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História O Mundo de Arkana: A Demônio com Cara de Gato - A Princesa em Apuros


Escrita por: Pktome

Notas do Autor


Esta história foi criada a partir de sessões de RPG e não está finalizada, durante cerca de três anos esta jogadora viveu comigo a sua personagem. Por causa da forma que foi jogado (online através de texto, muitos dos logs se perderam... mas quem sabe o que pode se esperar?)

Capítulo 1 - A Princesa em Apuros


Há 100 anos Arglësia e Arkana Imperial lutavam pelas terras do Norte e ao Oeste do Reino de Arkana, durante este século milhares de vidas humanas se perderam e um pouco menos desse número de todas as outras raças. Esta recente atividade era lembrada, como um aviso do mal que uma guerra pode fazer e como honras para os mortos, a cada 10 anos, e no 10º ano de comemoração algo inédito foi proposto, a união dos dois Impérios, arglësios e arkanos em um só governo.

A Princesa mais nova de Arglësia, Vince dis Amis, de 17 anos, iria se casar com o Príncipe Carlos Arkanum, de 19 anos, no último dia da Septimus.

Aqueles que propuseram a dialogar com o que houvera naquele dia agora estão mortos, não saberíamos dizer porquê e nem como. O que eles relataram foi:

"Na noite de minha guarda eu fui até o corredor leste, próximo da suíte imperial para visitas de alto nível da Corte do Rei. Era meu dever, junto com mais sete soldados, guardar tal passagem, evitar qualquer um que quisesse se espreitar naquela hora e dia. Nós sabíamos que era o último dia de Septimus, não carregávamos armas conosco, somente nosso número sob a ameaça que pudera vir. Não acreditávamos que isso iria acontecer logo naquela noite, não esperávamos... sinto muito." Guarda Desconhecido, Guarda do Corredor Leste, Executado.

"Só ouvi os barulhos de objetos quebrando, e então um grito agoniante de uma garota. Quando entrei no quarto não havia nada, somente coisas destruídas e bagunçadas. Eu vi... uma sombra, ela atravessou rapidamente pelo quarto e fugiu pela janela. Não sei dizer o que era, mas tinha olhos como o inferno...", Guarda Desconhecido, Guarda da Entrada Principal do Leste, Executado.

"Na noite anterior, no penúltimo dia da Septimus ouvi a princesa Vince discutir com uma segunda voz em seu quarto, não era permitido vê-la, se quer entrar em contato com ela, só posso confirmar que ela desejara nunca ter nascido, iria de alguma forma sair para nunca mais voltar..." Guarda Desconhecido, Guarda do Corredor Leste, Executado.

"Ela era uma garota aventureira, sem dúvidas fugiu com algum rapaz. Não podemos dizer que ela foi morta, não havia sinais de luta em seu quarto, somente um ou três objetos quebrados e todos tão comuns em qualquer outro quarto. As coisas que estavam desorganizadas eram somente roupas, vestidos e coisas de princesa... garanto que não poderíamos fazer nada..." Guarda Desconhecido, Guarda da Escadaria do Leste, morreu de forma misteriosa.

 

A noite era densa, chovia forte com trovoadas e relâmpagos. Uma carruagem cavalgava rapidamente entre um desfiladeiro de rochas pontudas. A carroça tremulava, o caminho era sinuoso e aparentemente abandonado. Rapidamente ganhava terreno entre as curvas espinhentas da montanha, subindo além das nuvens e do limite mundano. Perdia-se na escuridão.

 

Estamos dentro da carruagem agora.

 

Ela é compacta, com dois bancos, um de frente para o outro, e uma pequena prateleira a direita que mantem um lampião de chamas branda. As janelas estão fechadas, somente aquela luz fraca ilumina o ambiente. Você consegue ouvir sussurros, são dos dois homens que conheceu um pouco mais cedo. Ao seu lado uma pequena garotinha que segura suas mãos de uma maneira firme. Todos os quatros intrigantes estão com os olhos vendados.

Os dois à frente começam a discutir, você não entende suas palavras apesar de lembrar de suas vozes. O mais alto, de aparência engraçada e movimentos desorganizados é o dono da voz mais aguda. Não aparentava ser um mestre-guerreiro, mago ou qualquer coisa, era estranho tê-lo a bordo. O outro, não mais especial, era menor. Bem baixo para um humano, gordo e lento. Sua voz era grave e falava de uma maneira pausada e irritante. Nenhum dos dois apresentaram-se formalmente, já que uma das regras para essa missão era a completa discrição enquanto não recebera os detalhes naquele acampamento-no-fim-do-mundo.

Depois de algum tempo a carruagem para subitamente. Um barulho de baque seco, um girar de chaves e a porta se abre. O cheiro de terra molhada avança pelo local seguido de uma rajada congelante de ar. Já não chove como antes.

– Pode retirar as vendas pessoal... com uma pausa, olhou para pequena garotinha e acrescentou – Você também minha pequena. É necessário que ela esteja aqui? Não sei se uma garota deveria ver ou ouvir o que um bando de mercenários e loucos discutem no acampamento... não importa, a partir de agora vocês devem ir a pé, devo voltar para trazer mais pessoas. O rei teme que isso possa ser o início de uma guerra. Então o homem de barba grossa e sobrancelhas volutuosas se afastou do arco da entrada. Sua barriga fazia um engraçado movimento, igual a uma geleia, assim que pusera a ficar de pé no lado de fora. Vestia roupas de tecido grosso, luvas e um gorro pequeno. Mascou um pouco de fumo e cuspiu-o em seguida, estava te aguardando.

Você retirou a venda por completo e em seguida ajudou a pequena garota. Olhou ao redor, ainda estava de noite, mas para ti não é problema. Estão sobre um largo pátio rochoso que dava vista a imensidão das planícies verdes de Arkana e um punhado de picos e penhascos mais próximos de sua localização. Ao olhar para trás uma caverna escura, porém com uns 30 metros de comprimento. A sua frente uma escada que quebra em uma curva bem angulada perdendo sua continuidade no rochedo a direita, tão íngreme que parece uma parede de uma grande edificação.

Os dois rapazes observam o lugar tão inquietos como você, logo quando identificam o caminho para prosseguir partem sem uma segunda chance para receio. Antes que se afastem em demasia conversam entre si, você escuta algumas palavras até que somem pela montanha. Falavam muito baixo, por sinal, não queriam que ninguém ouvisse.

"Você tem certeza disso? É muito arriscado...", "Sim, é o que escutei. Vamos saber se é verdade".

[ O que você faz? ]

Olho a minha volta, o cheiro de terra molhada me parece agradável como nas noites chuvosas em que descanso. Lembro das palavras que escutei, me sinto curiosa a respeito daquilo mas guardo para mim mesma. – Vamos Haru. – Digo em voz suave para a pequena, com um olhar sério depois dirijo meu olhar para o caminho em que os dois rapazes foram e sigo devagar decidida a não perder mais tempo.

A escada começava com degraus simples, feitos através da própria montanha de uma forma bruta e rústica. Não havia proteção contra a queda que poderia lhe esperar caso escorregasse. Ao dobrar a esquina onde os homens desapareceram de vista pode observar. A escada estendia-se a pelo menos 50m até que desaparecia no horizonte, com a escuridão e as estrelas de fundo. Os dois rapazes entravam pela parede, em uma passagem escondida de sua visão. Eles andavam rapidamente, quando conseguiam, pulavam dois ou mais degraus por vez. Haru segurava sua mão com força, e suas pernas não se moviam normalmente. No meio do caminho ela parou, agarrou sua perna e encostou seu rosto em sua coxa. Até aquele momento, a altura mais alta que estivera era em um dos grandes edifícios da cidade imperial, nada mais...

– Ah... – Tento enxergar mais a frente, mas percebo que perdi os rapazes de vista, olho para Haru percebendo sua reação. – Não precisa ficar assustada, eu vou te ajudar. – Me abaixo até chegar à altura dela. – Vem, sobe nas minhas costas e segure firme. "Sinto que devo continuar, este local não me assusta mas deveria estar esperando que ela ficasse com medo". Penso enquanto olho para a garotinha com um pequeno sorriso, tento transmitir confiança.

Ela afundou seu rosto contra suas costas, como se escondesse para não ver a altura. As escadas terminavam em uma entrada em estilo de arco. Não havia teto, mas toda a passagem era protegida pelo restante da montanha. Era como um vale dentro daquela rocha. A cada passo barulhos ao fundo, no início era confuso, nada mais que sons não naturais. A única luz que iluminava aquela fenda era da lua que, em alguns instantes, ficava coberta pelas nuvens. Iria chover mais tarde. Ao final do corredor um sinal de luz, os barulhos estão bem mais intensos. Haru não desapega de suas costas, se quer para comprovar que não está mais ao lado daquele imenso precipício.

Quando você corta a passagem, vê um pátio gigantesco sob a montanha. Alguns soldados, outros bruxos, muitos outros desconhecidos para ti. Apesar de poder vê-los através de suas armas, assim como você e Haru, vestem mantos escuros que cobrem todo corpo, limitando apenas ao rosto, visível quando há luz. Algo que não tinha muito naquela hora. Um homem carregava um pequeno bloco de papel, uma pena pronta para rabiscar e um lenço exagerado em sua cabeça. Quando ele a vê parte em sua direção.

– Está tudo bem, não precisa mais se preocupar... já pode abrir os olhos. – Digo para Haru, me abaixando para que ela desça. Então percebo as pessoas, e estranho vindo em minha direção. – Fique atrás de mim. – Digo para a pequena e caminho alguns passos até ele e paro o olhando de cima a baixo. – Quem é você? – Pergunto em tom seco enquanto fico na frente de Haru tentando escondê-la.

– Aaah minha querida, venha, deixa arranjar um lugar para você sentar-se e comer algo, apesar de ter certeza que alguém lhe trouxe, duvido que esses arredores no meio do nada tenham lhe dado umas boas vindas melhor que a minha, o que vejo aqui só são trogloditas de armadura e nada mais – Sua voz irritante e seus movimentos rápidos lhe tonteavam. Por um momento solene onde finalmente o rapaz parecia ter se acalmado, olhou de relance para suas costas – Que surpresa, quem é essa? Sua ajudante? Não responda, sua filha!

Sinto-me um tanto incomodada pela voz do estranho, e por seus comentários mas tento me manter calma respirando fundo. – Antes de me fazer uma pergunta... deveria responder a minha, não é? – Respondo com tom de voz áspero e frio.

– Vejo que você é uma misteriosa... uma misteriosa Neshiga, nunca imaginei que veria uma dessas em resgate de uma humana... pois bem, pergunte o que você desejar – Dizia enquanto sentava próximo a uma rocha grande suficiente para tal, logo quando se ajeitava, cruzou as pernas e ergueu a cabeça. Fez um sinal com as mãos para outra rocha, próximo a que estava.

– Quer sentar, Haru? – Olho para a rocha e sento a pequena nela ficando de pé ao lado. Viro para o estranho o encarando de modo indiferente. – Quem é você? – Pergunto, tentando interrogá-lo corretamente.

Haru se aproximou da pedra e como um obstáculo, escalou-o até poder sentar. Quando você se aproximou dela ela cobriu sua cintura com as mãos, olhava de relance para o estranho, e em alguns momentos olhava ao redor. O Homem acenou com a cabeça e deu um pequeno sorriso para a garota, em seguida manteve um contato direto com seus olhos.

– Me chamo Arch Emil, pode chamar de Arch... Na verdade, gosto que me chamem de Arch, Emil não é um nome bonito... sem dúvidas meus pais eram arrogantes e indiferentes ao futuro de um incrível menino, seu filho claro. Mas, a pergunta... – Fez uma pausa, olhou ao redor e ergueu o bloco de papiro que carregava – Eu sou o assessor e representante da corte real para o cadastro e informativo para o sumiço da princesa de Arglësia. Sabe... nosso rei acha que isso pode ser um golpe de estado, ultimamente seu tio não fez coisas boas, e com o sumiço da princesa, inconvenientemente ele sumiu também... então é isso, sou aquele que você veio buscar informação neste mundo-no-meio-do-nada. Interessante, não? Não poderia ter coisa melhor... uma pergunta por uma pergunta. Quem é a garota que trazes?

– ... entendi. – Digo sem aparentar nenhuma empolgação, embora esteja um tanto satisfeita em descobrir sobre um suspeito. Então olho para Haru e depois para Arch. – Esta é... Haru. Nos conhecemos em um incidente e, ela é minha irmãzinha desde então.

– Não acho que vamos iniciar uma guerra contra Siren, Arglësia ou qualquer um que seja, não por enquanto, mas está seguro que ela viajará contigo? – Então ele levantou-se, acenou para que lhe seguisse, apontava também para uma mesa ao outro lado do pátio cuja extensão estava repleta de papéis, lampiões e livros. Venha me ver quando estiver pronta, você é sem dúvidas o que procuramos para essa missão, esses outros... Estes outros não são mais que quantidade e não qualidade. Daquele lado você poderá pegar algo para comer, e para dar a sua irmãzinha se assim desejar. Pois agora, devemos tratar de nossa missão. – E partiu para a mesa do outro lado.

Fico em silêncio enquanto o observo se afastar. Ainda tenho perguntas em mente, mas prefiro esperar para depois. – Está com fome Haru? – Pergunto com um sorriso gentil. Ela é a única pessoa que consegue arrancar um sorriso de mim, apenas de olhar para seu rosto inocente é o bastante para que eu sinta felicidade. Esta é minha irmãzinha, afinal.

Ela ergueu a cabeça, tinha um sorriso tranquilizador. Acenava com a cabeça confirmando logo em seguida apertou contra suas costelas e depois lhe soltou. Com um pouco de esforço pulou daquela pequena pedra, que para ela seria uma montanha de aventuras. Quando alcançou o solo deu um segundo sorriso e segurou sua mão.

– Ok, vamos lá então. " Que fofa... " – Viro para o lado onde Arch havia dito que poderia encontrar alimento e saio caminhando até lá. Sinto um pouco de fome, mas meu desejo por aventura consegue ser bem maior do que isso. Mas alimentar a Haru é mais importante para mim no momento, então nos aproximamos do local enquanto vou a segurando firme, porém delicadamente.

Alguns mercenários observam atentamente você e a pequena Haru enquanto caminham através do pátio. A mesa estava com algumas frutas e pedaços de carne seca. Não eram boas visivelmente, mas tudo que aparentava ter naquela região. Um homem está apoiado sob a mesa, ele roda através de seus dedos uma moeda de ouro. Quando você se aproxima ele vira seu rosto para sua direção. Enquanto continua a movimentar sem sessar aquele acessório reluzente. Seu rosto é negro como a escuridão, mas seus olhos são brilhantes e emanam uma luz violeta.

A princípio ignoro o olhar do homem embora possa senti-lo fixado em mim. Vou até o lado da mesa oposto ao que ele está e pego duas frutas e as entrego a Haru, depois pego um pedaço de carne e dou uma mordida sem delicadeza, enquanto olho de canto para o indivíduo. – " Qual é o problema desse cara...? " – Me sinto levemente irritada, mas penso em minha pequena irmã e tento me conter enquanto como, mas o olhar daquele homem não deixa de chamar minha atenção.

Aparentemente aquele rapaz tem mais interesse em você do que a desconfiança que você sente por ele. Com movimentos quase robóticos ele se dirigi até o canto da mesa que estava. Haru se encolhe junto as suas vestes devorando a maçã. Seu rosto levemente se aproximou do teu, não movera o capuz se quer um momento, você sente um ar quente de sua boca, uma fenda tão brilhante quanto seus olhos.

– É difícil encontrar pessoas conhecidas por aí em Arkana... Andy, entendo que seus feitos são conhecidos por aí, mas não sei se é esse seu objetivo... você está em procura de mais pessoas para salvar hein? – Então voltou a ficar parado, lhe encarando com aqueles olhos. Suas feições eram frias, e eram quase inexistentes.

O encaro de volta com uma expressão incomodada. – Quem é você? Como sabe o meu nome? – Minha preocupação maior é Haru, fico entre ele e ela levando meu braço para o lado para cobri-la enquanto meus lábios se retorcem demonstrando minha irritação.

– Não se preocupe, estamos no mesmo barco... é assim que os humanos dizem, certo? Iremos nos encontrar mais tarde, te garanto. – Ele pusera a mover-se rapidamente, não como se estivesse correndo, porém de uma maneira realmente acelerada. Em um canto escuro do pátio sua veste negra misturou-se com o cenário. Nem sua visão pode perceber para onde o misterioso rapaz partira.

Uma luz lhe chamou atenção, era a moeda que aquele movia entre seus dedos. Não era uma moeda típica do comércio em Arkana, se quer conhecia um lugar que a usasse, estava em uma língua que você não pode entender. O sumiço repentino daquele estranho também veio a lhe mostrar uma sensação diferente, era como se o ar estivesse mais leve. Muito mais leve, e como não tivesse corrupção nos cantos, nem naquelas frutas nem nas carnes.

– " O que... É isso? " – Meu rosto fica surpreso, olho para o homem que segura a moeda em seguida seguro Haru pela mão e saio caminhando à procura de Arch com um pouco de pressa. Muitas dúvidas surgem em minha mente, e imagino que aquele estranho conhecido a pouco tempo poderia me ajudar com alguma informação adicional sobre estes homens e principalmente o que acabara de desaparecer.

Arch estava segurando um pergaminho longo. Seus olhos moviam se com pressa de um lado para o outro. Alguns outros mercenários também se aproximavam da mesa. Depois de um tempo começou a mover-se impacientemente. Olhou que aqueles muitos homens estavam com feições fechadas e terríveis. Você se aproxima da mesa, antes que pudesse dizer qualquer coisa um homem de armadura reluzente passa empurrando-lhe os ombros. Ele bate na mesa, olha ao redor e vira-se para os outros.

– Já esperamos de mais, quando vamos começar a arrancar cabeças? – Gritava acenando para a multidão improvisada, olhava mais uma vez para todos os lados, seus olhos passaram pelos seus por um instante e ele virou-se para Arch...

– Sinto muito querida, conversamos logo mais... – Se aproximava de seu rosto, falando rápido e com uma voz quase muda. Então moveu-se para o lado daquele grande homem que aparecera, e pegou o pergaminho longo que estava analisando tempo antes. – Meus caros amigos guerreiros, assassinos, bárbaros, o que vocês estão vendo aqui é um pergaminho mágico, ele é escrito de acordo com o que seu par recebe, e não são boas notícias... O irmão mais velho do Rei de Arkana está morto! Morto em seu próprio banheiro no palácio do Norte... eles acham que tem ligação com o desaparecimento da princesa... Preciso de duas pessoas para ir até lá averiguar, vão levar consigo o par deste pergaminho...

– Arch, eu topo. – Olha para Haru e depois para Arch séria, ignorando o resto dos homens no local. – Mas eu preciso falar com você o mais rápido possível... tenho algumas dúvidas que precisam ser esclarecidas.

– Certo, mais alguém? – Enquanto terminava de falar o grandalhão empurrou-lhe para o lado. Foi como se estivesse sendo louvado por discípulos cegos de amor.

– Eu vou, sou o mais forte e o mais corajoso dessas maricas. – Então ele atravessou o restante dos homens e foi até onde saíra, em uma rocha próximo da fogueira.

– Só um momento, deixe os ânimos acalmarem, esses cães sarnentos não fazem nada a não ser seguir este bastardo brutamonte. Disse Arch para você.

Um tempo depois e os outros arrumaram-se. Arch lhe dera outras missões para que fizessem. O que mais levou tempo fora com o grande rapaz, que conversara com ele em particular próxima a mesa de reunião. Você pudera notar leves distrações do homem, que não importava onde você estivesse, levava o tempo que fosse para lhe dar uma rápida espiada. Ele era o único que não usava manta, nem vestes negras. Nem gorro ou alguma viseira. Tinha armaduras prateadas e um cabelo curto espetado. Haru estava dormindo em um canto, de costas em uma rocha, você estivera próxima dela todo o tempo, mas sem perder os integrantes daqueles mercenários de vista. Não pudera notar antes pelos recentes acontecimentos, mas lá estavam os dois homens de mais cedo. Eles estavam próximo da fenda, discutindo entre si, olhando o além do breu.

Olho ao redor, e ao perceber os dois rapazes mais uma vez minha mente é assaltada pela memória da conversa entre os dois que eu acabei não podendo deixar de ouvir. Enquanto fico parada, olho para Haru e depois para eles novamente. Sinto vontade de ir até eles, mas não consigo deixar a pequena sozinha. Me aproximo dela e vejo seu rosto infantil a descansar, acabo não sentindo vontade de acordá-la e me recosto na rocha enquanto observo os dois homens concentrada.

Arch caminha em sua direção suspirante, já não com aquela desventura toda nem com o samba ou com os movimentos rápidos. Ele se aproxima e senta ao lado de Haru, pegando um tempo para olhar seu rosto. Fecha os olhos por um momento, como se quisesse esquecer algo. Você observa isso sem mover nenhum músculo, ele não fez nenhum sinal, nada. Então você olha para os homens. Você não pode sair agora, não quando se tem um homem estranho ao lado de Haru, não quando coisas estranhas aconteceram, e nem quando está prestes a chover e não há teto no pátio.

Olho para Haru e me aproximo a pegando nos braços devagar tentando não a acordar. Olho para Arch de aparente frieza, mas percebo seu comportamento diferente. Enfim desisto de ir atrás dos homens e suspiro. – Arch, tem algum lugar onde eu Haru possa descansar? – Digo em voz baixa para não a acordar e o encaro séria tentando fazer parecer que não percebo o que se passa com ele.

– Ah... sim, você, já tinha esquecido... parece que vai chover não? Há uma caverna por ali – apontava a direção do local, era próximo da mesa das frutas e da comida – mas temo que não há tempo minha querida... além disso, qual seu nome? Nos meus registros tem somente seu sobrenome, Wernsteim, certo?

Haru deitava seriamente, parecia um pequeno anjinho dos contos humanos. O cheiro da chuva coçava seu nariz, há algumas milhas já deveria estar chovendo.

Olho para o lado e para Arch em seguida. – Meu nome é Andy, e por que não temos tempo? Ela precisa dormir pelo menos um pouco. – Digo enquanto o encaro um tanto nervosa.

– Eles acham que as provas vão sumir, mágica eu acho... garantiram que alguém irá buscar vocês em um vilarejo próximo daqui, há outros que irão com vocês para lá... O Norte não é uma região necessariamente amigável com Arkana, e se quer com Arglësia, por isso você deve partir agora se deseja aceitar essa missão... E, sinto muito Andy – Ajeitou-se no chão, de uma forma mais ereta e olhando firmemente. – Eu não quis falar com os outros, não senti confiança para esses mercenários, mas você, você é diferente... tem algo mais nesta situação toda, e não somente uma conspiração, tem algo mágico envolvido..., porém, acho que uma hora de descanso não fará mal a ninguém, basta levá-la até lá... quando der a hora certa eu acordarei você e deverás ir, confirmado?

– Sim, confirmado.... Nos vemos em uma hora então. – Digo acenando com a cabeça. Não me preocupo com o que Arch diz sobre eu ser diferente dos outros, no momento apenas me importo com Haru. Viro de costas para ele e saio em direção a caverna levando minha pequena irmã nos braços. Ao menos ela poderá descansar por uma hora, então cada segundo é precioso então apresso meus passos.

Enquanto você caminha com a pequena nos braços passam por ti alguns mercenários. Carregavam consigo equipamentos pesados, pareciam ir para luta, não falaram nada, não olharam para nenhum lugar, somente passaram pela fenda e sumiram na escuridão. Ao entrar na caverna um espaço pequeno, com uma cama improvisada de feno e folhas secas. Não havia nenhuma árvore por perto, não saberia dizer de onde viera tais coisas. A caverna possuía alguns desenhos, estavam escondidos nos cantos mais escuros, mas ainda podiam ser visualizados. Pessoas pequeninas enfrentando criaturas pelo menos cinco vezes maiores. Você escutara sobre isso antes, pinturas rupestres, era o que lembrava. O que vinha na mente sobre isso.

 

Haru não acordou mesmo com os movimentos para colocá-la naquela cama, estava muito cansada. Igual a você, não dormira bem se quer uma noite em alguns dias. Olhava como ela virava de um lado para o outro, procurando a melhor posição até que entrou no terceiro sono. A chuva veio logo em seguida, os sons das gotas pesadas na abertura da caverna, o som da água batendo nos cascalhos, o som da chuva. Antes que você também adormecera, observava como Arch arrumava tecidos para cobrir as mesas com os documentos. E logo em seguida sumindo na escuridão, naquele instante seus olhos estavam fechados e você estaria sonhando com a missão que irá mudar sua vida.

 

Essa não é você, não a verdadeira você, aquela é você, olhando tudo isso de longe em um lugar que não pode fazer nada. Seus gritos não são escutados, seu choro não é ouvido. Todos ao redor lhe olham de uma maneira séria, seus rostos estão impregnados de fúria e raiva. Por que estão tão nervosos?

Aquela falsa você caminha entre eles, ela sorri, acena para quem quer que seja e mesmo sem resposta continua a fazer isso até o centro da Praça de Mistérios. Que nome engraçado para uma praça, mistérios... Mistérios das pessoas que a rodeiam, estes mentirosos.

Haru está lá no centro... Haru..., mas como? Você olha atentamente, é a Haru e ela está com aquela outra pessoa, a falsa. Ela não entende que está não é você, possui um sorriso meigo e tão real... Real, é o que isso não parece.

Então a praça de mistérios começa a ficar vermelha, um vermelho escuro igual a sangue, Haru olha ao redor assustada, ela corre em sua direção, mas nunca chega mais perto. O que há com ela? Ela corre para ti, mas você vira as costas. Ela está com medo. Então se ajoelha enquanto a praça é engolida. E ela grita! "ACORDE!".

– Acorde, já se passaram o tempo, você deve ir agora. O transporte já chegou e está te esperando. Aquele grandalhão também está lá, falando merdas e esmurrando a montanha... O que houve? Teve um sonho ruim? – Perguntou enquanto se aproximava de você, olhando a sua situação. Estava com sono? Não, mas dormira um sonho pesado.

Você está ao lado de Haru, que ainda dorme. Ela está respirando rapidamente mas deve ser por causa do ar, que em cima desta montanha é bem difícil de respirar. Arch está em pé ao seu lado, com as mãos em seu ombro, esperando que você responda. Apesar do alvoroço de mais tarde, parece que o pátio já está vazio, ou aparentemente mais vazio que antes.

Olho a minha volta aparentemente atordoada, mas ao ver Haru dormindo percebo que está tudo bem e respiro fundo. – Foi só um pesadelo... – Digo em voz baixa como se estivesse tentando convencer a mim mesma.  Em seguida olho para Arch, e aceno positivamente para sua pergunta, então viro para o lado e empurro gentilmente Haru tentando acordá-la. – Vamos lá Haru, está na hora de irmos, me desculpe tê-la que acordar assim, mas, quando isso acabar prometo que você poderá dormir bastante. – Digo enquanto continuo a chamá-la.

Ela abre os olhos lentamente, observa ao redor e tenta voltar a dormir, mesmo que você a empurre gentilmente. Mas então ela fica sentada na cama bocejando e mexendo nos olhos. Há algumas mechas de cabelos que lhe cobrem um pouco do rosto. O rapaz está virado para fora, e ela não está mais toda coberta. Arch ri por um momento, que garotinha esquisita, pensava ele. Quando tudo isso terminou Arch fizera um sinal para você segui-lo. Lá de fora pode ouvir ele gritando, comentando algo para alguém "Mande uma mensagem para o conselheiro!". Após seu último bocejo Haru olhou para você, com um movimento rápido te abraçou, olhou para seu rosto ainda sonolenta e perguntou:

– Já é de manhã?

Olho para ela e sorrio um pouco sem jeito coçando a bochecha. – Não..., mas nós temos que ir agora, ok? – Levanto e estendo minha mão para ela a levando até a saída. – Vamos ter tempo para descansar depois. – Digo séria enquanto continuo a caminhar lentamente até o lado de fora da caverna.

Já não chove, apesar de ainda estar de noite. Há poças em todo pátio e a fogueira de antes agora está apagada em um bocado de cinzas. Arch está lá próximo da fenda junto com aquele cocheiro barrigudo e aquele homem. Não há tantos mercenários como antes, nem sinal de mais ninguém em especial. Você caminha pela mesa e nota que a moeda daquela misteriosa criatura ainda está lá, mas sem seu brilho. Arch lhe comprimente assim que se aproxima:

– Há um pequeno livro, um certo tipo de diário que os irmãos de Arkana utilizam. Se o irmão do rei fora realmente assassinado, deve estar escrito lá o real motivo para preocupação. Ele deve ficar localizado nas masmorras do castelo. Quando chegar lá, seja discreta, não queremos alarde e não podemos permitir que espiões saibam que estamos procurando-os.

– Entendido. – Respondo acenando com a cabeça positivamente, olhando para Arch séria. – "Então, vamos logo com isso, quanto mais rápido acabar, melhor para Haru. " – Penso, enquanto seguro a pequena mão de minha irmãzinha e caminho até o veículo a pegando nos braços. Ignoro a moeda e sigo.

Já dentro da carruagem você se arruma e Haru também, não havia mais a necessidade para pôr aquela venda. Estavam cientes de seu objetivo. A carruagem pôs a se mover, por um momento a paisagem não mudou, montanhas para os dois lados, depois de um certo tempo o lado direito mostrou-se com uma paisagem exuberante. Haru levantou-se surpresa, nenhuma de vocês tinham visto por causa da venda, mas o caminho que aquela carruagem percorria era sob um abismo profundo, e depois dele o mar de Ferus, que estendia até o alcance da visão. O homem grandalhão a observava sem mudar de feição, ele a olhava seriamente, mas somente agora decidiu falar alguma coisa:

– Eu soube que Neshigas não gostam de água... isso é verdade? – Dizia balançando de um lado para outro por causa do movimento da carruagem. Por alguns segundos olhou também para a janela, contemplando a paisagem – E imaginar que vocês vieram de lá, é isso que a história fala, não é mesmo?

– ... eu não sei. – Respondo friamente enquanto encaro o estranho. – O que você acha?

– O que posso dizer? Sou apenas um guerreiro, deixo essa coisa sobre pensar para os magos e bardos – Comentava rindo de uma maneira irritante. Ele pegou uma faca da bota e lhe apresentou – Mas disso... disso eu tenho certeza, vocês são feitas para caçar, lutar e matar... – Não parecia importar em falar estas coisas, mesmo com Haru ao seu lado.

Olho para Haru, séria e depois viro para o homem. – ... você tem razão quando diz que não foi feito para pensar, porque se fosse... Ficaria de boca fechada. – Digo pausadamente, olhando para ele. Sinto dentro de mim um pequeno sinal de fúria, porém tento me conter pegando a pequena mão de Haru levemente, esperando que ela não se assuste com o que está a ouvir.

Haru se surpreende ao ter sua mão segurada, ela olha para você e senta rapidamente. O homem então não diz mais nada durante todo o percurso. A paisagem voltara para montanhas e pedras. A carruagem deu um salto e parou bruscamente. O barulho cerrado veio lá de fora, a porta abriu-se com força e estava o homem gordo. Ele olhou para vocês três, não tinha uma boa aparência. – É melhor vocês terem cuidado... – Antes que terminasse de falar ele debruçou no chão de madeira, metade para fora, metade para dentro. Em suas costas uma flecha comprida, negra como a escuridão. Ela emanava uma aura sombria, e um liquido pegajoso escorria de suas costas. Estava morto o rapaz.

– Haru, se abaixa e não sai daí! Eu vou ver o que está acontecendo. – Saio da carruagem e caminho devagar olhando para os lados. Surpresa, porém, estaria animada se não fosse o perigo que Haru também estaria correndo, poderia ter sido qualquer pessoa a levar essa flechada. – "Com certeza tem algum arqueiro escondido então preciso tomar cuidado." – Empunho meu machado e olho procurando o atirador.

– Tenha cuidado... – Disse baixinho, encolhendo-se no canto.

– Por fim, um pouco de ação – Disse o homem misterioso pulando também da carroça e erguendo seu machado.

Vocês dois observam ao redor, já não estão mais em um local somente de pedras, há grama e algumas árvores pelo cenário. É o começo da montanha. Um movimentar de arbustos lá em baixo, a alguns metros chama a sua atenção. Parecer ser mais que uma criatura, movimentos também podem ser escutado um pouco acima, em um terreno alto a direita. Um chiado agudo aparece, e de repente some.

Caminho em direção aos arbustos e atiro uma pedra lá enquanto corro e acerto o local com meu machado.

A pedra é jogada no arbusto com força, durante um tempo antes de ter sido acertado com o machado ele tinha movido mais uma vez. Um baque seco, um barulho profundo.

– ""Arrg, glug arg", seu machado ficou fincado em algo que movia reluzente contra o objeto. Fora puxado uma vez para o arbusto, mas você não cedeu. Com um puxão sua arma veio ensanguentada, a lâmina pingava através da haste e na sua mão. A criatura saiu cambaleada, tinha um corte profundo nos ombros, era um pequeno humanoide só que com cara de cachorro meio-dragão. Era um Kobold.

Uma flecha passa através de sua cabeça, zunindo próximo de suas orelhas. O outro pulava dos matos próximo da árvore.

Olho para o machado sujo de sangue e dou um sorriso sádico, um sorriso que eu nunca daria para Haru. Olhando para o Kobold com raiva levanto meu machado e miro em sua cabeça dando um golpe de cima para baixo na vertical.

O Kobold ainda ferido consegue escapar do seu golpe. Jogando-se de lado próximo ao arbusto de onde pulara. Levantou-se rápido e segurou a ferida, mas sem perder a fúria que estava nos olhos.

Um outro move-se rapidamente até a colina e aponta para o homem misterioso. Com sua besta arma o disparo.

Quando o Kobold arqueiro tenta desferir o golpe ele se atrapalha, a flecha que iria armar na besta escapole de sua mão, caindo lá da montanha, quicando algumas vezes e batendo numa rocha ali próximo.

Tento novamente acertar o Kobold, dessa vez com um golpe da esquerda para a direita na horizontal enquanto grito ferozmente. Ter errado meu golpe anterior faz com que eu sinta meu sangue ferver e um desejo irrefreável por mais destruição.

Você gira rapidamente com a velocidade, perdendo de vista o pequeno Kobold, que consegue passar por seus braços com facilidade lhe desferindo um pequeno corte em sua perna direita.

– Você está bem? – Perguntou aquele homem enquanto corria em direção do arqueiro.

– Estou, não foi nada. – Respondo séria sem me virar, tentando manter o foco na batalha. O ódio transparece em minha voz.

– Morra criatura do inferno! – Com um gigantesco salto o homem segura a raiz da árvore que estava próximo da beirada da pequena colina, rodopiando de uma forma magnífica e cravando seu machado em sua cabeça. O impacto explodiu os miolos do Kobold, jorrando sangue para todo lado.

"Merda, morre logo maldito!" – Reúno minha fúria em um golpe horizontal como o anterior, mas desta vez vindo da esquerda para a direita miro no pescoço do Kobold em um golpe de brutalidade.

– Você sabe mesmo utilizar isso? – Dizia o homem enquanto pulava da colina.

Você gira novamente, só que agora sua arma é lançada lá para mais distante. O Kobold aproveita a chance e lhe fere artificialmente no abdômen.

– O quê?! Quer que eu teste minhas habilidades em você por acaso? Não enche! – Grito furiosa enquanto tento me manter concentrada, mas a cada segundo fica mais difícil controlar minha raiva.

O homem dispara em velocidade mas o kobold é astuto e consegue esquivar, acertando-lhe próximo da virilha.

– Aí caralho! Bichos rápidos da porra! Mata ele!

– Seu maldito!!! – Tento socá-lo no lado direito do rosto, fechando meu punho com força.

O Kobold observa quando você cresce em diante dele, suas garras aumentam consideravelmente e sua feição muda. Com um golpe sua cabeça é lançada para o alto, jorrando o sangue para todos os lados, inclusive em seus pelos e em seu rosto. O corpo sem vida da criatura então repousa em silêncio, primeiramente caindo de joelhos e depois de lado.

– Muito bem, não dá para acreditar como essas criaturas são rápidas... eles mataram os cavalos também, vamos ter que ir até Scourtlard a pé. Fica próximo daqui.

Respiro ofegante olhando para o corpo do Kobold, minha expressão ainda é de puro ódio. Pisoteio o corpo enquanto mantenho um sorriso estranho em meu rosto. – Gosta disso? Hahaha... – Ignoro o homem por alguns segundos enquanto alivio minha raiva. Então paro e olho para meu machado indo até ele e o apanhando do chão, volto até o cadáver e passo meu machado em suas roupas limpando o sangue. Então viro para o homem como se nada tivesse acontecido. – Vamos lá então. – Caminho em direção a carruagem em silêncio, lembrando de que por alguns segundos agi como um animal irracional, cega de ódio. Sinto-me um monstro em parte, mas o que posso fazer? Essa é minha verdadeira natureza afinal.

Haru estava comprimida no chão, em posição fetal, com os olhos forçados e a cabeça baixa. Quando a porta se abriu novamente ela levou um susto. Ao olhar que era você ela correu para seus braços. Antes que pudesse fazer coisa Haru segurou os pelos de seu pescoço e enrolou-os sobre os dedos, ela tentou remover a mancha em seu cabelo, sujando um pouco das mãos, pois o sangue ainda estava fresco. Você retira ela daquela carruagem, passando pelo corpo do homem gordo. O homem misterioso se aproxima, colocando a mão em seu ombro.

– Para ele saberem essa localização deve ter sido informado por dentro... isso quer dizer que há um traidor entre nós. Para que isso dê certo devemos confiar um no outro. Me chamo Salazar... – Ele lhe solta colocando seu próprio machado nas costas. – Qual seu nome?

– Você é o cara que gosta de fazer gracinhas... Salazar... esse nome não parece muito com você. – Respondo em tom de voz seco. – Enfim... Salazar, eu sou Andy. Pronto, já nos apresentamos mas se está esperando que eu simplesmente confie em você deveria pensar de novo não acha? Essa coisa de confiança leva tempo. – O encaro séria enquanto ajeito algumas mechas de cabelo. Não queria confiar em um cara que acabava de conhecer, não apenas por mim, mas principalmente por Haru.

– Na verdade? Eu quero é ouro dessa missão, eu sou forte, mas não louco. Não iria chegar muito longe se fosse sozinho – Caminha até os cavalos observando o estado em que estavam.

– Entendo. Depois do que aconteceu agora a pouco devo reconhecer que você foi útil, vamos fazer o seguinte. Lutamos juntos, mas você não atrapalha o meu caminho e nem eu o seu. – Digo enquanto olho para os cavalos. Realmente estar sozinha e protegendo uma criança eu teria poucas chances, mas talvez me aliando a alguém poderia ser algo crucial. – E então?

– Então partimos, ter somente dois destas pestes não é um bom sinal, normalmente são batedores. Um caçador e um scout. Vão sentir a falta deles e irão trazer mais kobolds... Como eu disse, a cidade de Scoutrlard fica bem próximo daqui, e esses monstros não vão querer invadir uma cidade. De lá pegamos alguns cavalos e vamos para o oeste, para o castelo imperial. Além disso temos que encontrar os outros informantes.

Salazar partira na frente, apesar de ter colocado o machado nas costas ele não removia as mãos de próximo da arma. Indicava um caminho pelos declives do terreno a direita, fora do caminho principal. Depois de um tempo caminhando, já estavam bem mais próximos, mas em uma região alta. Lá em baixo, podia ver o contorno das casas da cidade. A montanha estava prestas a acabar, no entanto as planícies dessa nova localização eram em colinas, lembravam uma gigantesca escada, quebrando o cenário de uma forma quadrada e sistemática. Já não era tão noite assim, agora o sol já começava a irradiar sua luz no horizonte. A lua estava lá em cima aguardando o tempo para ir embora. Kobolds não são criaturas diplomáticas, não poderíamos nem as considerar como criaturas pensantes. E por este motivo, uma coisa era certa, alguém estava controlando elas.

 

 

“Eu a vi caminhar entre alguns desconhecidos, eles a chamavam de irmã, todos a chamavam de irmã. Tinha orelhas de gato, mas não era uma, tinha uma cauda de gato, mas não era uma, porém algo que ela tinha que nenhum gato jamais sonhará em ter: compaixão.

O fogo ardia como um pequeno semblante do inferno humano, as chamas vivas queimavam tudo que lhe tocava e riam daqueles que a encaravam.

Uma jovem garotinha estava entre elas, e as chamas bailavam em sua volta gargalhando com o seu próximo banquete: Uma jovem e adorável garotinha, deliciosa! DELICIOSA, DELICIOSA.

Aquelas palavras ecoavam por sua cabeça até que uma luz iluminou o inferno, as chamas assustadas se esconderam. Uma mão veio e ergueu a pequena, estava lá de fora apreciando a vista e a segunda chance que a vida lhe dera, e agora tinha uma irmã... ”

As planícies continuavam um tanto mais. A cidade apesar de distante estava visivelmente distinta, suas paredes de pedra orneadas com símbolos do folclore humano. As luzes das tochas marcavam passos de 50 metros para cada extensão da muralha. O sol nascia no horizonte atrás de Scoutlard, e clareava o horizonte com uma cor alaranjada. Alguns pássaros voavam através de suas cabeças, gorjeando livremente pelo céu ainda com estrelas. Salazar estava na frente, não havia perigo nenhum a nenhum lado, porém não largava o machado das mãos, Haru estava sonolenta, dormira pouco a noite toda e agora já estava amanhecendo, por um momento você notara ela ir se arrastando, dormindo acordada. Andy Wernsteim diz:

Olho para Haru de forma gentil, e percebo sua sonolência. Então paro e me abaixo ficando à altura dela. – Hey mocinha... eu sei que está com sono, mas poderia aguentar mais um pouco? – Digo enquanto ponho uma de minhas mãos em seu rosto o erguendo.

– Estou com muito sono mana... – Ela então lhe abraçou, roçando seu rostinho contra seu pescoço, e então falou ali mesmo, com os olhinhos escondidos – Esse homem fez a gente andar muito... meus pés estão doendo. – Enquanto ela falava esta última frase, erguia sua perna, mostrando onde doía.

Olho para a garotinha e vejo sua perna, não estava acostumada a cuidar de ninguém a não ser de mim mesma então não havia percebido que ela é tão frágil. Suspiro e bato em minha testa, como se chamasse a mim mesma de idiota, e olho para ela sorrindo disfarçadamente. – Tudo bem, suba nas minhas costas e eu te carrego.

Haru apoiou-se com sua ajuda e cruzou seus braços em sua cintura. Sentia sua respiração quente enquanto dormia em suas costas. Salazar tinha olhado toda aquela situação com uma grande surpresa, "E era esta mulher que estava degolando os kobold anteriormente..." pensava. Com mais alguns minutos chegaram próximo o suficiente da muralha para que um dos guardas o vissem com clareza. Ele apontara o arco inicialmente, mas ao olhar a pequena garota em suas costas abaixou sua-arma-sedenta. Ele mostrava-te a direção para alcançar o portão mais próximo da cidade. Scourtlard tinha um pequeno histórico de cidade-militar, e não lhe faltava provas, a começar pelo sistema de segurança.

