História O meu professor de química - A volta das aulas extras

No domingo eu acordei com uma vontade de comer doce. Desci as escadas e encontrei meu irmão jogado na cadeira da cozinha enquanto mamãe preparava o café. 

- Aí o popzinho quer pagar de fodão que bebe todas e na manhã seguinte vem chorando para a mãe dizendo que tá com dor - ela reclamou, gesticulando enquanto coava o café.

Algo me diz que faz tempo que ela está brigando com o meu irmão.

- É verdade, mamãe. Niall quer beber mas não sabe beber moderadamente - eu alfinetei.

- Como você? - Meu irmão retrucou.

- Você também não é santa, Malia. Conheço a minha cria - mamãe disse e Niall me olhou triunfante. Eu revirei os olhos.

Peguei o cereal dentro do armário e me servi de tudo o que tinha na caixa, jogando-a já vazia no lixo. Niall pegou um punhado de cereal e passou para a sua vasilha.

- Isso é meu! - Eu gritei para o meu irmão, metendo a mão na sua vasilha de cereal e trazendo um punhado para a minha.

- Não! Me devolve! - E então Niall pegou um punhado de cereal da minha vasilha e colocou na dele.

- Niall você é injusto! Você tem mais cereal que eu! - E então eu repeti o processo.

- Você é quem tem mais cereal!

- Não, é você!

- É você!

- PAREM! - Mamãe gritou, irritada. - O QUE ESTÁ ACONTECENDO? NÃO SE PODE TOMAR UM CAFÉ EM PAZ NESSA CASA!

- Niall tem mais cereal que eu!

- Não é verdade!

- É sim!

- Não é!

- É sim!

- CHEGA! - Mamãe gritou outra vez. Ela respirou fundo, abrindo um sorriso assustadoramente calmo para nós dois. - Vamos resolver o problema.

E então ela pegou as duas vasilhas e jogou os cereais na mesa. Eu e Niall nos olhamos sem entender e então voltamos a olhar para mamãe.

- Mãe, o que a senhora vai f...

- Quieta, Malia - ela pediu com um sorriso controlado. Mamãe pegou um cereal. - Um para o Niall - e então jogou o cereal na tigela de Niall -, e outro para Malia - e jogou outro cereal que havia pego na minha tigela.

A encarei com as sobrancelhas arqueadas.

- Mãe, a senhora está bem? - Niall perguntou.

- Um para o Niall, outro para Malia. Um para o Niall, outro para Malia. Um para o Niall, outro para Malia... - Ela pegava os grãos do cereal e colocava um de cada vez na nossa tigela.

Dez minutos depois, mamãe terminou de distribuir o cereal e sobrou apenas um. Eu já havia perdido minha fome e tenho certeza de que Niall também. Se arrependimento matasse, eu teria deixado o egoísta do meu irmão ficar com mais cereais. Mamãe se levantou e voltou com uma faca grande e uma tábua. Colocou o cereal na tábua e cortou ao meio.

- Metade para Malia, e a outra metade para o Niall - ela disse jogando as metades em nossas tigelas. Ela nos lançou um sorriso um pouco psicótico. - Pronto; agora todos têm a mesma quantidade. Podem comer, bebês. - Ela se levantou da cadeira e foi embora, respirando fundo.

Olhei para o meu irmão e revirei os olhos.

- Se você não fosse tão egoista isso não teria acontecido - eu reclamei.

- Ai, Malia. Não enche o saco, eu quero comer - Niall retrucou, grosso.

Peguei o leite e coloquei na minha vasilha, comendo os cereais. Niall e eu começamos a comer sem nos falar. Meu irmão foi um idiota. Ele tava na cozinha o tempo todo e não se levantou para pegar o cereal. Quando eu pego para mim ele quer também. Ah, vai se ferrar, que saco.

Harry entrou na cozinha com cara de santo. Eu acabei soltando o riso ao ver ele se sentar ao meu lado com os cabelos bagunçados. Lembrei da noite passada e ri outra vez. Meu irmão riu também e eu fechei a cara.

- Eu estava esperando que vocês não lembrassem disso - ele bufou, envergonhado.

- Você lembra? - Eu e Niall perguntamos juntos, surpresos. Nos olhamos de cara feia.

- Eu geralmente lembro de tudo o que eu faço bêbado - ele respondeu. - Não quero entrar na aula de química na segunda - Harry abaixou a cabeça na mesa e suspirou. - Não sei o que deu em mim ontem.

