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História O mestre e a Serva - Dry Martini


Escrita por: DanDelRey

Notas do Autor


Aos poucos os personagens serão introduzidos na história. Espero que gostem.

Capítulo 2 - Dry Martini


 

                Aquela era uma noite de sexta feira e o clima estava extremamente agradável. Eu trajava um corpete vinho e uma saia preta, curta e solta, minhas botas chegavam até os joelhos e negras como a noite. Como diziam: Eu estava vestida para matar.

                Eu observava de cima do mezanino enquanto as pessoas dançavam sob meus pés. Dali de cima eu conseguia enxergar absolutamente tudo: Os vícios as bebedeiras, os flertes e até mesmo a tentativa de transar no banheiro de uma boate. Em minha mão jazia um copo com marca de batom vermelho contendo Vodka com gelo e energético. Tudo acontecia como deveria acontecer, aquelas pessoas apesar de ricas, eram tão pobres de criatividade e sempre estavam fazendo as mesmas coisas da mesma maneira.

--- O que faz aqui em cima? --- Ouvi uma voz muito familiar me chamando.

                Abri um pequeno sorriso de meio de boca e respondi sem me virar.

--- Estava aqui pensando no ultimo suicídio que eu havia presenciado. --- Disparei contra o homem com a voz aveludada e forte, isso não era verdade. Eu estava refletindo sobre a existência pobre de todas aquelas pessoas.

--- Você nunca falha, não é mesmo? --- Ele segurou em minha nuca e o seu toque me arrepiou por completo.

                Girei meus calcanhares e me virei para ele. O seu toque em minha nuca já havia me dominado e mesmo que eu não quisesse me virar para ele eu não conseguiria resistir. Ele estava com uma camisa de botão vinho, e uma calça preta social, um sapato da mesma cor para acompanhar. Seu rosto tinha uma leve barba cerrada, o cabelo liso e preso com um coque no alto da cabeça e os olhos azuis claros.

                Eu sempre me gabei por conseguir domar todo e qualquer sentimento, eu era fria quando era necessário e nada me abalava. Eu sentia como se eu fosse a dona do mundo... Minha arrogância sobre os outros só aumenta enquanto eu os observava. Eu poderia ter todo e qualquer homem que me interessasse e nenhum deles eram um mistério e nenhum homem mexeu com meus sentimentos, eu estava sempre no controle da situação e me aproveitava da bondade de muitos rapazes. Mas esse homem com quem eu estava falando definitivamente não se encaixava nos padrões e ele era um verdadeiro mistério para mim.  

--- Bêbados viciados sempre são entediantes. --- Respondi enquanto tomava mais uma dose da minha bebida. --- Porque não está lá em baixo?

--- Vi você solitária aqui em cima e me preocupei. --- Ele gargalhou e pegou meu copo. Virou o resto da bebida e me devolveu o copo vazio.

--- Acabando com minha bebida? --- Respondi o encarando nos olhos.

--- Estava muito fraca, você deve beber alguma coisa um pouco mais forte... --- Ele me sorriu e aquele sorriso era maravilhoso.

--- Você sabe que a noite está apenas começando.

 --- Aproveite sua noite de folga. --- Ele me piscou o olho direito, virou de costas e desceu as escadas, foi questão de minutos para que eu o perdesse no meio da multidão.

                Às vezes eu trabalhava no bar da boate, eu gostava de ficar atrás do balcão com decotes generosos e maquiagem intensa. A cada gole de bebida eles me devoravam e minha vaidade só aumentava.  Eu era apaixonada pelos sabores que a noite me proporcionava, e eu não trocaria a loucura noturna por nada nesse mundo, nem mesmo pela calmaria de uma casa na praia. Meu lugar definitivamente era no meio do publico na selva de concreto. Eu queria luxo e prestígio, e tudo isso aquele monumento de homem me oferecia.