Salazar falara para você arranjar um lugar para comer e dormir, ele iria resolver alguns assuntos pendentes na cidade para continuar sua missão. Aquela situação com o cocheiro e a emboscada deveria ser investigada mais afundo, mas só depois de um bom descanso. A taverna da cidade ficava um pouco lá para o centro. Apesar de seu exemplar militar ela pecava em estética e qualidade civil. Algumas placas indicavam vários lugares bons para arranjar um bom descanso: Taverna Snapse, Taverna-noite-feliz, Taverna Horos. Cada uma em um ponto da cidade.

Carregar a pequena Haru não era nem um pouco difícil, mas mesmo assim eu gostaria de um local para irmos. Avisto as placas e a Taverna-noite-feliz é a única que não me parece estar cheia de vagabundos bêbados. Então decido ir em direção a ela, em silêncio. Eu poderia estar enganada, mas mesmo assim não posso negar que esse nome me traz uma sensação de tranquilidade.

A caminhar em direção a Taverna-noite-feliz o caminho fica mais compacto, e com uma aparência meio perturbadora, havia esgoto saindo das casas, os canais que ligavam aos seus fossos com certeza estavam destruídos. O cheiro não era nem um pouco agradável, tivera que acelerar os passos para sair daquela situação podre. Passara por alguns pobres homens manchados com sua nenhuma-importância. Ao chegar na Taverna-noite-feliz um desenho grotesco feito de carmim e sismos (elementos criados) engrandeciam-falsamente o local. Uma mulher azulada com tentáculos no lugar de cabelos era a imagem. Você ouvira pouco sobre estas, elas vivem além das Montanhas-da-Geada no Norte, era raro vê-las por aí. Você para na frente da porta, ela está levemente fechada, ouve-se barulhos de lá como se fossem gargalhadas, urros e torcida.

"Acho que eu não deveria ter vindo aqui... " Escuto o barulho, e penso em dar meia volta. Mas algo dentro de mim grita para que eu entre, talvez seja meu instinto sedento por sangue, enquanto meu lado protetor sente-se com a obrigação de recuar por Haru, de qualquer forma a voz que grita mais alto é a que me manda entrar, sendo assim continuo a caminhar e abro a porta a empurrando com o pé direito.

A porta é aberta com força, mas ninguém lhe dá a atenção. O som está alto e há um ritmo frenético vindo lá do fundo. Um grupo de bardos tocam de uma maneira alegre com batidas regulares e sons dançantes, você nunca ouvira algo assim. Em algumas mesas há diferentes Ashais dançando com uma forma sensual e hipnotizadora, ao menos para os diversos trogloditas que não param de beber. Alguns parecerem não se preocupar com o aviso preso na parede "PROÍBIDO TOCAR" e dão uma apalpada nas dançarinas. O barman observa sua entrada e com um sinal pede para se aproximar. Quando você se afasta da porta, logo em seguida entra mais dois homens, quase que da sua mesma maneira, chutando a porta, só que agora gritando como animais e sinalizando para outros ali próximos.

– Uma mulher-gato aqui? O que você quer? – Diz sem olhar Haru em suas costas.

– Mulher... Gato? – Digo um tanto perplexa por ter sido chamada de tal forma, tão simplificada. Então o encaro irritada, porém tentando me conter. – Eu só quero um lugar para descansar. – Respondo de forma fria como uma máquina, mas fecho meu punho segurando meu machado com força.

– Descansar? Por quê? Por acaso você também é um morcego? Já está amanhecendo... já não basta ter que aguentar esses idiotas bebendo até a manhã de um novo dia agora vou ter que cuidar dos problemas de uma mulher-gato. Te entrego um quarto que tenho no porão por 2 moedas de ouro, não menos que isso. – Ele falava tudo sem olhar uma vez para você, encarava subitamente seu copo a qual limpava sem cessar.

– Estou com uma criança, e ela precisa descansar. Você não pode abaixar o preço? – Cerro meus punhos com mais força e tento ser a mais educada possível. Não estava disposta a gastar duas moedas de ouro, que eram quase metade de tudo que eu tinha no momento. – P... Por favor. – Digo com dificuldade, extraindo de mim o último pingo de gentileza e apostando tudo nisso pelo bem de Haru.

– Certo, certo – Olhava para Haru, no momento ficara surpreso por ver uma criança daquela idade naquele estabelecimento. Observava a pequena que mesmo com aquele barulho conseguia dormir em seu sono profundo – Então me dê somente uma moeda e pode descer... não posso garantir que aqui seja um hotel primeira classe igual aos cão-burgueses mas dá para descansar, lá em baixo não se escuta muito.

– Ok, não se preocupe com isso. – Olho em meu saco de moedas e retiro uma jogando-a no balcão, então sem expressar nenhuma gratidão olho para o homem e aceno, e então caminho procurando o porão.

Você tivera que se apressar os passos pois a passagem estava em um local movimentado da taverna. A porta no final do corredor estava aberta, aliás, somente o portal podia-se ver, não havia nenhuma porta nem nada. Ali para baixo uma escada, estava as paredes um pouco úmidas, e um cheiro de terra. A luz era fraca e iluminada apenas por pequenas janelas que davam visão quase que no nível do chão. Não era tão no subsolo como pensara, mas ainda assim permanecia metade para baixo dele. Depois que descera as escadas e atravessara o corredor, algumas portas de dispensa e materiais, você encontra um pequeno quarto, com uma cama, uma pequena mesinha de canto e uma cadeira. Há janelas, do mesmo estilo, pequenas que quase encostam no teto. A pequena saleta possui assoalho, paredes acabadas e pintadas. Apesar de não haver uma luz forte o suficiente, é o bastante para você observar o quarto aos seus detalhes. Andy Wernsteim diz:

– Chegamos Haru, pode descansar agora. – Sussurro tirando a pequena de minhas costas e a deitando na cama, então me sento ao lado e a observo dormir. Ela parecia tão boa de sono quanto qualquer outra criança, tão despreocupada... nunca fui desse jeito, quando criança tudo que eu fazia era roubar e fugir, pelo menos até ser encontrada pelo mestre... meu olhar se torna triste ao me sentir levada por uma maré de lembranças, então balanço minha cabeça para os lados como se estivesse a expulsar aqueles pensamentos, então sento no chão e encosto na cama olhando para baixo.

Haru é colocada delicadamente, seus longos cabelos negros passam a ficar sob seu rosto, a qual você os move sutilmente, seu rosto não tinha expressões de medo, raiva ou quaisquer outra emoção-de-gente-grande. Antes que você se vira para então descansar também, ela abre os olhos rapidamente, com algumas piscadas rápidas e em seguida um pouco de cansaço ela segura sua mão firme, com uma conchinha e volta a dormir, soltando-as levemente. Você então observa o chão, ele é feito de madeira, todo detalhado, há tiras longas de um canto para o outro, até ali naquela linha obscura, linha obscura? Não, era uma marca de alçapão, era uma outra passagem, e estava no meio da saleta. Andy Wernsteim diz:

– O que é isso...? – Digo em voz baixa para mim mesma enquanto olho para a linha no chão e me aproximo da mesma para observá-la mais de perto, então dou pequenas batidas no piso com a intenção de saber se é oco.

A madeira quando batida mostra-se oca, o som ecoa através de lá. Parece uma queda profunda, ou uma descida longa, ou um abismo interminável, ou apenas um pequeno espaço para guardar ração extra. Andy Wernsteim diz:

– Interessante... – Pego meu machado e golpeio a madeira com cuidado, mas acabo exagerando na força.

Você prepara o machado para tentar acertar um golpe preciso na alavanca da passagem, mas não calculou muito bem a força necessária. Com um golpe rápido e forte aquela área de madeira é destroçada. Um barulho seco de estalo, em seguida tábuas e pedaços de madeira caindo em um foço escuro que se perdia a muitos metros a baixo. Haru acorda rapidamente, seus olhos esbugalhados de surpresa ao procurar qualquer-coisa que precisasse de sua atenção, batimentos acelerados, respiração rápida e em pequenos fragmentos. Lagrimas escorrem em seu rosto apesar de não emitir nenhum choro, miado ou gemido. A surpresa ainda levaria alguns segundos para extraviar-se. Ela sentou-se com as pernas cruzadas, encostou-se com as costas na parede ainda que sonolenta, colocando as mãos no rosto, esfregando seus olhos perguntou:

– O que você está fazendo mana?

– Ah, eu... – Olho para Haru e abaixo o machado. Por um momento acabei fazendo algo que não devia e a acordei, mas a curiosidade havia tomado conta de mim e não pude evitar. – Erm... não é nada demais, volte a dormir e aproveite bastante pois não sabemos quando vamos ter esse tempo de descanso novamente. – Digo em voz baixa para a pequena acenando com uma das mãos.

– Tudo bem mana, só mais um minuto e já podemos ir – Dizia enquanto fechava os olhos, dormindo ali mesmo sentada e de costas na parede. Ao olhar para o foço nota-se uma escada de barras de ferro presas ao lado, algumas visíveis possuem um aspecto enferrujado, abandonado, mas outras estão tão boas quanto novas. O cheiro lá de baixo é de terra molhada, água, plantas e de ferro enferrujado. Andy Wernsteim diz:

– Não diga isso, a pouco tempo atrás estava caindo de sono, não seja teimosa! – Digo em tom de preocupação, e percebo que sem querer acabei por levantar a voz um pouco mais do que deveria, então tento me recompor. – ...Haru, apenas descanse ok? – Digo após um longo suspiro, então viro para o foço e me abaixo. Sinto uma grande vontade de descobrir o que há lá em baixo, mas prefiro deixar como está. Já havia feito coisas demais, em um local tão irrelevante. Então caminho até a pequena e deito na cama deixando meu machado perto da cabeceira, talvez eu só precisasse relaxar um pouco e estaria bem novamente.

Suas pestanas estão mais pesadas, a cabeceira torna-se incomoda e você desiste de dormir sentada. Encosta seu rosto naquele assoalho de madeira e então dorme.

“A garotinha tossia, a senhora Fumaça era má com ela como qualquer outro amigo que aparecera à noite. As chamas não sabiam brincar, a fumaça tinha um cheiro horrível, o medo perturbava-as e a tristeza fazia de tudo, menos ajudá-la. Ela passou um tempo em coma, talvez, ou tivesse morrido naquele tempo. Sua alma deveria estar partindo para-o-além, sorrindo e dando tchau para seu corpo quando ela viu à mão que lhe puxara. Triste estava uma pequena mulher, seus olhos moviam-se com velocidade quando removia a blusa da pequena, apalpava seu peito, tentava sentir sua pulsação. Nada, o que agora? O que devemos fazer? Então ele encostou os ouvidos em seu peito, com desespero começou a pulsá-la e ouviu um batido leve e solene, e repetiu. A respiração parecia pesada, ela viu a boca da pequena e com dificuldades abria e fechava. Prendeu seu nariz e assoprou o mais forte que pode, era sua chance, não desperdice garota! Sua alma já estava longe, mas então viu o quanto aquela jovem custava para lhe recuperar, ela então olhou para seu corpo e disse em voz alta: Não desiste irmã, estou contigo! E estava ela lá, deitada em uma cama feita de mármore branco, polido como a neve. Tinha mil anos a mais que a mais velha árvore do mais antigo bosque. Seus olhos eram como a escuridão do céu quando não há estrelas, e vagavam pela eternidade. Mas em suas mãos estava um lírio, que parecia não ter fim como a pequena garota. Aguardava que alguém tirasse daquele profundo e mórbido pesadelo, sua amada irmã chegaria em um corcel, atravessando as nuvens lá de cima e planando como mágica. Ela carregava consigo uma espada e um escudo. E no escudo um carvalho, quando ela se aproximou a garota piscou os olhos. Lentamente pudera ver o lírio cair de sua mão, bater algumas vezes no gramado até que ficasse ali estaticamente. Com um salto, pulou em seus braços, abraçando-a como um tudo. Até o fim do mundo, não queria largá-la... ”

Haru estava deitada sob seu colo. Naqueles momentos tenebrosos, parecia ter um pesadelo tão pior ou igual ao teu. Suas pálpebras pareciam agora menos agitadas, sua respiração estava calma e pausada. Era como se não tivesse mais problemas. Ela estava com seus braços em volto de sua cintura, seu rosto prensava contra seu peito e ainda que virado de lado podia sentir sua respiração quente. Você observava ao redor do quarto, não havia nada de suspeito por ali que se não aquela entrada secreta. E de lá um cheiro de terra úmida.

Afasto devagar os braços de Haru do meu corpo e levanto da cama bocejando. Então caminho até o buraco no meio do quarto e o observo concentrada. “Eu não aguento, preciso saber o que há ali embaixo" – Penso enquanto apanho meu machado e tento entrar naquele local, como se o cheiro estivesse a me chamar.

Ao se aproximar do buraco você identifica novamente as alças de ferro, presas na parede em formato de uma escada vertical. Nas bordas o assoalho de madeira não lhe traz muitos detalhes, no entanto um pouco abaixo há muco e lodo. Apesar de sua visão, a fraca luz emanada da lamparina ao lado lhe impede de visualizar o fundo, ainda que algo lá em baixo dá um sinal fraco de brilho. Para poder entrar você deve pôr o machado em algum lugar, que não esteja nas costas nem nas mãos.

Percebendo a situação, jogo meu machado na parte de cima da entrada para que eu possa entrar facilmente, então desço. Sigo em frente, observando os cantos com cuidado. Aquele lugar me parece suspeito, então penso em verificá-lo rapidamente ao menos para matar minha curiosidade e depois voltar para o quarto novamente. Não tenho a intenção de me afastar muito, apenas o suficiente.

Você caminha pelo corredor, tentando procurar detalhes na parede, no teto e no chão, porém nada que lhe salte os olhos ou que possa valer uma atenção mais direcionada. Quando você caminha por cerca de 02 minutos você chega a uma bifurcação. Ao seu lado direito a água não continua sendo ela travada por um ralo escondido no buraco. Ao esquerdo, apesar da água continuar, muito mais lodo e muco estão grudados na parede. Ao voltar rapidamente, um pouco próximo da entrada você escuta gritos, vindo lá de cima.

Caminho com cuidado em direção a saída de onde vim e subo até a parte de cima do quarto. “O que está acontecendo?!” Procuro meu machado e o pego.

Haru não está na sala, como um prego estacado em seu coração, algo lhe comprime. Você tenta, desesperada encontrá-la. Os gritos agora se afastam, estão vindo pelo corredor. Há um homem, ele estava observando um pequeno entalhe na mesinha, um carvalho velho de galhos longos. Quando ele observou você, pegando seu machado, pôs a tirar sua espada do suporte e apontou para sua direção. Andy Wernsteim diz:

– Onde está a Haru?! – Grito furiosa e desesperada olhando para o homem, mesmo percebendo que ele aponta a espada para mim, não me preocupo em lutar com ele quando escuto o som de gritos a se afastar. Corro em direção a voz de Haru, meu desespero toma conta de mim aumentando minha raiva, por que eu tive que me afastar?!

– Não tão rápido – Pega a lamparina e joga contra suas costas.

Você ignora o comentário do cavaleiro, e se quer a lamparina a atinge e simplesmente empurra o cavaleiro contra uma sala, quebrando a porta e tudo devido a força descontrolada que tivera. Primeiro o corredor vazio, todas as portas estavam fechadas, nem as de algumas horas atrás estavam abertas. A escada já ganhava forma, quando lá de cima da taverna você ouvia gritos, mas não eram de Haru. Eram gritos de várias pessoas, o barulho intenso de sapateadas, passos e ferro ecoava pelos seus ouvidos. Você então sobe as escadas com velocidade, cada segundo longe de Haru parece sugar-lhe a vida. Com um clarão a sala é aberta, a porta bate com força na parede quando ultrapassa sem limite de angulo. Porém a cena não era a das melhores. Kobolds estavam atacando mulheres e homens, os porcos do bar, o taverneiro e o bardo que tocara um tanto antes. Sem sinal de Haru, você começa a olhar em volta.

Olho a minha volta e percebo que Haru não parece estar em lugar algum, vejo os Kobolds, tudo aquilo parecia ter sido planejado e eu não faço a menor ideia de quem está por trás disso. Decido então passar por todos eles e sair da taverna à procura de minha irmãzinha, imaginando o quanto ela poderia estar com medo, sem mim por perto. Meu coração aperta só de lembrar de seu rosto antes tranquilo e sereno, que agora poderia estar coberto de lágrimas por causa da minha irresponsabilidade. “Virei as costas por um momento e tudo deu errado. Haru... eu vou te encontrar, e se alguém ousar tocar em um só fio de cabelo seu, eu juro por tudo no mundo que irei fazer essa pessoa se arrepender de ter nascido e desejar a morte, mas eu não terei misericórdia alguma” – Penso enquanto fecho os punhos com força e corro abrindo caminho entre as pessoas com meu machado sem me importar quem é Kobold ou não – Saiam da frente!

E começara com um impulso, o demônio com cara de gato. Homens eram empurrados com extrema força, enquanto que Kobolds eram lançados para os cantos da sala. Tivera que pular algumas vezes por cima de mesas e cadeiras. Além de ter escorregado pelo balcão e atravessado por cima do mini palco de música, que agora estava manchado por sangue. O ricochetear das espadas umas nas outras era assustadoramente alta, as lâminas delas brilhavam de acordo com os impactos que sofriam. A luta não parecia estar focada a nada, que não simplesmente pela baderna, confusão e tudo mais. A porta se abre com força, já não há mais trancas nela. Você visualiza e observa..., mas agora com um nó na garganta. Lá no centro do pátio estava um homem alto e musculoso que carregava um machado quase igual ao teu, próximo aos seus pés tinham dois cadáveres humanos, com cortes por tudo corpo. Era Salazar, Haru estava atrás de suas pernas grossas, chorando abaixada, com os olhos fechados e as mãos prensadas contra seu próprio rosto. Não queria encarar a criatura que estava a sua frente e a de Salazar. A Besta era um Kobold gigantesco, deveria ter ao menos 2 metros de altura. Ele tinha uma cinta fora a fora cheio de símbolos estranhos, com ele havia ainda mais dois kobolds batedores, e começavam a partir para cima de Salazar.

A criatura era gigantesca, seus caninos eram assustadores e possuía uma cinta com ornamentos e runas antigas. Carregava consigo um tremendo machado e era espantoso como que para ele não pesasse nada. Salazar defendera um de seus golpes e já parecia estar sem folego. A pequena garota era empurrada com tamanha força para um pouco atrás, caindo de bunda no chão. A terra que levantara e um pouco dos pingos de sangue sujara seu vestido e suas mãos. Salazar olhara para a você, tinha medo e apreensão em seu rosto, e mesmo que voltava a encarar a criatura mais uma vez, não teria forças para continuar sozinho.

Os outros kobolds vão em direção a você, não dando a mínima para seus companheiros que são abatidos pelos humanos. Humanos fazendeiros, mercadores, artesões. Nenhum tinha armas, nenhum tinha talento, somente a fúria e a vontade de viver faziam com que lutassem.

Ao ver a cena sinto meu corpo queimar de puro ódio como se meu sangue fervesse dentro das minhas veias, sinto adrenalina correr pelo meu corpo e sem pensar em mais nada apenas corro na direção dos Kobolds com meu machado mirando um ataque da esquerda para a direita na horizontal no kobold mais próximo.

– Mate esse demônio. – Dizia o Kobold, levantando sua arma para tentar lhe atacar. Seus passos ligeiros rapidamente ganhavam terreno, ainda que via seu companheiro esquivar de seu golpe, ele não parava, não cessava. Queria ver seu sangue derramado.

A fúria do momento é tão grande que não tento esquivar e corro contra ele recebendo o dano enquanto defendo instintivamente, porém não saio do lugar – Arggh!

Kobold Batedor após esquivar seu golpe, e observar o outro kobold lhe atacar sem muito efeito, parte em sua direção, atacando-lhe também com seu machado-leve.

Olho para o lado irritada e percebo o outro kobold vindo em minha direção, tento então evadir do ataque inimigo o mais rápido que posso. Recebendo o ataque, sou empurrada para trás então seguro meu machado com força e novamente ataco, o mesmo kobold de antes e que agora havia me acertado – Maldito!

O Kobold é acertado com fúria, lançado para longe. Um de seus braços voam com ferocidade manchando todo cenário com seu sangue quente e brilhante. O outro para um momento, observando a cena. Seus olhos jorram fúria.

– Como isso é possível? – Dizia observando seu companheiro desesperadamente acolher seu membro decapitado e sem razão nenhuma, colocando-o próximo do cotoco que surgira. Naquele instante, a criatura estava tão louca quanto podia, afinal, tinha perdido um braço.

Enquanto olho para o Kobold que havia acertado dou um sorriso sádico e olho para o outro que vinha me atacar – Pode vir! – O provoco esperando pelo impacto.

– É só isso que você tem? Hahahaha! Veja o que vou fazer com seu amiguinho! – Grito enlouquecida de ódio, então corro para o kobold ferido e com meu machado miro em seu crânio, no intuito de rachá-lo no meio.

A neshiga levanta seu machado com rapidez, a lâmina brilha com a luz do luar. As gotas caem uma só vez no chão, e ele parte em sua cabeça. O Crânio do Kobold é esmagado, dilacerado sem dúvidas. Pouco do que restara de sua massa cerebral vem grudado no fio de seu machado até que escorregando, cai e bate na terra umedecida pelo sangue.

Sorrio olhando para o cadáver e o pisoteio por alguns segundos até que percebo o kobold inimigo vindo na minha direção, me viro rapidamente sorrio para ele sadicamente esperando seu ataque. – Hahahahaha... – A adrenalina em meu corpo parecia explodir, acabando com meu bom senso e liberando um desejo assassino incontrolável.

O golpe é recebido com um pouco de força, mas nada sério. Com sua reação, o Kobold se afasta um pouco.

O golpe me acerta e caio por cima do corpo me sujando ainda mais de sangue, então levanto devagar e olho para o Kobold que me encara furioso. – ...tenho que admitir... que essa doeu. – Digo séria, então cuspo do lado direito e limpo a boca em seguida correndo até eu ataco da esquerda para a direita na horizontal em seu peito giro buscando aumentar o impacto do meu golpe. – AAAHHHH!!!

Mais uma vez, um golpe furioso. No primeiro instante o barulho seco de ossos se estalando, logo em seguida a carne sendo devorada pela lâmina afiada de sua arma. O Kobold partira em dois, sua arma acompanhara a parte de cima, enquanto que seus grotescos miúdos iam dançando com seus pés, em um bailar mórbido pelo ar, até que caíssem próximo ao seu companheiro desmiolado. Haru estava observando tudo de longe, atrás de Salazar que ainda lutava fatidicamente com aquela monstruosa criatura. Não havia mais nada que impedisse o contato direto com eles.

Sentindo a adrenalina dentro de mim acabar de repente como se fosse sugada para fora do meu corpo subitamente, caio de joelhos e fico a tossir por alguns segundos então levanto e olho para os corpos em seguida viro e vejo Haru que não parece estar ferida, corro em sua direção com expressão preocupada – Haru, você está bem?!

– Andy! Andy! – Gritava, seus olhos estavam fechados. Ela estava sentada um pouco atrás de Salazar, com as mãos juntas ao corpo, fechadas em concha fazendo força para serem fechadas. Ela movia-se com um certo desdém, ia para frente e para trás, somente com o tronco, sem sair do lugar – Andy! – E mais uma vez... não tinha coragem para abrir seus olhos, se quer para correr. Estava lá, imóvel.

Ao me aproximar abraço a pequena e frágil garota então olho para o lado e percebo o Kobold gigante que parecia pronto para atacar a qualquer momento – Haru, me desculpe por ter perdido de vista... fique longe de perigo, vamos cuidar disso logo, eu te prometo. – Digo com voz firme então levanto e olho para o lado encarando Salazar. – Eu não sei o que você fez, mas parece que protegeu a Haru, então... obrigada. – Digo secamente então viro para o inimigo serrando os punhos com força o encaro com ódio.

– É, esse grandalhão é meio resistente... – Dizia tirando o sangue do rosto, passando a mão em seus lábios e voltando para segurar sua arma – Espero que essa criatura tenha um bom motivo para vir para cá.

O Kobold coloca sua arma em seus ombros por um instante, parecia rir de vocês dois, seu rosto gigantesco fazia com que tivesse que olhar pelo canto do rosto. Mostrara seu canino brilhante como marfim. Um sorriso alarmante, um grunhido e depois um uivo ecoado e alto. No entanto com um timbre grosso. Ele tirou a arma dos ombros e pôs a do seu lado, mostrando, comparando-a com seu tamanho colossal. Com suas mãos fazia um sinal para que vocês dois partissem para "dentro".

– Não fiquem feliz ao derrotar essas pequenas criaturas, nasceram com problemas sérios de equilíbrio – Dizia dando pequenas pausas, com pequenos latidos entre as falas. – Mas não temos tempo para conversa, então morra! – Atacava Salazar com sua grande arma.

Salazar recebe um grande golpe em seu peito, quase que o dividindo ao meio. Seu pescoço cai levemente para o lado, e seu corpo sem vida desaba logo em seguida. O machado então estala ao ser retirado de seu corpo. Dois cavaleiros se aproximam de sua luta ao terminarem com alguns kobolds mais além, eles juntam para lutar contra a terrível criatura.

Vendo o homem a ser morto brutalmente pelo Kobold, fico espantada e levanto rapidamente levando Haru para longe de ameaça então volto com o machado em mãos, o olhando irritado – Desgraçado! – Corro na direção do Kobold Imperial, sem conseguir pensar em nenhuma alternativa o ataco com fúria. – Giro Mortal! Cavaleiro Humano diz:

– Cuidado! Mulher... – Observava você enquanto bailava com sua arma.

O Kobold lhe ataca, e ainda que você tenha defendido, você é jogada para longe com o impacto.

Após ser atingida levanto devagar e corro pegando distância do Kobold então procuro suas costas para surpreendê-lo, o ataco com meu machado na vertical de cima a baixo.

A criatura recebe um grande golpe em seu braço. Apesar disso ele sai apenas com uma ferida aberta, e ainda assim não se importando com ela.

Cavaleiro Humano ataca a criatura. O Cavaleiro se desequilibra, e o Kobold ganha uma chance de contra-atacar. A criatura se enfurece, rodopiando seu machado acertando todos ao mesmo tempo. Um dos cavaleiros é rapidamente abatido, com um buraco em seu peitoral. Jorrava sangue para todas as partes. O segundo cavaleiro recebe o ataque sendo empurrado um pouco para além. Você recebe o ataque em seu braço e voa de rosto no chão.

Ao cair, fico deitada por alguns segundos desorientada, levanto cambaleando e me preparo para atacar novamente o Kobold Imperial, porém antes uso uma cataplasma curativa então encaro o cadáver do cavaleiro e vejo o rosto de pavor do que sobrava vivo, vendo seu companheiro morto. – Desgraçado... eu não vou deixar isso ficar assim... – Digo enfurecida então corro para o Kobold e salto o atacando na vertical novamente, dessa vez mirando em sua cabeça. Cavaleiro Humano diz:

– Que diabos... Alex... – Erguia-se para uma melhor posição, levantando sua espada e partindo para o monstro – Morra! – Gritava enquanto tentava lhe atacar.

Tento atacar novamente reunindo o máximo de força possível dou um giro novamente golpeando o Kobold – Giro mortal!

Mais uma vez o Kobold recebe um golpe mediano, agora a ferida abre em seu abdômen. Ele recua um pouco, quase que ajoelhando, pondo as patas gigantescas em seu novo machucado. Por um momento ele gritou e zangou-se ainda mais, pôs de pé e voltou a ficar pronto para a batalha.

Após receber o ataque do oponente, caio de costas no chão cuspindo um pouco de sangue respinga caindo no solo arenoso, então levanto tirando um pouco da poeira em meu pelo e grito irritada” – AAAAHHHHH!!! DESGRAÇADO! – Minha fúria vai ao extremo, já não aguentando mais cair sem poder fazer muita coisa. Não poderia morrer ali, não enquanto tivesse Haru para defender, então em mais um golpe furioso agarro meu machado e golpeio o Kobold mirando em seu braço esquerdo.

O Cavaleiro é acertado com o golpe. O impacto o joga contra uma parede. Logo uma mancha de sangue fresco fica marcada nela, enquanto o corpo escorrega lentamente sem vida até o solo.

Caio com mais força do que anteriormente, dando de cara no chão me levanto devagar com dificuldade olho ao redor e vejo os corpos e agora o cavaleiro também morto. – Não acredito nisso, eu não posso morrer agora! – Grito furiosa então corro até o Kobold em mais um golpe desesperado. – Giro mortal!! – Grito com fúria enquanto me aproximo.

O Kobold recebe mais um golpe. E ele é lançado para longe. Não tinha mais forças para resistir no lugar. Apesar de seu braço ter caído, e uma poça rapidamente ter surgido ele ainda conseguia apoiar com seus joelhos, e com seu braço estancava o jato de sangue. Ele olhava para ti, a encarando.

– Maldita!... Não espere que isso terminou aqui. – Sua respiração estava afagada, triste era seu semblante, e ainda assim mantinha energias para falar – Mais irá vir, muito mais... você, sua raça maldita e esses humanos insolentes vão pagar... ele vai voltar e todos vão morrer.

Olho para o Kobold com desprezo de lado, e cambaleando caminho até ele com semblante irritado – Você... maldito, prepare-se para se juntar aos seus amigos! – Sorrio para o Kobold Imperial, com um olhar assassino piso seu crânio sem piedade e por fim cravo meu machado em sua cabeça sem misericórdia. Puxo o machado que estava cravado nele e então passo a revistar seu corpo procurando por algo de valor que tenha deixado para trás. Em seguida faço o mesmo com os outros corpos, inclusive o de Salazar.

O Kobold tem seu rosto desfigurado. Seu corpo, agora sem vida, ocupa um bocado da praça. Após colocar o machado em suas costas você observa a cena. Todos estão mortos, os cavaleiros, os kobolds... Salazar... Salazar morrera de uma maneira brutal. Uma vez mais você checou seu corpo, e pôs a observar uma carta. Ela saía de sua bolsa, e agora estava totalmente ensanguentada. Ao abri-la, você lê:

"Notas de Espedição:

A contato com super-entendente Julius e Arch Emil, ficou-se claro que os Kobolds estão sendo controlados magicamente. Não podemos dizer quem, como ou porquê, mas isso já nos dá um belo motivo para averiguar os guardas restantes. E além de tudo, ir em direção ao castelo do irmão do rei e achar seu diário.

Ps: Dizer a Andy que é perigoso levar Haru consigo (será que ela sabe disso?)".

“Ao olhar a carta ensanguentada leio-a com dificuldade pelas manchas, mas por fim entendo o que está escrito, então a amasso olhando para Haru com um sorriso tentando tranquiliza-la quando na verdade dentro de mim a dúvida surge. Estaria certo levá-la comigo? Mas ela tem apenas a mim e a mais ninguém... isso é ruim..., mas não há nada a fazer quanto a essa situação” – Haru, está tudo bem agora... – A levanto em meus braços e saio caminhando para levá-la o mais longe daqueles corpos que puder – Estou com você, e não vou te deixar. – Digo com determinação enquanto lembro das últimas palavras do Kobold líder, antes de ser morto.

Haru está trêmula. Assim que você a levanta pode notar-se sua apreensão, seu medo. Era então o terceiro dia sem dormir, e a noite estava indo. O sol começava a surgir no horizonte mais uma vez. Muitas outras pessoas corriam por aquelas bandas, alguns outros cavaleiros e guerreiros também. Apesar da calmaria de agora, e da não gritaria de outrora, alguns soldados se aproximam de você. No início eles olham com um ar suspeito, e quando puseram a ficar em sua frente, travando seu caminho, começaram a falar:

– Estou certo que é ela – Dizia um deles apontando para você, mas olhando ao seu companheiro ao lado – Alguns loucos falaram que foi ela que estava matando os kobolds próximo da Taverna-Noite-Feliz. Você! – Chegou mais perto do seu rosto, e observando Haru também, com sua feição triste e calada – Não há como negar, sua pele está toda cheia de sangue... sua pele... esses pelos, estão cheios de sangue... você que matou eles, sabe de alguma coisa?

Suspiro desanimada e então olho indiferente para o guarda que falou comigo – ... será que não dá para me deixar em paz? Seus amigos morreram, e eu acabo de sair de uma batalha difícil então me deixa ir embora, não posso perder tempo conversando. – Digo de forma grosseira então continuo meu trajeto ignorando os guardas, não estava me sentindo bem para falar, até por que Salazar morreu enquanto batalhava ao meu lado e eu mal pude fazer nada por ele depois que ele salvou Haru, eu deveria ter uma dívida, mas fui inútil. Embora não o conhecesse, suas últimas ações demonstraram que era um homem honrado.

– Nada disso! – Colocava a mão em seus ombros. Impedindo-a de caminhar – Essas criaturas nunca atacaram esta cidade... nós precisamos saber o que eles querem. – Por um momento ele ficou calado, imaginava qual seria o melhor termo para colocar, e então prosseguiu – Se não soubermos o que eles querem, todos esses sacrifícios vão ser em vão – Retrucou, e então soltou-lhe. – Muitos civis morreram, e agora, todos kobolds estão mortos.

– Isso não é problema meu, não mais. – Digo parando, sem me virar. Ainda um tanto abalada pela carta recebida, minha sensibilidade para com os outros havia se dissipado nos últimos minutos, a única pessoa que me importa em todo o mundo é a pequena Haru, e em pensar que a mesma corre perigo em estar ao meu lado me deixa furiosa, tento protegê-la, mas o risco de perdê-la é constante, tanto que pude provar esse terrível gosto anteriormente. – .... Se quiser alguma ajuda, melhor me pagar antes. Eu tenho coisas importantes a fazer, e não se trata só de mim, tenho que cuidar da minha... Irmã. Então não me aborreçam a não ser que possam pagar por isso. – Digo friamente enquanto cerro os punhos com força.

– Certo... Certo – Ele olhou para o outro soldado, assinalando a ele, e então o mesmo partiu em seguida. – Se você seguir esta rua principal até o gabinete do Comandante você irá obter seu pagamento antecipado..., mas é melhor você se cuidar primeiro. Como a Taverna-Noite-Feliz não está em condições para isso, sugiro dar uma passada na taverna Horos, a melhor da cidade. Tome isto – Lhe deu um pequeno papel com um selo. – Basta mostrar que você terá certas vantagens.

Pego o pequeno papel e o olho ainda irritada então encaro o homem por alguns segundos sem dizer nada, até que por fim aceno com a cabeça e sigo meu caminho na direção da taverna que o guarda havia falado. “Horos... Eu deveria ter ido nessa maldita taverna antes, parece que tenho a habilidade de atrair problemas” pensava enquanto caminhava a passos firmes, ainda sinto dor pelo meu corpo por causa da luta anterior. “Ele tem razão, preciso dar um jeito de melhorar primeiro, no estado em que estou não aguentaria uma batalha por muito tempo, e nunca se sabe quando um daqueles babacas resolva aparecer...”

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

No Log, Andy e Haru vão até a taverna de Horos e tomam para si um quarto com a autorização do comandante de Scoutlard, ou era isso que o selo revelava e ela adormece, tendo outro sonho.

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

“E então o lírio encantava a sala. Era a única flor que tinha cor, um branco-leite que naquele instante era a coisa mais bonita do mundo. O tom cinza, preto e branco tinha tomado o lugar. As folhas secas e as árvores mortas foram sumindo, uma luz emanava daquela pequena flor até que fora pego. As mãos gentis tinham atravessado uma densa névoa escura, e ela então dissipara. Aquela mão era de uma garotinha de vestidos brancos. Quando agarrou a planta levou até seu peito, e rodopiando no quintal de sua casa alegre virou-se para você, um sorriso sincero. Ela correu em sua direção e deixou aquela região de medo e tristeza para trás. Entregou-lhe a flor e lhe abraçou. Ela, enfim, tinha encontrado sua irmã”

Você acorda ligeiramente, observando Haru que deitara contigo. Seu pelo não está com nenhuma gota de sangue. Na manhã você apresentara o selo para o atendente, que logo pusera a lhe guiar até um quarto. Só que neste você tivera que subir para o terceiro andar. Era limpo, aconchegante e realmente organizado. Um descanso completo, que levara somente quatro horas. Meio dia era a hora, o sol forçava através da janela, um feixe de luz ilumina o rosto angelical de Haru enquanto ela dorme. Você se levanta, pondo a sentar-se de lado nela.

Sentada ao lado de Haru me ponho a observar seu rosto que descansa com uma expressão feliz, deveria estar tendo bons sonhos, mas então me viro para o lado séria e pensativa. “Novamente sonhei algo estranho relacionado a Haru... Não consigo entender direito o que é isso” – Penso comigo mesma, então espero algum tempo para chamar a garota e então dar uma passada no gabinete do comandante, como fora dito antes para que eu o fizesse. Respiro fundo e ponho as mãos no rosto, lembrando da noite passada.

Levou alguns minutos apenas, tentara lembrar de todos os sonhos que tivera. Em todos estava em lugares sem nexo algum, e ainda assim pudera identificar coisas: a casa em chamas, o resgate, a vida que salvara, uma amiga... eram boas lembranças... Boas. Porém nem todas, não a Haru, mas da madrugada que tivera. Salazar, morrendo... de uma maneira brutal. Era acostumada com aquilo, com a carnificina dos combates, mas não com um aliado, não com alguém que lhe ajuda, ainda que custasse sua vida. Você acorda Haru, ela não parece estar tão assustada quanto antes, já tivera outras vezes em combates violentos, não que fosse natural para ela ou comum, mas de alguma forma ela conseguia absorver aquilo tudo. Ao descer as escadas o atendente está lá, parado, atrás do balcão, no entanto, ao te ver ele acena para que lhe aproxima. Antes mesmo de chegar bem próximo ele grita:

– Você deseja alguma coisa?

– Não, está tudo bem. Só gostaria de uma informação... em que direção fica o gabinete do comandante? – Pergunto pondo os braços em cima da bancada.

– Quando sair da taverna, vire à direita até encontrar uma rua, grande o suficiente para não errar. Quando chegar na Avenida do Sol, basta seguir até o final dela, que você chegará a Praça Principal e lá estará o gabinete do Comandante. – Ele pegou mais dois copos da bancada e começou a secá-los – E a pequena? Temos leite-quente, somente vinte moedas de bronze.

Olho para Haru e então para o homem – Tudo bem, traz um copo de leite para a garota. – Entrego as moedas para ele.

O homem saiu do bar por um tempo, talvez apenas alguns minutos, até que chegou com um copo grande de leite fervido. Ele entregou-lhe o copo alarmando sobre a temperatura e entregou a Haru dois biscoitos. Ela assoprava intensamente para que o leite esfriasse um pouco, e quando ela pode bebê-lo, ele sumiu em uma piscadela. Quando ela terminara de beber, um bigode de espuma tinha sido formado.

Dou uma risada discretamente enquanto olho para ela – Seu, rosto... deixe-me limpar. – Me aproximo dela e limpo o bigode de espuma. – Bom, agora podemos ir, certo? – Pergunto gentilmente. Minha expressão fria e meus modos nada educados mudavam completamente quando me dirijo a ela, fazendo com que as pessoas possivelmente estranhem. Mas não me importo com isso, apenas sorrio para ela com satisfação.

Haru confirmava com a cabeça, logo em seguida segurando sua mão para poderem ir. O Atendente lhe desejara boa sorte "Que Frigga ilumine sua jornada" – dizia ele. A cidade agora estava muito mais movimentada. Não era uma invasão por completo, pois não estavam assustados nem nada disso. A maioria dos cidadãos iam e viam de um lado para o outro. Ao chegar na avenida, diversas lojinhas eram espalhadas pelo vasto percurso de terra. Vendiam legumes, verduras, carne e muitas coisas. Ao chegar na praça, um chafariz completa o lugar. Há jardins por todos os cantos. Você observa ao redor e identifica a sede do Comandante, loja de armas e o que parece uma loja de artefatos mágicos ou coisa e tal.

Olho em volta e avisto a loja de armas então prossigo até ela calmamente, ao chegar a loja caminho até o balcão e ponho as armas e o cinto sobre ele – Aqui, quanto você paga por isto? – Pergunto friamente sem olhar direito nos olhos do vendedor.

O vendedor ficara surpreso com os objetos sendo derrubados em seu balcão. Era um senhor velho, de cabelos grisalhos e sobrancelhas grossas. Ele usava uns óculos garrafal e as vezes tinha que ajustá-lo no rosto. Ele pegou uma lupa e pôs a examinar os objetos. Nos dois primeiros, na espada e no machado ele fez o sinal de dez moedas, não tinha um semblante feliz nem nada igual. Era sério, sem emoção, e então observou o cinto. "Não posso fazer nada com isso" – Ele então empurrara o sinto para mais próximo de você. Naquele instante um som pesado de ferradura e placas de aço, alguns cavaleiros moviam-se com grande velocidade lá fora, e ao olhar pela janela, percebera que eles também caminhavam para o gabinete.

– Tudo bem, me dá as moedas. – Respondo para o velho séria, então escuto o barulho e olho para ele tentando apressá-lo a fim de receber as moedas e em seguida ir verificar o que se passa.

O velho pega as armas e a coloca sob o balcão. Depois ele pega atrás de onde estava, em uma das prateleiras um pequeno saquinho.  Ele abre o saco e retira dez moedas, entregando-lhe em seguida. Você rapidamente observa o movimentar lá fora. Era alguns cavaleiros, eles carregavam consigo uma criatura, encoberta em um pano preto. Ela estava totalmente escondida naquelas vestes. Mas você podia ver seus pés. Eram grotescos, como varetas. Iam com velocidade para o gabinete do comandante no castelo da cidade. E ainda que muitos curiosos tentassem se aproximar para identificar tal criatura, os guardas não moviam um músculo para revidar, estavam focados para chegar lá o quanto antes.

 Suspiro vendo toda aquela multidão não sinto a menor vontade de me aproximar nesse momento, então caminho até a loja de artefatos lentamente adentro o local e vou até a bancada colocando o cinto – O que me diz disto aqui? – Pergunto olhando para o objeto.

Na loja, não igual a outra, havia um jovem homem de cabelos loiros. Era um rapaz muito novo por sinal. Ele usava uns óculos elegante arredondado e quando a viu ficou encantado. Quase que dando um pulo, atravessou o balcão, e aproximou-se rapidamente, segurando tanto o cinto quanto sua mão.

– Nossa... uma rara presença... uma joia carregando outra joia – E com aquele falafar, entoando uma voz de charme de quinta, continuou – Só preciso de um minuto para averiguar... E encontrar minha lupa. Não saia daqui! – E soltara-te, pulando outra vez pelo balcão e sumindo na saleta lá de trás.

Olho para o homem como se o mesmo fosse um maluco e então fico o encarando sem dizer mais nada, dou de ombros e encosto na bancada esperando-o.

Não levou nem um minuto e apareceu aquele homem, carregando consigo uma caixa de fragmentas e uma lupa. Então ele pediu o cinto. Ao pegá-lo colocou no balcão e abriu a caixa. No primeiro instante retirou uma pequena chave de bico engraçado e começou a cutucá-la. Logo em seguida uma pinça e tentou removê-la. Por último pegou um objeto estranho que mais parecia uma varinha e encostou na gema. Ela então começou a brilhar, somente uma delas tinha esse brilho, as outras só pularam do cinto, caindo em seguida.

