aglomerando-se no ar.
   Troan, que já ia saindo daquele cenário macabro, sacou sua melhor arma quando sentiu aquela leve escuridão. Primeiro pensou que alguém pudesse ter sobrevivido, mas se enganou, pois não via ninguém. Depois pensou que fosse o pólus, mas também não era. O animal redder já não estava mais por ali. Tinha sumido. Não vendo ameaças aos lados, olhou para cima, vendo as nuvens bloqueando a passagem da luz solar. Aquilo incomodava-o. Em Redder não havia nuvens, nem chuva. O sol deles não parava de reinar nunca, o que era bom, já que o calor excessivo era essencial para a espécie.
   Fora o desaparecimento momentâneo do sol, nenhum outro perigo foi oferecido, então guardou as armas que tinha em mãos. Percebeu que era a hora de deixar aquela "cidade fantasma" e ir em busca do mestiço, fazendo crescer uma mancha negra dentro de si que estava louca por sangue, corpos e almas.
   Seus grandes pés deixavam pegadas na terra úmida pela qual andava e respingos de suor fluiam de sua testa e caiam no chão. Mesmo com as nuvens se formando, o calor ainda era muito.
   Sua jornada até o mestiço parecia longa. Planejava em sua mente milhões de formas diferentes de matá-lo, mas lá no fundo ele já sabia como. Tinha uma surpresa especial que acabaria, não só com Diego, mas com todos na Terra.
   Diminuiu os passos até parar completamente. Viu as nuvens se espalhando e se afastando, dando lugar ao grande sol.
   O sol já estava totalmente exposto de novo, magnífico e soberano, mas o clima ainda era instável. Voltou a caminhar, mais rápido, por entre árvores e entulhos empilhados. Os tijolos, telhas e madeiras espalhados por ali tiravam o ar verde da natureza.
   O sistema auditivo de um redder era um pouco diferente do humano. A parte externa tinha uma forma pontuda, o que fazia sua orelha ir até à altura de sua cabeça. Na parte interna, o ouvido era super delicado. Ouviam bem mais do que os humanos.
   Por onde ele andava agora o silêncio era absoluto. Sua audição funcionava em perfeitas condições.
   - Droga, acho que ele nos viu - sussurrou uma voz atrás de uma árvore.
   Troan já havia percebido os dois homens ali, mas quis ir lentamente. Andou até à árvore e, a poucos metros dela, parou.
   - Não precisam ter medo - gritou com a voz calma. - Podem sair, não vou machucá-los.
   Atrás da árvore os dois homens tremiam e depois de alguns segundos pensando, eles se revelaram. Com as pernas a tremer, andaram até Troan, sem disfarçar o medo absurdo que sentiam - mesmo que não soubessem o que ele havia feito na vila ali perto.
   - O senhor... vai nos matar? - perguntou um dos homens, evitando olhar diretamente nos olhos do alien.
   - Nao! - Troan falava com a voz mais pacífica e falsa do mundo. - Claro que não!
   - O que quer aqui? - perguntou o segundo homem, olhando nos olhos de Troan sem medo algum.
   - Estou aqui para fazer uma visita surpresa para um... amigo - respondeu. - Mas para isso, preciso saber de uma coisa. Quem é o líder deste planeta?
   Os dois homens trocaram olhares, temendo o pior. Um queria contar. O outro, nem tanto.
   - Lá na Vila... - dizia o primeiro homem.
   - Não conta! - interrompeu o segundo.
   Troan balançou a cabeça de um lado para o outro, mostrando estar insatisfeito.
   - Não, não, não, não... Esse não é o jeito de colaborar - ele tocou sua arma presa ao cinto, só para assustar. - Eu realmente preciso saber quem é que manda por aqui.
   - E para quê você quer saber? - questionou o segundo homem, sem medo.
   A falsa paciência de Troan chegou ao limite. Bancar o "cara bonzinho" não funcionou. Esse questionamento foi o ultimo que ele pôde suportar. A persistência irritante daquele homem fez Troan voltar a pensar como um maluco. Pegou a arma que tocava suavemente com os dedos e, com um tiro certeiro, fez um buraco de mais ou menos cinco centímetros na cabeça do homem que tanto o questionava.
   Deu uma última oportunidade ao rapaz que mostrou-se disposto a colaborar.
   - E então? Vai me dizer quem manda nessa merda de lugar ou não?
   O homem ficou ainda mais desesperado. Quase chorou.
   - Só... só tem duas vilas nessa região. Daquele lado - ele apontou para a esquerda - é a Vila Estrela. Quem manda lá e o rei Walter. Naquela direção é Vila Maresia. O rei de lá é Gabriel. Gabriel Guliver.
   Mesmo ao terminar de responder, ele temia olhar nos olhos da grande criatura vermelha.
   - Eu... posso ir agora?
   - Oh, onde estão os meus modos? Claro! Pode ir! - Permitiu que o homem corresse por alguns metros e depois disparou, fazendo um buraco em suas costas.
   Troan olhou para o norte, onde o homem indicou Vila Maresia. Checou o seu mapa holográfico mais uma vez e o pontinho vermelho piscava sem parar naquela direção, confirmando a localização do mestiço.
   - Então ele está com as autoridades locais... - ele riu discretamente. - Péssimo lugar para pedir abrigo.


Notas Finais


Prox. Capítulo: "Prédios iguais sempre caem."


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