                O estabelecimento era extremamente luxuoso, o salão era grande e conseguia comportar algumas centenas de pessoas, havia lustres magníficos que ficavam pendurados, porém o ambiente não era claro, ele tinha meia luz o que fazia tudo ser ainda mais charmoso e requintado. No salão havia alguns postes de pole dance onde ficavam as bailarinas fazendo acrobacias no ar. Isso chamava a atenção de todos e a boate era conhecida por isso também. O bar era grande, tinha metros de comprimento e havia bebidas para agradar todo e qualquer paladar. Desde os mais fracos até os mais fortes, tínhamos Absinto da melhor qualidade.       As prateleiras de bebidas iam até o teto, eram iluminadas por faixas de led vermelha. Nessa boate apenas a elite da cidade a frequentava, com drinks extremamente caros e exóticos, os ricos da cidade se esbaldavam frequentemente. Apesar do preço eles eram fiéis a nós, e sempre voltavam pra mais.

                Ouvi barulho de passos na escada e quando desviei meu olhar para ela pude ver Gisela subindo devagar, ela estava com um grande copo de bebida na mão e estava visivelmente alterada. Ela sempre tentava me acompanhar nos Drinks mas ela nunca conseguia. Coma alcoólico já foi o resultado diversas vezes.

--- Porque está aqui cima? O fervo está lá embaixo! --- Ela deu uma pequena cambaleada e os pés estavam tortos nos saltos, os olhos também ficavam cerrados, aquela cara típica de bêbada. E eu só me perguntava como que ela havia conseguido subir a escada sem cair.  

--- Calma! Eu preciso observar os hábitos das minhas presas antes de atacá-las. --- Disse sorrindo E ele foi se aproximando com certa dificuldade.

--- Eu sei exatamente quem você procura e observa aí de cima. --- Ela disse sorrindo e se apoiando na grade ao meu lado.

                Naquele momento o homem com o coque e olhos azuis estava no meu campo de visão novamente, e todo o seu charme e elegância chegava a tirar meu fôlego. Era como se ele roubasse todo o brilho do mundo para ele e compará-lo com qualquer homem que fosse, seria uma grande covardia.

                Lá estava ele, rodeados de pessoas como uma celebridade. Todo mundo queria beber um drink com ele, falar com ele ou tirar uma self com ele. Nosso empreendimento estava na boca da cidade e todo play boy gostaria de ter o nome na nossa lista de VIP, aquele sucesso era bem maior do que o esperado, eu estava feliz ali... Mas sentia muito falta da minha casa.

                Eu havia até me esquecido que Gisela estava do meu lado, afinal de contas, na presença dele ninguém mais importava e tudo perdia o encanto.

--- Cassandra! --- Gisela me chamou com o tom de voz elevado. Eu mal a ouvia, o som do ambiente estava realmente muito alto.

--- Desculpe, eu me distraí. --- Disse com um sorriso de canto para ela, ela pegou a malícia que estava em minha mente.

--- Observando ele?

                Os olhos famintos dos rapazes me devoravam pouco a pouco me enchendo de vaidade e luxúria.

O que eu sentia por aquele homem era algo carnal forte como eu nunca havia sentido antes.

--- Gisela, vá até o bar e me traga um Dry Martini? --- Olhei para Gisela que sorriu.

--- Não acredito que eu vou ter que ir até o bar novamente... --- Ela reclamou. --- Deu um trabalho pra eu subir, e eu vou ter que descer e subir essa droga de escada de novo?

--- Olhe: --- Mostrei o interior do meu copo. --- O que você viu?

--- Não tem nada aí. --- Ele disse séria.

--- Claro que não tem nada aqui, é justamente por isso que você vai descer e me trazer o Drink bem gelado e forte.

--- Cassandra, você é uma folgada mesmo. --- Eu sorri e dei uma piscadinha pra ele.

 

 

--- Você é muito persuasiva e sabe disso né? Eu só vou para lá porque eu tenho que pegar para mim também, meu copo já está secando.

--- Vai com calma, Gi. Você sempre exagera e depois vai embora dirigindo. Você acha que têm quantas vidas? --- Eu Debochava dela e ela me respondeu com sinceridade.