Olho para o cinto séria, porém curiosa, e surpresa com o que vejo. Nunca fui de ser próxima a objetos mágicos então isso me surpreende bastante – O que é isso? – Pergunto ao rapaz.

– Você não reconhece? É uma pedra vinda da sua raça... – Ele então a retirava e colocava a pequena pedra entre os dedos, aproximando do rosto. Pegou a lupa e começou a examiná-la – Sim, realmente é um Shotun... ou para nós, uma gema-de-sangue. Não vejo isso há muito tempo... desde quando a cidade ainda era dos elfos.

– Eu... eu não cresci entre outras neshigas, vivi praticamente minha vida toda cercada de humanos então não sei muito sobre meu povo... – Digo com um olhar distante enquanto lembro por alguns segundos do meu passado, então balanço a cabeça como se quisesse espantar esses pensamentos e volto a me concentrar no que o rapaz diz. – Bem, no que essa tal gema-de-sangue pode ser útil para mim?

– Entendo... – Então ele caminhou para ti e colocou a gema em suas mãos, fechando-as em seguida – É uma joia de memória, lembranças..., porém somente Neshigas pode utilizá-la, por isso mesmo elas não têm muito valor de mercado. Mas é sem dúvidas uma joia rara.

– Eu encontrei esse cinto de um Kobold... se essa joia só pode ser usada por neshigas porque ele a usaria? E como eu posso usá-la, como ela será útil para mim? – Olho para ele com dúvida enquanto seguro a joia firme.

– Não sei qual utilidade ele teria, estas criaturas costumam guardar coisas como troféus de caças que eles considerem valiosas – Ele se afastava, guardando as coisas de volta na caixa, agora com um ar muito mais conservador, se quer olhava para seus olhos agora. – Temo que não sei explicar como se utiliza a joia... esse segredo é guardado pelas Shinigami... Deusas da morte ou algo assim. – Ele caminhou até um corredor e retirou dele um pedaço de papel. Depois foi para seu encontro, mostrando-o. Era a imagem de uma neshiga montado no que parecia ser um cavalo – Não poderia dizer se ela é parente distante de você..., mas com certeza é uma das mais antigas que pisaram em Arkana. Seu nome, Amatsune... sente-se, vai vir uma história.

– Quando Amatsune viu-se encurralada nas montanhas de espinhos ela, com a ajuda de sua guarda pessoal fez uma emboscada, levando consigo mesma mais de 10.000 homens. – Tinha sentado em uma cadeira próximo, e, segurando o papel, continuou – Mas antes deste suicídio heroico, para evitar que todas viessem a falecer, ela pediu a uma Shinigami, Ako Mietsu que guardasse suas memórias e lembranças para que sua geração futura pudesse corrigir seus erros... E mais ou menos isso, com uma encurtada na história, é a origem das gemas. Com uma pausa, continuou:

– Basicamente é um artefato poderoso que guarda as lembranças da pessoa, e quando utilizada, estas lembranças são gravadas na mente, alma, vida, seja o que for desta pessoa. Ela não só passará a lembrar de coisas que não "são suas" – Fazia o sinal com as mãos – Além de travar um "pedaço" da alma nesta joia... Nunca vi uma funcionar, só ouço falar delas... Bem, ouvia, e agora tem uma aqui. E veio de um Kobold, o quanto essa pedra deve ter vivido...

Olho para a joia que brilha em minhas mãos, e levanto o olhar para o homem – Dá para me arranjar algo para que eu possa fazer um colar com isso? Deve significar muito para o meu povo, eu gostaria de guardá-la comigo, quem sabe um dia eu encontre respostas mais esclarecedoras... E quanto a essas outras pedras, tem algo a dizer?

– Claro... – Levantou-se e pegou uma armação de uma outra prateleira. – Aqui. – E prendou na joia fazendo um tipo de colar – Sobre estas outras pedras, são nada. Estavam magicamente ativadas para brilhar, e só. Agora mesmo você pode ver que não tem nada de valor – Apontava para o balcão onde as outras joias estavam.

– Ah está bem então... pela ajuda e informações pode ficar com esse cinto não é útil para mim de qualquer maneira... agora tenho que ir. – Então aceno para ele e me afasto saindo do local caminho segurando a mão de Haru até o gabinete do comandante.

A multidão já tinha cessado aquela baderna toda. Agora voltavam para seus afazeres, mesmo que alguns – que você podia ver – eram tão fúteis. O caminho estendeu-se por alguns metros. Haru estava segurando a sua mão, e então deu um pequeno puxão. Você a observou, ela estava com uma feição séria. Seu olhar estava um pouco distante e ela pediu que você se aproximasse mais. Ajoelhada, com o rosto quase que tocando ao teu, ela segurou sua cabeça, beijando sua testa e falando baixinho "não se preocupe irmã" e voltou, com um passe de mágica, a ficar feliz, sorrindo e toda alegre. Não pudera entender muito, pois agora ela lhe forçava a caminhar, mas a garota não era boba nem nada e apesar de bem jovem mostrava-se muito inteligente, não duvidaria nada se ela mesma escutasse toda aquela história antes.

Na entrada do castelo um guarda se aproxima, observando-a a distância ele parecia acenar e agora mais de perto você reconhece-o da noite anterior, o qual tinha lhe dado o cartão para a pousada. Ele tira seu elmo e ofegante começa a falar:

– Você veio... pensei que iria sair da cidade. Venha, o comandante está lá dentro. Ele está com um caso para resolver agora mais logo irá falar contigo.

– Ok, ok... – Digo aparentemente desinteressada, porém continuando o caminho.

O castelo tem grandes portas e janelas. Ao passar pelo jardim você nota alguns cavaleiros lá de fora, parados em guarda diante de um corredor. Você sobe as escadas da entrada e através de um corredor vai vendo vários quadros antigos, nenhum reconhecível. Depois do grande corredor, um hall gigantesco com diversas colunas aos lados, e no centro uma bancada. Alguns soldados ali trabalham, movendo pergaminhos e livros para lá e para cá. Apesar do sentimento de trabalhar forçado, não há ninguém em toda sala se não vocês três. O guarda apresenta o corredor certo, pois havia muitos outros, e vocês adentram nele. Passaram por cerca de duas portas até que o guarda pedira para aguardarem ali.

– Pois bem, ele já vai te atender. A reunião que ele está tendo já deveria ter terminado, então acredito que não vá levar tanto tempo assim. Desejo sorte, e que ajude nossos companheiros caídos a terem uma morte honrada.

– Que assim seja. – Respondo para o guarda e então encosto em uma parede cruzando os braços, olho ligeiramente para Haru percebendo que a mesma parece mais animada, dou um sorriso e permaneço a esperar tentando manter o máximo de paciência possível, enquanto relembro o que o jovem da loja anterior havia dito sobre a joia que agora carrego comigo.

Levou cerca de dois minutos até que um homem alto saísse da sala, ele tinha os cabelos jogados para trás e vestia um estranho jaleco preto ornamentado. Com seu semblante sério, passara por você sem nem lhe dar atenção. Lá de dentro, você conseguia ver a mesa do comandante e nas costas uma incrível coleção de livros. Ele acenava para entrar.

Quando você entrou ele pedira para que sentasse. E vendo Haru, deu um pequeno sorriso. Naquele instante tinha levantado, colocando a mão em sua cabeça, afanando seus cabelos pretos. Haru o observava, sem entender e então olhava para você. O comandante tinha voltado para a cadeira. Ele olhava para você, e por um tempo ficou ali, apenas observando, até que começou a falar:

– Me chamo Burck. Sou o comandante da região. John, o guarda que entrou em contato contigo, ele me falou de seus feitos... E a cidade está em dívida contigo – Ele coçara o nariz, e então colocara as duas mãos sob a mesa – Você tem ideia do que estes Kobolds queriam? Alguma pista ou informação?

Tiro a carta ainda manchada com sangue seco e então mostro ao comandante sem dizer uma palavra enquanto o encaro. Então suspiro passando as mãos nos cabelos – Isso é o máximo que sei até agora.

– Como eu pensei... ultimamente tivemos alguns acidentes com magos... A maioria dos meus homens pediram que prendesse eles, mas como não tínhamos prova não pude fazer nada – Ele pegou a carta, observando os detalhes – Este sangue... é seu? Um dos magos ainda está na cidade... na verdade, se não me engano, ele iria para a taverna Noite-Feliz. Deve ter algo lá que ele esteja interessado.

– Não importa de quem é o sangue, e... Já lhe disse o que sei, agora se não se importa eu quero o pagamento. – Digo secamente para o comandante levantando olho para ele inexpressiva.

– Aqui, esta informação é útil... para um começo. – Deixava apenas cinco moedas de ouro – Pode prosseguir para a saída. E virava as costas, com as mãos no queixo, observando a estante de livros.

– Sabia que não deveria ter perdido tempo aqui – Digo mal-humorada então brutamente pego as moedas e saio sem ao menos olhar para trás.

Você e Haru saem da sala do comandante. E caminham para fora do Castelo. Novamente você observa lá no jardim os homens parados, porém caminha e saí dos limites do castelo. O sol está quase no ápice, aquecendo tudo. Você pensa um pouco, sua missão ainda continua ativa, no entanto atrasada em um dia. O diário do irmão do rei pode estar lá e levar a pista para a princesa, mas e agora?

Caminho a passos largos, paro e coloco Haru nos meus braços então continuo a caminhar. “Droga, se aquilo não tivesse acontecido, estaríamos naquele maldito castelo, há tempos... espero que tudo isso não esteja sendo em vão” – Penso enquanto ando perdida em meus pensamentos, continuo incansável e focada no objetivo decidida a não me deixar mais levar por nenhuma distração.

O castelo fica cerca de três dias a cavalo de Scourtlard. Seria impossível chegar lá tão rápido a pé. Até aquele instante você não passara por nenhum estábulo, se quer também vira algum cavalo. As pessoas caminham uma pelas as outras de uma forma robótica, um vai e vem incansável. Ainda que não aparentassem ter nenhum objetivo, continuavam a caminhar.

Olho a minha volta e paro de caminhar. “Se eu quiser chegar lá a tempo preciso de algum transporte... " – Penso dando meia volta até a cidade, quem sabe lá não houvesse alguém que pudesse nos levar. Caminho em direção a praça central

Você volta para a praça central, procurando alguém que aparenta ter algum cavalo ou montaria. Apesar da aparência grotesca da maioria dos cidadãos, alguns casos, em especial, lhe chamava a atenção. De um lado da praça, sentado em um banco de mármore havia três homens vestidos de uma forma incomum para aquela cidade. Pareciam pescadores ou se quer se preocupavam com a proteção. Do outro lado, havia um velho barrigudo com bigodes avantajados, tinha ao seu lado alguns homens altos com espadas, possivelmente eram seus guarda-costas. E por último, tinha aquele mesmo homem que saíra da sala do comandante.

Olho em volta e percebo que fui ao local errado então parto na direção a praça do mercado, à procura de uma loja que contenha suprimentos.

Você volta para a Praça do Mercado, e procura a loja que vende porções. Ao observar cada placa nota quatro lojas distintas: Loja de Armas Belix, Loja de Artefatos Mágicos, Lojas de Armaduras e Loja de Alquimia Avançada. Esta praça está muito mais silenciosa, quase não há pessoas por estas bandas ainda que seja uma praça de lojas.

 Ao notar a calmaria na praça fico um tanto desconfiada mas continuo meu trajeto e entro na loja de alquimia avançada indo até o balcão – Estou procurando poções que recuperam a saúde... – Digo com olhar entediado para o vendedor.

– Um cliente... já imaginava que esses trogloditas não sabiam diferenciar porção de cura com perfume barato. – Dizia uma mulher, ela tinha quase a mesma idade que você fisicamente – Poção você diz... certo, só um minuto. Aqui estão as poções, basta me perguntar o preço. – Mostrava a tabela, colocando-a no balcão.

– Muito bem... – Olho para a tabela examinando-a cuidadosamente. – Quanto custa a Cataplasma Curativa Média?

– Esta? Custa sete moedas cada. – Dizia levantando um belo sorriso no rosto.

– Arm... Tudo bem, quero cinco destas. – Digo com firmeza encarando-a.

– Certo – Pegando suas moedas e lhe dando as poções.

Aceno para a bela jovem e me viro saindo do local caminho novamente na direção da praça central à procura de um veículo que possa ser útil. “Tomara que eu encontre algo antes do anoitecer” – Penso com um olhar de ansiedade.

Você volta para a praça central. De todos que vira, agora somente o gordo está no lugar, todos os outros homens já não estão mais em seus lugares. O sol agora está em seu maior ponto – o meio-dia. Há alguns guardas que caminham pela praça. No centro dela há uma fonte de tamanho mediano, Haru observava os patos que lá nadavam.

Caminho até o homem gordo, não sabia mais a quem recorrer e talvez ele soubesse de algo, me aproximando dele tento conversar abordando-o da forma mais educada possível – Ei, você sabe onde tem cavalos por aqui? – Digo friamente.

– Uma mulher gato... – Dizia, aparando um lado de seus bigodes. – Não. Não sei dizer. – Respondia com um tom grosso e ignorante, em seu rosto inchado e cheio de cravos havia um ar de prazer naquela arrogância toda, então ele olhou mais uma vez para você e foi aí que viu Haru, naquele instante ele ergueu-se. – Que criança adorável... você quer vendê-la? Tenho os melhores cavalos do mundo. E mudara o tom, num instante.

– Espera... O que você disse? – Digo para ele irritada, ao notar que primeiro ouvi-lo dizer que não sabia nada sobre cavalos em seguida diz o contrário, meu olhar agora é furioso. – Vamos, responda.

– Ué, não é uma escrava domiciliar? – Apontava para seus seguranças que se aproximavam rapidamente – Diga o valor, um cavalo, um cavalo e 100 moedas de ouro.

Olho para Haru de uma forma como se a mandasse se afastar porque a coisa não iria ficar boa. Então sentindo meu sangue ferver tiro meu machado das costas segurando-o com força parto para cima do homem o atacando na vertical de cima a baixo com um salto maximizando o impacto misturado ao meu ódio – Seu miserável!

O sangue espirra para todos os cantos, o machado crava em seu crânio fazendo seus olhos saltarem como duas bolas de gude. Depois que você retira o machado, os dois guardas sacam suas armas. Lá do outro lado guardas começam a correr para sua direção.

Olho a minha volta e percebo que meu ataque de fúria teria consequências, como era de se esperar, então segurando meu machado com as duas mãos o aperto com mais força e corro na direção dos guardas, ainda furiosa atacando um a um com um golpe horizontal da esquerda para a direita. – Giro Mortal!

Todos os alvos são acertados. O guarda batedor voa alguns metros com o impacto em seu peito, o restante levou golpes que logo puderam voltar à ativa. Após levantar do golpe, parte em sua direção, tentando lhe acertar.

Ao ver o guarda vindo em minha direção tento esquivar do ataque o mais rápido que posso. E ao conseguir desviar, desfiro um golpe contra as costas do guarda batedor, com força – Aahh!

Vendo que seu companheiro é abatido, corre em sua direção – Morra assassina!

Vendo o outro guarda vir na minha direção a atacar, desvio do seu golpe com um sorriso sádico então giro meu machado no ar e miro no crânio do adversário.

Você é atingido pelo golpe do solado que estava em suas costas, o impacto faz com que você dê alguns passos adiante. O outro soldado parte em sua direção.

Após ser acertada pelo soldado cambaleio um pouco, mas logo noto outro a vir me atacar então tento desviar novamente e desvio como se estivesse em uma dança brutal com meu machado em mãos, então violentamente contra-ataco o adversário com um olhar de fúria implacável.

– Giro mortal! – Grito enquanto corro para atacar o soldado resistente que parece em melhor estado então o ataco duas vezes seguidas mirando seu peito.

Guarda Lutador Ergue sua espada e corre em sua direção. Seu objetivo era claro, acertar seu tórax com sua lâmina afiada.

Ao acertar o ataque percebo o guarda a vir e tento novamente desviar e com sucesso ergo meu machado com toda força e corto o pescoço do guarda, deixando o sangue espirrar por todo o lado.

– Parem esse demônio! Chamem o Colossus! – Dizia para os outros soldados que não tinham entrado na batalha, e logo tentava lhe acertar com a espada.

Vou para o lado tentando escapar do ataque enquanto grito com fúria de modo ameaçador aos soldados restantes – Morram, malditos!

Corro enlouquecida de ódio até o soldado mais ferido então o ataco com meu machado me concentrando em acertar sua cabeça em um golpe vertical de cima a baixo.

O Golpe acerta o ombro direito do soldado, abrindo toda região como uma faca corta o queijo. O som dos ossos estalando e da carne sendo cortada pudera ser ouvido até as mais distantes janelas e vielas. O soldado foi literalmente dividido no meio, e cada parte caiu para um lado quando tocara o chão.

O Colossus se aproxima, e ele carrega consigo um tremendo escudo. O Soldado parte em sua direção, tentando lhe acertar com sua espada.

Tento desviar do ataque o mais rápido possível indo para a direita, preparando meu machado ataco o soldado na região da cintura com força.

Colossus Imperial assim que se aproxima, lhe desfere um golpe cruzado com seu escudo.

Avisto o enorme adversário se aproximando – Ah, então esse é o Colossus de quem falavam... – Digo ofegante e então ao receber o ataque tento desviar.

Me afasto do Colossus o mais rápido que posso, cuspindo um pouco de sangue então chegando ao Soldado que ainda estava vivo desfiro um ataque em sua direção.

O soldado não consegue esquivar do golpe e tem todo seu estomago arrancado com o golpe, sua armadura não fora capaz de segurar este novo machado. O Guarda novamente se aproxima, golpeando-a com seu escudo.

– Espero que essa coisa seja útil agora. – Pego uma das cataplasmas curativas médias e uso-a – Giro Mortal! – Grito furiosamente e ataco o Colossus.

O Colossus é acertado, mas seus golpes são quase todos contidos no escudo que carregava.

Colossus Imperial lhe empurra a uma distância segura, e se recompõe. Logo em seguida parte em sua direção para tentar lhe atacar.

Tento desviar novamente do ataque, já estava ficando sem esperanças de conseguir escapar, mas não estou disposta a deixar por isso mesmo.

– Hahaha! – Começo a rir enlouquecidamente e dou a volta no adversário usando meu machado miro na perna direita do mesmo com um golpe horizontal.

O Colossus acerta seu escudo no chão com grande impacto. Um clarão e uma força colossal desloca o ar, jogando-a para longe. Apesar do golpe ter acertado em cheio ele não chega a te atordoar.

Levanto devagar e uso novamente outra poção média, e então parto para o ataque de forma destemida salto e segurando o machado com força tento acertar o Colossus com um ataque vertical de cima a baixo.

O Colossus recebe o impacto, mas seu elmo-fechado impede de ver seus miolos voando por aí. Ele então te empurra para uma posição segura.

– Que porcaria é essa? – Olho para o Colossus que parece em posição de defesa então ignoro todo o resto e corro para ele com outro golpe. – Defende essa! – Argh... – A pancada me derruba fazendo com que eu fique ainda mais irritada. Levanto e corro até ele com outro ataque de fúria.

O Colossus lhe atinge, e você é jogada no chão. Apesar de não ter morrido, o golpe lhe causa um sangramento na cabeça.

– AARRGGHH!!! – Mal posso olhar diretamente para o adversário de tamanha fúria que sinto no momento, bebo uma poção de mana e grito enlouquecida de ódio corro até ele segurando meu machado o giro no ar. – Giro Mortal!

O Colossus então voa, largando seu grande escudo. Você consegue ver seu reflexo e luz do sol quando o escudo voa por cima de sua cabeça. Quase que ao mesmo instante o Colossus e seu equipamento batem no chão. Um barulho seco e metálico. O cenário estava totalmente ensanguentado. Havia ali 5 homens mortos, e o velho gordo que poderíamos contar como 2, sendo assim 6 homens mortos. Um relinchar, já não havia mais pessoas, todas tinham corrido. A rua e a praça estavam vazias, e naquele instante apenas um desafiava o demônio de cauda.

Respirando ofegante caio de joelhos sentindo minha fúria esfriando pouco a pouco então levanto devagar sem olhar com atenção para o homem que estava no mesmo local então um a um vou passando pelos corpos e procurando coisas de valor.

– O que está fazendo? Não basta ter tirado a vida desses homens, ainda queres roubar seus corpos? – Caminhava com seu cavalo até próximo de ti, erguendo o rosto e olhando de relance através de seu elmo.

Ignoro a voz e continuo a procurar.

O homem salta do cavalo, segurando sua mão e lhe erguendo com ela. Ele era humano, sem dúvidas, mas facilmente superava dois metros de altura – Não me ignore quando falo com você... não vim aqui lutar, não agora. Só para avisar que o que você fez é considerado ato de guerra contra a cidade de Scoutlard, e você será procurada por isso.

Levanto sacodindo a cabeça e me dou conta do que fiz, olho em volta e vejo a quantidade de sangue a minha volta. – Perdi o controle de novo huh... não acredito... – Olho para o homem séria. – E você quem é?

– Me chamo Tyranus Morllun e estive te procurando... seus feitos são louváveis para os caça-recompensas..., mas a partir de hoje você será a caça.

– Aquele velho maldito deveria ter pensado bem antes de falar aquelas coisas a respeito da Haru, e eu não te conheço então não ache que pode me dizer o que eu sou ou serei. – Cruzo os braços o encarando por alguns segundos então friamente caminho até Haru e me abaixo sorrindo. – Você está bem?

– Você... fez isso de novo – Dizia Haru, não querendo olhar nos seus olhos. Por um momento ela ficou assim, parada. Mas logo pulara da borda do chafariz, abraçando-a com força. Tyranus aproximara com seu gigantesco cavalo. Naquele instante não falara nada, mas ele então estava do teu lado, segurando seu ombro.

– Acho melhor você sair daqui, logo virão mais soldados. –  Ele então lhe entregou a rédea de seu cavalo – Esse é Malfhenir, uma égua feroz e resistente. Você facilmente saíra da cidade, pois nenhum cavalo humano é páreo para ela. E quando se afastar, ela os deixará.

Dou um beijo na testa da pequena e afago sua cabeça então levanto olhando de lado para o homem desconfiada – Eu vou aceitar sua ajuda, humano. Mas apenas por causa dela. – Olho para Haru e então a levando colocando-a em cima da égua, e sento logo atrás dela. – Sinto que veremos novamente, então até lá acredito que poderei devolver Malfhenir. – Digo o olhando com o canto do olho em um semblante cansado.

– Já perdi minha humanidade faz tempo, e o que mais desejo agora é seu sangue escorrendo em minha espada... – Então ele soltava a rédea, se afastando e de costas mesmo – Só não vá morrer para alguém que não seja eu... E boa sorte!

Há vários soldados vindo em sua direção.

– Meu sangue escorrendo pela sua espada ou o seu pelo meu machado... – Olho para ele de forma ameaçadora, então percebo os soldados a se aproximar e bato na lateral da égua com os pés e seguro firme. – Vamos lá!

Malfhenir então parte em disparada. Era como aquele homem estranho falasse, a velocidade dela era sem igual. Nenhum daqueles homens estava a cavalo e então perderam-se de vista. Tivera que correr através dos corredores apertados, pular por pequenas lojas de frutas, forçar a velhos ou crianças que saíssem da frente até que pudesse chegar no portão de Scourtlard, ele estava fechado. A distância você notara isso, pensou em parar, pensou em desistir, pensou em ficar e lutar, até que você vira Tyranus na área do portão, matando os soldados e puxando a alavanca sem esforço. O portão estava aberto e você partira da cidade. Como ele conseguira fazer isso?

“Mas que... Droga” – Penso, irritada com a ação do homem que antes fala mal de mim por te matado os soldados e agora fazia o mesmo, e pior sem motivo algum. Já que eu só o fizera por causa do que o chefe deles havia dito, não consigo entendê-lo nem ao menos tento, então continuo enquanto noto a quão rápida é essa égua. – Haru, segure firme!

Cerca de duas horas cavalgando a toda velocidade para que a cidade sumisse de vista, as planícies do Mar Verde mostravam-se toda sua beleza. Para todo horizonte e ainda onde poderia ver era grama alta, pequenas árvores solitárias e esculturas de pedra formada pelo tempo. Scourtlard não passara de um contratempo, doloroso por sinal e agora tornando-se algo a mais para preocupar-se. A noite caiu rápida depois de ter saído da cidade. Não havia de ter muitas poções para o que pudera encontrar nesta vasta região, com uma fogueira feita às pressas você e Haru deitam juntas, observando as estrelas e Malfhenir a olhar com seus olhos negros. Aquele cavalo não era comum, tinha certeza. E você adormeceu.

"Minha irmã um dia me contou que as estrelas são as vidas que morrem sem completar um desejo, e elas ficam lá no céu para mostrar para os vivos que tens de desejar e realizar antes que seja tarde... Quando a Lua chora, ela deseja seu amado do dia, o radiante Sol, e quando ela o faz, as estrelas brilham intensamente... Como hoje brilha! A Lua certamente está desejando o Sol"

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Neste log, Andy e Haru encontram um pequeno vilarejo próximo da cidade de Scoutlard. Um lugar de camponeses e fazendeiros. Quando se aproximam, a primeira coisa que lhe é revelado é a afronta de um grupo de homens atacando uma pequena garota, da mesma idade de Haru ou um pouco mais velha. Ao lutar contra os homens para salvá-la da morte, ela se revela uma Soberana, um “erro” da natureza. Ao partirem para igreja do lugar em procura de alguém que pudesse ajudar a pequena, eis que Andy se encontra com um Paladino que oferece ajuda. Ele estava de passagem pelo vilarejo, mas se interessou pera garota assim que a viu. Não havia nenhum sinal de má intensões perante a ela e era impossível ajudar as duas meninas num mesmo instante. Ao serem atacados por outros camponeses controlados por magia negra, foi entendido que os magos da cidade tinham conhecimentos sobre Andy e possivelmente a tal Soberana. O Paladino ficou com a garota e Andy voltou para a cidade, pelos caminhos dos esgotos, em procura dos magos. Se não desse fim a eles, possivelmente iriam ferir Haru com suas atrocidades.

Ao verificar que os esgotos estavam fechados, Andy fora obrigada a entrar mais uma ver pela cidade, porém por outro lado. Lá encontrara Kallian, uma outra neshiga, e pior de tudo que se podia imaginar, ela conseguia utilizar magia. E para piorar tanto este confuso encontro, estava à procura dos magos que Andy caçava. Era raro, sem dúvida, mas partiram juntas.

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Pufty* Pisa na água. Slpash*, ela bate nas paredes, maldito esgoto cheio de água suja, Kallian soltava um pequeno grunhido tímido e enojado. Era uma parte onde não caminhara, possivelmente pelo corredor úmido daquele mesmo local. Ela virou-se para ti, observava como você descia as escadas com Haru, vindo em seguida. Respirava fundo, quase que tendo um treco ao virar e bater em uma raiz que brotava do teto de rocha do túnel. Tremulava, mas logo continuava. Precisaram de apenas alguns minutos para chegar em um salão, havia apenas uma porta, atrás de uma mesa curva, estava vazia. A porta era de uma madeira firme de carvalho, seu cheiro era forte o suficiente para inibir o odor do local a volta.

Olho atentamente para a porta, me aproximando dela aos poucos enquanto seguro a mão de Haru. Tento ignorar as reações de Kallian, o que ela estava esperando afinal? – Hm... Não tem ninguém aqui, temos que continuar – Digo, olhando para os lados e seguindo em frente, chego até a porta tento abri-la.

– Você consegue quebrar esta porta? Quero dizer... seu machado é bem grande, e você parece bem forte, é fácil não é mesmo? Não se move igual uma criatura viva, morta... ah, simples, apenas quebre a porta. – Dava uma pausa, respirava e voltava a olhá-la com uma feição serene e mais quieta – Eu não posso abrir, veja – Abrira as vestes mostrando apenas a roupa de baixo, sem bolsos ou segredos – Não tenho armas grandes que fazem "bum", até tenho algo que possivelmente explodirá esta porta, mas não posso ter a certeza que também não nos explodirá.

Seu machado reluz pelo brilho das tochas que se mantinham erguidas nas hastes a cada lado da grande porta. Um baque seco ecoou pelos corredores, a lâmina furiosa quebrava a porta, fazendo-a em pedaços. Haru fechava um dos olhos, fazendo uma careta ao ver sua irmã quebrar a passagem. Kallian dava um pequeno "urra" e tentava observar além das fendas que surgiam o caminho adiante. Quando o último pedaço fora removido, suficiente para todas passarem, Kallian colocou a mão na entrada, impedindo-a de avançar.

– Você já enfrentou algum mago? – Não parecia brincar com as palavras neste instante – Preciso ter certeza que você sabe como enfrentar um, seria irresponsabilidade minha mandá-la para lá assim sem ao menos saber disso. – Haru se aproximara neste instante e ela tirou a mão – E deve ter muito cuidado com ela, eles não irão querer saber quem é para atacar.

Paro bruscamente e encaro-a– Acho que não. – Olho para Haru. Pessoalmente não me importo, mas não poderia deixá-la correr riscos – Seja lá o que tem para dizer, diga logo.

– Calma, só para ter certeza... – Logo virava-se e entrava pela porta, ajudando a pequena a atravessar, quando você fazia o mesmo, ela continuava – Se os relatos forem certos, e tenha certeza, eu nunca erro... Bem, uma vez só, mas ela não conta pois eu estava embriagada de vinho de Arglësia, maldita aquela bebida... Isso não vem o caso, continuando – Dizia, observando quadros estranhos de paisagem morta – Eles deverão invocar criaturas, se necromantes, ou tentar controlar nossos corpos, se magos de sangue.

Respondo com um grunhido baixo, irritada. Eu não sabia quantos magos tem lá dentro, sem falar que odeio o modo como eles lutam – Que desprezíveis. – Sinto vontade de socar algo, mas logo passa quando percebo que Haru caminha ao meu lado sem reclamar, sempre tão corajosa e forte. – Não se preocupe. – Falo em um tom firme, mesmo sem ter certeza.

Chegaram até uma sala quadrada ainda maior que antes, depois de uma curva no corredor de aparência assustadora. As fotos tinham deixado de ser paisagens mortas para fotos de pessoas sem expressão. Haru observava um quadro que estava baixo, passara apenas um olhar, mas logo ficara assustada:

Um homem estava com os olhos esbugalhados, olhando para a própria corda que lhe enforcara, estava nu, com a barriga cortada e seu corpo vazio como uma carcaça, no chão apenas um livro negro sobre um círculo. Ao redor do homem, desfocado, estava o que parecia ser integrantes do culto, todos vestidos de negro.

Há quatro homens na sala, eles estão com as cabeças abaixadas, o último está com roupa vermelha ao invés de negra. Seus olhos se abrem quando se aproximara, seus dentes podres puderam ser vistos quando movimentava a mandíbula para falar:

– O que temos aqui, se não é ... não mesmo, carne vi...vaaaa.

– Não olhe. – Digo para Haru, preocupada e então empunhando meu machado olho para os homens. – Seus vermes... então pensaram que ninguém os impediria? – Cuspo as palavras, com repulsa.

– Nossa, é verdade... bem, teremos que matá-los e queimar seus corpos, estão tão possuídos quanto alguém que vende a alma para o demônio – suas mãos acendiam um fogo infernal, iluminando ainda mais a sala.

E rola um rápido confronto, magia e golpes para todo o lado, durante alguns segundos todos se veem acertados ou feridos.

– AAhh! – Ergo o machado na direção do ocultista e o ataco na horizontal.

– Ai! O que eu faço, muitos alvos, ei! – Gritava – Se você continuar beijando eu não posso lançar magia.

– Você não tem algum ataque mágico que atinja todos eles? Se tiver, ajude. – Falo enquanto contra-ataco um ocultista.

– Está bem, então se segura! – Preparava a mão em formas rápidas de arco e logo proclamava a magia – Fireank'suh! – Uma bola de fogo voava em sua direção, acertando todos da sala.

Os ocultistas voavam para cada lado, espalhando-se igual a bonecos sem vida, porém somente dois não a tinham. O outro, mesmo se erguendo com dificuldade, voltava a ficar de pé. O Mago, que trajava roupas avermelhadas também se levanta. O ocultista vermelho diz:

– Nossa, outro mago, e poderoso! – Dizia, rindo para si mesmo com um sorriso maléfico. – Queimem, queimem!

- Argh... Droga... – Olho minha mochila e bebo uma Porção de Cura, em seguida aperto mais meu machado e corro na direção do ocultista vermelho gritando quase como um rugido. – Giro Mortal!

O ocultista vermelho invoca uma barreira de mana que ignora o primeiro golpe. Ele controla o outro para que entre na frente, ignorando o segundo, fazendo como um escudo humano.

– Mas o que, esta gatinha furiosa... acha que vai ser fácil? – Gritava, correndo para o outro canto da sala. Ele cria dois Ghouls do Navieh, que partem para cima de Andy.

Kallian lança uma bola de fogo e ao vê-la:

– Ei, não te queimei né? Quero dizer, pelo que vi, não tanto assim – Gritava a distância – Lá vai outra, segura-se! Fireank'suh!

– Só sabe isso? Melhor trocar o disco! – Ondulava as mãos e logo tudo começa a ficar bem frio – Que tal um pouco de gelo? Zero Absoluto.

– Está... está brincando comigo, seu imbecil? Eu vou acabar com você... – Falo de maneira sombria e uso uma Cataplasma Curativa Média, então ataco o ocultista vermelho, com um olhar assassino e uma grande sede de sangue. Curvo os lábios suavemente em um estranho sorriso.

O mago sorri e a habilidade passa pelo escudo, sem afetá-lo.

– Escudo maldito, tenta esquivar disso – Dava um soco na cara do mago.

– Maldito! – Corro na direção do ocultista vermelho após me afastar dele, ergo meu machado em um golpe vertical, com os dentes trincados de ódio. Kallian Herseker diz:

– Ah, mal, mal é que não costumo bater nas pessoas... explodir, até vai, mas bater não. – Voltava a tentar golpear o mago, afinal tinha errado o anterior.

Andy golpeia o homem com seu machado, a barreira o impede de morrer. Neste instante Kallian tentava esmurrá-lo, mas ele se esquiva e corre para o outro lado da sala.

Os ghouls nascem das paredes, correndo em direção a Andy, tentando acertá-la com suas garras.

– Arck que merda! Seu maldito eu terei prazer em acabar com você, não pode fugir para sempre... – Falo de forma ameaçadora – Kallian, cuide desses dois, eu pego o Ocultista.

– Nada disso! – Criava um portal, fazendo-a, Kallian e Haru se lançado para um ambiente novo.

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Neste log, existia uma outra cena acontecendo, uma vez que Andy não fazia parte dele, não há porque colocar. Mas resumindo, outro grupo estava preso num confronto infernal.

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Duas Neshigas e uma garota caem em um pátio, está lá um homem e um Angel, na frente uma criatura gigantesca de ferro.

Azrael toma sua poção se posiciona ao lado e a um passo na frente do mago, ao ver as criaturas surgindo do nada – Mas o que é isso? Kallian Herseker diz:

– Ahhhhh! – Gritava, caindo na grama fofa e na terra – Que foi isso? – Perguntava, sem saber onde estava. Observando o ambiente aterrorizador, sob um pátio vazio com diversas árvores de ferros tombada aos lados. Andy Wernsteim diz:

– Haru, você está bem? – Pergunto, preocupada e olho em volta surpresa, pessoas que não conheço estão ali juntamente com um monstro de ferro. – Ótimo. – Resmungo, pegando meu machado do chão sem olhar muito para eles. – Quem são vocês? – Digo, indiferente. Haru Tsuykashi diz saindo de cima de ti:

– Sim mana, obrigada por me proteger – falava com uma voz fraca, observando os outros estranhos. Ragnarok Grisdow diz:

– O ataque de gelo ultimamente não tem tido muito serventia – murmurou – Vamos tentou outra coisa... Chamas Eternas!

Azrael não podia perder tempo para saber quem são, ao decorrer da luta vai saber se estariam ao seu lado, logo sai em direção a criatura e fica bem à direita dela, não ficando na reta do mago, logo tenta desferir um golpe com a espada. Andy Wernsteim diz:

– Kallian, tente não nos queimar e ataque aquela coisa de ferro, fique longe dele. – Digo, então pego meu machado e giro no ar atacando-o com energia. – Giro mortal! Kallian Herseker diz:

– Vou tentar, não posso prometer nada – Dizia, assustada pelo tamanho da criatura – Fireank'suh!

A criatura recebe os golpes seguidos. Andy o acertava perto de sua perna com golpes do machado, criando inúmeros rabiscos em sua casca dura. Azrael o acertava com sua espada próximo ao que seria sua pata de apoio.

Kallian conjura sua magia e uma onda mágica de calor acerta todos presentes. Ragnarok fora o mais afetado pelo dano mágico.

A criatura então grita, ficando enfurecida, ataca os dois próximos e lança espinhos contra Kallian. As estacas de ferro acertam Kallian que caía no chão, um pouco afastada de todos. Somente Ragnarok tinha a visto cair. Enquanto isso, Andy e Azrael esquiva os golpes do monstro. Ragnarok Grisdow diz:

– Bola de fogo.

– Droga, tome cuidado! – Falo, irritada e pego uma Cataplasma Curativa Média e jogo na direção de Kallian. Então ataco o monstro, com o ódio pelo ocultista vermelho, ainda pulsando em minhas veias.

Azrael ao se esquivar, faz um giro no próprio eixo e tenta acerta a criatura com seu escudo usando sua habilidade golpe com escudo

-– Não posso lançar uma nova magia, vai matar os outros, vai matar você, vai matar tudo! – Dizia, gritando

– Outros quem? Eles não estão conosco, não importa. Mas se você não pode lançar magias de área, tente uma com alcance individual nesse monstro! – Digo, segurando o machado com mais força.

Alana aparece correndo trazendo mais monstros com ela.

Azrael continua seu ataque contra a criatura dessa vez salta com ajuda de suas asas para atingir maior altitude e golpeia novamente os monstros com sua espada, logo depois volta ao solo – Grisdow, tente cuidar dos pequenos, vou acabar com esse grande.

Andy Wernsteim diz:

.Olho para trás e vejo mais uma pessoa semelhante a mim e a Kallian. Fico surpresa, mas logo busco focar novamente no monstro de ferro, virando-me para ele o ataco verticalmente.

Alana Kimura diz:

– Parece que não reapareci em uma boa hora – Soltava uma leve risada enquanto tentava se aproximar do grupo, mas logo percebia que não era possível ficar tão próxima, já que grande parte do mesmo estava cercada por monstros. Mas como de costume, já logo sacava seu arco e o empunha em suas mãos, segurando-os de uma maneira firme. Logo em seguida se afastava de seus dois oponentes que haviam seguido a Neshiga, e com grande agilidade e rigidez, disparava duas de suas flechas em um deles, com o intuito de perfura-los.

Ragnarok Grisdow diz:

– Bola de fogo em tudo!

Alana Kimura diz:

– Precisam de muito mais que isso para me derrotar... humpf – Logo, já sacava novamente mais duas flechas da aljava e saca em direção a um de seus oponentes.

Azrael Arauthorius diz:

– Morra de uma vez – Azrael golpeia mais uma vez a criatura tentando cortar sua barriga

A criatura recebe um poderoso golpe que é lançada para trás, ela vai se destruindo até sobrar o que parecia um tipo de ovo reluzente.

Andy Wernsteim caminha na direção do monstro de ferro, ele é enorme, mas não sinto medo, apenas um ódio descomunal por razões variadas. Ataco-o com ódio mais uma vez.

Alana Kimura diz:

– Mas que droga.. – Logo já se afastava novamente de seus inimigos com o intuito de adquiri uma boa distância para poder ataca-los novamente de um ângulo mais confortável e menos notável, feito isso a Neshiga já retirava mais duas flechas de sua aljava, e as lançava contra um de seus inimigos.

Azrael Arauthorius diz:

“Maldito demônio pude sentir você hoje" – Azarael logo toma sua poção para recuperar HP, se senti melhor vai andando em direção ao troglodita que atacou, quando se levanta percebe sua amiga em apuros e utiliza sua habilidade Golpe de liderança para chamar a atenção das criaturas

Andy Wernsteim diz:

– Por que fiz isso? – Pergunto a mim mesma em voz alta. Vendo o sangue escorrer do homem a minha frente, porém ignoro-o e sigo até o Mini troglodita, como se não conseguisse parar de atacar – Argh... – Me contorço de dor e olho com ferocidade para o homem que me atacou. – Que merda você pensa que está fazendo? Desgraçado... – uma chama de puro ódio emana dos meus olhos, seguro o machado com tanta força que quase não sinto minhas mãos. Uso uma Cataplasma Curativa Média e em seguida corro na direção do homem mirando em seu crânio.

Alana Kimura diz:

– Mas o que é que você está f...? – Sentia-se perdida em meio a toda aquela confusão, além de estar completamente inconformada com a atitude da Neshiga desconhecida, já que não entendia o porquê de ela ter atacado seu próprio companheiro e depois ter ajudado a arqueira a se reconstituir no campo de batalha. Mas mantinha-se séria diante de seu objetivo, e logo pegava uma certa distância e lançava novamente duas flechas em seu oponente, mas nesta vez no ovo, com o intuito de acabar com o mesmo de uma vez só. E se possível, também tenta utilizar duas de suas cataplasmas de HP para ajudar a outra Neshiga que parecia estar ferida, mesmo em dúvida de sua índole.

A última criatura esquiva de fininho e sai do cenário, Alana a observando retira mais uma flecha e acaba com a criatura.

Naquele instante o cenário se acalma. Azrael apoia com a mão o corpo da neshiga desconhecida que enfurecida tentava atacar o pobre homem. Talvez seja pelo fato dele ter a nocauteado com um simples movimento de mão.

A criatura mágica ainda estava solta na floresta, tinham em mente o poder que ela era capaz. Mas agora tinham uma maneira de derrotá-la em seu próprio jogo. Após se acalmar o homem se afasta, caminhando para a cabana, tinha coisas lá para terminar. Alana se aproximava de seu recém companheiro de equipe Azrael, comentando pelo que passara em sua ausência, sobre as aranhas da caverna, de sua quase morte e da perseguição por criaturas de ferro até este momento.

Kallian se aproximava da Andy, acalmando-a com afano na cabeça, não parava de falar. Haru então se aproximava, segurando sua perna, cruzando as mãos e colocando seu rosto próximo ao seu quadril, fechando os olhos.

Sinto o frenesi e toda a adrenalina escorrendo do meu corpo como água, caio de joelhos despertando do meu ódio. Pisco os olhos lentamente algumas vezes, olhando para o sangue no meu pelo. Olho para cima e vejo Kallian com a mão na minha cabeça. Haru também me olha, da mesma forma de sempre. Será que ela não nota o quão terrível eu sou? Seus olhos inocentes não enxergam o que há dentro de mim? – Aconteceu... de novo – Digo em um suspiro, pego meu machado e levanto, lembrando que Kallian está ali. Não quero que ela pense que sou fraca então logo volto a ficar na defensiva. – Onde estamos? – Falo, tentando distraí-las do meu estado.

