História O meu mundo Ice and Fire - Jaime I

Jaime I

Ela não era mais a mulher que ele conhecia, a mulher que ele amara por toda vida. A mulher por quem ele facilmente morreria. Ele se sentia enganado, traído, até mesmo estúpido. Ela sempre havia sido assim e só ele não percebera. Cersei, aos seus olhos, era a mulher que ele sempre havia amado, a única mulher com quem havia estado, ele era fiel, sempre fora. Ele devotou sua vida a ela. E ele achava que ela a amava na mesma intensidade, que o que realmente importava para ela era sua família,  seus filhos, uma ao outro. No fundo, Tyrion estava certo, não passara de um tolo apaixonado.

Mas os seus filhos estavam mortos. Todos. Ela não tinha culpa da morte de Joffrey ou Myrcella. Joffrey, que o deus o perdoe, não teria sido um bom rei. Poderia ser ainda pior do que Aerys e, possivelmente,  seus atos foram que o levaram ao seu destino.Jaime não acreditava que havia sido Tyrion, achava que a conspiração que levara a morte de Joffrey era muito mais elaborada e com objetivos muito claros. Podia apostar que os Martells estavam por trás, mas, de certa forma, ele acreditava que Tommem seria um rei melhor. Ele, assim como Myrcella, eram boas crianças.

Myrcella, sua filha, havia morrido em seus braços e ela sabia, sabia que era sua filha. Jaime nunca fora tão feliz e tão infeliz em minutos. Ela o amava, mas ela morrera ali, em seus braços. Ele nem teve tempo de amá-la como sua filha. O tempo se esvaiu, assim como seu corpo delicado desfaleceu por causa do veneno. Ele sabia mellhor, Myrcella havia sido assassinada por causa das dívidas de sua família, não se tratava apenas de Oberyn, era um dívida antiga,de seu pai, quando ele havia condenado Elia e seus filhos a um destino horrível. Trucidados pelo comando de Tywin Lannister. Ele tentara impedir,  mas Aerys não o escutara. Ele tentara, inutilmente, convencê-lo a levar princesa Elia e seus filhos para Dorne, mas o Rei achava que eles o manteriam seguro.

Mas Tommen não morrera pelos pecados se sua família,  Tommen poderia estar vivo. Ele morreu pela ambição de Cersei e por seu desejo de vingança e destruição. A mulher que ele observava, agora sentada no trono de ferro, lhe trazia uma imagem familiar, uma imagem que ele nunca mais imaginara ver. Talvez o que devesse ter sido queimado era o maldito trono e essa maldita torre. Talvez ele devesse ter deixado Aerys matar todas as aquelas pessoas. Como teria sido se ele tivesse deixado seu pai morrer naquela época. Como seria se ele mesmo tivesse morrido ali. Talvez Cersei tivesse tido uma vida normal, talvez nunca tivesse sido rainha. Talvez Tyrion pudesse ter sido o herdeiro de Casterly Rock. No fundo, tudo poderia ter sido evitado se ele, se ele nunca tivesse se tornado um regicida. E agora, agora, talvez a história se repetisse.

Ele não reconhecia mais aquela pessoa. Quando ela contou, feliz, que todos os seus inimigos haviam ardido nas chamas. Todos aqueles que  haviam ridicularizado ela tinham sido consumidos pelas chamas,  seus olhos brilhavam. Até mesmo a morte de Tommen, nada. A mulher que ele amava não estava mais ali.

- Cersei, o que aconteceu aqui?

- Eu me vinguei, foi isso o que aconteceu. Eles não iriam me humilhar novamente. O pardal se achava mais esperto do que eu,  aquela vadia Tyrell, achava que podia manipular o meu destino. Eles achavam que iriam me vencer,  mas eu sou filha do meu pai,  eu sou uma Lannister,  e eles não podiam me derrotar. Niguém nunca mais irá me humilhar.

- Eles convenceram Tommen a não permitir julgamento por combate, então, bom,  eu mudei as regras do jogo. Até o mesmo o maldito do Tio Kevan estava ao lado deles. Bastou o nosso pai morrer para eles acharem que tinham poder. Aqueles vermes! Eles pensavam que nós não tínhamos poder, meu amor! Eu mostrei para eles do que os Lannister são feitos. Nosso pai pode estar morto mas, nós, somos os seus herdeiros. Eu não serei mais peão de manobra, uma peça para alcançar fins. Eu sou a Rainha. E eu mostrei isso a eles.

- E o que aconteceu com Tommen? Ele estava no Septo? Você queimou o nosso filho também?

- Claro que não! Não fale um absurdo desses. Eu jamais, jamais faria qualquer mal ao nosso filho. Eu o amava. Ele estava seguro em seu quarto. Mas ele era fraco, Jaime. Muito fraco. Se ele fosse ao menos um pouco mais parecido com Joffrey. Ele se atirou da janela por causa daquela maldita Margaery. Eu havia dito isso para você,  suas mortalhas seriam douradas.

- Ele era bom,  Cersei. Melhor do que Joffrey. Mas ele era um menino, perdido e acuado. Como você não pensou nas consequências do seus atos. Essa coroa era tão importante assim para você?

- Essa coroa significa tudo o que eu perdi. Tudo o que nós sofremos. Nós nunca pudemos viver o nosso amor, Jaime. Eu fui obrigada a casar com aquele maldito gordo bebado. Eu quase fui obrigada a casar novamente por alianças. Eu perdi tudo,  tudo o que eu tenho essa é a coroa. E eu vou queimar os sete reinos se for preciso. Eu vou destruir todos que se opuserem a mim. Qyburn já está providenciando mais Fogo Vivo. Fogo é poder, e não existirão Starks, Tyrells ou Targaryens no meu caminho. Eu destruirei tudo antes de entregar esse trono. Essa vadia que está atravessando o oceano agora não terá reino para governar em Westeros, eu destruirei tudo se for preciso.  Fique certo disso, meu amor!

Ele não confiava mais em Cersei. Ela estava louca, ele sabia. Ele não esperou, ele sabia melhor, se ficasse,  ela o prenderia. Percebeu quando o Montanha se aproximava. Pediu para que Bhron preparasse o seu exército e o levasse,  mais cedo mesmo, para fora de Porto Real. Alegou a sua irmã que deveriam estar preparados para marcharem para o Norte ou Campina, fizera isso para justificar que não estavam mais na cidade. Ficou com alguns guardas e utilizando passagens secretas, assim como Tyrion fez, fugiu da cidade que por muitos anos protegera. Fugiu da mulher que amara mais do que tudo mundo. Fugiu sem saber para onde ir. Fugiu e foi atrás da única pessoa que ele sabia que tinha honra e em que poderia confiar.