- Então você também gosta de homem? - Niall perguntou, curioso.

- Não sei - Harry respondeu, levantando a cabeça e olhando fixamente para ele. Os seus olhos ficaram um pouco cerrados.

- O quê você está fazendo? - Niall perguntou, estranhando.

- Vendo se acho você atraente - Harry respondeu.

Eu levei uma colher de cereal à boca. Niall o olhou curioso.

- E você acha?

- Não.

- Vai te foder!

Eu gargalhei. Harry sorriu sem graça para o meu irmão.

- Acho que talvez você não seja o meu tipo.

- E qual é o seu tipo? - Eu quis saber.

- Sei lá! - Harry rebateu. Ele ficou imerso em pensamentos por alguns minutos. - Talvez eu goste dos bad boys - ele disse por fim.

- Tipo o Zayn? - Niall perguntou.

Harry ponderou por um momento.

- Pode ser. O Zayn é bad boy.

Eu peguei o celular e abri o Instagram do Zayn, mostrando uma foto para Harry.

- E aí? - Eu perguntei.

Ele negou.

- Talvez eu goste dos inteligentes. 

- Tipo o Louis? - Eu perguntei.

- Pode ser! Ele é um bom partido.

Oh se é.

Eu abri o Instagram de Louis e mostrei para Harry.

- Não sei, não. Acho que eu não gosto de um cara que seja mais inteligente do que eu.

- Isso é coisa de fresco. Harry é fresco - Niall revirou os olhos, irritado. - Não gosta de ninguém que a gente mostra.

- Talvez eu ainda não tenha conhecido o cara certo - Harry revidou, irritado também.

- Tudo bem, Harry - Niall suspirou. - A gente vai descobrir se você quer ser a Emma ou se você quer beijar a Emma.

- Como? - Eu perguntei, curiosa.

- Eu vou pensar - meu irmão disse.

Harry deu de ombros, olhando para o meu prato.

- Eu tô com fome.

- Tem comida na geladeira.

Harry se levantou dizendo que ele é visita, que a gente tinha que servi-lo e várias outras coisas de preguiçoso.

Na segunda nós oito entramos em sala conversando. Cody não contou a ninguém sobre Harry, assim como eu e Niall, que fizemos as pazes no mesmo dia. 

O primeiro tempo é física. A professora entrou em sala com um sorriso, nos desejando bom dia. Ela se sentou na cadeira dela e começou a ver o diário de classe, conversando com alguns alunos que sentam perto dela.

Meu irmão a chamou, animado.

- Professora, o meu aniversário é semana que vem.

- E eu com isso? - Ela respondeu sem pensar.

A turma caiu em gargalhada e Niall abriu um sorriso sem graça. A professora arregalou os olhos, envergonhada e sorriu amarelo para o meu irmão.

- Desculpa, Niall. Eu falei sem pensar - ela disse.

- Tudo bem - meu irmão disse, claramente sentido.

- Eu ligo para o seu aniversário, Niall - eu disse para o meu irmão, que sorriu e piscou para mim.

A professora fez a correção das tarefas e deu os assuntos da prova que seria daqui a três dias.

A campa bateu e Louis entrou em sala. 

- Bom dia, alunos - ele sorriu, caminhando até a mesa e depositando seu material nela.

Ele me pegou encarando-o e então sorriu. Eu não consegui resistir e retribuí o gesto. 

- Você está melhor, Harry? - Louis perguntou para meu amigo.

Harry abriu um sorriso amarelo e assentiu.

- O que aconteceu com o Harry? - Liam perguntou, confuso.

Todos presentes na sala olharam para Harry, que adquiriu uma cor vermelha.

- Ele ligou bêbado para Louis de madrugada - Cody resumiu.

- É, e ele ainda disse que eu e a Malia demos bebida para ele - Niall disse e Harry soltou um risinho.

Algumas pessoas da sala riram e fizeram algumas perguntas, mas logo Louis interrompeu e disse que precisava dar o último assunto para a prova.

As provas iriam iniciar em três dias. A primeira seria física e a segunda, química.

Louis começou a explicar o assunto e eu abaixei minha cabeça, descansando um pouco. Quando eu despertei Louis ainda estava falando.

Louis terminou a aula faltando dois minutos para bater e assim que aconteceu, ele me encarou.

- Malia, podemos conversar lá fora? É sobre as suas notas - ele pediu.

Eu assenti.