Kallian Herseker diz:

– Não se preocupe – Dizia bem baixo, aproximando o rosto contra o teu e falando em seu ouvido – Ela não viu nada, estava em transe, o demônio que controlava aqueles homens de Scoutlard não tem o mesmo efeito com crianças, por isso elas são... bem, você sabe. – Dava uma pausa e olhava ao redor – Parece que estamos na Floresta de Ferro, algumas milhas ao norte de Scoutlard... nós precisamos eliminar aquela criatura para liberarmos deste pesadelo.

Azrael para o ataque da Neshiga, logo depois mata a saudade de sua amiga – Que bom vê-la – se curva para Alana – Se me permite lady – dá um abraço nela erguendo-a do solo – Fiquei preocupado com você.

– Ainda bem que está tudo certo contigo também.. – O abraçava de maneira educada e gentil, ficando um pouco sem graça quando percebia que já estava mais que longe do solo. Mas a sua atenção logo se voltava a situação que se mantinha ao seu redor, pois não se conformava com tantos acontecimentos extraordinários e esquisitos ao mesmo tempo. Ao perceber que Dom também estava para se aproximar do grupo de Neshigas que ali estava, fazia o mesmo, apenas se indagando, qual seriam as suas origens? E o que elas realmente queriam. Logo percebia que havia também a presença de uma humana, que aparentava ter um olhar pouco diferente dos que já terá visto em tal raça. Soltava um longo suspiro e ainda mantinha seu arco em mãos, sentia-se nervosa, mas ao mesmo tempo feliz. Nervosa por estar lidando com pessoas diferentes, e por ter tido um de seus membros de equipes atacado por uma desconhecida de sua própria raça, e feliz por ter sobrevivido e resistido em campo de batalha, além de seu companheiro estar vivo também.

Logo depois do abraço Azrael observa a outra Neshiga com suas companheiras no solo, então se dirigi a palavra a ela:

– Não é assim que resolvemos as coisas pequena, bem você deve ser uma pessoa muito boa por ter tantas pessoas ao seu redor querendo o seu bem, meu nome é Azrael.

– Andy. E não me diga como devo resolver as coisas – Respondo, secamente. Já não estava queimando de ódio, mas ainda continuava do mesmo jeito mal-humorado de sempre.

Azrael Arauthorius pensava com a reação e o discernimento. Estendia a mão para que Andy se levante.

Olho para Kallian, com a chegada do homem alto, não pude respondê-la. Então apenas aceno para ela com a cabeça, tentando sorrir o máximo que posso. O que é bem pouco mas é algo. Ela demonstrou ser alguém mais ou menos confiável, apesar de estranha. Olho para a mão estendida do homem e ignoro-a séria – Sei. – Digo, inexpressiva.

Kallian Herseker diz:

– Você é um Angel, certo? Nunca pensei que poderia ver um algum dia... – Estendia a mão – Vocês estavam lutando com a criatura, o que pode nos dizer? Aquele monstro, o demônio que vinha e fugia, como ele se chama?

Azrael ainda permanecia com a mão estendida – Vamos, acabamos de lutar contra criaturas cruéis aceite minhas singela ajuda – dizia a Neshiga no chão – E maldito seja esse Boro Boro, acarei com ele nesse plano e no outro.

Azrael ao perceber que a mesma já estava em pé volta sua mão ao lado de seu corpo. Neste instante a Senhora da Floresta se aproxima do grupo.

Alana Kimura diz:

– Mas... você acha que isso está certo? Eu quero dizer, não sou antipática ou antissocial, mas eu simplesmente não tenho nenhum motivo ou feição suficiente para acreditar em uma de vocês. Vocês simplesmente atacaram um dos meus companheiros em meio ao campo de batalha, sendo que estávamos lutando sobre o mesmo lado e com o mesmo objetivo. O que quero dizer de maneira resumida é o fato de que, será que é possível estarmos confiando plenamente em vocês até mesmo nas horas mais necessárias e de urgência? Porque a minha "amizade" por vocês não passa por interesse, já que fui amaldiçoada por uma coisa pela qual eu nunca quis ou se quer desejei, ou seja, estou disposta a me juntar com vocês apenas por isso, pela minha própria necessidade de existência, a minha vida e a de meus companheiros – Dizia séria, enquanto se apoiava em Dom (de alguma forma), de maneira honesta e pacífica expressava e dizia todos os seus sentimentos sobre o que sentia e entendia da situação.

Azrael espera ela se aproximar, fazendo sinal para todos não atacarem, seu foco acaba saindo das novas pessoas e se volta para a Senhora da Floresta – Você novamente? Bem nos encontramos o demônio, uma criatura muito irritante eu diria.

Cruzo os braços e olho para o lado com o canto do olho, é a neshiga de antes. Escuto-a em silêncio e ignoro todos, voltando-me a Haru – Como você está? – Pergunto, me abaixando até ela.

– Tudo bem mana, você... – Olhava para Alana de relance, por detrás de seu corpo – Tem amigas engraçadas.

Kallian Herseker diz:

– Ei, não é bem assim, aquele maluco estava nos queimando... nem eu que, acidentalmente explodo as coisas, as coisas... eu digo, as pessoas, faria alguma coisa desse tipo, posso até acreditar que minha amiga aqui é esquentadinha e tudo mais, carrega um machado grande e bate para valer, mesmo brincando de briga de mentirinha, mas não é pra tanto... Nosso foco deve ser aquele demônio... – Parava de falar ao ver a mulher se aproximar – Ou nesta mulher muito estranha com asas negras...

Senhora da Floresta diz:

– Pelo jeito alguém ganhou uma batalha e lhe ajudou...mas estão cientes que isto só é o começo? Acredito que Boro tenha surpresa para cada um de vocês, mas cada um tem a chave para derrotá-lo. – Olhava para Azrael – Já teve seu encontro com as árvores sagradas eu vejo, mas do ovo, encontrara alguma coisa?

Andy Wernsteim diz:

– ...Amigas? – Penso séria, levanto-me e afago a cabeça da pequena, então me viro para as outras. – "Como se isso fosse possível." – Penso. Afinal, acabei de conhecer Kallian e essa outra... eu nunca havia visto. – O que querem fazer? – Olho para a mulher estranha, ainda de braços cruzados.

Lá onde estava o ovo tinha uma flauta feita de cristal branco. Azrael Arauthorius diz:

– Não sei bem ao certo o que devo fazer agora...tinha um ovo mesmo – ao olhar repara a flauta e vai até ela e a pega – E agora o que devo fazer com isso? – Perguntava a misteriosa mulher – Eu também tenho outra dúvida, você já foi uma Angel Senhora da floresta, olho suas asas  – Azrael começa a abrir as asas lentamente para não esbarrar Alana que estava apoiada em seus ombros – E elas lembram as minhas

Alana Kimura diz:

– De que é o começo? Já não é novidade, mas depois de tudo isso que aconteceu eu simplesmente não me surpreendo com o que possa acontecer nessa minha jornada, e infelizmente estou disposta a arcar com as consequências necessárias para que eu possa evitar e extinguir de vez todo esse mal que está para me afligir..., mas.. – Seu discurso foi interrompido ao escutar as palavras da Senhora da Floresta, e logo se indagava sobre o que acabará de escutar. Logo em seguida, virava-se e observava o local aonde estava o ovo, e mal acreditava no que via, apenas sentia-se curiosa sobre o que seria tudo aquilo, e ainda a apreciava enquanto estava nas mãos de Dom, mas não entendia absolutamente nada.

Senhora da Floresta diz:

– Cuidado com isso, aqueles que tocarem trarão a paz ou o ódio dependendo de seus corações, mas será somente por este caminho a liberdade de tudo que lhes aflige. – Dava uma pausa e caminhava para próximo do ovo – Não meu caro amigo, não sou Angel nem de qualquer outra raça, sou um espírito com muitos nomes e nenhuma existência. Saiba que você, e seus amigos estão no mesmo lugar, parados, presos pelo tempo e espaço – Observava as outras neshigas se afastarem com a garota – Caso as encontre antes de terminar sua missão neste mundo, convide-as para entrar em sua casa, são ótimas no que fazem, tão boas quanto vocês mesmos no que fazem melhor – Dava mais passos para o local que estava repleto dos restos das criaturas – Continuem a caminhar e encontraram a raiz sagrada, ela irá lhe dar poder e recuperará suas energias, eu não torço por vocês, mas me interesso em saber como será este desfecho.

Alana Kimura diz:

– Eu sinceramente não acredito muito na Senhora, eu preciso de muitos e vários motivos para isso, mas o único que me incentiva é o próprio fato de que quero ser curada de todo esse mal, já que não temos escolha. Espero que isso de alguma forma realmente possa nos auxiliares nessa jornada – Olhava a flauta brevemente, ainda em dúvidas e com uma cara de desgosto – Sendo assim, é melhor nos retirarmos daqui mesmo, ou também iremos nos tornar parte dessa floresta e desse mundo, no qual eu não quero e nem desejo fazer parte. Vamos logo terminar com a nossa missão neste mundo e dar o fora daqui – Abria um leve sorriso sacana para Dom, de maneira exaltada e confiante, enquanto o acompanhava, mesmo que se sentindo um pouco contrariada por dentro com relação as novas "figuras" que surgiram.

Azrael escuta as palavras da mulher atento, guarda a flauta em sua mochila, logo depois acompanha Alana para a cabana, antes de ir convidar as novas pessoas para passar um tempo la se recuperando antes do partir, para logo depois descobrirem mais sobre essa raiz sagrada

Senhora da Floresta diz:

– Não se preocupe minha criança, a floresta não é má, o que tenha visto fora apenas um surto de raiva por parte dela, os demônios e os desejos sombrios a influenciam para agir deste modo, mas não é de sua natureza – E logo desaparecia entre as árvores de ferro.

Nisto, Andy, Kallian e Haru já tinham partido, afinal não tinham visto a Senhora da Floresta como o outro grupo e por isso davam a mínima para o que falavam.

Azrael e Alana apressam os passos, voltando para o caminho da cabana. No meio dele encontram aquelas neshigas de antes que tinham saído sem rumo. Kallian estava tentando ver algo que lhe chamasse atenção, seus poderes mágicos tinham certa influência neste instante mais que qualquer uma boa visão ou audição. Quando vocês se aproximam estão diante de um rio traiçoeiro que desce com fúria e violência para o sul, uma árvore gigantesca está cruzando ele.

Azrael Arauthorius diz:

– Foi o mago que derrubamos a arvore para podermos atravessar, foi uma travessia segura, não se preocupem – Azarael então retira a flauta de sua mochila e mostra para Kallian – Você é a maga mais perto, consegue sentir algo desse objeto?

Andy Wernsteim diz:

– Eu não entendi muito o que aquela criatura disse... – Suspiro, ligeiramente irritada comigo mesma. – Devemos estar no meio do nada, precisamos ir a procura da tal raiz sagrada que ela falou, antes que nos afastássemos – completo, encarando-a e em seguida olhando em volta.

Andy observava o local, árvores gigantescas feitas de ferro ou um material metálico, não tinha estrelas e o céu era simplesmente negro como a escuridão mais densa. Ventava novamente, dando aquele ambiente obscuro um clima ainda mais sombrio, pelo menos para a pequena Haru que soltava um pequeno "Ai" ao se agarrar em suas pernas. À sua frente o córrego, o rio que cortava a floresta. Como dissera o Angel, havia uma árvore tombada formando um tipo de ponte para a outra margem.

Kallian observava a flauta, ela o encarava por um momento até dar sua resposta, em palavras – neste instante – calmas e sérias. Kallian Herseker diz:

– É um instrumento mágico, muito antigo por sinal... nem acredito que tenha um em sua mão, na Academia de Artefatos Mágicos eles comentaram sobre tais instrumentos que eram utilizados para controlar espíritos e demônios, criação do povo do Norte, os Sirenianos.

– Hmm... – Andy olhava para a flauta em silêncio. – Não sei muito sobre coisas mágicas, mas porque isso estaria em um ovo?

Azrael escuta as palavras com atenção e volta a guardar a flauta – Muito obrigado, será de grande ajuda quando enfrentarmos Boro Boro, essa flauta eu não tinha reparado, mas depois a Senhora da floresta acabou mostrando, e você para onde vai agora? – Dizia para Andy.

Kallian Herseker diz:

– Normalmente artefatos mágicos são encontrados em lugares muito estranhos... – Colocava a mão no queixo, pensativa e logo continuava – Estranhos mesmo, uma vez encontrei um cavalo em uma bolsa, como ele fora parar lá, não me perguntem... Só sei que bolsas de aventureiros podem guardar coisas imagináveis...

Andy Wernsteim diz:

– Só quero acabar com essa maldição e seguir meu caminho o mais rápido possível. Tenho coisas importantes a fazer. – Falo, sentindo-me bem mais estável, diferente de quando estava lutando. Embora meu olhar seja distante. – Bem, é melhor seguir em frente. – Continua, preocupada com o impacto que aquele estranho ambiente pode causar em Haru. Então seguro-a e tento passar por cima da árvore caída. Azrael também atravessa a arvore

– Humpf – Soltava um pequeno som, e logo Alana seguia o seu companheiro.

Para Azrael, aquele pátio tinha sido pacífico em todas as vezes que passara, para Alana, quase morrera ao enfrentar um ninho de aranhas. O corredor para aquela caverna tinha desaparecido, no local um bocado de árvores que juntas pareciam um tipo de muralha. Mas as malditas criaturas de várias pernas e olhos continuavam a sair entre os troncos e galhos metálicos. Pelo menos três aranhas maiores se destacam da multidão, várias outras vem em seguida.

Azrael saca a espada e escudo – E mais criaturas, tomem cuidado senhoras – Logo toma posição de batalha. Alana Kimura diz:

– Estava bom demais para ser verdade.. – Logo sacava o seu arco, já agoniada com a situação de ter que rever mais aranhas metálicas naquele local – Parece que não temos uma oportunidade se quer de descanso nessa maldita floresta... já estou completamente cansada disso, mas se queremos nos livrar dessa maldição, é melhor realizarmos o necessário para acabar com isso o quanto antes – A Neshiga já se movimentava rapidamente como de costume diante do cenário, e logo se afasta de seus inimigos, para adquirir uma melhor distância e angulo para atacar, além de poder ficar "segura", mas de certa forma, tentava visar a retaguarda de seu companheiro Azrael. Logo em seguida disparava dois ataques contínuos contra a Aranha Imperial, retirando as flechas de sua aljava e as lançando de maneira violenta – Hoje não é o meu dia de sorte.. – Logo refazia sua mesma ação anterior, tomando distância como sempre, e executando dois ataques contínuos contra o seu oponente (Aranha Imperial).

Andy Wernsteim diz:

– Kallian, tente não me ferir com sua magia. Mas ainda assim, ataque comigo. – Digo e então corro contra a aranha soldado, novamente sinto meu sangue pulsando nas veias, uma grande empolgação e ódio brotam de mim. Tento não parecer tão violenta por causa de Haru, mas é difícil para mim esconder o sorriso doentio em meu rosto. Ataco a aranha Soldado na vertical, segurando firmemente meu machado.

Kallian Herseker diz:

– Está bem, então se afaste, pule voe, sei lá... apenas saia do caminho! – Gritava, preparando sua magia – Fireank'suh!

Azrael Arauthorius diz:

--Não vou ficar aqui para ver isso – Azrael ouve a moça logo suas asas se abrem e bates levantando poeira e fazendo um som de estrondo e penas, ele sobe o máximo que consegue para não ser atingido

Alana Kimura diz:

– Acho que você precisa treinar um pouco mais.. – Dizia educam ente para outra Neshiga, enquanto lançava novamente mais duas novas flechas na Aranha restante.

Alana pegara a flecha e terminava o trabalho. As aranhas menores se intimidaram pela valia do grupo e voltaram para floresta de ferro. Andy guardara sua arma e logo pusera a ver os corpos dos monstros. Eram como aranhas, muitas vezes maiores e que possuíam uma pele rígida e casco metálico. Não havia nada de útil ali.

Azrael guarda suas armas, dá uma olhada em volta para certificar que todas as criaturas estão mortas, logo depois se volta para o grupo – Todos estão bem? Continuamos?

Alana Kimura diz:

– Só posso dizer que eu não me simpatizo mais com aranhas – Abaixava seu arco e soltava um leve suspiro de cansaço.

Andy Wernsteim diz:

– Hmm... vamos seguir em frente, essas coisas não podem impedir o caminho para sempre. – Falo, passando por cima dos cadáveres inúteis ali. Ignorando-os. Não estava tão irritada durante essa batalha do que antes, talvez por serem só aranhas. Olho para trás e vejo Haru, pego sua mão e prossigo em frente devagar. – "Eu queria falar com Kallian, mas vejo que teremos que esperar que isso tudo acabe." – Penso, enquanto sigo o meu caminho.

A cabana estava lá erguida no meio daquele pátio, sucumbida pelo seu asqueroso ambiente. O próprio terreno revelava-se perturbador ao se aproximar da edificação. As plantas e raízes que tinham vida – e não metal em suas veias – quanto mais próximo mais destruídas ficavam. Vigas enormes de madeira tomavam conta das paredes, as janelas estavam fechadas, assim como a porta. O Angel mostrara ali, onde o restante do grupo estivera e viera antes, e logo mais seria ali o local para a cabana com o demônio.

Kallian Herseker diz:

– Esta cabana, é aí onde encontraremos o corpo físico da criatura, e com a flauta poderemos derrotá-la de vez – Dava uma pausa e continuava – Terminar com este culto, com este ódio e violento ciclo. – Ao ver que Haru tinha escutado – mesmo que não sabendo muito bem deduzir ao que se tratava – abaixa o tom da voz e brinca com a pequena, sorrindo – Não é nada Haru, não escute a titia, ela as vezes fala coisas sem sentido.

Observo a forma como ela parece se importar com Haru e aprovo isso. Seguro meu machado e sorrio – Vamos acabar com isso.

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Neste log, Andy, Kallian e Haru são separados do grupo anterior, adentrando a cabana. Num súbito ataque, uma criatura faz com que Andy seja lançada para um quarto vazio e um corredor extenso. Alguns quadros aparecem durante o caminhar deste corredor levando um certo desafio para Andy, no último desafio, ao ver um quadro com pintura um barco numa tempestade, o mesmo começa a jorrar água em todos os cantos.

 

OBS.: O log a seguir está formatado de maneira diferente.

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Narrador

Logo a Neshiga abrira o pequeno baú desesperada, a água estava quase ao teto, sua respiração acelerada confirmava a tensão do momento.

 

A pequena caixa de madeira então começou a sugar toda a água do quadro, podia sentir a pressão nas mãos ao mantê-la aberta. Quando a água finalmente cessou pode ver o quadro: O barco que estava lutando contra a correnteza agora estava estático sobre um bocado de terra à margem do abismo profundo e sem fim.

 

Tudo aquilo tinha passado, em um instante que seja e ainda que seus pelos estivessem molhados e seu vigor esgotado, pudera respirar tranquila. Finalmente abriu a caixa, mais uma vez, agora para ver o que ela escondia.

 

Havia nela uma carta requintada, cheio de efeito, inclusive nas letras manuscritas com precisão:

 

"Apenas acorde, a batalha ainda está por vir"

 

Andy Wernsteim

Encaro as letras, confusa. A adrenalina de segundos atrás ainda pulsava em minhas veias e me mantinha alerta, juntamente com a água gelada que molhara todo meu corpo deixando-me com frio. "O que isso quer dizer? Apenas... Acorde?". Olho para os lados e para o quadro, sem entender bem o que está acontecendo. Ainda nem mesmo encontrei aquela criatura que me assombra, tenho que derrotá-lo para sair daqui, mas não sei por onde começar. Aperto a carta com força enquanto procuro algo que chame minha atenção.

 

Narrador

Apesar do quadro que jorrava água não ter mais a sua principal atração: jorrar água, ele mostrava um cenário inquietante. Uma velha embarcação está sobre uma pedra, presa, com metade do casco para fora do abismo, este mesmo não tem representação do fundo, sequer um detalhe para mostrar o quão longe estava ele, se realmente tivesse algum.

 

Você então olha para os lados, para o corredor de onde viera, e para o outro onde poderia prosseguir. O corpo do demônio de antes ainda está lá em sua forma de pedra, o peixe-espada também, pelo chão ainda há diversas poças de água.

 

Andy Wernsteim

Aproximo minha mão do quadro e tento tocar a embarcação, um tanto curiosa.

 

Narrador

Você encosta no barco, que parece de brinquedo, ele está úmido. Somente dá para tocar nas pontas dos dedos, de alguma maneira está longe, ainda que perto.

 

Andy Wernsteim

Pego a vara de pescar e tento prendê-la ao barco. "Espero que funcione..." Penso, enquanto me preparo para 'fisgá-lo'

 

Narrador

Consegue enroscar o anzol e lançá-lo um pouco depois com o movimentar das mãos, ele voa para além do barco, podia ver a linha e o pequeno gancho diminuir enquanto se aproximava do barco, com o lance ele se prende a alguma armação que nele estava, a linha está tensa e firme.

 

Andy Wernsteim

Sentindo a linha presa, puxo com o máximo de cuidado que consigo, apesar de ser um tanto bruta ao puxar, esperando encontrar algo de alguma importância.

 

Narrador

Assim que você puxa a linha se mantém firme, o pequeno barco não se move um centímetro, você por outro lado, é quase lançada para dentro do quadro pela força da reação.

 

Andy Wernsteim

"Mas o quê..." Forço meu corpo para que não seja 'sugada' pelo quadro enquanto continuo segurando a vara de pescar. Puxo algumas vezes e percebo que parece bem presa. "...Não há tempo para besteiras, não vou desistir. " Já sabia que se fosse embora direto pelo corredor, provavelmente acabaria perdida do mesmo jeito de antes. Esse quadro no momento era a coisa mais intrigante por perto então eu deveria explorá-lo o máximo possível. Respiro fundo e tento atravessá-lo de uma só vez antes que possa ter tempo para pensar de novo.

 

Narrador

Você então pula pelo quadro, mas o que? Um abismo profundo, o mais escuro dos abismos, seu corpo vagueia pelo nada, pode ver onde estava o barco preso, e podia vê-lo ao cair por ele, enquanto ele crescia de altura e proporções imagináveis durante um tempo, voltava a diminuir enquanto você caía.

 

Era o fim, então?

 

Puff! Que susto, quero dizer... Fora um sonho? Você acordava, respirava ofegante, já não sabia onde estava mais, que realidade era a verdadeira? O quarto, o mesmo de antes, o mesmo que enfrentara a outra Andy, seu corpo ainda dói, sua recuperação está afetada, mas não totalmente ignorada, levanta com um pouco de dificuldade. A porta está semiaberta.

 

Andy Wernsteim

— O que aconteceu? Onde estou? — pergunto em voz baixa, olho para os lados e tenho uma sensação estranha, de déjá vu, como se essa cena estivesse se repetindo. Olho para a porta, após levantar e caminho até ela — Haru... Haru... — murmuro enquanto ando a passos lentos.

 

Narrador

Você então abre a porta, a sala, está repleta de livros novamente. Do outro lado um grito, de uma garota... de uma conhecida, de Haru!

 

Andy Wernsteim

Corro na direção do som, ignorando a dor ao escutar a voz. "Isso é algo da minha mente? É outro sonho?" Eu não me preocupava, apenas queria vê-la. Saber que Haru está viva.

 

Narrador

Você chuta a porta, já estava com o machado em pulso. De um lado da sala estava Kallian e Haru, a pequena estava encostada em um dos cantos da parede, atrás da outra neshiga, assustada, gritava sem parar. Kallian estava com seu cajado apontando para a criatura que ainda não tinha lhe visto, sequer Haru.

 

A criatura por sinal era um bocado de pano velho sobre uma aura sombria esfumaçada, não possuía rosto, apesar que em suas costas, nos ombros e em todo lado direito havia milhares de olhos, alguns fechados, outros abertos, eles o seguiam, lhe encaravam.

 

• Kallian Herseker

— Morra sua criatura... Horrível... Cheia de olhos... E ... Horrível — Lançava Bola de Fogo.

 

Narrador

A criatura é empurrada pra sua direção com a explosão. Ela meio que se move de lado, virando-se para ti, ao vê-la com seus olhos... Bem, os verdadeiros, ela se enfurece e tenta atacá-la.

 

Andy Wernsteim

Tento me defender do golpe.

 

Andy Wernsteim

Bebo minha última poção de cura, agarro meu machado com força, sentindo-me furiosa ao extremo. — Desgraçado... eu vou acabar com você. — Falo com os dentes cerrados e um olhar assassino. Olho para Kallian e então para Haru, mas logo volto minha atenção á criatura, decidida, então corro na sua direção com golpes horizontais. — Giro Mortal!

 

• Kallian Herseker

— Ah... Andy, Andy! — Acenava atrás da criatura com as mãos com um largo sorriso no rosto – Sei que é meio complicado tentar explicar agora, só... vamos... tirar este bicho feio por enquanto, não é? — Atacava a criatura com seu cajado, pois não queria feri-la com sua magia.

 

Narrador

A criatura então recebe uma sequência de golpes, e por último um golpe nas costas com a arma de Kallian, ela se ajusta, observando-as com seus olhos posicionados de maneira peculiar, ela então vira para você e tenta lhe golpear.

 

Andy Wernsteim

Ao notar que ele erra o golpe, lhe acerto o machado com um golpe forte na altura do seu tórax. — Toma isso!

 

Me preparo para atacar a criatura novamente girando o machado e acertando suas costas.

 

• Kallian Herseker

— Segure-se, lá vai bomba! — Conjurava bola de fogo.

 

— Ops, foi mal aí Andy!

 

• Condenação

A criatura voa contra a parede e você também, ainda no chão ela tenta lhe golpear, também no chão.

 

Andy Wernsteim

Procuro me defender do golpe para levar quando menos dano. — Ótimo, dá para você parar de tentar matar todo mundo aqui queimado? — Grito para Kallian, irritada.

 

Andy Wernsteim

— Giro Mortal! — Grito, atacando a criatura para tentar finalizar a luta antes que Kallian mate a todos nós.

 

Narrador

A criatura então recebe um, dois, três golpes em sequência, ela cai sem vida no chão. Seu machado estava com um liquido negro escorrendo pela lâmina de sua arma.

 

• Kallian Herseker

— Boa,... Boa, ai, eca! — Ao ver o sangue negro espirrando por toda sala — Logo agora que não temos onde tomar banho estas criaturas do demônio vão nos sujar?  — Caminhava para Haru — Tudo bem minha pequena, sua "irmãzona" está aqui, pode abrir os olhos... — Olhava para criatura — É melhor não... Venha, você também Andy, vamos sair desse quarto — Haru estava com os olhos fechados, podia ver seu rosto avermelhado por forçá-los assim, sabia que Haru tinha medo de muitas coisas, mas a curiosidade da pequena era ainda maior

 

• Haru Tsuykashi

— Mana, você está aí? Fiquei com tanto medo – Tentava abrir os olhos de leve quando a mão de Kallian os fechava "Nada de bisbilhotar pequena" e pulava pelo corpo da criatura no chão.

 

Andy Wernsteim

— ...Haru... — Me abaixo e abraço a pequena com cuidado como se tivesse medo de que ela evaporasse nos meus braços e desaparecesse de novo — Você está bem, eu estou aqui agora e não deixarei nada ruim te acontecer. — Levanto e afago a cabeça dela com um sorriso cansado no rosto. Olho para Kallian séria. — Você... você esteve cuidando dela durante esse tempo todo?

 

• Kallian Herseker

— Tempo todo? Não, sim se você diz durante esses dois minutos que saímos e fomos surpreendidas por esta criatura correndo atrás da gente com coelhos na mão... quero dizer, armas sanguinárias criadas pela mãe-demônio com pelo branco e fofinho — Dava uma pausa, tentava entender o que dissera e sem sucesso, murmurou baixo e logo virou-se para ti, perguntando — Você conseguiu derrotar o dopellganger? Tão rápido assim...?

 

Andy Wernsteim

— Não, eu lembro que lutei contra uma farsante e ela foi embora levando vocês, mas do que está falando? Que dopel? — Encaro-a confusa enquanto falo pausadamente, sentindo meus ferimentos e cansaço.

 

• Kallian Herseker

— Ah, me desculpe... digo, o dopellganger, a... Como você disse? Farsante? — Ela olhava pra Haru em seus braços, e logo pra ti, ainda mais confusa que você — Não, assim que saímos da sala estávamos correndo por nossas vidas... Claro que se não fosse por minha verdadeira técnica "Não morra", não sei se daria tempo de você chegar e nos salvar... Aliás — Com uma pausa, ela colocou a mão no braço direito, esfregando-o — Obrigada, de novo... Espero poder retribuir, sabe, sem explodir ninguém... Quero dizer, ninguém amigo... Quero dizer, ninguém importante... Ah, só... obrigada.

 

Andy Wernsteim

Coço o rosto um tanto confusa tanto com o jeito dela, quanto sobre o que ela disse a respeito dos coelhos. Ela é realmente estranha... mas continua sendo muito forte. — Seus ataques são bons, só precisa ter mais controle sobre eles. — Falo de maneira técnica enquanto a avalio. — E... Não me agradeça, eu gosto de batalhar, principalmente ao lado de uma pessoa forte como você. — Tento sorrir, mas me sinto cansada demais para isso então apenas aceno com a cabeça. — Como sairemos daqui?

 

• Kallian Herseker

Envergonhada, aponta para a última porta — Ali é um bom lugar, mágico por sinal, não como essa cabana, sem dúvidas esta cabana é mágica, muito mágica... Mas ali, sim, ali é a melhor e mais magicamente área desta cabana mágica — E congelou por um tempo — Nossa, isso ficou meio confuso... Bem, só irmos ali.

 

Andy Wernsteim

— Sim, você embaralhou tudo. Tente não falar tão rápido... — Ergo o machado e guardo nas costas, em seguida pego a mão de Haru e sigo na direção apontada por Kallian.

 

Narrador

Logo você abria a porta, tinha uma cadeira no vazio da sala. Havia milhares de figuras um tanto... bizarras, corpos de bonecos e bonecas humanas presas pelas suas próprias mãos e pernas de uma maneira... bizarra, tudo ali era assim. No meio da sala, a frente da cadeira havia um livro aberto.

 

Andy Wernsteim

— Mas... que merda é essa? — Escondo Haru atrás de mim. — Não olhe isso. — Caminho até o livro e tento observá-lo

 

Narrador

Está lá a frase: "Coelhos são bem-vindos, almas também".

 

Andy Wernsteim

— Argh... — Olho em volta, chegando mais perto de uma das bonecas e a encaro.

 

Narrador

As bonecas não têm cabeça, seus pescoços estão presos as próprias pernas e braços de outras bonecas, fazendo um tipo de rede que pendura em toda as paredes e teto da sala.

 

• Kallian Herseker

— Isso é mesmo perturbador, não sei dizer se o demônio fez isso ou se é assim que imaginamos que o demônio tenha feito — Colocava a mão no queixo, olhando para o livro em seguida — Olhe! Viu, eu não estava louca... não tão louca assim, eu disse que o bicho estava carregando coelhos brancos fofinhos.

 

Andy Wernsteim

— Entendo que você não está louca, mas o que... isso quer dizer? — Encaro Kallian, apontando com o polegar para o livro com uma respiração pesada, passo as mãos no rosto e respiro fundo. — Isso está me deixando puta, precisamos acabar com aquele miserável, aquela assombração, mas tudo o que temos são essas pistas que para mim não fazem sentido. Coelhos... do que ele está falando? — Caminho pelo quarto, olhando a rede detalhadamente e tentando ver seu fim, assim como outros detalhes do lugar.

 

• Kallian Herseker

— Coelhos são criaturas puras, assim com a corsa, os cisnes e a coruja, ou ao menos nas citações históricas dos homens — Ela se aproximava do livro, abaixando e olhando com mais atenção — Se é assim que este demônio pensa ser as coisas, o que ele deseja é alguma coisa pura, algum tipo de barganha... mesmo que ele tenha conseguido se expressar no mundo real de alguma maneira, ele não pode sair deste mundo paralelo que ele mesmo criou, e... Acredito estar procurando a porta para isso. — Olhava pra ti enquanto procurava na parede de bonecas – Crianças são puras, estas bonecas. Desculpe Andy, é que você já entendeu o que ele sugere...

 

Andy Wernsteim

— Eu estou entendendo... finalmente eu entendi. — Cerro os punhos com força, sinto o ódio fulminante dentro de mim vindo à tona. Meus braços tremulam enquanto me contorço como um vulcão prestes a entrar em erupção. — Tape os ouvidos dela. — Falo, apontando para Haru, então me afasto e deixo escapar de mim um urro de puro ódio que queima minha garganta. — MALDITO, VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR O QUE QUER NUNCA! OUVIU? NUNCA!

 

Narrador

— E como você sabe que ele não conseguirá? Só um pouco de sua pureza já é suficiente, não tem medo de estar presa neste mundo de loucos?

 

Andy Wernsteim

— Cala a boca! Ninguém vai tocar nela! — Grito, dessa vez um pouco mais baixo. A Haru não... ela não. Sua pureza deveria ficar intacta, ainda deve ficar, pois não sinto a mínima vontade de permitir que lhe tomem isso, por menor que seja e além disso, por que eu confiaria em um acordo com esse ser demoníaco? Aquelas bonecas no quarto não me deixavam relaxar nem por um segundo com a possibilidade de permitir que tocassem Haru.

 

• Kallian Herseker

— Andy.. Eu acho que tenho um plano. Só precisaria saber o que você acha.

 

Andy Wernsteim

Me viro para Kallian e caminho até ela devagar, não percebo o quanto ando até que paro deixando pouca distância entre nós. — Me fala... me fala logo o que é.

 

• Kallian Herseker

— Um pacto de invocação não precisa ser feita por uma criatura pura, fazer com ela só dá a liberdade excepcional do demônio de apoderar de seu corpo com mais facilidade — apontava para o livro — O que ele deseja é estar livre, e não há outra maneira pra lutar com ele que trazendo para nosso mundo... — Dava uma respirada e continuava — O pacto é desfeito caso alguma das duas partes morra... E bem, pra fazê-lo você deve ter um dom mágico natural ou ser uma criatura pura como já disse... Eu não sei o que dizer... — Tentava dar um sorriso forçado, afinal a tremedeira de suas mãos já alertava para tensão que estava ali, imaginar, dizer tais palavras — Eu não me preocupo em me oferecer como o tributo para invocá-lo, eu sei que você pode fazê-lo, mas não posso fazer isso sem você confirmar, aliás, precisamos de duas testemunhas, seja ela qual for... — Olhava pra Haru que estava acolhida em seu braço, com olhos fechados e com as mãos nos ouvidos, se realmente ela não pudesse escutar ou ver, ninguém tinha certeza — O que você me diz?

 

Andy Wernsteim

— Do que está falando? Você corre risco de morrer fazendo isso? — Coloco as mãos nos ouvidos de Haru por cima das suas pequenas mãos. — Se estiver pensando em fazer alguma idiotice, vou logo avisando que não irei permitir. Você veio parar aqui por minha culpa, é a mim que ele amaldiçoou e eu não quero dar a esse desgraçado o que ele quer. — Meu olhar é feroz e decidido, não estava disposta a sacrificar Haru, mas essa garota tola não poderia tomar sobre si o peso das minhas escolhas.

 

• Kallian Herseker

— Que?! Ah.. Não, bem, não sei o que realmente vá acontecer, só conheço o ritual nunca fiz isso... não me olhe assim, eu nunca fiz, sério! — Apontava pra cadeira — Que eu saiba meu corpo será como uma carcaça vazia e precisarei estar em um lugar seguro, e enquanto ele viver, é... — Eu ficarei morta — Suspirava — Não sei o que pensar, é a única coisa que eu penso agora, talvez a mais certa, eu tenho os meios e você é o fim.

 

Andy Wernsteim

— Você é idiota, só pode ser isso... confiando sua vida a alguém que mal conhece. — Resmungo, olhando para o livro e então para ela novamente. — Eu estou muito ferida, não sei se iria durar muito em uma batalha caso não me recupere.

 

• Kallian Herseker

— Já estamos presas em mundo desconhecido, confiar em ti é melhor que procurar nesta empreitada toda... Andy, você me ajudou sem me conhecer, e por algum motivo você também estava indignada com esse culto por suas próprias razões, e não precisa me explicar, isso já é motivo para eu aceitar esta opção, seja qual for o tamanho da esperança, agarre-a, não é isso que os homens dizem? Você deve me achar uma chata falando tanto deles não é... É que só conheço eles...

 

Andy Wernsteim

— ...não achei que você fosse como eu, digo... sobre só conhecer os humanos. Mas olhando agora, faz sentido... — Olho para os lados um tanto decepcionada, não era dessa vez que eu iria conseguir informações sobre meu povo de origem, mas isso não me preocupa tanto no momento. — Depois nós iremos poder conversar com a vontade, porque iremos sair daqui, não se preocupe. Esse ritual... pode fazê-lo e deixe que meu machado e eu nos cuidaremos do resto..., mas antes preciso me recuperar, como disse.

 

• Kallian Herseker

— Sinto muito Andy, só explodo as coisas... bem, isso eu faço sem querer, na verdade nunca fui fã em explodir, talvez atordoar, mas, explodir não — Dava um leve sorriso — Você dizendo isso soa como se não quisesse viver entre os humanos... bem, não importa, a criatura já adiantou boa parte do ritual, acredito que não haverá mais problemas até encontrar cara a cara com o próprio bicho, Andy, me diga, a sala onde você estava enfrentando o Dopel, está limpa? Lá é a melhor sala... onde possamos descansar nem que seja algumas horas.

 

Andy Wernsteim

— Está certo. — Paro, pensativa por alguns instantes. — Eu não sei, mas deve estar melhor do que essa. – Pegando a mão de Haru e saio andando um pouco desajeitada na direção onde estive anteriormente lutando contra a farsante. — Vamos lá.

 

Narrador

Haru dormia contigo, seu rosto pressionado no tufo de pelo de seu peito, seus braços estavam cruzando sua cintura, era assim que fazia quando tivera medo, sempre era assim. Ela se apegava de tal maneira que até lhe sentia um remorso ao movê-la daquela posição mesmo que, nitidamente fosse desconfortável para as duas. Seu cabelo estava de lado, cobrindo um pouco do rosto, podia ver Kallian um pouco mais afastada.

 

Ela estava com seu robe sendo utilizado como uma forma de travesseiro, dormia encolhida em um canto. Podia notá-la com mais detalhes, até agora só tinham enfrentados criaturas horríveis e horripilantes, não pudera ver a graça que era aquela outra menina, ainda que no seu jeito de falar engraçado e confuso. Mas se não era por isso, sem dúvidas era por seu cabelo curto, que como espetos, neste instante, estavam realmente engraçados.

 

Mas não podiam demorar mais dormindo, tentando se reconfortar nestas poucas horas de descanso, o demônio ainda estava lá, este mundo ainda estava lá, agora é a hora de iniciar o ritual.

 

Andy Wernsteim

Após levantar cuidadosamente, vou na direção de Kallian. Ela dorme de um jeito gracioso, é estranho ver uma outra Neshiga dormir, fico sentada ao seu lado em silêncio, percorrendo com meus olhos, cada linha do seu rosto e sem perceber, me pego olhando para seu corpo e sinto um calor estranho em mim. Ela se move devagar e tomo um susto, quase caindo para trás. — "Está dormindo...?" — Me aproximo dela vendo-a mais de perto quase como uma criança curiosa, ao mesmo tempo que brigo comigo mesma por estar fazendo isso, não consigo evitar. Noto seus cabelos espetados e toco na ponta deles de leve, mas logo recupero o bom senso e mexo seu ombro, tentando acordá-la. — Ei, levanta. — Não me sinto muito à vontade fazendo isso, sabendo que ela está prestes a aceitar correr um risco por mim, mas não vejo nenhuma outra solução e também... não espero deixá-la morrer. — Acorda. — Minha voz sai firme e um tanto áspera.

 

• Kallian Herseker

— Ah, me deixe dormir mais um pouco, só um pouquinho logo desço — Virava para o lado da parede após a primeira chacoalhada – Eu já disse, já vou – Na segunda ela abria seus olhos azulados ainda com muito esforço, virava-se para ti, voltando a tê-la nítida a sua frente — Andy, ah me desculpe. Caí no sono, já não dormimos a horas... A horas que pudéssemos contar, agora não sei se temos horas ou dias sem dormir... — Pedia ajuda a ti para se levantar, você podia ver seu corpo ela possuía uma cor dourada que se distinguir de tudo que era aquela sala, escura e sombria.

 

Andy Wernsteim

 Olho para o lado, tentando não encarar o corpo dela por tempo demais, embora chame atenção. — Bem... temos que nos apressar se quisermos sair logo daqui certo? — Olho para ela e aperto sua mão ligeiramente, como quem quer passar confiança. — Vamos nos sair bem.

 

• Kallian Herseker

Segurava em sua mão e logo estava de pé — Certo. É, deixa eu ver, preciso disso — Olhava o capote arrumado como um cubículo e puxava para se cobrir – Meu cajado, aqui... — Pegava-o do chão e olhava pra Haru — Ela está preparada para isso?

 

Andy Wernsteim

— Nós infelizmente não temos muita escolha. — Vou até Haru e a chamo com cuidado. —Vamos lá garotinha... temos que derrotar o ser malvado e sairmos daqui logo. — Sorrio pegando-a no colo e viro para Kallian. —O que devemos fazer?

 

• Kallian Herseker

— Venha — Caminhava para a sala de antes.

 

Narrador

Então a Neshiga pegou seu cajado e colocou de lado, o seu capote retirou e chamou Haru para se aproximar "Não tenha medo, você ficará protegida, e é para evitar que o demôn.... O homem mau tente te pegar" e colocava o capote sobre ela. Observava-te com atenção, com um olhar serene ainda que super determinado, sequer uma vez mudava o tom da voz:

 

"Maravilhas da escuridão

Silencioso, eu rezo

Reine a destruição

Com muito esmero

 

Dias de alerta

A noite traz o silêncio

Com sua reza

A terra está estará queimando...

 

No caminho vasto,

Onde não posso ver,

Há quem me guie

Para o verdadeiro ser

 

O senhor mais sombrio, sua honra

Devo ganhar, e com mil batalhas

A sua filha devo chamar

 

A terra treme, profecias há de serem compridas

Rogo-lhe meu último pedido: sua filha querida

 

Com meu sangue, sob o dedo que corto

Selo meu pacto à ela, de alma e vida

Do coração que bate

Para qualquer ferida...

 

Conceda-lhe o descanso eterno,

Quando enfim poder descansar, e sob

Seus pés eu peço: a este último servo

O direito de me guiar"

 

Ela então pegava a faca e cortava a palma da mão, sangue fresco e vermelho corria pela lâmina daquela pequena arma e coloca sobre o livro, marcando-o com sua própria alma.

 

"Sangue vívido, vermelho puro

Alma de uma jovem, ou de um moribundo

Não importa sua raça ou vida

Esta alma lhe entrego para sua própria dívida

 

Arranje um espaço, nesta terra por fim

Fuja de seu mundo perverso

Tenha a mim"

 

Narrador

Kallian então desacordara, o livro começava a tremular freneticamente, a sala começava a ser rodeada por criaturas sombrias feitas de pura e a própria maldade, gritavam agonizadas, podia ver o espírito da garota ser removida do corpo dela, uma criatura diabólica de vestes negras, utilizava uma arma curva de cabo negro como seu próprio manto, não tinha seu rosto apesar de seus olhos vermelhos brilharem através do breu, ela sorria, podia escutar entre as vozes seu sorriso macabro. Kallian antes de ser cortada de seu corpo físico ainda piscou os olhos para ti e logo se foi.

