História O meu professor de química - Primeiro dia de aula

- Malia, acorde, querida! - Ouvi com dificuldade a voz de mamãe. Senti suas mãos delicadas apertarem levemente meus ombros.

Soltei um gemido, virando para o outro lado e cobrindo minha cabeça com o cobertor. São 6:00 da manhã e eu não estou nem um pouco afim de levantar para ir para escola.

- Mãe, o que vai ser o café da manhã? - Niall escancarou o porta do meu quarto. Privacidade para quê, né?

Soltei outro gemido abafado pelo lençol. 

- Panquecas com mel - ela respondeu. - Malia, acorde já! A menos que me apresente um bom motivo você não irá faltar aula hoje.

Senti ela levantar da cama e se afastar. Ouvi a porta do meu quarto bater e do lado de fora Niall perguntar: E para beber vai ser o que?

Afundei o rosto no travesseiro e gritei. Hoje é o primeiro dia de aula. Estou no último ano escolar, graças a Deus. Não posso mentir, estou um pouco ansiosa para me formar, porém ter que ir as aulas para conseguir isso é frustrante. Não que a minha escola seja chata; ela até que é legal, tem pessoas bacanas, tem professores bacanas e todos os meus amigos estão lá. É que acordar cedo e ter que fazer coisas escolares não é tão legal assim.

Me levantei da cama e caminhei para o chuveiro. Girei a maçaneta e deixei a água gelada cair sobre meu corpo. Odeio água quente, além disso, ela resseca a pele.

Professores. Será que algum deles será trocado? Eu amo as aulas do professor de história, do professor de matemática e da de inglês. Esses três são os melhores professores da vida. Detesto química, simplesmente não consigo entender. Além disso o professor é entediante, e ano passado ele disse que nos veria esse ano. Ou seja: mais um ano com o professor Thunder. Será que esse é um bom motivo para minha mãe me deixar faltar a aula?

Desliguei a água e amarrei a toalha em meu corpo. Pessoas ricas usam roupões, eu uso toalhas.

Segui para o meu guarda roupa e o encarei. Procurei meu uniforme e logo o vesti. Minha escola exige o uso do uniforme, mas eu não posso reclamar, ele é lindo. Para garotas é uma saia com um tipo de blaser, para garotos uma calça cáqui e o mesmo blaser. Calcei meus tênis e desci.

Mamãe e Niall estavam sentados na mesa me esperando para tomarmos café.

- Bom dia - os cumprimentei.

Niall levou uma panqueca a boca.

- Bom dia - respondeu de boca cheia.

Mamãe o olhou feio. Ele deu de ombros e engoliu.

Assim que terminamos o café, nos despedimos da nossa mãe e entramos no carro de Niall. Observei o painel do mesmo e bufei.

- Uma injustiça você ter carro e eu não. Isso é machismo! 

- Machismo nada. Eu ganhei o carro porque eu passei de ano sem ir para recuperação. - Deu partida e me mostrou a língua.

- Todo mundo sabe que eu não sou boa em química.

Resmunguei e Niall me ignorou. Batucou os dedos no volante e eu liguei o som. Começou a tocar uma música antiga e nós cantamos até chegar na escola. Descemos do carro e caminhamos até o nosso grupo de amigos. Eu e Niall sempre fomos muito próximos, apesar das brigas que todo irmão tem, somos melhores amigos.

- Oi gente - murmurei me jogando ao lado de Harry, que apoiou a cabeça em meu ombro.

- Oi - responderam.

- Qual é a primeira aula de vocês? - Lily, minha melhor amiga e a única garota do grupo tirando a mim, perguntou.

- História - Niall, Harry e Zayn falaram juntos, comemorando.

- Matemática - Liam disse, frustrado por fazer essa aula sozinho.

- Química - fiz cara de vomito.

- Eu tenho química também - Lily sorriu para mim.

Ouvi a campa bater e cada um foi para a sua sala. Entrei e encarei as carteiras. Eu quero chorar!

Escolhi a fila que marcava o meio da sala e sentei na terceira cadeira dessa fila, Lily sentou-se atrás de mim. Virei para ela e começamos a conversar sobre tudo.

- Desculpem o atraso - ouvi uma voz um tanto fina e jovem soar. Essa não é a voz do professor Thunder.

As pessoas começaram a falar afobadas e logo o som de vários sussurros e múrmuros invadiu meus ouvidos. Lily abriu um pouco a boca, surpresa, e eu virei para frente querendo ver quem estava na sala.

- Eu sou Louis Tomlinson, o novo professor de química. Eu leciono a dois anos e sempre fui muito bem elogiado. - Gabou-se com um sorriso brincalhão e a turma riu.  Ouvi alguns arfados e eu desviei o olhar para a turma, vendo que algumas meninas estavam eufóricas. 

Que que tá acontecendo?