Saímos de sala e nos sentamos no banco que tem ao lado da porta.

- O que tem as minhas notas?

- Você está com dificuldade em algum assunto? Quando eu olhei para você durante a explicação você estava dormindo - ele disse, em tom de decepção.

- Eu não estava entendendo nada, então eu dormi - expliquei, sem vontade. - Podemos voltar com as nossas aulas?

Os olhos de Louis brilharam.

- Hoje às quatro? 

- Hoje às quatro!

Eu abri um sorriso animado e ele fez o mesmo. Louis se levantou e piscou, entrando na turma ao lado.

Voltei para dentro da sala e me sentei novamente em meu lugar. Meu celular vibrou dentro do estojo e eu o agarrei, vendo o nome de Louis reluzir na tela.

Louis: A gente podia sair para comer e depois estudar. O que você acha ?

Malia: Boa ideia, me pega as 3?

Louis: Ok

 

 

Eu já estava pronta quando Louis ligou. Eu mandei uma mensagem para o meu irmão, que estava no shopping com Harry, dizendo que eu ia sair.

Tranquei a casa e entrei no carro de Louis, o abraçando rapidamente. Eu deveria beija-lo? A gente está dando um tempo, então eu não sei se eu devo beija-lo. 

- Aonde você quer ir? - Louis perguntou, dirigindo o carro para longe dali.

- Vamos comer pizza? 

- Nesse horário? - Ele perguntou, confuso.

Eu dei de ombros.

- É pizza. Pizza não tem hora para ser comida. 

- Você está certa. Vamos comer pizza.

Eu havia esquecido que sair com Louis quer dizer passar despercebido. Comemos em uma pizzaria bem mais afastada da escola. Eu me pergunto se Louis sente saudade de como era os antigos relacionamentos dele, os que não precisavam se esconder das pessoas.

- Quantas namoradas você teve? 

Louis mastigou a fatia que comia antes de responder.

- Eu tive três.

- Me conta sobre elas - eu pedi, curiosa.

Louis ergueu apenas uma sobrancelha e eu fiz uma nota mental de pedir para ele me ensinar a fazer isso. 

- Por que você quer saber sobre elas? 

- Porque você sabe sobre o meu ex. É justo que eu saiba das suas.

Louis ponderou meu argumento por um momento e então cedeu.

- Minha primeira namorada foi a Christina. Eu tinha quatorze anos - ele disse, nostálgico. 

- O que aconteceu? 

- A gente não deu certo. Para falar a verdade não sei como aguentamos quase onze meses.

- E a segunda?

- A segunda foi a Alexia - ele disse, ficando quieto por um tempo.

Ih.

- Você gostava muito dela? - Eu perguntei, cuidadosa.

Louis me olhou incerto se deveria contar ou não. Mas eu já sabia a resposta.

- Sim. Foi o relacionamento mais duradouro que eu já tive.

- Por que vocês terminaram?

Louis suspirou, parecendo cansado só de lembrar da história.

- A gente vivia brigando e separando. Ela era obsessiva e eu era muito ciumento. Era um inferno; os períodos em que a gente estava em paz eu aproveitava o máximo.

Eu o olhei surpresa.

- Você era ciumento? 

Louis nunca foi ciumento comigo. Será que é porquê ele não gosta de mim do jeito que gostava da Alexia?

- Eu amadureci. Deixei de ser ciumento com a minha terceira namorada.

- Por que?

- Por que ela era irritante. 

Eu gargalhei com a naturalidade com que ele disse.

- Sério?

- Seríssimo. Ela adorava mascar chiclete e ela não fechava a boca para isso. Era horrível - ele fez careta.

- Quanto tempo durou?

- Um mês - Louis respondeu, risonho.

Eu ri também. Eu nunca tive essa experiência de namorar com várias pessoas. Meu único namorado foi o Cody, e depois dele a única pessoa com quem eu fiquei foi Louis.

Conversamos por mais algum tempo e resolvemos voltar para a minha casa para estudarmos. 

Eu abri a porta de casa e nós entramos.

- Os meus livros estão lá em cima, a gente pode estudar no meu quarto para não ter que descer as escadas - eu ofereci.

Louis me olhou chocado.

- Você é preguiçosa a esse ponto? 

Eu dei de ombros.

- Não é preguiça, é tipo um... - eu não achei palavras para explicar o meu sedentarismo.

- Um modo de economia de energia? - Louis chutou, divertido.