 

Andy Wernsteim

Meus olhos arregalados deixam a mostra minha surpresa. Observo a cena, boquiaberta até notar Kallian desacordada e ali uma criatura me encarar— ...Desgraçado, então finalmente vamos lutar... — Falo, com um tom pesaroso e irritado enquanto tiro meu machado me preparando para o combate.

 

• Sra. Morte

— Que coisa rara uma criatura dessa, em seu apogeu, no melhor da vida, oferecer sua alma a um demônio relutante, acreditava que esta não era a lei dos mortais... E você minha pequena criatura, também está destinada a sacrificar-se pelos outros?

 

Andy Wernsteim

— ...Cala a boca, do que está falando, idiota? – Minha respiração acelera enquanto ergo o machado a altura dos ombros. — "Ela não está morta, não pode estar." — Penso, irritada e então cuspo no cão, demonstrando desprezo pelo demônio na minha frente.

 

• Sra. Morte

— Não está? Veja seu corpo sem vida, sua alma já não faz mais parte deste mundo, nem de qualquer outro, quem poderia retirá-la de sua própria escolha? Você, vai impedi-la de sua decisão?

 

Andy Wernsteim

— Não. O meu machado irá fazer isso por mim, criatura estúpida. — Dou um urro, como um grito bárbaro de guerra. — NINGUÉM QUE VEIO COMIGO IRÁ MORRER!

 

• Sra. Morte

— Não importa o que diz, já a tenho para minha coleção, espero a tua linha igualmente... de todos um dia serei eu a última a visitá-los. — E começa a desaparecer-se no meio do nada.

 

• Andy Wernsteim

— Porque eu fiz isso... deixei que a levassem, deixei que ela desse a vida por mim... não pude sequer protegê-la... as pessoas morrem, as pessoas morrem, só morrem... — Caminha até Haru.

 

Andy Wernsteim

— Ah não... De novo não... – Vou atrás da 'impostora' tentando impedí-la. — Afaste-se dela, agora!

 

A outra Andy Wernsteim

— Porque me impede? Não está vendo, vamos matá-la cedo ou mais tarde, ela está perdendo sua infancia... Sua sanidade... Sua vida, deixe-me levá-la.

 

Andy Wernsteim

— ... — Paro por alguns instantes, eu costumo parar para pensar nisso... Que tê-la ao meu lado é perigoso, que ela pode morrer... Essa coisa está certa de alguma forma. Balanço a cabeça tentando tirar esses pensamentos de mim. É uma criatura enviada por aquela coisa, isso não pode ser melhor para a Haru do que eu. — Cale a boca, você não vai levá-la! — Avanço para cima da criatura, empurrando-a com força.

 

A outra Andy Wernsteim

— Não! Ah, você não pode decidir o melhor pra ela, está em nossos olhos a fúria por batalhas e sangue e ela vai sofrer com isso, deixe de ser egoísta, deixe-a livre!

 

Andy Wernsteim

— Outra?! – Viro olhando para a criatura. — "...Arrgh, eu não tenho tempo para esses jogos, preciso salvar Haru e... Essa garota também. Como eu vou escapar disso? Não posso fazer dessas cópias meus alvos, tenho que saber onde está aquela assombração antes que enlouqueça. " —  Olho para os lados, levando as mãos á cabeça tentando segurar ao máximo meu impulso destrutivo.

 

• Mestre da Andy Wernsteim

"Criança não se perca, concentre-se no que deve fazer, eu te ensinei a lutar mas também a amar e a prova viva está nesta pequena garota que você protege, te ensinei a nunca desistir e a sempre proteger, é o que você está fazendo, todas elas não passam de ilusões, acredite em si mesma e naqueles que confiaram suas vidas a ti, eles já estão protegidos se você acreditar em si mesmo"

 

Andy Wernsteim

— Mestre... — Olho para o lado, para o outro, mas não o vejo, apenas escuto em minha mente. Notando que uma das cópias de mim se aproxima de Haru, um ódio descomunal me preenche, giro meu machado mirando um golpe no crânio da coisa, ainda por suas costas. —Eu disse para não se aproximar dela não disse?!

 

• Mestre da Andy Wernsteim

"A confiança é uma via de dois caminhos minha pequena, assim como a quem te confia, confie nas decisões dos outros, por acaso sua companheira não disse que a garota estava protegida? Eis aí seu teste, ninguém dúvida da sua capacidade, mas confiar nas decisões dos outros é um sentimento honorável e humilde"

 

Narrador

A cópia da Andy é acertada, ela desaparece. Neste instante outra surge der repente.

 

Andy Wernsteim

— "Confiança... " — Olho para o lado e percebo a presença da outra cópia. —" Mestre, eu não sei o que fazer... Nunca fui boa em confiar, eu só... Só quero lutar com todas as minhas forças pelo que acredito, eu quero proteger Haru e agora também quero... Proteger Kallian, preciso lutar. " — Olho em volta, séria.

 

• Mestre da Andy Wernsteim

"Sim, lutar por um ente querido é a maior força que há neste mundo, mas ao mesmo tempo devemos respeitar a nós mesmos. Por acaso você considera a si mesma um inimigo?"

 

Andy Wernsteim

"Às vezes... sim..., mas eu não posso deixá-las pegar Haru, sei o que quer dizer com confiar, mas... Não posso, eu não suportaria perdê-la. " — Me aproximo da cópia e colocando a mão em seu ombro puxo-a com toda minha força para longe da pequena.

 

• Mestre da Andy Wernsteim

"O demônio não é seu único inimigo, não posso manter mais contato contigo minha querida, você deverá enfrentá-lo sozinho a partir de agora"

 

A outra Andy Wernsteim

Apesar de ser jogada, ela se levanta e volta a andar — Não entende? Devemos tirá-la daqui, é para segurança dela, somente dela.

 

Andy Wernsteim

Balanço o machado de um lado para o outro. — Se afastem! Não deixarei que levem Haru, ela não vai com ninguém além de mim, entenderam? NINGUÉM! — Corro para a que acabara de ser jogada e lhe ataco com o machado.

 

A outra Andy Wernsteim

Jogada ao lado, observa-o com atenção — Olhe para ela, escondida em um manto, escondida da verdade, você deseja que ela morra sem saber a verdade, é isso. Entendo, não quer ver seu rosto quando ela morrer.

 

Andy Wernsteim

Paro a trajetória do machado deixando-o a poucos centímetros da criatura, ainda com ódio em meu rosto. —...explique. Agora!

 

A outra Andy Wernsteim

— Não há explicação, se ela estiver conosco iremos matá-la, sem mais e só isso... precisamos levá-la, tirá-la daqui – Levanta e continua a se mover para Haru

 

Andy Wernsteim

Chuto a parte de trás dos joelhos da criatura, agarrando-a. — Onde você quer levá-la? Hã? Onde pensa que é seguro? — Aperto o braço da cópia com mais força. — Você é uma ilusão, está aqui pra nos separar, é só isso.

 

Narrador

Você pode vê-la, igual a ti, seus olhos estavam lacrimejando, ela não queria lutar, não estava resistindo, abaixada de joelhos no chão ela a olha com seus olhos tristonhos, assim como você,afinal, era você, não é mesmo? A que ponto era você, talvez não saberia, ela não resistia.

 

— Só quero protegê-la... de você.

 

Andy Wernsteim

— Não... — Continuo segurando-a com firmeza. Dentro de mim havia a dúvida permanente, eu sei que sou um monstro, sei que sou perigosa para Haru..., mas essa criatura deveria estar querendo matá-la então porque não o faz? Por que está prestes a chorar? Eu pareço a vilã, pareço a inimiga dessa vez... meu olhar de ódio é tão diferente do olhar que vejo nessa cópia... — Não... — Aos pouco minha convicção se esvai, solto o braço da criatura devagar e observo inerte. — Deixá-la ir...? — Minha mente está embaralhada, meu mestre falou que eu deveria confiar, mas esse lugar é uma armadilha gigante, como eu confiaria...? Olho para a cópia, sem me mover.

 

Narrador

Então você deixaria ela livre. Por quê? Nem poderia confiar nela, confiar... Confiança, seria isso? Confiar em si mesma, desta maneira? Ou confiar no que Kallian dissera... não importava agora, a outra você estava tirando o capote de Haru, mas... Era ela mais velha? Saía dali uma garota mais velha e segurava um livro.

 

Andy Wernsteim

Olho atenta para a garota que surge com o livro na mão. — "...Quem é essa?" — Me pergunto, meu coração acelera ao notar que ela pode ser Haru, pois se não fosse, onde ela estaria? — Haru... Onde ela está? — Minha voz sai baixa, me aproximo lentamente.

 

• Haru Tsuykashi

— Oi irmã... quanto tempo, você não mudou nada... — Olhava para o livro e cobria o corpo nu com o restante do capote — É para você, pegue-o.

 

Andy Wernsteim

Estendo a mão, um pouco trêmula sem dizer nada e pego o livro. As palavras engasgam na minha garganta e não consigo soltá-las, de modo que fico apenas a observar aquela garota. Olho o livro.

 

Narrador

Você então pega o livro da garota, ela se levanta. Não há mais ninguém na sala, nem sala, nem paredes, nem a cadeira nem ninguém. Somente vocês duas, ela se cobre com o capote de modo que somente seus braços estavam fora da veste. Você olha a capa do livro:

 

"O Extravagante Diário da Princesa Demônio", olhava a contracapa "As histórias da Demônio Cara-De-Gato e suas façanhas pela Terra de Maltier e pelos caminhos dos Mortos"

 

Haru... ou aquela garota andava para suas costas, cruzando suas mãos de forma que ficasse grudada nas suas costas, ela colocava a cabeça sobre seus cabelos, abraçava-a fortemente. Podia sentir seu corpo sobre o teu "Continue – dizia".

 

Você abrira para o primeiro capítulo:

"A Princesa e o Destemido Cão da Caça"

 

Andy Wernsteim

Respiro ofegante, nervosa com a presença daquela garota. Ela era mesmo Haru? Porque está tão diferente? — ...eu devo ler isso, certo? — Ao notar que ela chega mais perto, sinto um arrepio nas minhas costas, me irrito comigo mesma por isso mas continuo tentando prestar atenção ao livro, começo lendo devagar e continuo, em silêncio.

 

Narrador

"A Princesa e o Destemido Cão de Caça

 

Era possível em uma terra distante apenas duas pessoas caminharem sobre as terras dos mortos e dos vivos sem medo de perder sua própria sanidade, nossa heroína é uma destas lendárias de histórias contadas pelos avós de nossos avós.

 

A primeira história que ela definitivamente mostrou-se ser além de qualquer outro já visto começa a muito tempo. Eu ainda era jovem, pequena, não podia lembrar de muita coisa naquele momento, ou talvez minhas memórias falhassem de propósito para não lembrar, pois eram dias sombrios e tristes...

 

Eu estava coberta por um manto mágico de uma amiga de minha irmã... sim, é minha irmã a lendária guerreira que destruiu exércitos com as mãos e riu na cara do Inimigo, mas aí é outra história, pois não era exército nem o Inimigo, tudo começou no mundo do Navieh.

 

Se posso dizer o que sinto naquela noite, e até hoje ao lembrar o nome dela é o sentimento de segurança que ela sempre passou, ainda que em batalha fosse outra pessoa, jamais abandonaria os amigos.

 

Na hora, sua amiga iniciou o ritual mais sinistro que eu tivera visto. Almas voavam de um lado para o outro, eu não podia ver, mas podia senti-las, sim, acredito que na hora pensei que eram apenas o vento na sala rodopiando, minha irmã lutando contra as terríveis criaturas e eu lá, chorando baixinho, esperando que quando ela erguesse o manto eu estaria a salva.

 

Mas ela não o fez, quero dizer... não era ela, tinha mudado, seus olhos tinham mudado, claro que na época o que pude fazer fora agarrá-la e abraçá-la, mas agora, tentando lembrar, eu vi que ela tinha mudado.

 

Ela chorava, sua amiga estava do seu lado, descansando e o Cão de Caça estava derrotado e do seu lado. Ela também utilizava um colar poderoso que emanava força, passara então a ser seu amuleto da sorte... sem dúvidas.

 

• Haru Tsuykashi

— Como é bom tê-la, senti-la, podê-la abraçar, acredito que não terei mais este tempo... você já deve saber o que fazer... — Chorava, apertava ainda mais sua cintura — Você é boa, irmã, sempre foi... não duvide disso... não duvide.

 

Andy Wernsteim

Ponho a mão no pescoço, sentindo o colar. — ...não entendo... — olho para essa Haru, séria. — Como você ficou assim, quanto tempo se passou? Isso... é outro sonho, não é?

 

• Haru Tsuykashi

— Quantos? Se passaram muito tempo desde que te vi... Dezesseis anos... — Chorava, soluçava — Não parece muito para quem poderia viver três, quatro vezes mais como um piscar de olhos não? Me desculpe, é que é como um sonho... – Olhava para o horizonte – Meu tempo está acabando Irmã, não é sonho, somente. Como posso dizer, um futuro infeliz.

 

Andy Wernsteim

—  Eu não sei o que está dizendo... Eu só quero sair daqui com você, da mesma forma que viemos... O resto é complicado demais para alguém como eu entender. —  levo as mãos à cabeça e então toco o colar no meu pescoço, tiro ele e olho em silêncio. " Acho que talvez nunca mais vá sair daqui, pelo que sei... Posso estar presa em outro sonho"." Haru, me guie. Me mostre o que eu devo fazer...

 

Narrador

Ela impede de você retirar o colar, colocando-o novamente em seu pescoço, ela segura o capote para não abrir e coloca a mão na sua boca:

 

— Você vai sair, e vai me salvar... Quero dizer, vai salvar a Haru deste tempo... E não se preocupe comigo, fique com este livro, afinal, ele é sobre você — Ela então dava mais um abraço em você, beijando seu rosto rapidamente na bochecha e se afastando — Quem me dera poder parar o tempo e pudéssemos viver para sempre juntas, bom, agora é contigo "irmãzona"! Volte para lá e mostre porque você é a Demônio-com-cara-de-gato... E não me pergunte porque esse nome, eles gostam assim... Todos gostam, eu gosto, adeus mana! – E sumia nas sombras.

 

Andy Wernsteim

Levanto de forma brusca e olho para os lados à procura de Haru mas não vejo nada. Seguro o livro com firmeza e olho para a capa, então saio andando à procura do lugar onde estava. "Eu preciso salvá-la... Preciso encontrá-la..."

 

Narrador

Você abre os olhos, está com o colar ativo, ele brilha, algumas coisas ecoam por sua cabeça, algumas visões... Neshigas, as Neshigas originais além do grande mar, o colar, aquele vendedor falara que ele era utilizado para guardar memórias... elas estavam confusas agora, não dava para entender, tivera que aguentar as imagens moverem em sua cabeça até que pudesse mover novamente.

 

Está na sala, ela está maior agora. Olha para os lados, olha Haru, ela está coberta pelas vestes de Kallian, e ela está lá, sentada no trono, sem vida... ou, apenas descansando.

 

E atrás dela estava o monstro, Boro Boro.

 

Andy Wernsteim

Semicerro os olhos, encarando a criatura. Pego meu machado sem dizer nada e caminho até ele, em um solene e profundo silêncio enquanto tento não esquecer as imagens que vi agora a pouco.

 

Andy Wernsteim

Giro o machado no alto e dou um sorriso cruel, como de costume, ao sentir que a batalha tão esperada por mim finalmente iria se iniciar. — Seu maldito, é hora de pagar o preço da sua existência repugnante! — Corro na direção dele gritando com toda a força. — Giro mortal!

 

Narrador

A criatura é jogada para o lado, batendo na parede de bonecas... Ele então lhe empurra, atacando com suas garras, tentando cortá-la.

 

Andy Wernsteim

Seguro o machado na frente do corpo para absorver o impacto do golpe, ficando em modo defensivo.

 

Narrador

A criatura acerta a ti e seu machado, você é lançada para trás.

 

Andy Wernsteim

Corro na direção dele, atacando horizontalmente da direita para a esquerda.

 

Narrador

Você erra seu golpe e Boro Boro dança na sua frente.

Boro Boro  Ataca novamente.

 

Andy Wernsteim

— Argh... — Sinto ódio correndo pelas minhas veias como se fosse um combustível. —Adrenalina! — Ataco ele outra vez.

 

• Boro Boro

— O que faz? Só isso, me ataque , com vontade, por favor.

 

Narrador

O demônio esquiva.

 

Andy Wernsteim

— Giro Mortal!

 

• Boro Boro

—UI, essa doeu... Veja agora... — Um portal se abre, e vocês dois são sugados para outro mundo.

 

Narrador

Você é transportado para o navio fantasma do quadro.

 

Andy Wernsteim

Olho em volta e percebo o cenário. Já estive aqui antes. Giro meu machado e corro para o monstro. — Argh, morra logo desgraçado!

 

Narrador

Dança e começa a voar pelo barco, um demônio aparece para lutar em seu lugar.

 

Demônio da Preguiça

— Olá querida, você derrotou meu irmão, agora morra — Avança contra ti.

 

Andy Wernsteim

Tento me esquivar do ataque, indo para a direita.

Entro em modo defensivo e ataco o demônio. — Não se preocupe, você logo se juntará a ele!

 

• Demônio da Preguiça

— Como é possível — Recebe o golpe sendo lançado para longe, com um pouco de esforço tenta se levantar e avança contra ti.

 

Narrador

Ao ver o demônio ser morto ele volta a ficar no raio de ação sobre o navio fantasma.

 

Andy Wernsteim

— Giro Mortal! — Grito, correndo para a criatura assim que mato o demônio. Como uma fera insaciável e descontrolada.

 

Narrador

Boro Boro cai no chão, ele estava ofegante, no mesmo instante que ria, ficava enfurecido. Atacava com suas garras, ele estava furioso.

 

Andy Wernsteim

— Haha... Não queria que eu te machucasse? — Começo a rir, embora não esteja de verdade achando engraçado e sim irritada, mas graças a ele eu havia me envolvido em tudo isso e pior ainda... Envolvido a Haru e Kallian que agora nem sei se está viva ou não. — Vou te matar com prazer, seria ótimo lhe ouvir implorar... maldito. — Provoco, cuspindo no chão enquanto ergo o machado acima da cabeça e ataco na vertical em sua direção.

 

Narrador

Enfurecido, ele lhe atacou duas vezes.

 

Andy Wernsteim

— Giro Mortal!

 

• Boro Boro Enfurecido

— Ah!, O que é isso, como você se tornou tão forte... — Se afastava o navio fantasma. E o jogava em um outro portal.

 

Narrador

Você volta para a cabana, está na sala dos livros, seu corpo é lançado contra uma estante cheia dos mesmos. Aparece um Espírito Corrupto no ambiente, ele avança contra ti.

 

Andy Wernsteim

Dou um sorriso negro e obscuro, encarando a criatura. — Espírito imundo... Como você ousa interromper um assunto pessoal como esses? — Falo com os dentes cerrados e então corro para a criatura. — Vá para o inferno de uma vez! Giro Mortal!

 

Narrador

A lâmina do machado lhe atinge, pode ver sua cabeça girar para um lado, seu corpo sem vida para o outro lado. Um tremendo circular de vento lhe força para a direita caindo contra um bocado de barris de madeira que se mantinha no navio. Ele tremula, ele se move, ele está andando. Porque, e como? Você consegue ver além da passagem do quadro, do lado de dentro, por alguns segundos até ele mergulhar no abismo sem fim.

 

Narrador

Sua cabeça treme, suas mãos tremulam, acorda com uma mão em seu rosto, era de Haru, ela apertava sua bochecha: "Irmã! Acorde, Irmã!" Ela estava sobre seu peito sem saber o que fazer. Kallian se levantava também, tinha a mesma sensação ruim, as mesmas dores no corpo, ela colocava a mão no rosto tentando impedir que as luzes da sala a torturassem.

 

Andy Wernsteim

Levanto e fico sentada olhando a minha volta. — O que... Haru? Kallian? — Olho para elas surpresa. — Vocês estão bem?

 

• Kallian Herseker

— Acho que sim... nem acredito... nem acredito onde eu estava, quero dizer, ah... nunca mais vou fazer isso, nunca mais. — Olhava para ti alegre, pulava em sua direção, abraçando-a com força, pegava Haru também e abraçava as duas com força — Não sei a quem agradecer, obrigada Andy, obrigada por me salvar... Mais uma vez... — Chorava, ela então te beijava e logo te abraçava — Não é nada bom... estar morta... não mesmo, obrigada....

 

Andy Wernsteim

Fico de olhos arregalados e braços abaixados enquanto ela me abraça. Com o corpo tenso, por alguns instantes até passar a mão na nuca, sem saber para onde olhar. — Ah, sim..., mas na verdade eu é quem deveria te agradecer, garota. — Seguro seus ombros e a encaro com firmeza. — Você é bem mais forte do que aparenta, sua bravura merece o meu respeito. — Hesitante, me aproximo dela e a abraço apertando um pouco forte demais, meio desajeitada...

 

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Neste log, Andy, Kallian e Haru se encontram naquele saguão no esgoto de Scoutlard, os magos estavam mortos e o culto desfeito, apesar da situação, decidiram que era melhor sair e voltar para o vilarejo e deixar a cidade grande. Foram até uma taverna local à procura de passar a noite e logo mais sair de lá, de manhãzinha.

 

Ao saírem, Kallian vai procurar informações, enquanto Andy é surpreendida por uma guarda querendo recuperar Malfhenir à força, logo sendo morto pela neshiga.

 

OBS.: O log volta a ter sua formatação igual às primeiras partes.

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

Apesar do cenário manchado pelo sangue vivo e fresco a Neshiga mostrou-se séria, e sem muitas palavras caminhou até Haru e segurou sua mão para retirá-la dali. Se Kallian não notasse que a pequena parecia estar acostumada com aquela cena, poderia jurar que também seria de fato o fim da mesma. O taberneiro não sabia o que dizer, afinal era na porta de sua taverna a sujeira toda. Não tiveram muito tempo depois, logo as três tinham montado no alazão e se afastado dali, ao menos, algumas vielas e corredores de distância. Kallian ainda estava ofegante, desde então tentava falar algo, só que o mesmo travava em sua garganta, e fora assim até aquele beco úmido entre duas casas grandes sem janelas.

– O que... foi... aquilo? O que aconteceu? – Descia do cavalo neste instante, indo até um canto, vomitando lá o que tinha que sair – Sério...

Ainda em cima do cavalo, olho para Kallian por cima do ombro. – Foi um contratempo. Foi bom que nos afastamos dali, mas agora ficar nesse vilarejo já não é mais seguro... teremos que procurar outro lugar. – Desço dali e tiro Haru, então vou até ela, coloco a mão em seu ombro – Você está bem, garota?

– Sim... eu não olhei nada, juro! – Dizia, olhando para o lado com seus olhos esverdeados, virava a boca de lado e fazia uma cara de garota tímida – Tudo bem...

– Quanto a você? – Me viro para Kallian. – Consegue seguir em frente? – Suspiro e cruzo os braços. – Escuta... estando comigo, você irá acabar vendo muito dessas coisas de morte... eu não vou mentir para você. O que importa é estar preparada, isso se quiser vir comigo. – Passo as mãos pelos cabelos. – Eu quero... descobrir mais sobre o meu povo, sobre as Neshigas... esse é um dos meus objetivos.

– É que... desde que tudo tenha lá sua resposta, não acho que ver alguém saindo morto por cada canto é uma escolha que eu queira fazer – Dizia em tom calmo e sério agora, olhava para ti de lado, limpando a boca – Só me diga... O que aqueles homens queriam para serem mortos...

Coço a bochecha, pensativa – Eles queriam levar a Malfhenir, ela não queria ir e também não poderia deixá-los levar ela embora assim... – Me viro para a égua e passo a mão nele, colocando Haru em cima e subindo em seguida. – Não podemos ficar paradas aqui... Precisamos de um abrigo, acho que a floresta é uma boa opção, até porque precisamos de um banho. – Aceno para ela. – Está pronta?

– Já estou metida nisso mesmo né? – Com uma pausa se dirigiu ao cavalo – Certo, floresta... é... vamos.

– Claro. – Ajudo-a a subir e me dirijo até a floresta procurando um local próximo a um lago ou rio.

Então Malfhenir mostrara sua velocidade enquanto corria através das galerias e corredores. Saíra do vilarejo com maestria, mais uma vez, atravessando os grandes portões de madeira e ferro. Era possível que esta seria a última vez que Scoutlard e seus arredores fosse visitada por aquelas duas e a pequena.

Deveriam levar a um repouso satisfatório, pois assim decidiriam o que fazer em seguida. No horizonte, ao sul, próximo dos inicios e arredores da Montanha de Espinhos uma floresta, talvez lá fosse o melhor lugar para começar. O cavalo mostrou-se também resistente, não se queixava nenhuma vez mesmo carregando as três em suas costas.

A floresta dava-se sinais de como é a natureza sem intervenções humanas, humana, seria este termo? Ela estava intacta e bela, as árvores tinham sua própria maestria e características, troncos de cor avermelhada com marcas paralelas que faziam desenhos nas cascas e folhas tão verdes quanto. No fundo o som de água.

Permaneço séria e silenciosa durante toda a trajetória até a floresta, tentando não pensar muito, apenas observo a paisagem ao redor com atenção até perceber o som de água corrente – Ótimo, temos água. – Guio o cavalo na direção do som.

Malfhenir trotou rapidamente até o local de onde se vinha o som, era um pequeno lago com uma cascata ainda menor que descia das montanhas ali próximo. O local era fechado por pedras ainda do mesmo estilo e da passagem de onde saíra, através da floresta adentro. Vocês então desmontam do cavalo, Kallian caminha até a água, pegando-a com as mãos e bebendo-as, olhava para os lados, para ti especialmente e dizer ainda envergonhada "Só deu tempo de dar uma soneca, e nem assim bebemos e comemos algo... Que sede..."

Olho para a água com certo desprezo ao me lembrar de quase ter me afogado naquele mundo sombrio – É... – Me aproximo do lago com hesitação e me curvo sobre a água como um animal, evitando pegar com as mãos, bebo um pouco e levanto e vou até Haru, trazendo-a para perto do lago então me abaixo – ...acho que você merece um banho, pequena. – Sorrio e então aponto para o lago. – Eu ficarei com você... vamos? – Falo com um tom de voz calmo. Não estava muito feliz em tomar banho, mas o sangue daqueles que matei ainda mancham partes do meu pelo e é realmente irritante ficar assim. Tão irritante quanto a água. – Só espero que não esteja tão fria... – Reclamo em voz baixa.

Andy Wernsteim leva um pouco pra Haru com um pequeno suporte, a pequena bebe com um sorriso no rosto. Kallian estava na margem, abaixada, colocando um pouco da água no rosto, e fora quando olhava para trás que pudera ver a sua nova companheira cuidar da garota, ela então também deu um sorriso.

Você estava com atenção em Haru, sem dúvidas, mas não podia negar ao ver Kallian, em suas próximas ações. A Neshiga removera seu cordão em primeira instância, delicadamente, colocando as mãos atrás dos cabelos curtos, em seguida removia o orbe. Ele não estava sujo de sangue, mas era visível o que tinha passado horas antes, mesmo naquele mundo sobrenatural. O tecido de linho deslizava sobre sua pele dourada, revelando seu corpo escultural, ela possuía as costas com três linhas longas negras.

Primeiramente colocara os pés na água para medir a temperatura, tremera um tanto naquele instante e logo entrara delicadamente. Até aquele momento não tinha olhado para trás. Haru então também se preparava para entrar na água.

Enquanto cuido de Haru, olho de relance para o lado, vendo Kallian. Não entendo porque faço isso, mas as vezes não consigo simplesmente desviar o olhar, é desconcertante. Pigarreio e volto a focar na pequena, terminando seu banho enquanto tento limpar o sangue dos meus braços, passando a água em mim e evitando entrar totalmente no lago. Bem... Acho que é isso. Já está bom assim, vou me sujar de novo de qualquer jeito. Olho em volta procurando saber o horário, para o caso de seguirmos ou procurarmos um lugar para passar a noite

– O que foi, a gatinha tem medo de água? Entre, está ótima – Dizia, com o corpo todo submerso, apenas com a cabeça por fora d’água e logo dava um mergulho colocando a mão no nariz, alguns segundos depois, voltara para superfície – Esta água está maravilhosa.

Haru sentada com o corpo na metade coberto de água, fica jogando água para cima, divertindo-se como nunca, afinal, ainda era uma criança.

– Err... não, estou bem. – Faço uma careta enquanto cruzo os braços. – Pelo jeito, temos tempo... vou esperar as senhoritas acabarem. – Caminho até a margem do lago e sento, olhando fixamente para Haru. – Ei pequena, não vá muito longe. – Dou um sorriso leve ao ver toda a empolgação dela, continua sendo uma criança normal, afinal. Lembro-me das vagas imagens que tive sobre Neshigas, mas não consigo distingui-las direito... isso é frustrante. Suspiro e continuo a observar Haru.

Kallian se aproxima de vocês duas, também sentando na parte rasa do lago, olhando para cascata de água. – Você não sabe de nada sobre as Neshigas, não é mesmo Andy? Assim como eu, viveu em um mundo cheio e apenas de humanos – Com uma pausa, continuou – Mas, você sabe, que aqui nesta montanha... E não sei onde é, afinal, não nasci aqui né... existe uma vila, ou ao menos é assim os rumores que se acercam, uma vila somente de Neshigas? As primeiras a cruzarem o grande Mar de Argos e Ferus para chegarem em Arkana.

– Hm? Sério? – Pergunto com uma expressão surpresa, mas sem olhar para ela. Me sinto um pouco incômoda, passo a mão na nuca e olho para o lado oposto a Kallian e então para Haru novamente. – Você saberia... indicar a direção? – Me sinto ligeiramente animada, isso pode ser notado na minha voz, embora bem pouco.

– Bem, não... não que eu saiba disso, não foi de meu interesse realmente saber... – Virava para ti, cobrindo o corpo – Sempre me caiu bem ser diferente do restante da classe, heh. – Apesar do pico da montanha não ser visto dali ela apontava para lá, no que poderia ser o local – Só sei que é afastado, consideravelmente, para lá das montanhas.

– Hum... você já é bem diferente por si só, e eu não quero ser igual a ninguém... Só quero saber as minhas origens... O porquê de eu ser assim. – Levanto e olho para a montanha. – Bem, já que estamos aqui, não tem porque não fazermos uma visita, certo?

Andy então olha para os lados, observando o ambiente, a cachoeira tintilar no fundo com seu barulho tranquilo e prazeroso, apesar da clara tara e ódio pela água em si. Haru estava brincando com Kallian, e por este motivo achou necessário averiguar o local um pouco para que pudesse ter certeza, que dali, poderiam avançar pela montanha em procura do vilarejo, ou mesmo... quem sabe, decidir o que era para fazer em seu futuro. Com alguns galhos e plantas lançadas para o lado, percorrendo o ambiente, você se afasta um pouco, escuta algo ali que lhe interessa, ao menos, para ter certeza do que era. Um elfo, o elfo, aquele maldito elfo negro.

Ao ver o elfo negro, saco meu machado e caminho na sua direção com uma expressão irritada. – O que faz aqui...? Veio me oferecer outra moeda? Pode enfiar ela no seu cu, seu merda.

– Que raiva garota, por acaso seus pais não lhe deram educação? Vejo que você está muito entretida com sua nova namorada e está esquecendo de seus afazeres, a menos é claro, que deseje a morte de todos da pior maneira possível daqui a alguns dias... Por acaso esquecestes de sua carta?

– ...Carta? – Olho para o lado, com expressão de dúvida. – Ultimamente eu li muitas cartas.... Do que está falando, palhaço? – Viro para ele, olhando-o por cima do ombro com os braços abaixados.

– Já que você lê muitas cartas, acredito que preciso relembrar-te desta em questão.... Afinal, jura que esqueceu onde nos vimos da primeira vez?

– Eu não esqueci... – Coço a bochecha tentando me lembrar, não prestando muita atenção ao elfo. – Espera.... Acho que me lembro agora, mas o que você veio fazer aqui?

– Te oferecer outra moeda, é claro. – Joga a moeda no chão – Adeus.

– ...Ótimo, outra dessas coisas. – Cruzo os braços e o encaro desconfiada. – Você não acha que eu vou pegar mesmo isso né? Não confio em você.

– Confiança não é algo que quero de você, daqui a alguns dias não servirá para nada mesmo.

– Ótimo, então pode ir embora. – Viro de costas e saio a procura de Kallian e Haru.

Kallian estava relaxando boiando no meio do pequeno lago, Haru estava com um robe sobre o corpo, quando você perguntara de onde tinha arranjado, ela dizia ter pego de um dos bolsos da cela do cavalo, até aquele instante você não tinha olhado nos bolsos. Aquela moeda, era a mesma que estava nas outras ocasiões, daquela vez no vilarejo, daquela vez na montanha.... Esquece-a, ou... que merda, para que serviria então?

Olho para trás por alguns momentos, pensativa. – "Maldito... Porque ele fica deixando moedas no meu caminho?" – Passo as mãos na nuca, olho para baixo e então soco uma árvore próxima. – Merda! Eu não confio nele, e se essa moeda for uma armadilha? Eu não posso... Ninguém fica largando essas coisas assim, não é confiável. – Falo comigo mesma tentando me convencer de que seria burrice apenas pegar aquela coisa brilhante por ele ter me dado. – "Não vai dessa vez., elfo..." – Penso, irritada. Caminho até Haru e aceno para Kallian. – Hey, mudança de planos... preciso ir a Curcária, estava quase me esquecendo da minha missão, preciso retomar meus afazeres.

Kallian então volta a si ao te escutar, "Ah? Missão? Pensei que a única era aquela dos magos... O que é?" Caminhava até a margem do lago, ainda que fundo, para que pudesse pegar as roupas, levantara rápido cobrindo o corpo e se vestindo. Haru fazia o mesmo, já levara um tempo desde então que as roupas estavam no sol radiante a ponto de secá-las por completo, exceto as suas, que sequer removera.

– É como eu disse, precisamos ir a Curcária. Malfhenir deve ter se alimentado e bebido água, acho que aguenta, ele é forte. – Me aproximo do cavalo batendo nele de leve. – Está pronto, garoto?

– Você sabe que Malfhenir é uma égua né?

– Não importa.

“O Cavalo” estava firme e forte, intacto em sua própria grandeza, mostrava-se ainda mais disposto para correr novamente livre de paradas. Só restava ter certeza para onde ir. Kallian então se aproximara, olhava para o redor, "Senti uma coisa estranha agora pouco, como se algo mágico e poderoso de repente aparecesse por aqui... bem, mas de fato já passou, Curcária ela diz? Acho que é a mina de Curco... fica para o norte daqui, pelo menos três dias de viagem."

– Algo mágico e poderoso você diz... vem cá, acho que como você tem afinidade com magia, poderia me dizer se consegue perceber algo estranho em um certo objeto? – Aponto para o lado da floresta de onde vim, pensando se a moeda ainda está lá, caminho a procura dela. – Me sigam...

A moeda estava lá, e Kallian era guiada por ti até ela, abaixara em seguida para ver com mais detalhes. Levou um tempo até começar a falar:

– Nossa, é uma moeda... bem especial, só existem algumas delas, são uteis para criar um tipo de... Teletransporte..., porém com uma pequena chance de lhe levar para um lugar aleatório em todo mundo. Só pode ser utilizada uma vez a cada sete luas.

– Hmm... tem certeza? – Encaro a moeda com os olhos semicerrados e me aproximo dela, pegando-a em minhas mãos. – Um elfo negro ficou me empurrando isso... essa foi a terceira vez, mas não sei se devo confiar... não entenda mal, mas eu não gosto muito de magia, acho isso muito impreciso então prefiro confiar no meu machado. – Olho para ela com um sorriso pequeno. – Então está tudo bem em ficarmos com isso? – Mostro a moeda.

– Um elfo negro tu dizes? Não confio nessa gente, mas... sim, a moeda é útil só que tão perigosa quanto, por causa dessa pequena chance de aleatoriedade.

– Essa coisa pode ser útil algum dia... Embora eu não ache que irei usá-la. – Saio com uma expressão séria, caminhando até Malfhenir. – Vamos embora, temos muito chão pela frente.

Andy então arruma as coisas para partir, o mesmo vale para Kallian ao se aproximar do cavalo. Quantos bolsos tinha esta cela. Haru então vestia-se com suas roupas e guardava aquele robe no maior dos bolsos, onde Kallian avisara. Já estavam preparadas para sair.

Malfhenir então cavalga durante longas quatro horas em ritmo acelerado, sem mostrar nenhum sinal de cansaço. Quando passavam por uma vasta área verde, próximo a montanhas e rochas a direita, uma criatura voa lá no alto, Haru colocava a mão nos olhos, para evitar que o sol da manhã lhe queimasse a vista, estava calorento neste dia, e não ventava e nem tinha aquele ar fresco dos campos de grama. Andy e Kallian podiam ver mais além que a pequena e já sabiam do que se tratava aquilo, era, enfim, uma criatura, um “meio” dragão, um Wyvern. E Ele se aproxima.

– Eita... isso... aqui? Tem uma criatura vindo Andy, acho que com a velocidade que Malfhenir alcança podemos despistá-la facilmente, o que você sugere?

– ...Não quero fugir, vamos enfrentar essa coisa seja lá o que for. – Em meu rosto brota um sorriso estranho, algo toma conta de mim e não consigo resistir a esse chamado por uma batalha.

Avisto o monstro alado passar por cima de nós cada vez mais próximo. – Kallian, vamos ter uma pequena parada para nos aquecermos com um combate, você pode tentar ficar o mais longe de mim que conseguir? Essa coisa é grande e eu não quero ferimentos desnecessários. – Falo friamente, parando Malfhenir e deixando Haru ao lado dele. – Fique aqui, ok? – Digo a ela e então me preparo para a luta, acenando para Kallian.

– É bem, não se preocupe, ele é grande o suficiente para explosão pegá-lo sem te ferir, só precisamos... ter cuidado com sua cauda, o veneno dele é mortal para quem não tem regeneração. – Olhava Haru enquanto distanciava da pequena e do cavalo – E não devemos ir para lá em nenhuma hipótese, neste espaço totalmente aberto ela tem vantagem.

– Entendido. Err... obrigada pelos avisos, tente tomar cuidado e não chamar a atenção daquela coisa mais do que eu. – Olho para a fera após tomar uma boa distância de Haru sem perdê-la de vista. Me preparo para atacar, partindo com um urro selvagem e chamando a atenção, desfiro um golpe vertical contra a criatura, mirando perto de sua asa.

Wyvern avança contra ti com suas garras acopladas em suas asas, o corte que fizera superficialmente em sua armadura natural apenas o incomodava.

Procuro um jeito de desviar do ataque. Aquelas garras realmente parecem perigosas e não quero ser acertada por elas.

– Cuidado com essas garras... se prepare, vamos ver se lagarto queimado é bom! – Fazia sinais rápidos e circulares com a mão, logo da mesma ardia uma esfera brilhante, uma bola de fogo cortava o céu atingindo o meio dragão.

– Argh... Merda. – Faço uma careta ao notar que não pude evadir da garra daquela coisa. Olho para Kallian de relance enquanto ainda me mantenho atenta a criatura. – Tudo bem... não se preocupe, vamos ferrar com ele. – Giro meu machado e corro com outro ataque, mais irritada. – Giro Mortal!

A criatura então é jogada para trás com a esfera de fogo apesar de não surtir muito efeito, ainda no chão é golpeada várias vezes, furiosa ela ruge, bate as asas duas vezes e logo vira seu ferrão da cauda tentando acertá-la.

– Cuidado, cuidado! – Olhava para o lagarto ao atingi-la, proclamava novamente tais encantos, lançando outra bola de fogo.

O Wyvern é acertado por outra bola de fogo, sem muito efeito, ele então dá um impulso absurdo, fazendo assim voar pelos ares neste instante.

– Porra, eu estou tentando... – resmungo e então grito com grande ódio, sentindo-me mais irritada a cada golpe recebido. – Giro Mortal!

Apesar da fúria a criatura resolve lhe atacar novamente, suas garras então voam em vertical com o dobro de poder convencional.

Resisto ao golpe e entro em modo defensivo

– Será que eu utilizo minha outra habilidade? Não, por enquanto você está aguentando a porrada muito bem... Mais Bola de fogo para você bicho feio!

– Está tudo bem, eu aguento. – Falo pesarosamente e dou um sorriso estranho, já tomada pela fúria e corro saltando para o monstro com um ataque mirando sua cabeça.

A criatura então ataca mais uma vez a Neshiga mais próxima.

– Ignus arcanus! Voe e queime esta criatura! RAH – Divertia-se assim como nunca, ainda não lhe caíra a ficha de estar lutando contra um Wyvern. – Pena que esse ainda é filhote.

– ...Que bom que está se divertindo. – Falo de forma sarcástica e virando-me sorrio. Eu também estava me divertindo com isso, apesar de sentir o veneno me causando dor e os arranhões em mim... eu gosto dessa sensação. E... Se esse é um filhote, imagino o quanto um monstro adulto deve ser forte. – Giro Mortal!

A wyvern então levanta voo, por alguns minutos e desce em disparada.

– Você está bem Andy? – Observava a criatura lançar um golpe furioso sobre sua companheira, a poeira e pedaços de terra também voam pelo cenário e com uma nuvem de terra, cobre o rosto, voltara a recitar as palavras mágicas.

– Eu já disse que estou bem! Continue do mesmo jeito. – Cuspo um pouco de sangue e sinto a dor em meu corpo. O veneno continua fazendo efeito e minha atitude defensiva acabou por me deixar mais vulnerável. Desativo essa posição e volto a atacar a fera sem me importar em gastar minha energia, tentando usar a dor como motivação. – Golpe Demolidor!

Após receber o golpe sente-se fraco, ainda assim, nervoso. Volta a tentar lhe acertar

"E lá vamos nós de novo..." – Corro para o lado tentando me esquivar do golpe.

– Não dá para lançar mais bolas de fogo, a festa vai ficar sem fogos de artifícios, ei – Gritava para ti, a distância – Não dá para mim! Estou exausta.

– Se não puder mais atacar, vá ficar com a Haru! – Grito de volta, séria. – Ele já está bem desgastado, acho que consigo dar conta sozinha.

Percebo que agora terei que continuar sozinha. Sinto uma onda de adrenalina surgir de mim e solto um urro, em seguida corro para o monstro o atacando outra vez.

– ... – Ao ver que ele erra o seu ataque, aproveito para golpeá-lo e em seguida ataco com meu machado horizontalmente mirando o pescoço da criatura.

O meio dragão então se afasta, fazendo um grande pulso de vento, ele o atinge, ele o lança, e você então se afasta do ápice do campo de batalha, Kallian e Haru sofrem o mesmo, ainda que mais fraco. Malfhenir relincha, quase que partindo em disparada, mais seus olhos vermelhos de fogo focam-se no que era certo e se mantem firme.

