História O Motorista - Ameaça

Abrir meus olhos e sentir o cansaço tomar o meu corpo. Só queria continuar ali, mas também,  queria sair sem ser vista pelos pais de Justin. Esperava que meus gritos não tem os acordado pela madrugada. Queria evitar um enorme constrangimento pela manhã. 
   Me levantei pegando minha blusa que estava jogada no chão e fui até onde deixei minha mochila vestindo minha calça. Arrumei a cama, logo, pegando minha mochila e descendo.

Quando cheguei nos ultimos degraus podia ver Justin de costas sentado na cadeira e Pattie ao seu lado. 

—A bela adormecida acordou. -ela sorriu na minha direção.

Sorri sem jeito. Não esperava encontrá-la fazendo o café. Sentir minhas bochechas corarem. Eram poucos os momentos que me deixavam constrangidas, e esse era um desses. Fiquei parada no final da escada olhando para eles igual uma idiota. 
  Justin se virou para me olhar, já que não me posicionei ao seu lado na mesa. Ele sussurou um "vem" e me chamou com as mãos.

—Sente-se, querida! -minha linda sogra me olhou com brilhos nos olhos. —Já estou quase acabando de fazer sua panqueca. 

Caminhei lentamente segurando a alça da minha mochila com força. A coloquei em cima do sofá e fui na direção da mesa. Arrastei a cadeira e sentei ao lado de Justin. Estava tensa e olhava, vez ou outra, de rabo de olho para Pattie.

—Tem algo te incomodando? Sei que minha casa não é igual a sua, mas...

—Será que eles nós ouviram ontem? -sussurei o interrompendo.

—É com isso que está preocupada?

—Claro! Com que mais seria?! -o olhei séria. —Eu não me importo com suas condições, Justin.

—Querida! -Pattie chamou minha atenção.

Sorri quando a vi com a frigideira em mãos. Sentia saudades das férias na casa da minha avó materna, do café da manhã que minha mãe preparava. Se Justin soubesse a riqueza que ele tem, não estaria preocupado se eu me importo ou não com suas condições financeiras.

—Não queria incomodar. -falei assim que a vi colocando a panqueca no prato na minha frente. —Eu ia tomar café na faculdade.

—Que isso, menina! Vocês precisam comer bem para aguentar o dia.  -ela sorriu. —Sei que não é igual ao seu café da manhã, mas o Justin disse que você gostava de suco da fruta feito na hora e de panqueca, então, fiz. 

—Não precisar se preocupar, é sério. -sorri sem jeito.

—Querida, você acendeu uma luz novamente na minha família. Nos trouxe um pingo de felicidade novamente. Isso não é nem o começo do que você merece. -ela segurou forte a minha mão.

Começamos a comer e ter uma conversa agradável. Me sentia bem estando ali, tomando um bom café da manhã e conversando nada de interessante. Às vezes é bom te momentos assim. A campainha tocou nos interrompendo.

—Eu atendo. -falei me levantando.

Caminhei até a porta. Me encostei na mesma levantando os pés para olhar pelo olho mágico. Vi uma mulher branca de cabelos pretos, sorridente. Peguei na maçaneta e a abrir.

O sorriso da mulher se desfez assim que me viu. A olhei da cabeça aos pés. Notei que havia alguns livros na sua mão esquerda e algo que parecia um pote enrolado no pano de prato na mão direita. 

—Bom dia! -ela falou recuando.

—Bom dia. -falei seca.

—O Justin ou a Pattie estão? 

—O que você quer? 

—Quem é, amor? -escutei a voz de Justin logo atrás de mim. 

Um silêncio se instalou ali. Olhei para trás o vendo olha para a mulher na nossa frente. Ela o olhava com brilho os olhos.

—O que você quer aqui? -ele foi rude, mas pude sentir, bem no fundo, um pingo de amargura em sua fala.

—Saber se seu pai está bem. -falou sem jeito.

—Está sim. Só isso? 

—Ah! Vim trazer alguns pedaços de bolo de maçã. Sei o quanto ele gosta, e você também. -sorriu estendendo o pote para ele.