Eu assenti, abrindo um sorriso malandro para ele. 

Eu puxei sua mão, sentindo uma corrente de arrepios passar em mim. Fazia tempo em que eu não o tocava, que eu não sentia a maciez de sua pele. 

Louis acariciou a minha mão, se aproximando lentamente. Eu observei sua mão se enrolar na minha, como se elas fossem duas peças de um quebra cabeça que se  encaixam perfeitamente uma na outra. 

Agarrei a sua mão com mais firmeza e o puxei escadas a cima. Quando estávamos no corredor superior, caminhando para o meu quarto, eu ouvi vozes abafadas. Eu fiquei alerta, ouvindo risos saírem do meu quarto. Eu olhei para Louis como se ele soubesse o que estava acontecendo. Claro que ele não sabia.

A voz de Harry ficou nítida.

- A Malia vai ficar puta se pegar a gente fazendo isso.

A porta estava metade aberta, eu e Louis nos aproximamos para ver melhor o que estava acontecendo no meu quarto.

- A Malia só vai chegar mais tarde - meu irmão disse.

Ao analisar Niall eu arregalei os olhos. Ele estava estragando um dos meus saltos ao usá-lo.

- Vem, Harry. Vamos descobrir se você quer beijar a Emma ou se você quer ser a Emma. Se você quer ser a Emma você vai gostar de usar isso. Não sei como a minha irmã aguenta - Niall reclamou, duro em cima do meu salto. 

Harry se levantou e sumiu da minha vista por um momento, parando depois em frente ao meu irmão e subindo em um salto. Se eu achava que Niall estava estragando os meus sapatos é porque Harry não tinha posto ainda as balsas que ele chama de pés dentro dos meus calçados.

Eu arfei, não acreditando no que eu estava vendo. 

- Agora você tem que ser a Emma. A Malia tem umas maquiagens em algum lugar por aqui... achei! - Meu irmão disse, agora já descalço, enquanto mostrava para Harry um batom vermelho.

- Eu não gosto de batom vermelho - Harry reclamou.

- Que tipo de homem é você? - Niall o olhou com reprovação. 

- Anda logo com isso - Harry disse.

Eu olhei para trás, para Louis e ele me olhou com vontade de rir. Ah, ele estava se divertindo? Que bonito.

- Eu não sei o nome disso, mas é de passar na cara - meu irmão disse segurando o que eu não conseguia ver o que era.

- Deve ter o nome na embalagem - Harry disse, curioso.

- Deixa eu ver... - Niall aproximou o produto do rosto. - É Chanel o nome.

Eu engasguei. Ele quer usar a minha base da Chanel na cara do Harry? Chega de ver onde isso vai dar.

- QUE PORRA É ESSA AQUI NO MEU QUARTO? - Eu escancarei a porta com força, fazendo um barulho.

Meu irmão arregalou os olhos e Harry deu um pulo, se desequilibrando e torcendo o meu salto, quebrando-o.

- O meu salto, Harry! - Eu choraminguei, correndo até o pé de Harry e puxando o meu sapato de lá. - Você não percebeu que o seu pezão não cabe aqui? - Eu o olhei com raiva.

Harry me olhou nervoso.

- Eu até percebi que era pequeno. Quanto você calça?

- Trinta e quatro! - Eu gritei, sabendo que Harry calçava bem mais que eu.

- Ah, é bem pequeno mesmo - ele disse, sem graça.

Eu senti a raiva aumentar com o cinismo dele e me virei para o meu irmão. 

- Me dá isso aqui, seu babaca! - Peguei a base da mão dele e guardei no lugar.

- Me desculpa, Maliazinha - meu irmão pediu, culpado.

- Sai do meu quarto, os dois! Eu vou contar para a mamãe! - Eu empurrei o meu irmão para fora do quarto.

- Oi, senhor Tomlinson - Harry disse ao reparar em Louis.

- Oi, Harry - Louis respondeu, achando graça.

- Sai do meu quarto, Harry! - Eu gritei para ele, que saiu com a cara de abestado dele.

Eu suspirei, tentando me acalmar. Fechei os olhos e quando abri eu dei de cara com o meu irmão.

- O que foi? - Eu perguntei.

- Eu esqueci o meu celular - ele disse, sem graça.

- O que vocês estavam fazendo aqui? - Eu já sabia a resposta.

- Vendo se eu queria ser a Emma - Harry respondeu em um muxoxo, escondido do lado de fora do quarto.