O lagarto então aterrissa novamente, seus pés travam o chão com força e violência, terra e grama, cascalhos e pedras, todos voam para os lados, ela parecia em si mais forte que toda aquela hora, durante toda a batalha e fora assim, furiosa, que tentara lhe acertar com seus golpes mortais.

Observo imóvel a besta voar e voltar ao solo com uma fúria que enxergo em seus olhos. Por um momento sinto-me como se olhasse em um espelho, como se o meu caos e ódio estivesse refletindo naquela coisa. – ...então agora você vai lutar a sério heim? Pena que já é tarde demais! – Tento desviar do seu ataque

Meu corpo é empurrado pela força do impacto e levo os braços na frente do rosto para protegê-lo dos estilhaços. Tento me recompor e com um grande sorriso de satisfação, corro para a fera erguendo o machado acima da cabeça e mirando em uma de suas asas. – Golpe Poderoso!

A armadura natural da criatura é dobrada, quase estilhaçada pelo machado que a atinge com violência, por ventura ela não morre e aparenta ser mais resistente que nunca. E era assim, esta resistência, que fazia-lhe atacar novamente.

Dou uma gargalhada sinistra ao sentir o impacto do machado sobre a criatura. – Você está tentando aguentar, não é? Devo admitir que sua resistência é admirável..., mas só um de nós vai vencer hoje e eu não estou disposta a deixar que seja você! – Tento me esquivar

– Grrrrr, grrrr – Grrrr – Grrrr

– O quê? Eu não entendi nada do que você disse. – Falo em um tom de voz sério então ativo minha adrenalina, colocando o machado sobre o ombro decidida a não o atacar ainda.

Wyvern tenta lhe acertar. Porém Andy consegue esquivar com maestria.

– Ok, minha vez! – Corro para o monstro com outro golpe mirando seu pescoço. – Golpe Demolidor!

Recebe os golpes e se afasta, e em seguida tenta contra-atacar. Olho atenta a cada movimento da criatura e então me preparo para uma evasão.

– O que há de errado com você? Sua fúria está te deixando cego? – Falo, arfando após conseguir escapar do ataque. – Isso está ficando cansativo... Ok, lá vai! – Corro para ele com um ataque horizontal.

O lagarto se afasta e lhe ataca, fazendo-a cair sobre o próprio machado, pouco de terra cobre seu rosto e pele. Kallian e Haru se desesperam ao ver o animal voltando e tentando lhe acertar mais uma vez.

Eu não esperava ter errado meu golpe desse jeito. Talvez eu tenha subestimado essa criatura e percebo isso na dor que sinto enquanto levanto. Olho para o lado e vejo a expressão de Haru e Kallian, olho para trás e percebo outro ataque em minha direção. Sem tempo para dizer nada, apenas uso meu reflexo para tentar não ser pega novamente.

– ...Eu estou bem, não se preocupem! – Grito para elas enquanto seguro meu machado erguendo-o devagar e encaro a criatura com uma expressão terrível. – Pensa que isso vai me derrubar? Eu vou estraçalhar você, seu lagarto inútil... não lhe avisei que era tarde demais? – Corro para ele e ataco mirando seu crânio.

A neshiga acerta com tremenda força um golpe preciso e violento contra a armadura natural da criatura, sangue jorra para os lados quando finalmente ela o penetra, o dragão, o lagarto, aquele monstro cai de lado, retirando forças de um local distante e desconhecido, ainda assim tentara lhe atacar, mesmo com aquela ferida.

Fico ligeiramente surpresa com o ataque da criatura que mesmo acabada ainda. Ao conseguir outra vez não ser pega, me aproximo do monstro com uma expressão diferente, embora me sinta irada por ter demorado tanto em tal batalha, sinto-me estranha em derrotar uma criatura como essa. – Você realmente tem muito valor... isso eu não posso negar. – Falo, balançando o machado no ar. – Não se preocupe, te darei uma morte digna. Adeus. – Em um golpe rápido, acerto o crânio da fera, deixando o sangue respingar em mim.

A neshiga estava enfurecida, avançara sem remorsos ainda que adquirisse uma certa empatia com tal criatura bestial, seu último golpe fora mais como uma forma de acabar com aquela agonizante dor. O machado dentelava, a lâmina então refletia pela luz que cobria a vasta região de grama e planícies baixas, e em seguida refletia a luz nas gotas de sangue negro como piche quando a garganta do monstro era cortado. Escutara, antes do grito de gemido e último suspiro, o estalar dos ossos e das placas de armadura natural, o baque seco veio em seguida quando o corpo sem vida não conseguiu manter-se em pé. O monstro não possuía nada... nada que fosse necessariamente humano, talvez, aquelas garras, o ferrão, deveria perguntar para Kallian, afinal ela conhecia sobre as espécies dessa região.

Ajeito o cabelo e tiro a franja da frente do rosto então viro e saio caminhando até Kallian. A cada passo sinto que o frenesi de fúria em que estava, vai se dissipando e me sinto mais pesada até quase cair no caminho. – Ei, aquela coisa... venha comigo ver se podemos nos aproveitar de algo daquela criatura. – Falo pausadamente e então aponto para o grande lagarto morto.

– Este Wyvern é jovem, um filhote sem dúvidas, mas ele possui coisas úteis, por exemplo... – Com uma pausa, caminhava até o corpo, retirando da cinta uma pequena faca – A Cauda dele, o Ferrão, possui o veneno dele que é útil para criar o antídoto para muitos outros, inclusive para utilizar em sua arma Andy, e olhe, – Caminhava até o rosto da criatura, ignorando o grande corte no pescoço – As presas dele valem boa peça de ouro caso você consiga vender.

– Ah, sim... ótimo. – Falo um tanto cansada e procuro um jeito de extrair as presas e o veneno dele. – Você sabe muito sobre essas coisas... como aprendeu? – Pergunto enquanto analiso a criatura.

– Estudo de magia não significa apenas em lançar faíscas e explodir coisas, também estudamos geografia, alquimia e bestialogia, alguns também estudam dragonologia, apesar deste último eu não me apegar muito bem... – Olhava para a criatura, retirando um dos corações – É útil para criar unguentos, o líquido que sai do coração destas criaturas é altamente inflamável, apesar dela não ser capaz de lançar hálito flamejante como um dragão...

– ...Realmente eu não entendo muito dessa coisa de magia. – Falo um pouco sem jeito. – É.… bom ter a sua ajuda. – Olho para ela séria, meio desconfortável por não saber ao certo como agradecer. Essa garota estranha vem sendo bem útil e nessa batalha não foi diferente.

– Acredito que tudo tem um propósito, e neste caso, estes – Retirava o outro coração – Com alguns materiais específicos certamente poderíamos fazer bombas, heh – Limpava a mão, guardava a faca e olhava para ti – Falando nisso, você... quero dizer, Malfhenir é teu né? Só por curiosidade, você sabe que nela existe frascos e alguns itens que... não sei se você utilizaria para alguma coisa, resumindo... Itens para criar poções de mana.

– Sim, ele é meu. Ao menos desde um incidente e... Ah, deixa para lá. Quanto a mana? Eu não sei muito sobre essas coisas, mas se você está dizendo... podemos fazer poções, é só você me dizer o que fazer. – Aproximo mais perto de Haru e afago sua cabeça, então procuro nos bolsos da cela de Malfhenir os frascos e itens.

– Só precisamos de um catalizador, pelas planícies do Mar Verde... deixa eu ver, acho que podemos procurar, no caminho, Flores Enraizadas, elas funcionam como um catalizador simples, mas eficiente.

Encaro-a com um olhar de dúvida. – Está bem, vamos fazer isso o mais rápido possível, certo? Temos que seguir viagem.

– Você acha que essas flores podem estar por perto? – Pergunto, cruzando os braços.

– Normalmente elas ficam em locais com pouco sol, próximo ou abaixo de árvores ou formações que deem sombras para elas... Como eu posso dizer, elas não gostam do grande astro-sol.

– Então vamos procurar por aqui, se não encontrarmos vamos seguir caminho e com certeza acharemos mais para a frente. – Guardo meu machado, coloco Haru montada em Malfhenir e saio andando enquanto olho em volta procurando algum lugar com sombra enquanto seguro as rédeas dele, guiando-o.

Você consegue ver além de uma grande planície uma área em si ótima para tais flores, neste local havia árvores altas com copas gigantescas, cruzavam o horizonte em contraste com o céu azulado.

Aponto para o local e olho para Kallian. – Vamos por ali. – Sigo até o lugar, olhando para as árvores e admirando a paisagem calma, embora nunca tenha sido do tipo que é acostumada com coisas assim. Espero que Haru esteja gostando do 'passeio', para ela tudo deve ser mais divertido. Olho abaixo das árvores, procurando qualquer sinal da flor.

– Não há flores aqui, devemos continuar procurando.

– Detesto flores... aposto que você deve gostar dessas coisas. – Suspiro um tanto frustrada e continuo a procurar, olhando para cada árvore com cuidado.

 

=== AQUI HÁ UM LOG PERDIDO ===

Neste log, tanto Kallian quanto Kimery não conseguem encontrar a flor e partem para Curcária, levando mais um dia, no caminho são surpreendidas por um grupo de Kobolds.

=== AQUI HÁ UM LOG PERDIDO ===

 

O kobold então falara mais uma frase antes de seu fim esplendido pelas mãos da neshiga, furiosa. E a frase era esta, claramente não a melhor a ser escutada: "Vadia com... Cara... de.... Gato" Neste instante um pedaço de seu braço era jogado para longe, arrastando como pedaço de carne morta. E mais um golpe preciso, agora no maxilar da criatura, sua cabeça voara junto desta forma. Kallian ficara surpresa pela ferocidade do golpe, ainda que aliviada por não ter que escutar mais, sequer um pingo de suspiro ou gemido, afinal a criatura não tinha mais nada, somente um toco sem membro e devorado pelas feridas expostas. Malfhenir estava preparado para mais uma carga de viagem neste instante.

Sinto meu corpo mais pesado e por um momento meus olhos vagam pelo horizonte, mas respiro fundo e volto a me sentir forte, ainda que esteja cansada. Guardo o machado e aceno para Kallian. – Espere um pouco, preciso ver se algum deles tem algo útil, até porque não vão mais precisar mesmo. – Vou até os corpos dos Kobolds, a procura de algo relevante, não dando importância a todo o sangue e corpos mutilados. Enquanto os revisto, lembro do homem que conheci... Baltazar? Não sei se era esse o nome, mas ele não merecia ter morrido daquele jeito, enfim... não importa mais, o passado não pode ser alterado, não é? Continuo a verificar os cadáveres.

Os corpos mutilados das criaturas parecem agora apenas um montante de carne, somente o primeiro que estava lá, em seu estado mais perceptível, comum se assim dizer. As armas deles eram irrelevantes, pedaços de tora com pregos que formavam maças, e espadas enferrujadas que apenas seriam peso sem valor. Antes que finalmente desistisse de procurar algo Kallian se aproximara.

– Você disse que tinha lutado contra alguns Kobolds em Scoutlard, por acaso acha que eles são do mesmo clã? – Se aproximava daquele com o corpo mais intacto e logo olhava para ti, vendo como procurava pelos restos algo útil – Não sei como dizer isso, mas... sabe, você pode pegar os órgãos deles, podem ser úteis no futuro – Envergonhada, logo completava – Não que eu saiba bem sobre estas coisas... quero dizer, não sei nada, só um pouquinho, vai..., mas não é muito assim para você me levar ao pé da letra... Ah que estou falando, vou ficar lá com Haru.

– "Ah, o que eu pareço, uma contrabandista de órgãos?" – Penso, cruzando os braços e balançando a cabeça. – Tudo bem, vou ver se algo sobrou no meio de toda essa bagunça. Mas só vou carregar essas coisas comigo até que eu encontre algo melhor ou até que me livre delas, fazendo sei-lá-o-que. – Suspiro. Magos e suas esquisitices... vou até os corpos e procuro os órgãos de que ela falou.

Você então se aproximara do restante e pegava algo lá, intacto e com boa aparência... as criaturas eram pequenas, mas tinham órgãos realmente grandes para seu corpo, e fora esta lista que conseguira pegar: 3 Corações de Kobold, 01 Rim Intacto de Kobold, 05 Pulmões de Kobold e no terceiro, para pegar o sexto pulmão, você bate em algo metálico que não deveria estar ali, sem dúvidas, um tipo de projetil fino e pequeno, preso as entranhas sobre algumas costelas, fincado no osso.

– O que é isso? – Tento puxar o estranho objeto.

Era sem dúvida uma coisa útil, um anel, um anel humano com as siglas CCC, apesar que não soubera o que era, assim que Kallian passava ao seu lado trazendo Haru e Malfhenir para partirem ela se aproximou, chegando ali bem próxima de ti e comentando, respondendo a sua pergunta mesmo que não perguntasse nada para ela:

– Curco Cúcio de Curcária, é para onde você quer ir, não é? Curcária?

– Hã? – Me levanto e percebo que ela está perto de mim, olhando para o anel. – Você quase me assustou. Quase. Mas essa coisa, porque tem essas letras? Isso tem alguma utilidade? – Pergunto, segurando o anel com a ponta dos dedos e olhando para ele desconfiada.

– Imagino que seja de um nobre daquela cidade, normalmente estes tipos de anéis – Apontava pra ele, com um símbolo, apesar de meio sujo e desgastado pelo corpo do kobold – São de famílias nobres e ricas, pode ser que ele tenha morrido há muito tempo, mas digamos que... seus pais ficarão felizes em reaver o anel mesmo que seja pela triste notícia, bem, ainda falta mais um dia de viagem, devemos apressar.

– Tudo bem, melhor seguirmos em frente. – Guardo o anel e os órgãos que posso carregar então vou até Malfhenir, me preparando para o resto da viagem.

A viagem pendurou-se por mais um dia extensivo. A ração já tinha esgotado e agora estavam à mercê do que pudera encontrar no caminho, desde que passaram pelo caminho mais rápido, removeram as chances de passar por Brum, a cidade dos Magos. Kallian tinha ficado arrependida logo nas horas seguintes, mas agora não podiam voltar, e quando voltaram para a estrada já podiam ver as montanhas tomarem conta do horizonte, estavam chegando as regiões próximo à Curcária.

E algo estranho chamou-lhe a atenção, uma criatura peluda com grandes olhos brilhantes, era toda peluda, e não podia ver suas pernas ou braços, se tivesse alguns. Sua pelugem era colorida com várias cores, e estava preso a uma árvore. No primeiro instante você evitara passar por ali, mas a criatura lhe atraía. Uma corrente estava saindo da árvore e indo até ela, poderia dizer que prendia alguma de suas pernas.

Encaro a criatura, achando-a estranha e diferente de tudo que eu já tinha visto. Paro o cavalo a uma boa distância dela e a observo. – Mas o que é isso? – Falo, séria enquanto desço de Rapitz, preparo meu machado e me aproximo tentando ver a coisa com mais detalhes.

A criatura parecia um poro branco, uma criatura do Norte que adora poritos. Mas sua pelagem não era branca, colorida, em listras de várias cores que lembravam o arco-íris, assim que você se aproximara o bicho foi pulando para trás, se afastando o quanto pode até chegar ao máximo que a corrente lhe permitia. Kallian ficara surpresa ao ver tal criatura, e antes que pudesse falar qualquer coisa, bem, ficara calada, não sabia o que dizer nesta situação.

Chego mais perto da criatura, vejo a corrente que a prende, tento saber se ela demonstra alguma agressividade, faço gestos rápidos com o machado.

A criatura tenta morder sua mão ao se aproximar, e logo começa a tentar pular para trás sendo presa pela corrente, sem dúvida. Ela gritava com um barulho pequeno e agudo, mas não se mostrava feroz, talvez apenas o medo, talvez.

Faço uma expressão surpresa, mas porque a criatura parece só querer se defender, e não parece querer me matar. Pelo menos não nesse estado. – Se você é manso, porque está preso? – Pergunto em voz baixa e me aproximo da corrente. – Tanto faz, se você não for digno da liberdade, irei descobrir agora. – Ergo o machado e ataco a corrente para arrebentá-la.

A corrente então aparecera destruída pelo cenário e o poro ficava livre. Kallian se assustara com a velocidade que ele correra para longe dali e mais ainda quando a criatura então parava de correr e virava para trás, olhando Andy com seus olhos grandes e se aproximara, com pulos pequenos, um de cada vez. Kallian então fizera Malfhenir se aproximar um tanto para ver a criatura. Quem ficara feliz com o monstrinho colorido era Haru, seus olhos enchiam de lágrima de felicidade.

– Poro poro, poro poro, poro?

– ...Tudo bem, você está livre. Vá embora e tente não ser morto. – Aceno com a mão, para que a criatura vá embora enquanto ajeito o machado no ombro e sigo até Malfhenir. – Temos que continuar a viagem. – Falo, com um semblante cansado, mas no fundo, me sinto feliz por ter livrado essa infeliz criatura estranha do seu cativeiro.

– Poro poro, poro poro? – Pulava até perto de você, batendo em sua coxa, e olhava com seus olhos grandes e esbugalhados, repetindo a mesma palavra de antes – poro poro poro poro , poro!

Kallian ri, mas não perdera o foco nem muito abaixara a guarda, ao contrário de Haru, que ficava ainda mais ansiosa para tocar no monstrinho.

– O que você quer? Eu já não te soltei? – Pergunto sem nenhum senso de humor, então olho para Haru, então chegava mais perto do bicho. – Eu não entendo o que você diz, então a menos que aprenda a falar, é melhor ir embora logo. – Cruzo os braços.

A criatura então ficara triste pelo seu tom, ainda que não entendesse muito o que falara, ela então virou-se e foi pulando para os caminhos rochosos que davam início as montanhas que envolviam a região. Haru olhava pra ti:

– Não podemos ficar com o cachorro mana?

– Ficar com ele? Você tem certeza de que quer isso? – Viro para ela, confusa, então vou até o monstrinho. – Espera aí, você. – Chamo, aumentando o tom da voz.

Você sabia que os poros não eram criaturas provenientes destas terras, eles, por sua própria pelugem, eram criaturas típicas do norte frio. O fato dele ser colorido ainda era mais assombroso. Mas eram criaturas pacíficas, claro, se não fossem atacadas de alguma forma. A única coisa que adoravam mais que neve fresca era porito, um tipo de raiz encontrado nos altos da montanha.

Haru mostrava-se feliz com sua atitude, logo mais o Poro que virava-se alegremente, pulando assim que escutara sua voz. Ele então veio pulando, gritando aquela palavra que para ti não passava de um som incomum e sem sentido "poro, poro, poro”, era somente isso que ele dizia.

Assim que você o pegou e colocou no colo de Haru, tanto a pequena quanto Kallian transformavam-se em pequenas de espirito, brincando com a criaturinha. E agora só precisavam de mais duas horas no máximo para chegar em Curcária.

A Cidade do curco, era incrível pois se estendia a própria montanha e aquelas que a cercavam. As casas estavam uma sobre as outras e no ponto mais alto um castelo gigantesco que se acirrava com maestria, elevando sua maior torre além dos céus.

A estrada que levava para cidade era visível neste instante, repleta de placas que avisavam o perigo do caminho que se acercava. Kallian dissera antes de se aproximarem mais. Kuro e Haru estavam alegres pelo fato de se entenderem em suas próprias palavras, de sua língua estranha e confusa.

Cavalgam até uma casa no meio da estrada, no início da ladeira que sobe para o restante da cidade. Um homem velho se aproxima de vocês e pergunta com sua voz falha, forçando-o para ouvi-lo bem.

– Óh, visitantes, quem diria... faz tempo que não vejo novas pessoas... – Fazia um sinal com as mãos para que descessem do cavalo – Por favor, entre, tenho boas coisas feitas que vocês irão gostar!

Olho para o homem com desconfiança, mas desço do cavalo em silêncio, dando uma olhada de relance para Haru que parece estar se dando bem com o novo amigo, ao menos ele vai distraí-la das coisas que faço, enquanto caminhamos, falo em um tom sério. – Não viemos a passeio, procuramos pela princesa Vince Dis Amis. – Levo uma das mãos até o cabelo, tirando um pouco da franja dos olhos e olho em volta, observando o estranho cenário dessa cidade.

Podia ter certeza disso, a cidade era incomum. Agora nesta estrada a pequena estalagem se destacava do restante do ambiente, repleto de terra e cascalhos. Ainda assim mostrava-se elegante de alguma forma, sobressaindo-se pela altura que já tinham percorrido. O único espaço de onde tinham vindo era o que permitia olhar a distância do mar-verde, a região de grama que estendia pelo centro de Arkana.

O velho trajava uma roupa antiga e velha, era careca e possuía uma barba branca gigantesca. Seu cajado velho tinha uma faixa que balançava conforme o vento que o atingia. Ele então apresentou a porta da casa mais uma vez, fazendo-a entrar com sua teimosia ao repetir a mesma frase diversas vezes "venha, entre!".

A casa estava cercada por objetos entalhados em madeira e pedras, diversos objetos estavam na bancada. Em uma mesa algumas ervas e plantas, potes também, mas não era isso que ele queria que visse. Caminhava rapidamente para uma área atrás junto a uma estante, trazendo uma lupa consigo.

Ao entrar no local, vasculho as paredes, me sentindo de certa forma, curiosa com aquilo. Mal havíamos chegado e esse estranho nos chamou aqui, e ele não disse nada ao me ouvir falar que busco a princesa, ele é estranho, mas não parece ser uma ameaça, de qualquer forma não abaixo a guarda e continuo a segui-lo. – Quem é você? – Pergunto, sentindo que o cansaço da viagem ainda não havia me abandonado.

O homem então colocou a lupa sobre a mesa, ele estava interessado em seu colar tanto que não negava o foco de seu olhar, mas com um aceno pediu que escutasse suas palavras:

– Me chamo Hugo minha querida, e pode ter certeza que ninguém sabe onde está a princesa, ela anda sempre bem vigiada pelos guardas e nem os mais fofoqueiros também. – Ele então voltava para seu colar – Isso em seu peito é raro, sabia, contém informações úteis para um velho como eu e percebi logo de cara que vocês são diferentes... O que quer com a princesa? A última vez que eu a vi era na Noite de Septmus, ainda na Cidade Imperial. Escutei que a trouxeram para Curcária para ficar na casa do irmão do Rei e mais nada, se ela tiver, ainda estará lá só aguardando até que o dia de seu casamento venha.

Coloco a mão no meu pescoço e seguro a pedra do meu colar, olho para o lado pensativa, então volto a encarar o velho. – O que sabe sobre isso? – Mostro a ele sem tirar do pescoço.

O homem então mostrava uma cadeira próximo ali para que pudesse sentar-se e segurava a lupa, observando-o em detalhe.

– É um colar antigo utilizado pelas Neshigas, não me surpreende que você não saiba para que serve, somente as primeiras que chegaram em Arkana que utilizavam tinham este conhecimento. – Apontava para gema, uma pedra que era os olhos dos tigres que o modulavam – estas pequenas pedras se chamam Gema-de-Sangue, são artefatos mágicos utilizados pelas Neshigas para guardarem relances de sua própria história.

– ...É mesmo tão importante? – Abaixo a cabeça, séria. – Eu o encontrei com um maldito Kobold, não sei como ele conseguiu, possivelmente de uma vítima, mas não entendo como alguém morreria para um lixo como aquele, a menos que já estivesse fraca ou ele tivesse roubado. – Falo, tentando justificar mais para mim mesma do que para ele. – De qualquer forma... os segredos desse artefato ainda são um mistério para mim, eu não sei como ter acesso a eles. – Cruzo os braços. – Mas como você me trouxe aqui assim que me viu? Por acaso me conhece?

– Não a você, mas as coisas que você carrega. Sim. – Dizia o homem, pedindo que o desse para dar uma olhada mais de perto, afinal ainda estava em seu pescoço – Artefatos mágicos exalam uma energia que qualquer mago consegue saber onde ele está, e senti a magia desse colar ainda bem longe, só estava aguardando quando você chegaria aqui na cidade. Olhe, eu tenho muitos artefatos mágicos, gosto de descobrir como e porque eles foram feitos.

Tiro o colar lentamente e entrego ao homem. – Eu... se você puder saber algo que possa ser útil, eu quero saber. – Olho para baixo, com uma expressão concentrada, passo as mãos uma na outra e coço a orelha esquerda. – Não conheço nenhuma Neshiga que saiba sobre as tradições e origens da nossa raça, eu acho que descobrindo mais sobre elas eu posso aprender sobre mim mesma e de onde vim. – Cruzo os braços novamente, não estava acostumada a falar de coisas tão pessoais com estranhos. – É isso.

O homem então colheu o colar e delicadamente colocou sobre a mesa, com a lupa averiguo as gemas e então pegou um pequeno instrumento de baixo do balcão. Levou alguns segundos para que armasse tal objeto junto ao colar. Ele olhava para ti.

 

– Como eu pensei, somente uma Neshiga pode utilizá-lo. Eu posso afirmar que vá funcionar, mas não o que vai acontecer depois disso, você quer esta informação não é mesmo? Aceita os riscos? De qualquer forma somente você, sua companheira no cavalo ou uma outra Neshiga podem ter acesso a estas informações.

Me sinto estranhamente inquieta, ando de um lado para o outro, paro e tento me acalmar pois nem sabia o porquê de ter ficado assim tão de repente. – ...eu não tenho medo de riscos, mas quero saber do que se trata, antes de fazer algo.

O velho pegou o colar e colocou em seu pescoço novamente, e começou a falar:

– Pela forma mágica como está construído o colar, ele possivelmente irá lhe revelar em imagens ou sons, algum detalhe. Seria como você ler um livro ou vários ao mesmo tempo, em fração de tempo ridiculamente baixa. E, dependerá de sua capacidade mental de absorver toda esta informação, pelo que vejo, o colar não está tão cheio, mas ainda assim poderá trazer sérias consequências caso você não aguente.

– Que tipo de consequências? – Insisto em perguntar, afinal não poderia jogar fora minha segurança porque tenho que proteger Haru. Eu poderia cuidar das minhas coisas pessoais em outra oportunidade, mas deixá-la sozinha por egoísmo, nunca.

– Veja, você não deve entender destas coisas, pelo visto, somente de guerras e coisas que envolvam matar, então vou te explicar: se você por acaso ter mais coisas que sua mente puder aguentar, possivelmente ficará louca ou com problemas sérios de personalidade.

– ...Mas que merda, você não fala nada que faça sentido. – Passo a mão na cabeça sem entender bem o que o homem diz, mas por outro lado lembro de quando entro em combate, ele com certeza nunca me viu lutando, senão não diria isso, já me teria como louca mesmo assim. – Tudo bem, vamos logo com isso. "Pior do que eu sou, não poderia ficar." – Penso.

O homem estava certo de sua decisão, logo pedira que tomasse uma poção especial, apesar do cheiro não ser lá muito convidativo. Antes que a iniciasse, resolvera chamar as outras duas lá de fora, pois lhe avisara que isso duraria algumas horas ou mais.

O chá tinha um gosto tão forte quanto o próprio cheiro, era amargo, forte, muito forte. E seu corpo então começou a cair em um sono profundo. A primeira imagem que veio foi em uma ilha, o mar tão azul no horizonte claro que se perderia. Parece sua visão, você consegue ver suas mãos, seus pés como eles são, apesar da coloração diferente. Não está vestida, não há armas ou equipamentos, mas uma voz, ela se difere do barulho distinto do mar com suas ondas e com os ventos. Uma risada, olha para o lado, há outra Neshiga contigo.

"O que foi Kira-chan, por acaso está sonhando acordada com Yamatsu-chan? Ah, como você é sortuda!"

Levanto, tomando um susto e encaro a neshiga. – O que está acontecendo aqui? – Pergunto intrigada, olho em volta tentando saber onde estou, não conseguindo entender ainda o que ocorreu.

Era uma praia de areias brancas e brilhantes, o sol agora estava forte, a brisa era refrescante. A outra Neshiga tinha a pele escura, orelhas pequenas e cabelo curto, seus olhos eram vermelhos como o fogo mais quente.

– Kira-chan, por acaso não andou tomando chá da velha Kira-sama, não é mesmo? Estamos em Yokiro, a praia que você mais gosta, ah... deve estar brincando comigo, só pode.

– S-Sim, claro... – Falo, com um tom de voz sério e tento me controlar, lembro de que é só uma visão e que não posso desperdiçar isso. – Me... Me perdoe, eu acho que estou tendo uns problemas para lembrar de algumas coisas, deve ter sido esse chá, você pode me ajudar a lembrar o que estamos fazendo aqui? – Tento parecer o mais natural possível, mas não consigo disfarçar minha expressão confusa, e me sinto desconfortável em outro corpo, sem Haru por perto, e sem meu machado.

– Ah? Você me chamou... eu que sei... você disse que tinha algo para me mostrar aqui e que tinha haver com o mar, sei lá... – A neshiga olhava para o horizonte – Não sei o que é mais importante para não ver a partida de nossas irmãs para o Além do Mar, uau, viajar tão longe assim é um sonho, o que você acha Kira-chan?

Olho para o mar e recuo, só de ver me dá arrepios quem iria chegar perto de uma coisa assim? – Eu não me lembro do que ia te mostrar, deixamos isso para depois, vamos ver a partida das nossas... Irmãs, então. – Dou um sorriso, sem saber como ele deve ter ficado, será que pareceu convincente? Não sei. – Me mostre o caminho.

A outra neshiga ficara surpresa pela sua escolha, dizia "Ok então Kira-chan, vamos lá ver" E adentraram na floresta que cortava a areia branca. Passaram por alguns montes de terra logo depois, tendo passado por uma passagem de terra e sobre as árvores.

Era incrível a passagem, um tremendo lago dentro da floresta que dava visão a praia, no alto, onde vocês estão, podem ver vários barcos e navios da Armada das tais Neshigas, a outra dissera em aberto "Yuuki-sama, o exército dela é perfeito não? As batedoras do Império acham que há um continente lá para ser tomado, espero não ser a mesma coisa com os Turyans..." E caminharam até um posto avançado sobre uma grande árvore.

– " Então esse é o início, quando as neshigas foram para Arkana? " – Fixo minha atenção ao navio, admirada por estar presente em um momento como esse. – Err... você, pode me explicar porque estão indo embora? Estão à procura de uma nova terra para dominar ou algo assim? – Pergunto a neshiga próxima a mim.

A neshiga, confusa com a pergunta, retrucou:

– Sério, que chá você tomou hein, eu vou lá saber... se for igual os Turyans vai ser uma briga perdida, malditos bichos de pedra – Dava um suspiro, observando o maior dos navios – Olhe, é Amatsune, o maior navio de guerra de Yuuki, como é bonito, você não acha?

– Bem, é grande. – Cruzo os braços séria. – "Eu não ousaria entrar em uma dessas coisas e ficar cercada por água, parece loucura que alguém o faça." – Penso, encarando o navio. – Eu te disse que não estou lembrando de muita coisa. Mas e quanto a esses Turyans? O que aconteceu?

– Uai, certo... bem, eles são resistentes como pedras, são fortes e não sofrem com se acertamos uma espada em seu coração... bem, não foi uma guerra inteligente nem ganha, perdemos feiamente eu suponho – Dava um pequeno sorriso – Faz muito tempo desde então... devemos agora passar adiante e vermos que estas novas terras nos trazem.

– Ah, entendi. – Passo a mão na nuca e então nos cabelos, sinto a diferença e parece muito real, como se eu estivesse realmente aqui. – O que podemos fazer agora? Pode me mostrar algo interessante enquanto eu lembro do que ia te mostrar?

--Sério, jurava que você estava bem, mas vejo que não se lembra de nada mesmo... se não foi um chá, deve ter sido aquela água que bebemos, só pode. – Pedia que a seguisse – Vamos lá mais próximo, ver os cruzadores, dizem que eles podem lançar mais de três arpões por vez... depois passamos nas águas termais de Fuuji, assim talvez você se lembre em que mundo estamos... Kira-chan.

– Ok, vamos ver os cruzadores, quanto as águas termais eu dispenso. Mas valeu por sugerir. – Sigo-a caminhando um pouco desajeitadamente, mas focada.

Ao chegarem próximo do cruzador, podia ver seu tamanho, era incrível, sem dúvidas alguma. Eles tinham uma forma engraçada, não era igual a de Arkana. Possuíam a ponta mais fina e elegante, havia três áreas para onde saía o disparo de arpão que a outra neshiga falara.

O porto ficava próximo ao lago, havia de ter milhares de barcos ali, cruzadores e outros ainda mais estranhos. Para este horizonte, uma gigantesca cidade se formava em templos e casas com telhas pontiagudas. Tinha uma casa lá alta e era para a essa onde a neshiga estava te levando. " Vamos para sua casa então, sua mãe faz uma comida ótima"

Mais uma vez fico admirada com o que vejo, mas logo mudo ao notar a voz da neshiga, deixo escapar um grunhido e me sinto incomodada com a cena que se segue. – Mãe... – engulo seco enquanto a sigo, meu semblante se torna melancólico, vou conhecer a mãe dessa pessoa, uma que eu nunca tive... tenho que manter o foco, ou aquele homem pode ter razão, eu posso acabar ficando louca. – Vamos. – Continuo a segui-la, mas com dificuldade, como se meus pés pesassem chumbo.

A sua casa... sua... seria mesmo sua casa? Você sabia que aquilo era uma visão, tão real, sem dúvidas, mas era somente uma visão... E era mesmo uma visão? A areia da praia ainda estava sobre seus dedos, sobre sua perna, sobre seus pelos... podia sentir o cheiro do mar, da selva, das árvores e das plantas como nunca, sentir o cheiro também de algo bom que lhe saltava a qualquer outro cheiro – peixe!

"Kira-chan, eu já volto, esqueci que tenho que fazer uma coisa primeiro... Não vai levar mais que uma hora" A outra neshiga correra pela floresta adentro, deixando-a sozinha para de frente com aquela grande casa, em frente ao penhasco que dava visão a baía lá em baixo.

A casa era tremendamente grande, tinha um hall que dava acesso aos cômodos interiores, nesse hall um certo tipo de chafariz. Podia ver como as Neshigas eram avançadas tecnologicamente ainda que sua fisiologia as forçavam a lutar como bárbaras. O cheiro só ficava ainda melhor quando se aproximara. Passara pela sala de piso de granito que refletia de tal forma que parecia um espelho. No final, na última porta, uma mesa repleta de comida e uma neshiga, arrumando as coisas na mesa.

Encaro a cena ficando parada ao ver a mulher arrumando a mesa. O cheiro delicioso faz com que minha boca comece a salivar e meu estômago faça um barulho. O estômago da outra neshiga, na verdade. Tudo isso parece vívido demais para ser uma visão, me fazendo ficar um tanto confusa. – Err... Oi. – Falo, me aproximando devagar da mesa.

– Oi Kira, pensei que você estava com Yuuki em Yokiro... lá é um bom lugar... – Com um certo devaneio, voltou a te olhar – Só mais um minuto minha pequena e logo vai estar tudo preparado para grande festa, sua mãe estava te procurando, ela subiu agora a pouco para o quarto. – Colocava o dedo sobre uma sopa sobre a mesa e checava o seu gosto, levantando um sorriso para ti – Sua favorita, Yokinidrame.

– Yokiro? – Faço uma expressão confusa, então dou um pequeno sorriso tentando parecer o mais normal possível, não queria ficar enchendo ela de perguntas ou iria parecer estranha, se bem que isso aqui é só uma visão então não importa, mas não sei ao certo. – Eu... eu vou subir, então. – Vejo ela sorrir e falar sobre a sopa para mim. – Pode me dizer exatamente por onde minha... Mãe foi?

– Ah? – Surpresa, continuava – Ela foi por dentro da casa... você está bem? Se tiver sentindo dores de cabeça, posso preparar um chá para você se quiser... se apresse, pelo visto você não está arrumada ainda, não vai querer parecer uma plebeia da multidão, não é mesmo?

– Eu tô bem... – Passo a mão na cabeça e então saio andando pela casa e procuro subir até o quarto onde a 'minha' mãe estaria. – "Só espero que consiga entender alguma coisa do que está acontecendo, porque até agora não vejo nada mais do que a vida particular de uma neshiga do passado... Imagino se Haru e Kallian estão bem..." – Continuo andando, com uma expressão distante e pensativa.

Você passa pelas salas, buscando nelas onde estava sua mãe... ou ao menos uma outra pessoa. Nos andares de baixo um lugar em especial lhe chamara atenção, um grande salão com uma mesa oval, havia na parede inúmeras armas e algumas coisas que assemelhavam com pergaminhos e livros de sua época. Como a porta estava semiaberta, passara por ela e logo subira as escadas.

O corredor era tão grandioso, havia inúmeros objetos, relíquias, tesouros e tudo mais que servia para deixar o ambiente agradável. A maioria dos quartos estavam fechados, as portas de madeira avermelhada com entalhos e símbolos que pareciam ser daquela família. O penúltimo quarto, a direita era o seu. Algo ali dizia que sim, simplesmente como um chamado.

Você parava na entrada dele, segurando a borda do arco da passagem, observando o local, cheio de coisas "infantis", de pinturas inacabadas, de instrumentos de música, ou que parecia ser, sem muita demora outra porta se abriu, ali, atrás de ti:

– O que foi Kira, estranhando seu próprio quarto? – Dizia uma neshiga pequena, menor que ti, de pelagem negra.

– "Droga, eu não posso simplesmente perguntar quem é ela..." – Olho a garotinha e dou um pequeno sorriso. – Não, eu só... acordei com uns problemas hoje, não consigo me lembrar direito das coisas, você está fazendo o que aqui?

– Terminando de me arrumar... E você, pelo visto, nem começou. – Ela então fechava a porta do quarto – Mamãe queria te ver antes da festa... já que você está aqui, vai falar com ela. – Apontava de relance para o último quarto, e logo passara por ti.

Aquela neshiga, pequenina, lembrava muito a ti, ao menos esse seu corpo. Também possuía a pelagem negra como a escuridão, orelhas longas e um colar de pelos grossa como a tua. Estava trajando um requintado conjunto de vestes, diferente de tudo que você já tinha visto.

– Ah, sim... – Aceno com a cabeça e vejo ela passar por mim, não dando tanta atenção as suas vestes apesar de achá-las diferentes. – "Deve ser a irmã." – Concluo. Então olho para o quarto que ela havia apontado e me dirijo até lá, a passos largos.

Você então entra no quarto, ele estava semiaberto, a porta não tinha feito nenhum barulho e a ti mesmo ocultara a voz para não a assustar. Era sua mãe...

Uma neshiga de porte elegante estava sentada na cama, segurando uma pequena caixa, rodando-a pelos dedos, perdida em seus próprios pensamentos. Assim como a pequena era negra, seus olhos verdes como esmeralda, tinha a pelagem curta, rasteira, mas seu colar era felpudo como o teu. Tinha no braço direito vários braceletes e na orelha esquerda um certo tipo de brinco. Seu rabo era preso a esferas e finalizava com uma cauda metálica, nunca tiinha visto uma neshiga assim.

– "Wow..." – Fico boquiaberta por alguns momentos, admirando a neshiga que parece não notar minha presença de imediato. Ela é realmente bonita e diferente, chamando muito a minha atenção. Olho para a caixa nas mãos dela e me aproximo devagar, sentindo-me uma completa intrusa, ainda mais do que quando acordei aqui. – Oi, mamãe. – As palavras saem com dificuldade da minha boca, e me seguro para não parecer mais estranha do que já estou.

A neshiga levou um pequeno susto, deixando a pequena caixa cair sobre sua perna, ao vê-la, dava um leve sorriso. Até sua voz era firme e elegante:

– Ah Kira, queria saber como você está... Nikan disse que você parecia diferente hoje de manhã. – E levantava-se da cama, indo a sua direção, abraçava-lhe ainda que com suas dúvidas, colocava as mãos sobre sua cabeça, afanando a tufa de seu cabelo e logo continuava – Não se preocupe minha pequena, Yamatsu ficará bem, ela é uma ótima garota e Amatsune não vai deixar que nada aconteça com ela.

Fico com os braços abaixados, paralelos ao corpo enquanto sou abraçada. Então tento retribuir com hesitação, ao escutá-la. – "Eu, não entendo o que ela quer dizer com isso..." – Suspiro, então sorrio para ela sem jeito. – Eu não me sinto muito bem, acordei com alguns problemas de memória e não consigo lembrar de algumas coisas... Yamatsu corre algum risco? – Pergunto a ela, fingindo saber de quem falo.

– Ah, Nikan então estava certa – Afastava-te para ver seu rosto enquanto terminava de perguntá-la – Acredito que não... Kira, não se esqueça que estamos falando de Amatsune, a maior e melhor guerreira que já ouvimos falar durante séculos, ela não deixaria que sua filha sofresse nenhum arranhão, seja o menor deles... Talvez o choque de saber que elas partem hoje deve ter lhe dado algum tipo de falta de memória... Mas, você custou a parar de chorar ontem, Nikan só faltava me acordar para tirar você das suas mágoas. – Lhe dava um segundo abraço, ainda mais apertado, curvando-se um pouco para falar delicadamente sobre seu ouvido – Lembra da surpresa que eu iria fazer para você? Yamatsu e Amatsune irão vir jantar conosco antes de partir, você terá o direito de dizê-la o que sente... sinto muito Kira, mas é o máximo que posso fazer, em tempos de guerra não podemos fazer mais. – Aguardava sua resposta, acariciando sua nuca.

Sorrio para ela, o nome Amatsune... não me é estranho, embora não consiga lembrar exatamente onde o ouvi. – Tudo bem, eu entendo. Acho melhor me preparar, o jantar vai ser em breve, né? – Aceno e me afasto devagar. – Nos vemos daqui a pouco então, e... Não se preocupe comigo, ficarei bem.

Havia um vestido especial para ti, e... Diferente, talvez para aquele tempo ele fosse normal. Você descera as escadas, colocando as mãos no corrimão, era necessário, aqueles sapatos... eram realmente idiotas, quase não dava para se manter em pé. Tivera um certo tipo de dificuldade para chegar até a sala onde estavam reunidas as outras neshigas.

Lá estava sua mãe, rindo, com uma taça de vinho ou alguma bebida forte. Ao seu lado uma outra, tinha a pelugem branca como a neve e duas mechas avermelhadas que cruzavam seu rosto delicado. Esta sim lhe lembrava, era como estar vendo a propria imagem no espelho. Não sabia quem era, mas era nítida sua magnificência. Seu rabo também era terminado com uma armação pontiaguda de ferro. Passara por algumas neshigas que estavam de cabeça baixo, aguardando ordens, próximo a mesa. Lá tinha a Nikan, a sua irmã mais nova, Yuuki, a garota da praia e mais duas outras, porém uma não pode deixar de olhar:

 

Era uma garota de cabelos vermelhos que lhe separavam o rosto com um punhado de tufo, sua pelugem era branca igual àquela outra, mas tinha os olhos vermelhos e um rabo com uma esfera. Ela visita um robe negro que contrastava com seus pelos, ao vê-la, levantou-se rapidamente. O silêncio veio em seguida, meio desconfortada, caminhava até o arco da sala de jantar sobre os olhares de todas, elas estavam lá, aguardando sua ação.