--- Meu anjo da guarda sempre me protege. --- Ela piscou um dos olhos e se virou em direção as escadas.

                Eu sorri comigo mesma, a ignorância muitas vezes era uma benção na vida das pessoas. Não saber o que acontece fora de seu mundinho te deixa protegido, uma vez que você descobre como sua existência é insignificante e que ninguém moveria um dedo para te poupar, sua perspectiva de vida muda totalmente. Esse era o motivo pelo qual criaturas místicas não eram vistas caminhando pela terra.

Como os humanos reagiriam se tivesse a certeza que seu colega de trabalho é um demônio que pode te manipular e arrancar sua alma a todo e qualquer momento? Era inconcebível e eu confesso que eu partilhava dessa mesma ideia, mas havia alguém muito próximo de mim que não gostava muito de seguir regras e adorava quebrar paradigmas.

                Essas pessoas vão para igreja, rezam para um Deus bom te proteger do Deus ruim, mas se vissem algo sobrenatural com os próprios olhos ficariam perturbados. E como disse anteriormente, havia alguém que não se preocupava com o protocolo e não fazia muita questão de disfarças.

                Eu continuava a olhar para o rapaz com a camisa roxa e os olhos azuis que me deixavam mareada. Aqueles olhos cor de céu eram tão misteriosos, eu nunca sabia o que se passava com ele, nunca consegui decifrar o que tinha em sua mente. Mas ele conseguia me ler apenas pelos meus gestos. No meu olhar ele sabia o que se passava comigo, eu era apenas um livro aberto para que ele lesse o quanto quisesse, enquanto eu tinha que me contentar com a sinopse de um grande Best Seller.

                No meio da multidão ele me olhou e sorriu para mim. Não sei até qual ponto ele sabia o que se passava comigo. Mas a tração física que nós tínhamos era algo inexplicável.  

--- Aqui está sua bebida. --- Gisela subiu as escadas aparentemente menos alcoolizada. Eu me virei para ela e dei de costas para ele que me olhava de baixo. --- Está super gelada!

--- Do jeitinho que eu gosto. --- Abri um sorriso de orelha a orelha e peguei a taça da mão. --- Realmente, está muito gelada. --- Bebi meia taça com um único gole, o liquido estava gelado, porém o teor alcoólico fez com que ele descesse queimando minha garganta.

--- Somos amigas há 3 anos e você nunca me contou sobre qual é a sua com ele...

--- Somos sócios e amigos de longa data. --- Respondi sem olhar nos olhos dela. Eu queria me virar para continuar o observando.

--- Amigos de longa data que moram juntos? --- Ela me olhou maliciosamente, querendo insinuar alguma coisa.

--- Dividimos o apartamento, Gi.

--- Vocês sempre estão colados, se ele sai você vai atrás. Se ele demora a voltar você vai atrás... Você sabe que eu sou sua amiga... Pode me contar qualquer coisa.

                Eu não sabia muito sem se era a curiosidade, a amizade ou a cachaça que estava deixando ela tão curiosa daquela maneira. Deduzi que foi um pouco de cada, afinal de contas, ela já havia me perguntado isso outras vezes. Eu encarei os olhos negros da moça de cabelos enrolados e cumpridos.

--- Nós nunca nem nos beijamos, se você quer saber. Não sei porque você não acredita no que eu falo, você sabe que eu não tenho pudores e que eu falo mesmo o que eu fiz e com quem eu fiz. Minha vida sexual é um livro aberto, não minto e nem nego uma transa sequer. Então leve fé quando eu digo que não houve nada. E outra, eu saio com muitos homens, como poderemos ter algum relacionamento assim?

--- Relacionamento aberto!

--- Sério Gi, se tivéssemos alguma coisa eu te contaria. Eu não escondo minhas transas de ninguém.

---- Isso você tem razão. --- Ela gargalhava enquanto bebia alguma coisa alcoólica num copo de plástico personalizado da boate. --- Você já me contou tantas coisas... --- Ela me olhou desconfiada. --- Mas eu não consigo compreender, você olha para ele com um olhar tão diferente... E ele faz o mesmo. Eu percebo a diferença na postura dele quando se trata de você. Por isso sou tão desconfiada. Vocês dão liga juntos.