- Harry, entra aqui - eu pedi e ele entrou lentamente. - Eu vou te falar uma vez, presta atenção, ok? - Eu disse, já calma.

- Ok.

- Você não é bissexual e nem transexual. Você é hetero. Aquilo tudo de ser a Emma não passou de um adolescente bêbado. Sabe como eu sei? - Ele negou. - Por que você não tem jeito de gay. Você adora peitos. E pornô de lésbicas. Então pare de ouvir as besteiras do Niall e se concentra em conquistar a Emma. 

Harry assentiu, absorvendo o que eu disse.

- Desculpa pelo seu sapato - ele pediu.

- É só um sapato - eu disse, o puxando para um abraço. Meu irmão veio até nós e nos abraçou. - Você está ferrado, eu vou contar para mamãe que você invadiu o meu quarto e pegou minhas coisas sem eu deixar - eu falei, empurrando ele para longe de mim.

- Ai, Malia! - Ele reclamou. - Guardar rancor não faz bem para o coração.

- Eu tenho que estudar agora - eu falei para Harry.

Ele se desgrudou de mim e acenou para Louis antes de sair do meu quarto com Niall.

- Você está bem? - Louis perguntou.

Eu suspirei.

- Estou.

Louis ficou me olhando por um tempo e então gargalhou. Eu revirei os olhos.

- Não teve graça!

- Eles estavam usando o seu salto alto! - Louis disse, morrendo de rir. - E o Niall ainda queria maquiar o Harry! - Ele gargalhou ainda mais. - E o pior é que o Harry ia deixar!

Eu me irritei com Louis rindo da minha desgraça, mas a risada dele é tão contagiante que um sorriso escapou dos meus lábios.

- Para de rir de mim! - Eu disse, indo para cima dele e o empurrando de leve.

- Eu não consigo! - Louis disse vermelho e entre risadas. Ele agarrou a minha mão e se curvou, rindo ainda mais.

- Vamos estudar? - Eu perguntei.

- Não! - Louis respondeu, ainda rindo.

Eu fechei a cara e me afastei dele.

Louis veio rindo e cambaleando até mim.

- Desculpa - ele ainda estava gargalhando.

- Para de rir! 

- Eu já parei! - Ele não tinha parado.

A porta foi aberta e meu irmão passou por ela.

- A gente vai lá no Cody - Louis parou de gargalhar. - Quer vir? - Eu gargalhei.

- Não, vou estudar.

- Tá, tchau - meu irmão fechou a porta ao sair.

- Se eu soubesse que a palavra mágica para você parar de rir era Cody eu teria dito a muito tempo.

- Já nos distraímos muito, vamos estudar agora - Louis mudou de assunto, ignorando meu comentário.

Nos sentamos no chão e Louis me ensinou a matéria. Fazia uma hora que estávamos estudando.

- Louis, qual é o elétron que a gente leva para casa? - Eu perguntei, me espreguiçando.

Ele pensou por um momento antes de perguntar qual era.

- O elétrondoméstico! - Eu respondi, caindo na gargalhada. 

Louis abriu um sorriso mas não riu. Ao invés de gargalhar ele ficou me encarando sem ligar para o que eu achava.

- Você não achou engraçada? - Eu perguntei, triste.

- Eu não prestei atenção, acabei me distraindo com a sua beleza - ele disse na lata.

Louis sempre foi direto.

Corei, claro.

- Para de ser bobo - eu disse, desviando o olhar para os cálculos no meu caderno.

- Eu sinto a sua falta - ele disse, baixinho, com medo da minha reação.

Eu mordi os lábios, sem saber dizer como eu me sinto.

- Eu também sinto a sua - eu tomei coragem e o olhei.

- Sai comigo - ele pediu -, vamos ter o nosso primeiro encontro.

Eu ri pelo nariz.

- Mas a gente já se conhece.

- Mas a gente nunca foi em um encontro encontro. Só saímos para comer mas era algo mais casual - ele esperou que eu dissesse alguma coisa. Eu não disse. - Sai comigo - ele pediu outra vez.

Eu tentei conter um sorriso bobo. Ele quer o clichê que é ter um encontro?

- Saio.

Louis abriu um sorriso enorme, fazendo ir por água abaixo o meu plano de não sorrir.

- Amanhã às sete?

- Amanhã às sete.

- Está marcado então. 

Eu sorri, gostando da ideia.

- O nosso primeiro encontro