Não sei o que era mais desconfortável, usar esses sapatos e vestido ou sentir todos esses olhares na minha direção. Olhando para frente, não deixo de notar as duas neshigas que me parecem ser as que ou tanto ouvi falar hoje. Respiro fundo e aceno para elas. – É uma... Noite maravilhosa, não? – Falo um tanto desajeitada, enquanto tento me equilibrar. Vou até a neshiga de cabelos vermelhos e aceno com a cabeça, assim como com a outra, me inclinando para frente. – É uma... Honra ter as duas aqui para o jantar. – Tento parecer a mais gentil e educada possível.

"Yamatsu não vá deixar nossa anfitriã sem jeito não é mesmo? Eu sei que vocês têm muito a conversar..." Antes da neshiga terminar a garota de cabelo de fogo levantou-se, dava um leve sorriso para sua mãe e, quebrando toda formalidade lhe deu um abraço, ela estava chorando ainda que contivesse as lágrimas.

– Você sabe que estou indo... para encontrar um novo lugar para nós não é mesmo? Lembra que você sempre dizia que queria ver o mundo além do mar? – Ela movia seu cabelo para o lado, tirando-o de seu rosto para observá-la. Seus olhos eram oblíquos e vermelhos como seu cabelo, cor da brasa e do fogo. – Vamos comer, afinal não nos resta tanto tempo assim juntas, oxalá fosse diferente.

– Não chore, vai ficar tudo bem. – Falo com firmeza, encarando-a. Então aceno e olho para a mesa. – Tem razão, vamos comer. – Espero ela ir na frente e a sigo em silêncio.

Você pega um pedaço de carne e a mastiga lentamente, podia ouvir sua mãe e Amatsune discutindo:

"Sério Amatsune, o Comando realmente tem certeza que as Terras-Além-do-Mar são o local ideal para vivermos? Ouvi dizer que a terra é árida como o deserto, a água é venenosa e as criaturas são abomináveis, dizem que elas podem até andar como nós... perdemos muitas irmãs no primeiro contato e ainda assim eles querem enviar toda frota para tomar... algo que não sabemos se será útil?"

"Não se preocupe minha cara Saori, o Comando sabe o que faz, e sim... Perdemos muitas irmãs na primeira tentativa de contato com aquele povo bárbaro, mas veja por outro lado, agora não podemos ser pegas de surpresa... " Olhava para você, não saberia dizer se desconfiava de sua curiosidade ou simplesmente por ser a última vez que poderia vê-la – "Eu liderarei o avanço contra o desconhecido, levarei comigo apenas dois mil Yokkei, e quando eu estiver lá enviarei uma mensagem para o Comando e logo poderemos sair destas ilhas... Você sabe Saori, você sabe que logo mais estas ilhas não poderão mais nos sustentar, não terá espaço para nossas filhas nem para as filhas de nossas filhas... O cerco contra o povo dos Turyans não irá se repetir minha cara, eu não permitirei."

Yamatsu pegou um pequeno pedaço de papiro e limpava sua boca de um pedaço de carne que ficara preso. E logo pode escutar:

"Amatsune, você tem certeza que Yamatsu deve ir com você? Ela é tão jovem... não há outra alternativa para isso?" – Comentava Saori para a neshiga em especial

Amatsune se levantava naquele instante, caminhando até a janela da sala que podia ver o lago lá em baixo cheio de navios e barcos, iluminado como as estrelas no céu. Ela colocava a mão sobre o vidro para remover o reflexo. E comentava com sua mãe:

"É uma regra do Comando, eu não gostaria disso Saori, você sabe que eu nunca permitiria, mas nossos primogênitos devem participar da Ascensão, Yamatsu sabe disso. Preciso de três anos para conquistar as terras do desconhecido, talvez menos, e quando o Comando souber que podemos levar nossas irmãs para nossa nova casa... " – com uma pausa, caminhou até vocês duas, colocando a mão, cada uma, em uma cadeira, podia ver seus olhos vermelhos igual de sua filha, dava um sorriso e falava para vocês – "Vocês são feitas uma para a outra... Quão bonitas são juntas"

Olho para a neshiga ao meu lado com uma expressão confusa e então para Amatsune. – " O que ela quis dizer com isso? " – Penso, olhando para a mão dela na minha cadeira, então dou uma mordida na carne, mastigo e após engolir falo em voz baixa. – Tem algo ruim acontecendo onde vivemos e por isso nós precisamos explorar esse novo mundo?

– Ah não se preocupe minha pequena – Dizia Amatsune, voltando para sua cadeira – Imagine que estamos passando alguns problemas e precisamos encontrar uma nova casa, só isso. – Olhava para Saori aguardando-a censurar e, ainda assim, continuava – E encontramos uma casa ótima.

 Guardo silêncio e continuo a comer, séria. – "Não sei o que está acontecendo aqui, mas deve ser algo importante, a ponto de fazer com que se empenhem tanto em ir embora." – Penso, acenando com a cabeça e olhando de relance para a neshiga ao meu lado.

Já era o fim da noite, apesar da ambulante quantidade de comida disponivel na mesa todas já tinham parado de comer. Amatsune e Saori tinham ido para o escritório, uma sala anterior da que estava, Nikan e sua amiga de mais cedo e as outras duas tinham deixado a sala e subido, estava somente você e Yamatsune.

A Neshiga se aproximara de ti, segurando sua mão, estavam em pé observando os barcos além do precipício, lá na baía. Ficaram assim por um momento até que ela colocou sua cabeça em seu ombro, você era maior que ela alguns centímetros.

 

– Amatsune-sama disse que levará pouco tempo para nos reencontrarmos Kira-chan, você acredita nisso? Toda a história que nos disseram quando ainda pequenas não passam de mentiras... estarmos ligadas à nossa alma gêmea.... Como, se vamos ficar separadas durante tanto tempo.

– Err... – Fico um tanto surpresa, mas procuro não deixar isso muito a vista. Olho para ela e me sinto culpada de estar no corpo dessa garota, Kira. Como se estivesse roubando esse momento dela. – Eu não acho que mentiram. Se somos almas gêmeas, com certeza vamos nos ver de novo, não importa o tempo que passe. – Falo, em voz baixa enquanto olho os barcos. Eu acabo me surpreendendo com o que acabo de falar, porque nunca tinha dito algo assim a ninguém, e parando para pensar... Eu até acredito nas minhas palavras, não sinto como se estivesse mentindo. – Apenas seja corajosa. – Completo, com uma expressão séria e concentrada.

– Amatsune disse que nossas vidas são marcadas para sempre... será que nos encontraremos em uma segunda vida? – Ela segurava sua mão, levantando-a, para mostrar sua palma – Sabe como podemos fazer isso, veja: – Apresentava sua palma, tinha um sinal circular peculiar, único – Você tem o símbolo de sua família, os Shinimane, as irmãs do trovão e eu – mostrava um símbolo que lembrava uma espada – sou Amaekine, a estrela solitária... você sabe o que quer dizer? Que, independente de que céu estejamos, nós precisaremos uma da outra... Kira-chan... Essas marcas passarão por toda eternidade conosco, eu espero te encontrar logo mais, seja nessa vida ou em uma outra.

Olho para a mão dela e encaro o sinal em silêncio por alguns segundos. Então olho para ela e dou um pequeno sorriso sem jeito. Não sabia muito sobre isso de outras vidas ou se acreditava nesse tipo de coisa, mas depois de ver o realismo dessa visão, minhas perspectivas estavam mudando. – Sim, claro. – Respondo a ela, evitando encará-la por ainda me sentir estranha com tudo isso.

Com isso a noite finalmente chega ao seu auge, e pode ver aquela pequena garota de cabelos vermelhos sair, junto com sua mãe, da sua casa. Da casa da Kira-chan... Assim que a porta fechara você começou a ter visões, embaralhadas, vultos passavam de um lado para o outro. Seu corpo sentiu-se pesado como chumbo, seus olhos doíam e sua cabeça latejava. Fora caminhando, com certa dor, até seu quarto e deitou-se na cama, tinha que dormir, dormir infinitamente.

Seu corpo dói, sua cabeça está rodopiando, as vozes ainda continuam sem cessar... consegue abrir os olhos, está deitada sobre uma cama velha cheia de trapos e remendos, aquele velho... Ele está lá, Haru e Kallian também. Ao te verem acordarem se aproximaram rápido.

– A, graças aos deuses, você está bem... O que aconteceu? Nosso novo amigo disse que você estava sonhando... Claro que eu acho isso meio, improvável. – Observava o colar de seu peito, o brasão do tigre não parava de brilhar.

Colocava a mão em sua testa, verificando sua temperatura, quando removia a mão você podia ver o símbolo na palma da mão de Kallian, era... o símbolo de Kira, a personagem que você estava.

 

=== AQUI HÁ UM LOG PERDIDO ===

Neste Log, Andy, Kallian e Haru avançam por Curcária até o quartel do lugar. Encontram com Joshua e Norak, cavaleiros destinados em proteger a vida dos guardas. Depois de uma série de eventos, é decidido leva-los para Iruno, uma cidade vizinha, para encontrarem-se com o Oráculo, porém para lá da floresta de Iruno. Durante a viagem são atacados por mais Kobolds.

=== AQUI HÁ UM LOG PERDIDO ===

 

Os cavalos não pareciam gostar daquele local, nem mesmo Malfhenir. A carruagem chega um ponto que é impossível continuar e vocês três são obrigadas a descerem. Ao pisar naquela terra pode sentir, era idêntica a cidade da visão, idêntica a Tokiro, mas agora isso não importava, afinal tinha alguns alvos para escoltar.

Joshua e Norak junto aos outros dois guardas sobreviventes da emboscada de kobolds se aproximam e retiram aqueles malucos da carruagem. Os homens possuíam um semblante cansado, durante toda viagem não descansaram, durante toda viagem não pregaram os olhos uma vez sequer.

Kallian e Haru estão atrás de você, rindo sobre como é engraçado um solitário espantalho sobre uma área de plantação, enquanto que os homens passam a frente. Joshua passa em sua frente e para, era o último da linha de homens que seguiam para o Centro de Iruno.

– É muito raro ver Kobolds por esta floresta, e nos atacar... Ainda mais estranho, enquanto levamos os homens para oráculo você pode averiguar a cidade. Acredito que não há nada que possa ameaçar a missão, porém com estes últimos acontecimentos, qualquer segurança é pouco. – Olhava para Kallian e Haru logo atrás de você – E mais uma coisa... sei que você já deve ter se acostumado... Iruno também é uma cidade Pró-Humana, então não tente chamar atenção, ainda mais que sua filha não é... Bem... de sua raça.

– É, eu tenho o talento de atrair esses malditos cães..., mas quanto ao que disse sobre esse povo, não tenho como ficar invisível, também não iria querer. Eles podem me olhar do jeito que quiserem, é só ninguém mexer com a Haru que tudo sairá bem. – Olho para a pequena que segura o mais novo membro do nosso grupo e para Kallian que parece estar se divertindo muito. Eu não vejo tanta graça, mas não quero tirar a diversão delas com nenhum comentário estranho, então continuo caminhando séria e olhando para frente fico um tanto pensativa. Nós precisamos de dinheiro então procurar trabalhos em uma taverna seria uma boa coisa a fazer, já que ainda não o havia feito. Fico atenta as coisas a minha volta.

– Só não tente arrumar confusão... Diferente de Curcária, os habitantes de Iruno podem ser um pouco bárbaros... E loucos. Então... Só tenha cuidado. – Dizia caminhando junto com os outros homens.

Haru estava carregando Kuro nos braços, brincando com ele enquanto caminhava. Kallian estava do seu lado, observando a pequena mais à frente. Ela sorria ao ver a diversidade da flora do local.

– Bonito local, não?

Fico em silêncio ao escutar o homem e sou surpreendida por Kallian. Viro para ela e aceno. – Sim, é bem... interessante. Mas nós não vamos ficar só passeando, precisamos arranjar o que fazer enquanto estivermos aqui. – Digo em um tom sério e determinado. – Nós estamos recebendo cada vez mais ataques e precisamos estar prontas e nada melhor do que treinar e ganhar dinheiro ao mesmo tempo com trabalhos.

– O mundo ficou mais louco e violento... pelo menos é isso que está nos livros de história que li na Torre dos Magos – já podia ver a aproximação da cidade, ao fundo, apontava para vocês duas para mostrar

As casas estavam sobre as árvores e em algumas armações do solo que criavam um certo tipo de deformação. As primeiras casas estavam junto a áreas de plantações. Havia de tudo lá, dentro daquela floresta, em espaços reservados para esse tipo de coisa, as outras eram aglomeradas umas às outras. Malfhenir fora liberado da carruagem, mas agora estava preso a um local especifico e fora este em que você entrara primeiro, um tipo de taverna.

 Aceno concordando com Kallian e então ao entrar na taverna, olho em volta tentando não me incomodar com os olhares que iriam ser voltados a mim. Caminho por ali e como primeira opção, procuro algum quadro de avisos onde possa pegar algo para fazer.

Ao entrar na taverna a primeira coisa que vê é a disposição do local, não há mesas com cadeiras como qualquer outro que tinha visto anteriormente. As mesas são bancadas nas paredes, as cadeiras, pequenas toras de madeira.

Sobre uma bancada maior, onde encontrava-se o que parecia ser o barman, tinha um grande quadro de avisos: "Contenção de Pragas – URGENTE". Não havia pessoas no local, tudo estava quieto e silencioso.

Me sinto até um pouco melhor em notar que o lugar não tem quase ninguém. Mas também não deixa de parecer estranho. Vejo o aviso no quadro e aceno para o taverneiro. – Ei, eu estava procurando algum trabalho e vi o que está escrito ali... me fala mais sobre ele. O que tem essa contenção de pragas para ser tão urgente? – Cruzo os braços sobre a bancada.

O homem virou-se ao escutar sua voz, estava arrumando algo atrás, em uma bancada escondida da vista de quem entrava. Assustou-se em primeira instancia por ver uma neshiga, porém logo mudara, afinal, você e Kallian eram bonitas aos seus olhos. Ao contrário disso, o homem não era nem de longe alguém atraente, só fazia de tal.

– Nossa... Nossa, nunca vi uma gata desse tamanho... Só escutei histórias quando pequeno e... – Olhava para o quadro de avisos, colocava a mão no queixo e voltava-se para ti – Isso? Malditas Aranhas, elas estão invadindo nossas plantações e acredito que estão vindo das Covas do Oeste, só podem se esconder por lá... alguns fazendeiros resolveram dar uma recompensa para o bravo guerreiro que conseguir destruir o ninho das aranhas... não deve ser coisa do teu tipo, princesa.

– Huh? – Contraio o rosto ao ver a forma como o homem fala comigo, mas me interesso pelo que diz. – Você sabe dizer quanto pagam? – Pergunto com seriedade, ignorando o que ele supõe a meu respeito.

– Acho que 200 moedas, uma boa quantidade para enfrentar algumas aranhas né? Só tem uma coisa: todos os 5 que tentaram nunca mais voltaram, sem dúvidas devem ter aproveitado para fugir ou não.

– Então... acho que vou dar uma olhada nessas tais Covas do Oeste. – Coço o queixo e aceno para ele. – Valeu pelas informações, espero que consiga mais clientes por que esse lugar não parece estar indo muito bem... Algo de errado acontecendo na cidade? – Resolvo fazer uma última pergunta antes de partir.

– Se você está interessada em descobrir o que aconteceu lá, boa sorte... não há nada de errado, pelo menos neste setor da cidade... Veja por um lado, somos tão abandonados do restante do país que nada acontece decentemente aqui que possa ser considerado errado.

– Entendi... – Afirmo com seriedade e suspiro dando as costas a ele mas paro no meio do caminho. – Ah, em que direção eu posso encontrar os fazendeiros e pegar minha recompensa quando terminar o serviço? – Pergunto com um ar confiante.

– Alguns fazendeiros já tinham visto este problema com as aranhas e colocaram um certo tipo de sinal no centro da caverna, sem dúvidas, se você trouxer este sinal já será prova suficiente que não tem tantas aranhas assim para... sabe, você não voltar.

Aceno e continuo andando para fora dali acompanhada de Kallian e Haru. – Então garotas... vamos dar um passeio para o oeste. – Suspiro e vou até Malfhenir, pegando-o e indo na direção dita pelo taverneiro.

– Você pretende ir lá agora? Espere... – Dizia o homem, saindo do balcão – Me fala qual seu nome princesa, antes...

Viro e noto o taverneiro se aproximando. Estendo a mão para que ele pare e o encaro de forma séria e um tanto assustadora. – Não faz sentido o que está dizendo. Você não percebe que eu não sou uma princesa? Isso não é óbvio? Sou Andy Wernsteim, protetora dos inocentes e algoz dos meus inimigos. – Viro e saio andando a passos pesados sem olhar para trás.

– Não fiquei nervosa amiga, só queria saber seu nome pra... para caso você não volte mais. Mas não se preocupe, não vou pegar mais seu tempo. – O homem então apontara para ti onde era o local, não precisava sem dúvidas, mas fez questão.

Da taverna podia ver a paisagem que acercava esta tal Costa do Oeste, uma região onde o declive do cenário dava a visão para o horizonte cercado de montanhas e rochas. Podia escutar o homem falar baixinho "Lugar onde ninguém quer ir, lugar que ninguém pode voltar".

 

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

 

=== LOG PERDIDO, TEXTO IRRECONHECÍVEL ===

 

 Ao ver Kallian ser atacada por uma das aranhas, olho para ela com uma expressão preocupada, sem perceber. – Ei, você está legal? Tenha cuidado, essas coisas podem ser perigosas. Tome, beba isso! – Lanço para ela uma poção de Fragmento da Alma, então me viro para a aranha que havia a atacado e miro apenas nela. – Giro Mortal!

A aranha Itabuerã sofre uma sequência de golpes aterrorizadores que a afasta de Kallian como um corpo de boneco. Kallian caíra no chão de bunda quase deixando a tocha cair no chão, ela dá um suspiro aliviado agradecendo por ter finalizado aquela besta.

Você se afasta da aranha maior, ela – então furiosa – parte em sua direção tentando atacá-la com suas garras. Podia também ouvir o estremecer da caverna pelo movimentar das aranhas em suas fendas e buracos.

Me preparo para esquivar do golpe, me jogando para o lado direito.

Após você receber o golpe da aranha tem seu corpo levemente empurrado pela força da criatura. A outra Aranha Negra não ficou contente em vê-la sofrer e logo a atacara novamente, tentando acertá-la com suas presas venenosas.

Encaro as presas da aranha e tento escapar do seu ataque, apesar de saber que é muito veloz.

Ao conseguir desviar por sorte, olho para as presas dela e miro com a lâmina do meu machado atacando-a com força enquanto solto um grito de fúria.

– Olhe Andy, vamos ver o que vai sair desta vez, se prepare que certamente não será coisa boa... E espero não sair mais uma Mega Hiper Bomba Nanica, não quero morrer enterrada tão nova... Ainda não consegui uma namorada! – Se afastava para lançar sua magia mais peculiar – Ops, cuidado para não levar choque – Pulava atrás de uma rocha para não ser atingida pela incrível tempestade elétrica que surgira do nada, levantara lá detrás a tocha para que você não ficasse sem visão ainda que os próprios raios iluminassem por alguns instantes.

– Arrgh! Que merda, Kallian! – Dou um grito alto e me contorço, então viro para ela irritada. – Não dá para acreditar... – Bato com a mão na própria testa então olho para a aranha que havia morrido e a outra que estava paralisada. – Pelo menos... funcionou. – Avanço contra a que sobrara. – Golpe Demolidor!

– Ué, o que houve? – Olhava por detrás da pedra – Deu Certo Andy! Olhe! – Gritava para ti lá de trás, preparando sua magia seguinte – Se afaste dela que lá vai bomba! Ignis! – Conjurava Bola de Fogo.

– ... – Encaro a garota com uma careta, irritada. Então me volto para a aranha e tento acertá-la saltando e atacando horizontalmente.

A aranha retorna de seu estado paralítico" e, com um salto rápido e preciso, se afasta de você. Ela caminha até sua aliada morta em combate e a devora para recuperar vida.

– Mas o que... – Ficava sem palavras ao ver a ação da aranha, quase vomitando continuava – Se ela fosse do tamanho normal até iria, mas olhe o tamanho dessa desgraça? Como vou dormir agora depois de ver isso – Olhava para trás à Haru – Espero que ela não tenha visto isso.

– Bola de Fogo! – Conjurava mais uma bola de fogo.

Olho para a aranha queimando e o sentimento de antes vem à tona, a felicidade em ver essa desgraçada se contorcer de dor. Avanço contra ela em mais uma tentativa de acertá-la.

A aranha maior morre.

Ao vê-la queimando insisti em terminar com aquilo de uma vez. Com a respiração ofegante, pude sentir o calor do fogo próximo a mim e a sensação desconfortável que isso provocava. Então investi em um golpe lateral acertando-a em cheio e fazendo com que alguns pedaços dela ainda em chamas fossem jogados próximo a mim. A fumaça preta sobe e tapo o rosto com a mão, mas parece estar diminuindo ao entrar em contato com o sangue da criatura. – Mas que droga... está todo mundo bem? – Olho em volta e vejo Haru, me aproximo dela e passo a mão em seus cabelos, guardando meu machado em seguida. O segurei com tanta força que sinto os músculos latejando, mas não me importo. Chego próximo aos corpos restantes e vejo se tem algo de útil, como Kallian tinha dito antes. Não achava que teria, mas era melhor procurar. O choque havia me machucado mais do que esperava, caminhei então lentamente e com cuidado, com a respiração pesada. Haru Tsuykashi diz:

- Você está bem mana? – Dizia com os olhos cheio de lágrimas, era comum vê-la assim quando assustada, não pelas aranhas, talvez, mas pela briga intensa que teve ali junto a fogos, explosões e raios. Ela respirava ofegante com inspiração rápida e continua quando você se aproximara ainda mais ela teve uma melhora – Tive tanto medo irmã! E... Que cheiro horrivel – Colocava os dedos contra o nariz para impedir de respirar aquele ar malcheiroso do corpo carbonizado das aranhas, Kallian se aproximara neste instante.

– Não se preocupe pequena, as aranhas do mau já se foram... – Com uma pausa, olhando ao redor, continuou – Literalmente. Mas não acabamos por aqui, estas não são as únicas, ou ao menos, não há nada como um amuleto por aqui que fazendeiros tenham deixado. Andy, precisamos continuar pela caverna.

Você tinha recolhido 08 glândulas de veneno, da Tyranus poderia remover sua couraça protetora detrás do lombo. Kallian dissera que era útil para criação de um estilo "especial" de couro.

Ao terminar de pilhar os corpos em silêncio, escutei o que Kallian havia dito e vi como Haru estava preocupada, me abaixei ficando na sua altura e sorri. – Kallian tem razão, as aranhas já foram. Eu vou ficar bem, também. – Começo a tossir um pouco pela fumaça, então levanto. – Precisamos sair daqui esse lugar fechado não é o melhor para se estar com uma aranha pegando fogo. – Pego uma Cataplasma Curativa Grande e entrego a Kallian, usando uma outra. – Vamos. – Saio caminhando pela única saída do local, então viro no primeiro corredor que encontro, seguindo por ele.

Vocês deixam as aranhas para lá, já tinham passado muito tempo naquele lugar com as criaturas aracnídeas. Voltam pelo mesmo corredor de onde chegara e adentram a entrada da esquerda, a primeira. Dali tivera que percorrer mais uma sequência de passagens compactas e sinuosas e logo chegara a outra uma outra galeria gigantesca dentro da caverna.

Nesta área não tinha sinal de aranhas, mas algo lhe chamava atenção. Quando Kallian se aproximara com a tocha, revelou-se na parede inúmeras imagens e ideogramas.

– Nossa... Nossa! Nunca imaginei que teria algo assim aqui... você sabe o que é isso? – Dizia, quase que, não contendo sua alegria, tendo orgasmos – Não posso acreditar nisso!

Olho para ela com o canto do olho, cruzando os braços sem demonstrar nenhuma animação, até porque eu não fazia ideia do que era aquilo. – Ei, se acalma ou vai acabar tacando fogo em si mesma. – Reclamo ao ver seus gestos enquanto segura a tocha. – Para quê tanta animação, encontramos algo valioso? Um pouco de ouro não seria nada mal... – Expiro o ar lentamente com um suspiro contido. Então espero ela se explicar, já sabendo que devido sua empolgação teria que me preparar para uma longa conversa... ou não.

– São escrituras antigas dos primeiros élfos que chegaram em Arkana... Os Jorltans, elfos-da-floresta da Primeira Era... Claro que não consigo entender muita coisa – Colocava a mão sobre a parede, sentindo os símbolos em relevo como pinturas pré-históricas – Sempre escutei que Iruno era uma cidade antiga, mas o fato dela ser pró-humana nunca tive chances de sair da Torre dos Magos para averiguar, e... Olhe aí, uma parede repleta de informação... – Com um tempo sem dizer nada, observava com detalhes cada símbolo e logo virou-se para ti – "A alma é inquebrável... Maleável, sim, mas existente para todo sempre" e também nos apresenta algo... "A escuridão clama em nossos sonhos para nossa própria ruína e nossos filhos degolam as gargantas de seus pais, tudo isso de uma única aberração que nunca deveria existir"... Outras coisas não entendo.

– Okay, o nosso momento de cultura já acabou? Por que precisamos mesmo continuar. – Coço a orelha esquerda sem olhar para as coisas escritas na caverna, para mim só importava matar as coisas ali e ir embora, quanto mais demorássemos, mais perigoso poderia ser para Haru, sem falar que a tocha não duraria para sempre. – Não tem mais nada aqui além disso? – Começo a andar pelos cantos das paredes, puxando Kallian comigo para que me ajude a enxergar. Não queria sair dessa parte da caverna sem explorá-la, não poderia correr o risco de deixar algo de valor para trás.

– Oh sinto muito garota do puro musculo, esqueci que pra ti as coisas só se resolvem quando coisas morrem do seu lado – Fechava o rosto, andando pra fora do local e antes de entrar no corredor da saída, dava uma olhada para você, lhe aguardando e para a parede – Espero que quando isso acabe eu possa ter um tempo para descobrir o que aconteceu com os Jorltans.

Saio dali e vou até ela caminhando devagar enquanto seguro a mão de Haru. – Você é a cabeçuda aqui, não eu. – Dou um pequeno sorriso, achando engraçado a expressão dela. – Não se preocupe, nós vamos revirar isso tudo e quem sabe você encontre mais dessas coisas. – Falo, sabendo que ela gostaria disso. Que garota complicada... O que tem de tão bom em estudar essas coisas? Não importa, temos muito o que fazer. Talvez essas coisas escritas possam explicar a sensação de magia que emana dessa caverna, quem sabe. Continuo caminhando e ao sair dali vou até a próxima galeria.

Um corredor extenso para próxima galeria. Esta possuía alguns andares que a faziam parecer uma grande escadaria. Apesar de não ter nada, nem mesmo quando Kallian focava a luz da tocha, você encontra um corpo no meio do pátio, no segundo andar. Estava ali a pouco tempo.

Me aproximo do corpo a fim de identificá-lo. – Hey, Kallian... Veja isso.

– Pobre coitado – Checava o corpo, em primeira instancia colocando a mão sobre a jugular para averiguar se ainda estava vivo ainda que obvio a resposta – Morto, mas seu corpo está quente ainda... O que me faz perguntar como ele parou por aqui, será que as aranhas o trouxeram? – Olhava ao redor, levantando a tocha sobre a cabeça para iluminar ainda mais a galeria, mas não havia nada que chamasse atenção – Mas não há sinal nenhum de aranha aqui.

Viro o corpo para o lado tentando ver algum ferimento que pudesse dar uma pista de como teria morrido, em seguida vasculho à procura de algo que me possa ser útil, afinal ele não iria mais precisar. – Deve ter sido alguém que veio tentar matar essas coisas antes da gente.

Estava vestindo uma armadura de couro leve sem rasuras ou feridas. Seu corpo estava intacto em qualquer parte. Não havia armas nem sapatos, o corpo do homem era jovial, aparentava ter apenas 20 anos. O cabelo curto mostrava que ele servira algum tipo de milícia – era a marca mais comum neste tipo de organização humana. Se a causa da morte pudesse ser dita naquele instante, você tinha certeza que era por veneno ou magia.

Após mandar Haru se virar e retirar a armadura do homem, saio andando dali dando uma última olhada no local e em seguida, saio por cima, indo direto.

Vocês sobem três lances de galeria e avançam para o próximo corredor. Assim que atravessam a pilha, mais um pátio gigantesco: havia nele várias aranhas correndo desesperadas. Quatro pularam do teto e caíram próximo de vocês. Haru escondeu-se rapidamente para que elas não a notassem. Kallian se preparava, "Cuidado com aquela, ela é um tipo especial de Assassina"

Avança contra você com suas garras repleto de veneno, tentando acertá-la no peito.

– Como assim especial? – Pergunto, pegando meu machado e respirando fundo. – Tudo bem, vamos começar com isso! – Meu corpo ainda está um pouco dolorido pela batalha que acabara de acontecer, mas procuro não pensar nisso e ao notar que a primeira aranha avança em minha direção, tento esquivar do seu ataque.

Vendo você tentar esquivar sem sucesso, ataca com suas presas afim de dar-lhe ainda mais danos.

Ao ser acertada, sinto novamente aquela mesma sensação dolorosa do veneno e solto um gemido baixo de dor, mas levanto a cabeça e tento esquivar mais uma vez do próximo ataque.

– Tomem isso! – Gritava enquanto conjurava sua magia – Ignis! – Uma esfera mágica aparecia sobre sua palma com ajuda de seu cajado, logo um efeito de combustão junto a esfera criava uma bola de fogo, lançando em direção as aranhas.

Vendo que o dano causado pelo ataque de Kallian não havia incendiado nenhuma das aranhas, fico um pouco confusa e parece que ela está um pouco desgastada, então pego uma poção de mana e lanço para ela. – Aqui, pega! –  Em seguida me preparo para atacar a aranha mais ferida a fim de finalizá-la de uma vez.

A aranha é golpeada com um único e certeiro golpe, seu corpo é dividido ao meio e ela cai no chão, enquanto isso a aranha legionária avançava em sua direção, atacando-a com suas presas rápidas de uma maneira violenta.

Procuro defender o golpe da melhor forma possível

A outra aranha volta a lhe atacar, mesmo que você estava defendendo o golpe da outra aranha.

Vendo sua aliada receber um corte no peito, pula em sua direção enquanto a outra era jogada contra a parede.

 Sinto a dor em meu corpo aumentando e fico cada vez mais frustrada e irritada com isso. Encaro as aranhas com repulsa e ódio, rangendo os dentes de ira. Então ao notar que sou atacada novamente, tento esquivar do golpe, jogando o peso do meu corpo para o pé esquerdo e virando para o lado.

– Aguenta Andy, Erde Sismic Flur – Conjurava do chão uma grande forma em formato de punho, com grande velocidade dirigiu-se contra a Aranha Legionária.

– Tá... Tudo bem. – Falo pausadamente e com certa dificuldade. Vejo ela usar uma magia que para minha surpresa não era fogo, então reúno minhas forças para o meu próximo golpe. – Giro Mortal!

Furiosa, você gira o machado para todos os lados, acertando todas as aranhas em uma sequência de golpes violentos. A Aranha Legionária caía em combate. As outras deram alguns passos atrás, a caverna treme.

Olho em volta e me abaixo para manter o equilíbrio. – Haru, Haru! Você tá legal? – Grito enquanto não desvio os olhos das aranhas que recuam com meus golpes.

Estava abaixada sobre algumas pedras que a escondia. Ao abrir os olhos gritava, apontando para trás de você que neste momento a olhava, Kallian dava alguns passos para trás neste instante.

Uma gigantesca Aranha abaixava de um buraco no teto que não tinha visto antes, era uma Aranha Rainha jovem. Com um berro estremeceu todo local, ao deslizar violentamente pela passagem até o pátio, pedras e rochas caíram do teto e das paredes.

– Ah merda! – Recuo ao escutar o berro da aranha, mas mantenho a guarda alta. – Kallian, fique atenta!

Avança contra você tentando atacá-la.

Jogo outra poção de mana para Kallian e então olho para o lado percebendo a aranha venenosa vindo até mim. Tento não ser acertada novamente.

A aranha pula em você e no ar leva um golpe certeiro, seu corpo é dividido em dois e cada parte voa por um lado caindo no chão, quicando algumas vezes até suas próprias entranhas servirem como um tipo de cola que grudara o chão.

Aranha Negra Menor avança contra você.

Tento esquivar.

– Nossa... olha o tamanho disso... Cuidado Andy, ela tem o mesmo efeito que uma Aranha Negra, seu veneno é realmente forte. Tínhamos que comprar antídotos..., mas quem se importa agora, teremos que matá-la, ou ela vai acabar levando essa caverna para baixo, – Se afastava, conjurando Esfera Explosiva.

Olho para a aranha maior, nunca tinha visto uma desse tamanho e confesso que é algo intimidante. Mas não quero me deixar levar, então respiro fundo e procuro limpar minha mente focando apenas em atacar, vou até ela com um salto dando um urro feroz. – Giro Mortal!

Com um salto você se aproxima da rainha, lançando uma sequência de golpes violentos, ela levanta as patas que tinham sido acertadas para evitar maiores danos e começa a fazer um barulho infernal "grgrgrgrRGRgrgRGrgGRgrgrgiiiiiahhhhhhhhhhh" E lhe ataca com suas garras duas vezes.

Você esquiva do primeiro golpe, o segundo voa cortando o ar com um golpe horizontal e você é jogada contra a parede da caverna, caindo sobre seus cabelos e ombros pedaços da mesma. Kallian se desespera, a Aranha Negra Menor avança contra ela.

Ao bater contra a parede sinto a dor pelo meu corpo e com a mão ligeiramente trêmula pego uma poção de saúde e uso, então levantando devagar pego meu machado que estava no chão e tiro os pequenos pedaços da caverna. Me sinto cansada e dolorida, mas ao ver Kallian sendo acertada não espero e corro ficando na mesma posição de antes para atacar novamente. – Estou aqui! – Miro então na aranha menor e salto com um golpe vertical na mesma, torcendo para acertar.

– Ai! – Gritava ao receber o golpe da aranha quase deixando cair a tocha, sorte que não tinha sido envenenada, pensava. – Cuidado com esta maldita, e que barulho chato... tome isto! Erde – Conjurava Punho Sísmico.

A aranha rainha tenta acertar Kallian com suas garras, passando no vazio seus dois golpes. O chão é atingido violentamente, a terra sobe e tudo fica nublado pela poeira, a tocha se apaga, não dá para ver nada.

Ataca você com suas garras.

Ao notar a tocha apagada, fico extremamente preocupada. – Ah não... Kallian, você tem que acender isso de novo, está me ouvindo? – Então escuto uma aranha se aproximar e tento escapar do seu golpe me movendo aleatoriamente.

Procuro acertar a aranha que estava mais próxima a mim, depois que a mesma me atacou. Sabia que era a menor então investi com um golpe horizontal para frente, esperando acertá-la.

Você finaliza a outra aranha e seu corpo é jogado no chão, Kallian consegue restabelecer a tocha uma outra vez e nisso é surpreendida pela Aranha Rainha que tenta lhe atacar.

A Aranha Rainha golpeia uma vez, Kallian esquiva, o próximo golpe é em seu crânio, podia ver em seus olhos o reflexo das presas da criatura, erguendo-se acima de sua cabeça e indo sua sua direção. Tudo fica lento para ti, seu coração aperta, podia ver sua companheira morrer aos teus olhos, com um único golpe que faria seu corpo ser dividido, um único golpe que a deixaria irreconhecível.

O tempo se descongela, ainda não tinha acontecido tal barbárie, você empurra Kallian para o lado entrando em sua frente, recebendo o golpe de cheio no peito. Pedaço de sua armadura nova voa para um lado, a ponta da pata da Aranha Rainha crava-lhe o ombro e fica um pouco mais, o sangue escorre em suas mãos que pressiona a garra para não partir seu corpo ao meio. Kallian está atrás, caída, estática pela morte eminente.

Meu corpo estremece de dor, tudo aconteceu rápido demais, eu não poderia permitir que ela morresse assim. Não depois de passarmos por tantas coisas juntas, eu não iria deixar de jeito nenhum. Ao vê-la no chão, procuro forças para falar e mesmo com a dor que dilacera meu corpo, grito com todas as forças. – Se afaste! Você me entendeu? Eu disse para se afastar AGORA! – Ordeno para que ela saia do perigo e vá o mais longe que puder para atacar de longe, enquanto eu me tornasse o alvo único. Uso uma poção de saúde em mim mesma e me preparo para atacar a aranha rainha. – Golpe Poderoso!

A aranha recebe um golpe violento em uma de suas patas, se afastando. Enquanto isso Kallian se afasta dali o mais rápido possível, já tinha tido emoção demais para ter visto toda sua vida como uma linha reta.

Ataca mais uma vez seu corpo com suas patas.

Tento esquivar, ao notar que Kallian estava longe.

 Ao ser golpeada pela maldita aranha, a dor aumenta ainda mais a ponto que não consigo conter um grito agonizante. Então viro para Kallian e a encaro. – Kallian, flanqueie a aranha, ataque tentando não ser vista! – Exclamo, após tomar minha última poção de saúde, então me preparo para atacar novamente. – AAHH! Golpe Demolidor!

Kallian cai no chão por causa do veneno, diferente de ti, sua regeneração não era capaz de mantê-la lutando durante os próximos tempos. Ela cospe no chão. Arrastando-se para longe dali, vai até Haru que a pega. Ainda que a pequena não tivesse força suficiente para arrastá-la por contra própria, seu apoio moral fez com que Kallian conseguisse se esconder. Agora você estava sozinha contra a Aranha.

Dois golpes, um passa no vento, o outro acerta sua pata direita, sendo fatalmente ferida. A aranha deu uma sequência de zumbidos e murmúrio. Ela recuava por um momento para evitar a dor e logo avançava contra ti.

Percebo Kallian indo esconder-se e concordo que essa seria a melhor coisa a fazer. Dou um pequeno sorriso de alívio ao ver que ela está viva, então noto a aranha vindo ao meu alcance e tento esquivar o mais rápido possível.

Consigo evadir dos golpes com sucesso. Talvez tenha sido por saber que tanto Kallian quanto Haru estavam bem escondidas. Abaixo a cabeça e caminho um pouco para trás, cambaleante. A franja cobre meu rosto, não impedindo minha visão. Olho para a enorme aranha que parece muito danificada e sorrio como sempre fiz antes, um sorriso macabro. Ergo o machado e o balanço no ar, como um brinquedo. Ainda dolorida, porém a adrenalina é maior que a dor no momento e saber que estou quase matando-a me faz sentir como sempre me sinto ao ver um oponente sofrer. Paro de me afastar e corro para cima dela com um golpe vertical saltando o mais alto que posso.

O Demônio-com-cara-de-gato, era esse o nome que iria marcar todos que a conhecessem, Era o nome que, antes de sua aparição, tremularia os mais velhos e destemidos guerreiros. Andy Wernsteim uma neshiga de sangue real, uma neshiga... que faria seu nome ser reconhecido nas histórias.

Você grita, você enche o pulmão de ar e parte para cima da Aranha Rainha, ela avança também. Neste instante o pátio parecia gigantesco e infinito, podia ver as duas correrem uma contra a outra em uma corrida mortal. A aranha com suas seis pernas, a neshiga com sua determinação, o chão treme e pequenas pedras se movem. Se as outras que caminhavam pelos tetos soubessem o que iria acontecer em seguida não ficariam lá, observando além dos buracos das paredes. Andy pulava sobre a cabeça da aranha depois de esquivar um golpe horizontal, ela lança o machado contra seu crânio. O barulho da couraça ao ser atingida era similar ao de um crânio rachar sem ossos. Com este único golpe a criatura desmontava, com este único golpe ela parava de respirar, de se mover, estava finalmente morta.

– "Acabou." – Disse uma voz na minha cabeça, e então eu despenquei caindo sob meus joelhos e jogando o machado para o lado. Toda a dor de antes retornava, ainda que minha recuperação estivesse funcionando muito bem, as manchas de sangue sob meu pelo quase me tingiam completamente. Dou um último grito selvagem expelindo para fora de mim tudo o que havia sentido durante a batalha, me sinto esgotada e me seguro para não desmaiar ali mesmo. Levanto pegando meu machado e cambaleio em direção a Kallian e Haru, precisava saber se estavam mesmo bem. A cada passo mais lento e pesado que o outro, como se carregasse todo o mundo sob minhas costas, mas com um sentimento interno de satisfação. Essa teria sido até agora minha batalha mais difícil, por mais que eu odiasse admitir isso para mim mesma. – Vocês... estão bem? – Falo com a voz rouca e fraca, mas sem abaixar a cabeça.

Você respira ofegante.

Caminha até a luz que brilhava da tocha detrás de algumas rochas.

Ao se aproximar o choro de Haru, "Irmã! Irmã!" Gritava em seguida.

Desesperada você corre com as forças que restara, seu corpo cansado tentava disfarçar a dor e a exaustão ainda que isso fosse impossível. Com as mãos se apoiava na maior rocha, ainda sem visão do que estava acontecendo ali, caindo de costas, olhando para as sombras que iluminavam o teto. As sombras revelavam uma águia que voava contra as montanhas sem correntes ou barreiras..., mas, que merda é essa? Pensava. Por que estava pensando em uma coisa dessas com Haru e Kallian ali do lado, talvez em perigo...

 

"Irmã! Por favor, venha rápido!" Gritava mais uma vez, a voz dela estava com tanto medo que mais uma vez suas forças voltaram.

Você se arrasta para ver o que estava acontecendo:

Kallian estava tendo ataques violentos devido ao veneno, sua boca jorrava um liquido branco espumante, seus olhos estavam vibrando de um lado para o outro tão intenso que lhe davam dor de cabeça. Haru estava segurando sua mão enquanto tentava acalmá-la, mas ela não sabia o que fazer, era muito para uma pequena garota.

Ela precisava de ajuda o mais rápido possível.

Ao ver Kallian naquele estado, esqueço minha dor no mesmo instante e um calafrio me toma a espinha. – Mas que... – Seguro-a em meus braços, abaixando e ficando a sua altura. – Não, não... isso não está acontecendo! – Sim, estava acontecendo. Eu a segurei com mais força, não fazia ideia do que fazer para ajudá-la e vê-la naquele estado me causava uma dor indireta e muito forte que eu não conseguia entender. – Acorda sua idiota tagarela, não se atreva a morrer, está me ouvindo? – Ergo-a em meus braços e olho para os lados confusa, mesmo se a levasse para fora, onde iria exatamente? Nós não chegaríamos na cidade a tempo.

Ela estava tão mole, estava tão fraca e indefesa naquele estado. Começou a ter uma sequência de golpes rápidos, o liquido estava a impedindo de respirar, Haru segurava sua outra mão que estava livre, Kallian estava, lentamente, morrendo.

– Droga, o que eu faço?! – Olhei para Haru com uma expressão assustada, como uma criança perdida. Então decidi correr o risco e tentar voltar para a cidade, cuidadosamente apresso meus passos e tento voltar o caminho por onde vim, já que era o único caminho que eu conhecia.