Justin pegou puxando de sua mão e ficou a olhando.

—Eu vou indo se não vou perder o ônibus.

—Pegar ônibus, mas o Luiz não tem carro? 

—Terminamos. 

—Acho melhor você ir para não se atrasar. Tchau! -falei acenando para ela.

Fechei a porta na cara dela. Me virei olhando séria para Justin. Ele riu sem jeito e foi até à mesa colocando o pote ali em cima. 

—Quer bolo, amor? -sorriu.

—Vim trazer uns pedaços de bolo. -remendei. —Quem é ela? -cruzei os braços. 

—Estou indo levar o café do Jeremy e terminar o meu junto dele. Tenham um bom dia. -Pattie riu e subiu a escada com uma bandeja em mãos.

—Lana... 

—Não é isso que quero saber.

—Minha ex-noiva. -suspirou. —Não precisa ficar com ciúmes. Eu estou com você agora. 

—Eu não estou com ciúmes. -falei dando um passo para trás quando ele tentou me abraçar.

[…]

Bati a porta do carro de Lizzie e cruzei meus braços me encostando no banco de couro.

—Ei, vai com calma. -ela gritou. —Me explica direito essa história.

—Estava tendo um belo café da manhã com minha sogra e meu namorado. Quando a ex-noiva dele, e que ele ainda tem sentimentos, tenho certeza. Bateu na porta para levar pedaços de bolo de maçã, porque sabe que ele e o pai gostam. E dizer que terminou o atual relacionamento.

—Você está insegura. -ela riu.

—O quê?

—Meu Deus!!! Meredith Moore está insegura. -ela me olhou indignada. —Esse homem te ama, Meredith. Ninguém te aguentaria tanto tempo assim. 

—Ela é uma vaca e você quer falar que estou insegura?!

—Quer ir falar com ela? 

—Falar o quê?

—Você pode não está mais tão loucona igual antes, mas tem que ter pelo menos aí dentro, um lado disso. Dar um aviso a ela, se ela não se importar vamos fazer do nosso jeito. 

—Tá! Segue para aquela merda de faculdade. 

[…]

Lizzie parou o carro do outro lado da rua em frente ao portão da faculdade. Ficamos observando na espera de alguma movimentação.

—Tem certeza que é essa? -ela falou me olhando.

—Ela é perto da casa do Justin. -a olhei e voltei a olhar para a entrada da faculdade.

Depois de alguns minutos esperando, um fluxo de pessoas começou a sair. Quando vi a vadia da Lana, sair do carro igual uma louca. Atravessei a rua sem olhar para os lados.

—Mered? -Lizzie gritou.

Olhei para trás vendo-a correr. Voltei a minha atenção para a mulher na minha frente falando com um grupo de garotas.

—Posso falar com você, querida? -falei atrás dela.

Ela olhou para trás meio confusa. Olhei para o lado vendo Lizzie com Brad. Neguei com a cabeça, quando um dia pensei que ele pudesse morar em algum lugar sem ser o subúrbio. 

—Pode falar! -Lana falou calmante roubando minha atenção para ela.

—Não deu para nos apresentamos lá na casa do Justin. -sorri falsamente.

Estiquei minha mão em sua direção em sinal de cumprimento. Ela segurou minha mão com a sua, retribuindo.

—Prazer Meredith Moore, namorado do Justin. 

—Prazer Lana Foster, ex noiva do Justin. Aliás, anos de relacionamento. Você não veio até aqui só para se apresentar para mim, né? 

—Bem que você falou: ex. Ex, significa passado. Que significa para você ficar longe dele. -falei entre os dentes.

—E se eu não quiser? -ela tentou tirar sua mão, mas eu puxei seu braço a trazendo para mais perto de mim.

—Se verá comigo. E se eu fosse você não tentaria me subestimar. -soltei seu braço.

Lana me olhava assustada enquanto passava a mão onde eu havia apertado. 

—Vamos, baixinha? -Brad me chamou.

Olhei na direção em que escutei a sua voz e os vi dentro do carro de Lizzie.

—Pense bem no que eu te falei. -acenei para ela e sair andando em direção ao automóvel.