                Ouvi as palavras de Gisela com todo o prazer do mundo. Sabe que ele me olhava com outros olhos foi uma das melhores notícias que eu poderia ter. Eu realmente não sabia muito bem quais eram minhas intenções com ele e nem o que eu sentia fisicamente por ele, porém eu sabia que era algum desejo maluco. Ele tinha algo que me atraía como um ímã, e eu não sabia direito o que dizer e nem quando dizer. Às vezes eu ficava totalmente boba em sua presença... Ele me deixava tensa, nervosa e às vezes sem palavras. E isso era algo tão inaceitável para mim... Eu não me permitia ser domada daquela maneira, mas ele era à exceção de toda e qualquer regra que eu havia feito em minha vida.

--- Gisela, o que você acha dele? --- Perguntei com um sorriso malicioso e ela me entendeu no mesmo instante.

--- Ele é aterrorizantemente lindo e sedutor.

--- Talvez seja por isso que eu o observe tanto. Faz bem olhar pessoas como ele... --- Disse tentando me justificar. --- Olhe nessa boate e me aponte um homem que seja mais bonito que ele.

                Gisela veio até a grade e eu me virei para a multidão novamente.

--- Eu duvido que vamos achar.

--- Nós temos que achar, Gi. --- Disse sorrindo e passando meu olho em todas as pessoas.  Era uma missão praticamente impossível e eu tinha noção disso.

                Eu o localizei mais uma vez, andando de um lado para outro, dessa vez ele estava com uma garrafa de Whiskey na mão e bebendo no gargalo, ele era sexy fazendo isso e não percebia. Minha boca encheu de água, era fato: Ele me dava água na boca. Desisti de olhar para o redor e foquei no meu principal, naquele homem que mais parecia uma criatura angelical.

                Ele ergueu seus olhos e nos achou no segundo andar, sem demonstrar nenhuma expressão ele começou a vir para minha direção rapidamente. E a cada passo que ele dava meu coração apertava ainda mais.

--- Olha quem observou que estava sendo observado. --- Gisela disse passando as mãos em meu ombro.

                Não demorou nem cinco minutos e ele estava no mesmo piso que eu.

--- Olá Gisela. --- Ele a cumprimentou com um beijo na mão.

                Gisela ficou tão lisonjeada que não sabia nem o que dizer. Preferiu sorrir e ficar vermelha, a simplesmente agradecer. Ainda constrangida ela girou nos calcanhares e foi em direção à escada.

--- O que faz aqui em cima de guarda? --- Sua voz era forte e doce ao mesmo tempo.

--- Você sabe muito bem o que eu estou fazendo aqui em cima. --- Sorri de volta.

--- Você sempre leva as coisas á sério demais. Não precisa de todo esse esforço. Ninguém vai fazer nada que não esperamos aqui.

--- Não gosto de dar sorte para o azar e você sabe disso. Eu fiz um juramento e eu jamais o quebrarei.

--- Você me enche de orgulho. --- Ele se aproximou e me deu um leve beijo na testa. Sua boca era tão macia que por alguns instantes eu queria senti-la na minha.

--- Não tem do que se orgulhar, eu estou cumprindo um juramento fortíssimo e que foi uma das minhas melhores escolhas. --- Olhei em seus olhos e senti uma onda de calor passando rapidamente por mim. Eu mal conseguia fazer uma frase... Parecia que as palavras estavam fugindo e eu sabia que esse era o efeito que ele causava em mim. Eu perdia o controle de meus pensamentos e atos quando ele está comigo.

--- Você é sensacional. --- Ele me disse mordendo os lábios e me levando a loucura.

                Sem aguentar olhar para ele e esconder meu desejo, pedi licença e fui até ao banheiro.

                Enquanto eu descia a escada percebi que os olhares masculinos da boate estavam em mim, olhei para a multidão e dei um pequeno sorriso. 



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