Você a coloca nas costas e caminha para a saída, as aranhas que estavam ali não se moviam, pareciam estar estáticas como estátuas. Haru estava com a tocha, que perigoso era, mas agora não importava, suas forças estavam quase esgotadas.

Passara pela galeria. Mais passos, rápido! Corra! Ela está morrendo!!! Várias vozes em sua cabeça. A luz da saída estava lá, mas parecia o caminho para a morte, pois Kallian estava estática.

 Prossigo até a saída, tentando não pensar negativamente, mas tudo dentro de mim dizia que Kallian iria morrer nos meus braços. Eu não suporto vê-la assim, tão diferente de como realmente é... Tão quieta. Isso pode ser muito estranho, mas... tudo o que eu queria agora era que ela acordasse como se nada tivesse acontecido e viesse me falar sobre escritas antigas e histórias complicadas com a maior empolgação do mundo. Estar perto dessa garota tão energética e sincera com certeza mudou algo dentro de mim e eu percebia isso. Agora, não estava disposta a deixá-la partir desse jeito. – Você está indo bem, nós vamos chegar lá... apenas aguente firme! – Falei para ela com um tom de voz encorajador, com esperança de que lá dentro em algum lugar ela pudesse me ouvir. Apesar dos meus olhos não demonstrarem tanta certeza, pelo contrário.

Assim que sai da caverna e seus olhos tentam se acostumar com a claridade, você desmaia.

 

– Andy, o que você espera encontrar quando morrer? – Com uma pausa a voz retornou ainda mais séria – Apenas o nada e a escuridão? Ninguém deve acreditar nisso... O que você acredita?

– Eu nunca morri para saber. Nunca parei para pensar nisso na verdade, mas acho que... meu mestre. Onde quer que ele esteja, eu queria encontrar ele. – Falo pensativa, passo a mão pelos cabelos e olho para baixo. – Ele foi minha única família.

– Mas você não está sozinha, seu mestre é apenas uma família temporária e não a sua de sangue... Por acaso desistes de procurá-la? – E mais uma pausa, podia escutar do fundo um sorriso de uma criança – Você não está sozinha... saiba disso, agora, acorde!

 

Haru estava deitada em seu peito enfaixado, você sentia as costas doer, estava sobre uma cama larga coberta por apenas algumas faixas. Não lembrara de ter retirado a armadura, estava tão indefesa. Haru estava dormindo, seu rosto angelical estava pressionando seu peito e abdome de leve. Vira o rosto, o quarto:

Um quarto elegante, feito totalmente de madeira, há uma janela coberta, uma fina luz passa pelos cantos e frestas iluminando o ambiente de leve. Olha para o outro lado, Kallian, ela dorme, está no mesmo estado que você, mas não há faixa. Um balde de água está do lado de sua cama com um tipo de pano.

Abro os olhos lentamente e bocejo, sentindo algo em cima de mim. Logo percebo se tratar de Haru e dou um grande sorriso abraçando-a, mas vejo Kallian ao lado e retorno para a realidade. – O que aconteceu? Onde eu estou? – Com uma expressão assustada, olho para os lados e começo a respirar com mais velocidade. – "Não lembro o que aconteceu, como viemos parar aqui?" – Estava tão confusa que ao sentar, quase derrubo Haru de cima de mim, mas a peguei e coloquei ao meu lado, fazendo esforço para levantar e ir até a garota.

Você observa Kallian, seu cabelo está sobre um dos olhos, o outro, fechado. Seu rosto, as lembranças dela morrendo sufocada não saiam de sua cabeça. Ela está com um véu meio transparente, uma faixa cobre seu ombro o qual tinha acertado pela aranha. Lembra-se disso também, a garota tinha mantendo-se firme e não falara nada até que não pudesse mais andar, ela não era como tu, mas era determinada. Segura sua mão desejando melhoras e vê o símbolo em sua mão, aquele símbolo... seria ela?

Encaro sua mão, com um semblante sério e pensativo. Minha memória não conseguia ser tão boa quanto a de Kallian, mas eu me lembrava do sinal visto na 'minha' mão durante aquela visão. Depois ouvi o que ela disse sobre essas marcas de nascença. Suspiro e procuro minha armadura ou algo para me cobrir antes que ela acordasse e me visse nesse estado.

Não há nada na sala que não somente duas camas, uma pequena mesa de canto e a porta.

Procuro em toda parte pelo quarto, mas não encontro o que vestir, pior ainda: Não vejo minha arma em lugar nenhum. Resmungo e faço uma expressão irritada. – Merda, onde está? – Saio andando até a porta e atravesso-a sem me importar, apenas preocupada em achar nossos equipamentos.

Assim que você abre a porta e dobra a esquina bate com o corpo em uma armadura metálica como uma parede, você é jogada no chão com a força do impacto.

– Mas que merda! – Tento me levantar rapidamente e então olho para cima a fim de ver onde bati.

Você observa a quem tinha batido:

Um homem, ou talvez o que parecia ser, de armadura negra com ombreiras de pontas. Sua capa volumosa dava-lhe ainda mais uma assustadora aparência. Sua voz igual trovão veio em seguida quando ele falava e levantava a mão para ajudá-la a se levantar:

– Vejo que você gosta do perigo, não é mesmo? Como está Malfhenir? Já faz tempo que não a vejo... sabia que ela gosta de grãos-de-açúcar?

– Quem é você? – Faço uma expressão irritada, cruzando os braços e contorcendo os lábios encarando-o. Então ao ouvi-lo falar de Malfhenir, deixo os braços paralelos ao corpo e bato contra minha própria cabeça. – Eu lembro, você era aquele cara... Titanus. – Me esforço para lembrar do que havia acontecido, e lembro de que ele havia me ajudado a fugir da cidade quando estava encrencada. – Você me ajudou naquele dia e agora está me ajudando de novo... O que quer? – Pergunto de forma rude e desconfiada.

– Sim, este sou eu... E não é Titanus, que rude de sua parte esquecer o nome de um cavalheiro... Tyranus Morllum, mais uma vez. – Ele caminhava, passando por você, parando sobre a porta e olhando para Kallian, ou era isso que parecia, pois não podia ver nada além de seu elmo – Desta vez eu não sou o responsável por isso, ao menos, trazê-la aqui... um bom lugar, não é? – Com uma pausa, continuou, sem responder diretamente sua pergunta – Digamos que... estou interessado em ver você, simplesmente isso. – Virava-se para ti, olhando para você naquele estado. – Mais graciosas do que dizem por aí, não é mesmo?

– ...O que é que você está olhando? – Pergunto com expressão seca. – Eu quero nossos equipamentos de volta. – Passo pelo lado dele olhando ao redor a procura do meu machado, não estava conseguindo conversar direito nessa situação, precisava primeiro ter todas as nossas coisas à vista. Embora eu estivesse agradecida pelo que fizeram por Kallian, mas não era momento para conversar. Pelo menos não até eu entender onde estavam nossas coisas e principalmente onde NÓS estamos.

– Acalme-se, você está a dois dias desacordada. – Fechava a porta lentamente, puxando-a pelo braço e colocando contra a parede – Só não faça minhas escolhas serem um fardo, você é muito valiosa para querer perder a vida em qualquer combate direto... – Soltava seu braço – O que você estava pensando, enfrentar uma Tiamat assim, só vocês duas? Quase morreram e aquilo era um bebê na hierarquia das Tiamat.

– Me solta ou eu vou arrancar seu braço e enfiar no meio do seu... Espera, o que é Tiamat? – Encaro-o séria, porém interessada na conversa. – E como assim, valiosa? Você mal me conhece. Não se ganha dinheiro do céu, eu tinha que trabalhar de algum jeito, mesmo que depois de tudo que passamos, 200 moedas não são nada. Argh! – Viro o rosto, irritada.

– Você acha que uma cidade pró-humana vai lhe dar uma missão... simples? Uma missão que eles não poderiam fazer por conta própria? – Olhava para a janela, o sol estava lá, porém no horizonte, escondendo de sua missão, iluminar o dia – Tiamat, a aranha que vocês enfrentaram, a aranha cujo veneno corre por sua veia e o veneno que quase matou sua namorada. Pense bem Andy, você não está sozinha neste mundo, – Parava, como estivesse pensando em algo, e logo voltava – Vê isso – Segurava sua mão, mostrando seu sinal – Sabe o que é isso?

– " Namorada? " – Penso um tanto confusa, só essa palavra estava ecoando na minha mente até ele segurar minha mão e mostrar o sinal, que nunca parei de fato para olhar com atenção. – Qual é o problema? As Neshigas têm isso quando nascem, não é? – Pergunto com expressão indiferente.

– Que seja, sua companheira... – Soltava sua mão – Somente uma pura possui este sinal. Acredito que você tenha uma vida um tanto conturbada... como não teria, olhe o que você está fazendo... caçando aranhas que lhe podem matar com um único arranhão... Andy, se você morre, perderemos sua linhagem... para sempre.

– Não sei do que você está falando, cara. Lutar é o que eu faço, e se eu for morrer assim, que seja. – Cruzo os braços. – E também, não entendo o que quer dizer com isso de linhagem, eu não conheci minha mãe e andei procurando minha origem, mas ainda não entendi muita coisa. – Desvio o olhar por alguns segundos e mantenho silêncio, fechando-me em meus próprios pensamentos.

– Não é questão de estar no seu sangue, olhe para aquela garota! Ela também morreria feliz se este fosse o caso – Apontava para Kallian – Ela é uma neshiga igual a ti, está no sangue lutar, matar, morrer por isso... ainda assim você acha que é o certo? Sua mãe? Deve estar morta, como a qualquer ser vivo que pretende ter uma vida cheia de emoção.

– Fala sério... não acha que é meia tarde demais para tentar me convencer a viver de um jeito diferente? – Levanto a cabeça, encarando-o profundamente. Apesar de não ver seu rosto, mantenho o olhar fixo nas fendas de seu elmo. – Como sabe tanto sobre mim? O que sabe sobre as minhas origens?

– Fim de papo. – Caminha até a escada – Acorde ela, sua armadura está no outro quarto, detrás de uma porta falsa... pense bem Andy... as vezes não temos tempo para escolher... as vezes – Se afastava – só devemos perdoar, afinal é isso que família faz. – E some.

– Como é que é? – Cerro os dentes com ódio e avanço na direção dele, então o vejo sumir e soco a parede mais próxima. – Maldito filho da puta! – Então saio andando a passos pesados bufando até encontrar meus equipamentos onde ele dissera que estavam. Visto minha armadura e pego meu machado colocando nas costas, carrego o resto das coisas para dentro do quarto onde Kallian está e deixo tudo no canto, em seguida começo a caminhar de um lado para o outro, resmungando.

Levara cerca de duas horas que observava Kallian respirar com pouco de dificuldade. Ela acordara, tendo algumas partes do corpo doloridas como se levassem uma violenta pancada..., mas era isso, tinha levado.

Ela a observava, e a Haru, estava dormindo. Neste momento a noite já chegou e o sol já não mais brilha lá do céu.

– É... Bem, eu sei que... não há nada para ver aqui – Cobria o corpo com um tecido que estava na cama – Mas não me sinto confortável com você aí, me olhando assim... – Tentava procurar qualquer coisa para tirar sua vermelhidão, era isso? Não saberíamos distinguir uma Neshiga em seu estado de vergonha – O que aconteceu? A última coisa que me lembro é correr para Haru... E ela está aqui, você está aqui, e eu? Neste quarto...

– É, mas não se acostuma... teremos que partir em breve. – Falo com um ar ainda irritado, mas ao perceber meu tom de voz, respiro fundo e me aproximo dela sentando na beirada da cama. – Eu não acredito que você está bem, pensei que... – Abaixo a cabeça e cerro os punhos com força, inclinando o corpo para frente. – – Nunca mais faça isso, nunca mais me deixe preocupada assim de novo, entendeu? – Viro o rosto para ela, parte da minha franja escorrega para o lado e minha expressão é séria, mas não violenta como de costume. Aproximo a minha mão da dela e seguro firme. – Eu vou tentar não nos colocar em tanto perigo assim de novo. Podemos não ter a mesma sorte da próxima vez e não quero imaginar isso. – Olho fixamente para ela olhando com cuidado cada centímetro do seu rosto, lembrando de que se eu não tivesse por perto ela poderia estar morta agora, não só morta, mas totalmente desfigurada... sem falar no que aconteceu depois, vê-la com essa expressão confusa é com certeza muito melhor do que como estava antes.

– O que aconteceu? Acha que algumas aranhas iriam me matar? – Colocava a mão em sua testa, empurrando a de leve com um toque e logo colocando o dedo sobre seu nariz – O que houve com a terrível Andy? Está amolecendo o coração? Hi hi – Dava um leve sorriso, puxando o tecido como vestido para si – Está bem, deixa eu me arrumar e continuemos, acredito que temos uma recompensa para pegar...

– Argh... do que está falando? Eu não estou amolecendo e você não viu o que eu vi. – Balanço a cabeça e levanto rapidamente. – "Idiota... Parece que ela está mesmo bem" – Dou um pequeno sorriso. – Vamos, se veste logo. Eu vou esperar aqui na porta, mas não sei para quê tanta preocupação... naquele dia que você foi toda alegre nadar eu não te vi com vergonha de nada. – Dou de ombros e cruzo os braços de costas para ela.

– Você estava me vendo? Como assim! Ah! – Empurrava você para fora do quarto sem dizer mais nada.

Levou alguns minutos e a porta abrira, Kallian estava com seu tipico traje arcano, preparada para partir. Agora só faltava acordar Haru. Kuro estava deitada ao seu lado.

Jogo os cabelos para trás, tirando a franja do rosto e olho para Kallian que parece estar pronta. Em seguida vou até a cama onde Haru está e pego-a nos braços, junto com Kuro. Decido deixá-la dormindo enquanto podíamos. Saio andando dali até a saída procurando por Malfhenir. – Acha que nós eliminamos todas as aranhas que estavam lá? – Pergunto a Kallian, enquanto continuo a caminhar para fora dali.

– Todas? Duvido muito... mas se o que enfrentamos era realmente uma Tiamat, acredito que ao enfrentá-la todas suas crias devem ter entrado em um estado de transe... uma estase que significará uma única coisa, a morte delas... quanto foi a recompensa para tratar das aranhas Andy? Tiamats são criaturas mortais...

– 200 moedas. Me disseram que seria algo simples... – Olho para ela com o canto do olho. – – Eu sei o que está pensando. Eu sou uma idiota.

– Que bom que você sabe, pelo menos é minha idiota... bem, a rainha está morta, vamos pegar nossa recompensa.

– Errm... Eu... Okay. – Falo um tanto sem reação pelo que ela disse.

Você, Kallian e Haru descem as escadas, o lugar é realmente agradável aqui, apesar de um pouco silencioso e solitário. Um homem se aproxima. Era o maldito Norak. Ele olhava dos pés à cabeça, para as duas e a criança em suas costas. O atendente estava preocupado demais discutindo com um velho briguento.

– Aí está você, não dá uma sina e tu já está trepando com sua colega não é mesmo? – Era Norak, sem dúvidas – Porque animais não sabem o seu lugar? Merda! Não sei o que Joshua quer com você para ser tão importante aguardar sua presença... vá para o Centro de Iruno, ele está lá... E vê se tira esses sorrisos do rosto – Saía do local.

– Mas o que foi isso? Kallian Herseker se perguntava.

– Tsc – Vejo ele se afastar e cerro meus punhos então lembro do que ele disse. – Vamos ao Centro de Iruno então. – Suspiro e me preparo para irmos tentando ignorar o que aquele idiota disse. Sério, estou me arrependendo muito de não ter deixado ele morrer, mas faz parte. O mestre devia ter razão, ele quase sempre tinha.

Vocês caminham até a taverna de antes. O caminho era diferente do tradicional feito de terra e cascalho, aqui havia um tipo de piso feito com granizo e mármore, certamente pelos homens. Kallian observava com alegria o local, como ela dizia: "Uma cidade pró humana, e nós andando aqui, que maravilha".

As pessoas a encaravam, não queria se importar, mas pudera ver uma mãe esconder o filho ao passar próximo. A taverna estava lá, dois dias, não é? Parecia ontem. Tudo parecia igual. Você entra no local e lá está o taverneiro, surpreso ele pergunta:

– Quê? Como, eh... vocês.... Eu pensava que... Hã? – Com uma parada, – Como vocês estão?

– Vivas. – Me inclino no balcão – Dá logo a droga das moedas.

– Que moedas?

– Escuta... se eu fosse você, economizava nas brincadeiras. – Olho para ele de modo ameaçador. – Eu fiz o trabalho e quero o pagamento. Agora.

– Ah? Está falando da aranha? Já pegaram a recompensa. Não tenho nada aqui.

– COMO É?! – Seguro o colarinho do taverneiro e aproximo de mim – Quem foi esse maldito?! – Exclamo com ar de irritação, não era exatamente por causa do dinheiro e sim pelo perigo que corremos para fazer tudo aquilo e no final algum impostor aparecer e tomar o que ele não havia conquistado.

– Calme mulher... Oxi, não iria fazer nada para te atrapalhar minha gata! – Tentando-se soltar – Um tal de Titanus, Titanium, algo assim... Ele trouxe o tal símbolo que os fazendeiros queriam e pegou as moedas.

– Que merda, merda! Merda! – Dou um soco na parede ao lado, empurrando o taverneiro com a outra mão. – ... – Procuro me acalmar, respirando fundo. Mas por mais que tente, é cada vez mais difícil me manter sob controle. – ...vamos embora. – Viro e saio dali indo até Malfhenir, com uma expressão assustadora, me dirijo até o Centro de Iruno.

Você chega ao Centro de Iruno. O local é aparentemente tranquilo e não há pessoas para lhe encarar. No centro, literalmente, do local havia uma torre sobre um pequeno lago. Os guardas que restaram da confusão de dias atrás estavam lá, ao te verem, entraram na torre. Joshua estava no lado de fora, lhe aguardando.

Caminho até ele com a mesma expressão de antes, aceno e olho para o lado. – E então? Estou aqui, o que queria falar comigo? Joshua responde:

– Aí está você... O que houve? Dois dias sem sinal de você... não importa, olhe, o oráculo está preparado para nos dizer para onde devemos prosseguir... – Caminhava para dentro da torre.

Sigo-o em silêncio, olhando para os lados e então para frente.

A torre era peculiar, entortava-se na ponta como estivesse caindo e quando mais próximo chegava, mais esquisita ela estava. Entrava pela única porta: Lá dentro uma pequena sala repleta de livros e uma mesa ao centro com mais livros. Kallian sentira como em um ambiente familiar, os guardas estavam lá dentro esperando para a informação. Joshua a guiava até o andar de cima.

Passara por Norak que virava o rosto.

Você subira as escadas em caracol até o segundo andar, este revelou-se incrivelmente alto. Tudo aqui era gigantesco, um corredor pequeno dava acesso a uma porta gigantesca. Joshua diz:

– Só você pode entrar Andy, deixe a garota com sua colega.

– Por que ninguém lembra meu nome?

– Tudo bem. – Aceno para Kallian e Haru, então me viro indo na direção do corredor. Não sabia o motivo delas não poder virem mas acredito que ficarão bem.

A porta se abre e revela uma sala totalmente branca com uma pequena região no centro bem longe da porta. Tinha uma cadeira e uma pequena bancada com uma esfera azulada. Na outra cadeira uma humana, velha, gorda, baixa. Fumava um tipo de cachimbo especial enquanto acenava para você se aproximar.

– Olá Andy, lhe preocupa o futuro, ou o passado?

"O que... Eu não ia falar com ela sobre os soldados?" – Penso comigo mesma, um tanto confusa. Cruzo os braços e amenizo minha expressão carrancuda ao me deparar com essa oportunidade. – ...O passado. – Respondo depois de uma pequena pausa, não por que estava em dúvida, mas por que escolhia as palavras que iria usar, no final não consegui pensar em nada além dessa palavra.

– Oh o passado, as vezes as lembranças são águas negras que escondem um mal, mas... não importa quão negra seja esta água, ela ainda tem seu objetivo. Você tem ideia do motivo disso tudo... raptarem a princesa e tudo mais? – Com uma pausa, continuava – Andy, as vezes a verdade nos irá mudar, as vezes ela vai nos machucar, outras será o único motivo para fazer o certo...

Lembro então o porquê de estar ali. Eu não poderia colocar meu objetivo pessoal à frente da minha missão, balanço a cabeça tentando tirar esse pensamento de mim e volto minha atenção para o oráculo. – Não entendo o que quer dizer, com todas essas metáforas. – Passo a mão no rosto e prossigo – É claro que eu não faço a mínima ideia do porquê de terem levado a princesa e é por isso que vim aqui. Eu busco informações sobre o paradeiro dela, ou qualquer pista que possa me levar até ele. – Tento parecer a mais séria possível, apesar de uma parte de mim desejar na verdade saber minha origem verdadeira, mas tento esconder isso.

– Realmente você não sabe porque levaram a princesa? Certo... mas vou te ajudar a descobrir, vamos ver o que seu futuro me revela – Pegava a esfera mágica – Preciso disso para clarear as coisas, se não serão apenas mais imagens avulsas como qualquer outro devaneio que temos. Depois de olhar a esfera por alguns instantes, continuou:

– Você deve ter tido um sonho confuso que não saberia dizer, você estava sobre uma casa em fogo e salvava uma garota, sabe o que isso significa?

– Sim, claro... foi quando conheci Haru. – Afirmo, coçando o braço esquerdo.

– Certo e errado.

– Errado? O que quer dizer com isso? – Faço uma careta, eu sei do que falei... então por que está certo e errado?

– Nesse sonho você não via Haru, mas a si mesma. As Neshigas são criaturas magníficas, minha cara Andy, um de seus legados e a marca que levam consigo, fisicamente quanto mentalmente. Memórias são ligadas a objetos como este colar que você usa, memórias são passadas pelos seus genes, pelas próprias lembranças de outras. Pode parecer confuso, mas é assim que se faz, você terá sonhos estranhos que não são teus, ou são, mas modificados com lembranças de seu passado. O sonho em questão – Com uma pausa, continuou – Não era sobre Haru, era sobre você.

– C-Como assim?! Mas eu... como seria sobre mim se não lembro de ter passado por algo parecido? – Levo as mãos à cabeça e caminho de um lado para o outro, tentando puxar da memória algo que me fizesse concordar com ela

– Você era pequena e o sonho misturou-se com o resgate de Haru, a criança que você protege. A pessoa que lhe ajudara, que permitirá estar viva era sua mãe Andy... Ela sacrificou-se para manter-te viva. – Olhava para a esfera com um aspecto nublado – Seu mestre alguma vez mencionou onde ele te achara?

– Você não é um oráculo? Achei que saberia essa resposta. – Debocho, olhando para o outro lado, pensativa. – "Minha mãe..." – penso. Ela morreu por mim... ah, droga. Ao tentar imaginar isso, não consigo segurar as lágrimas que começam a surgir embaçando minha visão. – Eu entendi, ok? Entendi.

– Não vejo tudo, não sou o Criador, vejo apenas pequenos fragmentos por isso preciso de coisas que me ajudem a entender as coisas Andy, mas como eu disse... passado é passado, não sendo seu presente, você pode querer acreditar ou não.

– Sua amiga é tão misteriosa quanto a criação do mundo, não é mesmo? Uma neshiga maga, sem dúvida é uma coisa rara, especial... – Olhava para a porta, agora fechada – Ela já lhe contou o que fez?

– Não. – Coço a nuca e continuo andando de um lado para o outro. – Qual é o problema? – Pergunto sem olhar diretamente para ela.

– Depende do que você faz... Porém, o que é para ti a morte? Um espaço vazio sem nada, ou teremos algo além da vida, reencarnação ou algo do tipo? Kallian também é órfã assim como você, seu poder nunca pode ser controlado... A única de sua espécie que pode utilizar Magia... – Ela mostrou a esfera – Toque, e você verá, em imagens, a explicação que precisa.

Me aproximo da esfera e lentamente estendo meu braço até tocá-la, com uma expressão séria.

Você estava em um quarto, Kallian, ainda pequena, chorando sobre dois corpos mortos no chão. Era de seus pais... ao menos, aqueles que a adotaram, suas mãos tinham sangue, vermelho, viscoso, seu rosto também. Metade do quarto estava carbonizado, metade do quarto não existia. Ela chorava muito, tentava enxugar as lágrimas.

Alguns segundos entram pela porta homens, empurrando-a, batendo nela com varetas e murros, gritando que ela era monstro, um monstro sem alma. A puxaram para fora pelo rabo, gritara muito.

Arrastaram-na para o pátio do vilarejo e removeram os vestidos humanos que trajava, estava nua somente aos pelos, amarraram-na sobre uma tora em forma de cruz e a deixaram ali. O tempo passara rápido, podia ver o vai e vem de pessoas e crianças humanas que a xingavam e a cuspiam, até que chegara um velho barbudo, tinha uma roupa engraçada. Ele a retirava da tora e lhe cobria com um véu, era o Mestre de Kallian, levando ela para Torre dos Magos.

Você volta para sala com a oráculo com um piscar de olhos.

Me sinto atordoada com todas aquelas imagens repentinas, então foi isso o que aconteceu com ela... decido guardar isso só para mim, mas fico pensando; como que uma garota que teve um passado como esse consegue parecer tão feliz? Minha expressão distante e pensativa permanece por alguns segundos até que volto para a realidade completamente. – ...eu não esperava por isso. – Falo em voz baixa.

– Sabe porque as Neshigas chegaram em Arkana? Não fora para conquistar as terras desse mundo, era demasiado perigoso pensar nisso naquela época..., mas o fato de não terem conseguido conquistar estas terras, muitas deixaram de viver. Sabe algo sobre isso?

– Acho que... elas vieram para Arkana para escapar de algo ruim que estava acontecendo onde moravam, não sei ao certo, mas foi o que entendi ao usar... isso. – Aponto para o colar.

– Esse colar... que engraçado você tê-la consigo – Segurava a borda do colar e a deixava – Kallian gostaria de ver sua mãe, a primeira de sua origem... Como ela se chamava? Kira eu acho... – Voltava a falar depois de uma pausa – O mundo das Neshigas estava morrendo, a evolução delas era seu maior problema. Seus povos são guerreiros por natureza, porém quando as mais célebres neshigas resolveram avançar através do conhecimento e não da força, houve uma significativa melhora nos primeiros anos, porém esta melhora logo se tornou sua maldição. O índice de novas neshigas pela facilidade de viver fez que a terra de suas ancestrais ficasse cada vez mais incapaz de manter a vida... quando se planta demasiada semente em uma mesma terra, não importa a quão boa seja sua natureza, ela irá matar a terra.

Mesmo não sendo muito boa em entender metáforas, eu não posso negar que essa eu entendi. – Está me dizendo então que faltava espaço. – Volto a caminhar de um lado ao outro, pensativa.

Paro e viro para ela, então a encaro com certa curiosidade. – Ei, já que você está vendo nessa sua bola de cristal, o que sabe sobre a linhagem da minha família e sua origem...? – Pergunto sem tirar os olhos da bola, ansiosa para saber algo a respeito da minha mãe ou antes dela... algo que me desse uma pista mais concreta das minhas origens, pois depois do que aquele idiota de armadura negra havia dito a mim, eu precisava saber e sentia que estava perto demais.

– Claro, ao seu risco, segure a esfera.

Me aproximo novamente com certo receio, essas coisas imprevisíveis de magia ou sei-lá-o-quê, nunca foram meu forte e isso não era segredo. Toco a esfera.

A imagem revela a localização de sua mãe:

Estava ela com duas crianças, uma de colo outra um pouco mais velha, uma idêntica a ela estava discutindo: "Você não pode fazer isso, eles vão lhe encontrar, eles vão encontrá-las, é isso que você quer? Teremos que voltar, por favor Silver, por favor, faça isso por mim, não fique aqui, volte comigo!"

Sua mãe recusava, virava-se para sua companheira com lágrimas nos olhos. Estava chovendo muito, o cais estava com ondas violentas e trovoes e relâmpagos podiam ser vistos e escutados o tempo todo. Silveryer era ela, Silvermoon sua companheira.

A última coisa que vira era uma despedida entre a névoa que se formara e logo o vulto que transformava ao perder na tempestade...

Sua mãe deixava sua irmã com um homem de armadura negra, não podia ver seu rosto com a tempestade, ele possuía um cavalo negro como a escuridão e assim que a criança montava no animal, disparava em grande velocidade para além do horizonte. Sua mãe entrou em uma carruagem e logo partiu para a cidade. Na carruagem ela falava para ti, ainda bem jovem:

"Amatsune ficaria orgulhosa de vocês pequenas, esta é uma chance que não irei jogar fora... Quem dera ela estivesse aqui conosco e dessa nossa força... Oh, não chore minha pequena, tudo ficará bem... Tudo ficará"

Você volta para a sala.

Ao voltar, noto que há lágrimas nos meus olhos e escorrem pela minha face. Como um soco no estômago essas memórias são jogadas contra mim. Passo as gostas das mãos sobre o rosto a fim de secar minhas lágrimas então olho para a mulher em silêncio. – ... – Aceno para ela sem nada a comentar.

– Algumas pessoas querem se redimir no último momento mesmo que toda sua vida suas ações foram tomadas contra o mundo. Você deve ter encontrado alguém assim, sem dúvidas... Um elfo negro, um bom exemplo.

Após alguns segundos 'fora do ar', escuto o que ela diz e pigarreio tentando me recompor. – Elfo negro... Como o cara da moeda? Sim, eu lembro dele... Mas o que quer dizer com isso de redimir?

– Você já deve ter escutado o Culto sobre O Único,... Claro que sim, quase morreu pelo Boro Boro, não é? Faeh'yeh era um Arquimago, o mais forte de seu clã, um Arkarin. Sua capacidade mágica o permitiu viajar pelas dimensões do plano físico, a cada viagem ele conseguia um poder especial que o fazia mais ambicioso. Quando ele chegou no limite de nossa realidade ele encontrou uma criatura cujo nome não consigo pronunciar. Ele ajudou essa criatura a arranjar um caminho para vir para nosso mundo e quando percebeu que o que ele tinha feito era tarde. Matou todo seu clã, pois eles eram capazes de trazer esta criatura, e suas mãos foram sujas por sangue de seus amigos e de sua família – Ela respirou, estava um momento pensando no que iria falar – Ainda que esta chacina fosse, de todo fato, culpa dele, ele conseguiu atrasar a vinda da criatura... até que a Princesa de Arglësia nasceu.

– Então isso está relacionado ao nascimento da princesa..., mas então vamos ao assunto das moedas, por que ele ficava oferecendo por aí? Eu mesma passei várias vezes por esse cara e ele sempre colocou a moeda bem na minha cara, até que eu não aguentei mais essa palhaçada e peguei. Isso faz parte do plano de redenção dele ou algo assim? – Pergunto cruzando os braços com um olhar desconfiado.

Oráculo diz:

– Ah, a moeda... Faeh'hey é capaz de adicionar encantamentos a objetos, um de seus encantamentos famosos são as moedas de hórus, elas são capazes de viajar entre as dimensões assim como ele consegue fazer, mas só funciona quando ele está próximo.

– Ah, sim... entendi. Você pode me falar da princesa agora?

– Era para isso que você veio, sem dúvidas, é para isso que todos precisamos de você Andy. Agora você deve estar se perguntando o que você tem a ver com isso, o que tudo isso tem a ver.

– E você ainda diz que não sabe tudo... – Dou um pequeno sorriso. – Está certa, é isso mesmo que eu estou me perguntando. Não precisa economizar nas palavras, me explique tudo que eu devo saber. – Completo com um semblante concentrado.

– Tudo começa com Faeh'hey, sem dúvida, ele permitiu que esta criatura nos visse em primeiro lugar... sua ambição por poder, mas não fora Faeh'hey que criara o método para vinda do monstro. Temo que não posso dizer quem é, pois, uma barreira me impede, mas acredito que não irá demorar para você descobrir.

Arkarins são a fonte para viagem entre as dimensões e além dos limites: o Vazio. Quando o elfo matou todo seu grupo ele não sabia da existência de outros Arkarins. Me diga Andy, como é estar em mundo paralelo? Sua ancestral, Amatsune, não era maga, assim como você, mas em seu sangue corria os poderes de um Arkarin. Toda sua linhagem, porém, diferente de Faeh'hey, você não é capaz de ter ligação com o monstro...

 A princesa de Arglësia, Vince, ela nascera com esse dom, tão raro que nós, médiuns, consideramos com um verdadeiro milagre. Sua companheira, Kallian, é de uma linhagem única, igual a tua, só que ela é um Endoro, alguém capaz de abrir um portal pelas dimensões, como ela fez ao lhe ajudar a vencer Boro Boro na sala das bonecas.

Silvereye e Silvermon eram irmãs gêmeas; Saori possuía uma filha, Kira, e Kira a Kalleb. Durante a segunda era, no Império dos Magos, os grandes Magos de sangue encontraram relatos sobre o Único, monstro de Faeh'hey. Por causa do tratado com as neshigas, Kalleb ajudou o império a expandir seus conhecimentos mágicos com a ajuda de outros magos, elficos e outros. Kalleb sabia da capacidade de sua linhagem e sugeriu que as filhas de sua mãe – você e sua irmã – fossem utilizadas para criar o portal para contato com o Único.

Kalleb era filha única, quando Yamatsu teve irmãs gêmeas, o juramento que elas fizeram da infância ficou desnecessário, o líder do Império descobriu isso de alguma forma e convenceu Kalleb que o sacrifício de uma das irmãs era necessário.

A Princesa é o catalizador que eles precisam, mas ainda falta um Endoro para finalizar o ritual... existem pelo menos três Endoros em Arkana, tirando Kallian, que eles podem utilizar, e mais dois Arkarin, tirando você e a princesa... Andy, apesar de eu ter jurado não revelar fatos que possam estar ligados à nossa própria existência, tenho que lhe dizer, estamos correndo perigo. Eu vi aos guardas a imagem que estava na cabeça deles... eles estão indo atrás do primeiro Endoro.

– Então eu preciso da lista de Endoros, não podemos deixar que consigam um..., mas também poderia ser essa a chave pra encontrar a princesa. – Coço minha orelha, inquieta. De tanto andar de um lado para o outro, me surpreendo de não ter cavado um buraco no chão. – Existe alguma pista de onde esses dois possam estar?

– Sim... Kalleb, ela ainda vive. É a primeira da lista deles... nas almas dos guardas que protegiam a princesa eu pude ver a localização dela. Ela está em algum lugar da cidade de Moltar, uma pequena ilha no Sudeste de Arkana.

– Kalleb... Então tudo bem. Eu agradeço pelas informações, serão muito úteis. – Curvo a cabeça para frente e a olho séria. – Mais alguma coisa que eu deva saber?

– Você não estará sozinha Andy, e claro, você irá precisar de ajuda... não por nós, mas pelas pessoas que você ama... lembre-se, você e Kallian também são alvo que eles procuram.

– Sim, eu sei. Aprendi uma lição importante na minha última batalha e eu vi que não posso ficar nos colocando em risco desse jeito, mas essa cidade não é boa para nós. Eu queria... fazer mais uma pergunta antes de ir. – Passo a mão na nuca, não gostava de estar nessa situação, mas não o faria se não fosse preciso. – Nós viemos tendo problemas em arranjar trabalho, sei que é importante fazer a missão mas precisamos muito de recursos, só que não deu muito certo na última vez que tentei, então você poderia p-por fa...vor. Dizer se há algum lugar próximo onde podemos encontrar algo? Não quero partir sem nenhum mantimento, não sabemos o que vamos encontrar pela frente. – Termino de falar em um tom de voz que deixava claro que eu havia aprendido minha lição da última vez e não queria repetir o mesmo erro e passar a fazer planejamentos, por mínimos que sejam.

– Hahah, é, as vezes devemos estar preparadas... Bem, Iruno não é um bom lugar para acumular riquezas, nossos próprios comerciantes trabalham entre si para se manter... sua missão está sendo muito discreta, ainda que importante. Mas enquanto encontramos provas para fazer com que o Reino de Arkana a ajude, investindo em nossa própria salvação, você deve... se manter. Na Floresta de Ferro você poderá encontrar vários materiais que lhe valerão uma boa quantidade de ouro. Como não posso te ajudar diretamente... vou dar uma dica, procure as três árvores gêmeas, para o sul desta posição você encontrará as rochas.

– Valeu pela ajuda, eu vou tentar fazer isso. – Viro e caminho até a saída, parando um pouco antes de sair. – Eu irei dar o máximo de mim nisso. Você tem minha palavra. – Então continuo meu trajeto até o lado de fora onde teria deixado Kallian e Haru. A sensação é de como estivesse saindo de uma dimensão diferente e voltando para o mundo real, mas cada palavra dita por aquela mulher, ficou gravada na minha mente, e eu sabia que ainda teria muito o que refletir sobre elas.

– E aí? O que ela disse? Ela falou que iria falar somente contigo – Dizia Joshua ao ver a porta se fechar – Nós já temos nossa missão, vamos levar os guardas para Cidade Imperial. Lá eles ficarão seguros enquanto nossos magos analisam suas loucuras...

– Você parece diferente Andy, aconteceu algo lá, não é? Dizia Kallian ao vê-la.

– ...Sim. Nós falamos sobre isso depois. – Vou até Joshua e o encaro. – Não é loucura. Tem algo muito sério que está acontecendo, mas eu não pretendo contar detalhes sobre isso agora. Só saiba que as coisas estão complicadas, mas que a situação ainda não está perdida. – Olho para Haru e afago sua cabeça, então volto a olhar para ele. – Precisa de mais alguma coisa? Por que nós estamos indo. Joshua continuou:

– Não, se ela disse tudo que você precisa saber, é isso... Sabe Andy, você ficou dois dias sumida, mas a oráculo nos disse onde te encontrar... bem, nós temos nossa missão, você a sua. Parece que temos uma princesa para resgatar...

– Sim, temos. Não duvido de que nossos caminhos irão se cruzar de novo, eu gostaria de saber o que vão descobrir com os soldados, mas não podemos ir com vocês. – Então aceno para o homem e viro para Kallian. – Vamos. – Saio andando em direção a saída e a procura de Malfhenir. – O que acham de fazermos uma visita a floresta de ferro? Mas antes vamos ver se podemos comprar ou vender alguma coisa no alquimista.

Segue você até a loja – O que aconteceu lá Andy, para onde vamos ir?

– Não se preocupe, teremos tempo para conversar. – Olho para ela com uma expressão séria e depois para Haru, como que avisando que não queria ter essa conversa com ela escutando. Quando ela dormisse, eu estaria disposta a falar, e também tinha o fato de que eu ainda estava arrumando todas as informações na minha mente.

Kallian não falara nada, apenas tinha confirmado com a cabeça. Estava preparada para segui-la quando Haru soltou-se de sua mão e caminhou para próximo de ti, dando-lhe um abraço apertado: o famoso "Abraço de Urso". Não entendera o motivo, porém podia ver a pequena com seu rosto sobre a armadura com um sorriso de ponta-a-ponta.

Joshua por sua vez tomava a liderança para descer as escadas, tinha deixado claro, todos já sabiam o que tinham que fazer.

– O que foi? – Pergunto, ao sentir o abraço repentino de Haru. Olho para Kallian confusa, então seguro a mão da pequena e vou até Malfhenir, subo em seguida e puxo a maga ajudando-a a subir. – Vamos nos separar dos outros agora e seguir nossa própria viagem, ok? Nossa primeira parada será mais para Sul, na floresta de ferro. – Dou o comando para que Malfhenir vá e fico em silêncio.

– Floresta de Ferro? – Montava no corcel, olhava para trás à torre da Oráculo no centro de Iruno, respirava profundamente antes de continuar a questionar – O que vamos fazer na Floresta de Ferro? Sei que é uma região extremamente perigosa e não há frutas ou plantas comestíveis lá. Se formos para lá devemos ter certeza que teremos suprimentos suficientes para não precisar da sorte em algum estado crítico.

Dou de ombros e viro para ela. Olho no mapa com uma expressão pensativa. – Já que você parece conhecer a região melhor que eu, bem que podia me dizer uma boa rota, o que acha de irmos pelas Montanhas de Ferro até Valinnor e dali pegar a Floresta de Ferro? A oráculo disse que lá nós iríamos conseguir materiais para vender, ela não pode estar errada, não depois do que disse... – termino a última parte da frase virando para frente e em voz mais baixa, dizendo para mim mesma.

– De fato, não que eu tenha ido para lá ou me aventurado pela floresta. Mas, os encantadores-mestres e até mesmo alunos que disseram uma vez visitar estas florestas comentaram que ela é traiçoeira. As árvores são feitas de uma casca semelhante ao metal e não possuem folhas. Seus galhos em pequenos ramos criam um tipo de Copa artificial – Pausadamente, pensou no que ia falar, começara com algo que não saíra e logo, finalmente, comentou – A passagem mais rápida é cortando pela Floresta de Iruno até a Floresta de Ferro, mas esta é sem dúvida a mais perigosa... E Valinnor não passa de Ruínas, é uma cidade fantasma. Andy, acredito que a Floresta de Ferro exista materiais bons para se vender ou até mesmo para criação de armas e armaduras, porém lá é muito perigoso.

– Ótimo. – Respiro fundo e coloco a mão no rosto, irritada. – Nós precisamos ir até Moltar, você sabe de uma rota que seja menos perigosa, então?

– Moltar? Para que iríamos para lá? É uma ilhota venenosa. As plantas de lá comem uma as outras e possuem morcegos do tamanho de Malfhenir – Ela se arrepiava ao lembrar dos morcegos – Você já imaginou um morcego gigantesco nos atacando? Bem quem sou eu que não somente a Neshiga falante... – Dava um sorriso enquanto pegava o mapa para mostra-lhe o caminho mais seguro – Para Moltar, o caminho mais rápido é Montanha de Ferro-Lore, porém chegar até lá sem barco é impossivel e o barco deve ser resistente pois aos arredores do Horizonte, as águas possuem sérios problemas em se manterem calmas. Nín ou Runen possuem portos com barcos especiais que possam navegar por estas águas, ou ao menos é isso que diz no livro de geografia.

– Eu estou pensando... Espera. – Paro o cavalo e olho fixamente para o mapa a procura de algum lugar. – Já que você faz tanta questão de falar dos perigos que temos pela frente, acho melhor procurarmos por treinamento antes, minhas habilidades quase não foram suficientes da última vez. – Falo com um tom de voz rígido. – Vamos a Curcária, assim procuramos algum serviço que sirva para nos manter em movimento até melhorarmos um pouco, tudo bem?

– Depende muito do prazo que a Oráculo mencionou para ti Andy, sem dúvida se voltarmos para Curcária o caminho seria mais fácil. Poderíamos atravessar o Lago das Luzes Lunares e passar pela Montanha de Ferro e chegar até Lhuti. Uma vez escutei falar dela, uma cidade quase "anã" só que da superfície.

Aceno para ela e dou o comando a Malfhenir. – Não importa o prazo, tenho que mantê-las seguras, eu não vou cometer o mesmo erro de novo. – Falo de forma decidida aumentando a velocidade.

– Não podemos nos apegar ao passado Andy, estamos vivas e isso o que importa. – Olhava para Iruno ao se distanciar para cada galope que Malfhenir dava – Certamente teremos criaturas para eu explodir e que servirão como bom alvo para seu machado.


Notas Finais


Espero que gostem.


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