Olhei para o homem a minha frente. Braços repletos de tatuagens, olhos azuis, cabelos bagunçados. Ele usava uma camisa com um jeans e vans. Ele é tão lindo. Tão sexy e tão gostoso. Seu cabelo estava solto, sem nenhum gel. Sua camisa era preta, assim como a calça e o tênis.

- O que ouve com o professor Thunder? Ele disse que nos veria esse ano - Lily perguntou.

- Ele resolveu se aposentar. - Respondeu e desviou o olhar para mim, fitando-me por um tempo. Abaixei a cabeça, intimidada por seus olhos azuis. - Vamos fazer aquelas apresentações clichês que tem em filmes? Vocês falam o nome de vocês e o que acham da matéria.

Todos assentiram entusiasmados com a ideia de ter um novo professor.

- Comece você - apontou com a cabeça para um garoto do fundo. 

- Sou Marco e eu não gosto de estudar - confessou e todos caíram na gargalhada.

Observei meu professor rindo. Os dentes perfeitamentes brancos brilham como um diamante. Ele balançou a cabeça um pouco para o lado e eu desviei o olhar para os alunos.

- Quem quer ser o próximo? - Perguntou.

- Eu, senhor Tomlinson - Ashley, uma garota popular falou. - Eu sou a Ashley e eu amo química - passou a língua entre os lábios discretamente.

- Legal isso. E você? - Apontou para mim. Uma parte de mim gargalhou quando ele a ignorou. 

- Hm. Eu sou a Malia Horan. - Respondi acanhada. Seus olhos azuis me penetravam, como se quisesse saber tudo sobre mim. 

- Você gosta de química, Malia? - Sentou-se sobre a sua mesa.

- Não, senhor Tomlinson. Eu sou péssima em química. 

- Então teremos que mudar isso. - Lançou-me um último olhar e então mudou o foco. - Você - apontou para outra pessoa.

Cinco minutos depois de todos os alunos falarem um pouco sobre si a campa bateu. Louis pegou sua mochila - que não precisou abrir quando chegou - e a jogou sob os ombros.

- Malia? - Levantei a cabeça quando ouvi sua voz chamar meu nome. O olhei piscando rapidamente. 

- Eu.

Ele abriu um sorriso: - O diretor me pediu para pegar umas cópias na sala das impressoras, com uma moça chamada Amy... - a expressão dele se resumia em confusão.

- Anne - o corrigi com um sorriso mínimo.

Seu rosto suavizou.

- Isso! Mas eu não sei onde é. Você pode me levar até lá? - Ele perguntou me encarando intensamente com seus brilhantes olhos azuis.

Não.

- Sim - e abri um sorriso.

Levantei da cadeira lançando um olhar nervoso para Lily. Se era para eu ficar constrangida, por que eu aceitei?

Caminhamos até a saída com olhares queimando em nós. Ashley se meteu em nossa frente, os dedos enrolavam madeixas de cabelos.

- Até a próxima aula, professor.

- Até, Ashley. 

Ele deu um sorriso educado, abrindo a porta e saindo junto comigo.

Contei até três e cocei a garganta, lenvantando o olhar dos meus tênis para meu professor.

- Posso fazer uma pergunta?

- Tem haver com a matéria? - Ele me olhou curioso.

Fiz careta.

- Não. 

Ele riu.

- Vá em frente.

- Quantos anos você tem? 

Ele me encarou entretido, como se eu fosse uma piada engraçada. Ruborizei. Ele deve estar achando que eu estou afim dele. Eu não estou afim dele. Apenas o acho bonito. E gostoso.

- Vinte e cinco. - Assenti, focando meu olhar na mancha preta causada pelo uso frequente do meu tênis. - Por que a pergunta? Está interessada? 

Arregalei meus olhos, repreendendo a vontade de o encarar. A voz dele soou divertida, mostrando que a pergunta não passava de uma brincadeira. Engoli em seco, parando ao lado de uma porta.

- Aqui é a sala das cópias - murmurei encarando seu rosto.

- Obrigado.

Fiz um sinal de joinha, girando os tornozelos e voltando para a sala de aula.

No caminho me veio a cabeça a forma como meu professor me encarou divertido. Como esse homem é tão lindo?

Respirei fundo, contando até dez. Meu novo professor de química é extremamente gostoso. Suas tatuagens lhe passavam um ar poderoso, como se ele pudesse escolher tudo; como se ele pudesse controlar tudo. Seu sorriso de canto é de contorcer pernas. Oh Deus. Ainda me restam duzentos dias letivos. Duzentos dias vendo o professor Louis Tomlinson vagando pela escola. Duzentos dias vendo seus braços tatuados. Duzentos dias vendo seu sorriso extremamente sexy. Duzentos dias encarando seus incríveis olhos azuis. Duzentos dias sendo torturada por sua beleza.