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História O Mundo de Aura - Aqueles que buscam o amuleto


Escrita por: YukiLopez

Notas do Autor


Adivinha quem chegou com capítulo novo?

Capítulo 3 - Aqueles que buscam o amuleto


Fanfic / Fanfiction O Mundo de Aura - Aqueles que buscam o amuleto


O final de semana chegara rápido e tranquilo. Hinata não despertara mais nenhum poder, todavia Sakura continuava cautelosa com ela. Graças ao feitiço de Haku ninguém se lembrava de nada além do bullying que Shion fizera contra a morena. Entretanto, apesar de não ter sofrido nenhuma penalidade, a loira teve seu namoro com Naruto acabado, pois ele detestara o que ela fez contra a Hyuuga. Os dois discutiram na frente de toda a escola, e depois de terminarem não mais se falaram. Porém, graças à isso, todos culpavam Hinata pelo ocorrido, e a morena sofria ainda mais provocações e humilhações, sem contar que Shion jurou que ia fazê-la pagar por isso.

Fazia um belo dia de sol, e Hinata acordara cedo para não se atrasar para a exposição, quase desistindo de ir devido não ter nenhuma roupa boa. Seu pai a ajudou dando-lhe de presente um delicado vestido rosa, de mangas e saia compridos com um bolsinho, e ela muito agradeceu por isso. Vestiu-se apressadamente, penteou os longos cabelos e foi ao encontro de Sakura, que a esperava defronte à loja de Haku, fechada aquele dia por que o moreno não se encontrava. Sakura vestia uma jardineira de saia acima dos joelhos e uma blusa branca.

— Gomenasai, deixei você esperando? – a Hyuuga perguntou assim que chegou perto da Haruno.

— Não, eu acabei de chegar também. Vamos indo?

— Claro – se puseram a andar.

— Adorei seu vestido, combinou bem com o seu amuleto – elogiou a rosada.

— Arigatou – agradeceu ela sorrindo com a mão na jóia.

A mansão dos Uzumaki se localizava no centro de Tóquio, e se destacava das demais casas por ter uma decoração de trepadeiras nos portões e em toda a extensão do lugar. As garotas ficaram maravilhadas com a casa, quem a decorou tinha uma verdadeira paixão pela natureza. Adentraram, e vislumbraram as pessoas que andavam pelo imenso jardim, algumas vestidas com roupas elegantes, outras não, elogiando a bela decoração. Hinata ficou um pouco envergonhada por estar no meio de tanta gente importante, mas Sakura a distraiu mostrando-lhe um exemplar raro de uma costela-de-adão, conhecida por ter folhas gigantes que lembravam costelas.

— Essa costela-de-adão é bem legal não é? – comentou a rosada avaliando cada detalhe da planta. – Parece que ainda não deu frutos.

— É porque ela ainda não está em época – explicou Hinata. – Geralmente quando é criada em jardins ou estufas dá frutos entre outubro e abril. Uma vez li que as flores tem um aroma perfumado e os frutos tem sabor de tutti-frutti.

— Vejo que vocês meninas tem grande conhecimento em botânica – disse uma voz feminina. Elas se viraram e viram uma bela mulher ruiva vindo em sua direção, elegantemente vestida de verde. Ficaram um pouco acanhadas, porém a mulher as tranquilizou com um sorriso, dizendo:

— Não se preocupem, a exposição é para todos. Sou Kushina Uzumaki, muito prazer – as cumprimentou com um aperto de mão. Hinata viu Sakura fazer uma expressão um pouco séria ao cumprimentá-la.

— Sou Sakura Haruno.

— E eu sou Hinata Hyuuga – a morena se apresentou timidamente.

- Encantada. São amigas de meu filho Naruto, suponho.

— Na realidade apenas colegas de classe – confessou a rosada meio sem graça.

— Entendo. Venham, tem outras espécies que quero que vejam – e a seguiram.

As meninas se surpreenderam com cada planta exótica e ornamental que a Sra.Uzumaki lhes mostrou. Hinata demonstrava bastante conhecimento em todas, dando opiniões, assim como Sakura, o que deixava a Sra.Uzumaki maravilhada com elas.

Hinata devia ter achado que estava bom demais para durar muito tempo.

Depois de algum tempo a Sra.Uzumaki foi atender outros convidados, e as garotas foram olhar agora as flores do jardim, também de variadas espécies. Foi quando viram Shion se aproximar com duas amigas.

— Não sabia que a Kushina-san estava dando esmola – disse ela com zombaria assim que se aproximou.

— Vem cá, você não tem outra pessoa pra amolar não? – reclamou Sakura já se irritando.

— Prefiro vocês duas, é mais divertido. E além do mais aqui não é lugar para gentinha do tipo de vocês.

— É só cair fora se está incomodada.

— São vocês duas quem tem que cair fora, basta só chamar a segurança.

— A segurança tem mais o que fazer do que dar ouvidos à você Shion – disse Naruto, que vendo a discussão veio até elas. – Ninguém vai expulsar ninguém da minha casa.

— Naruto meu amor, eu... – Shion adiantou-se para abraçá-lo, mas ele a repeliu.

— Não me venha com essa de me abraçar, eu não perdoei o que você fez a Hinata – disse com rispidez. – Enquanto não pedir desculpas à ela não ouse se aproximar de mim.

Ela recuou, ressentida por fora, mas por dentro furiosa. Hinata nada dizia, observava aquilo surpresa; Naruto era mais do que ela imaginava. O loiro a convidou junto com Sakura para verem outras espécies na estufa e conhecer o interior da casa, e as duas aceitaram o acompanhando, deixando Shion ainda mais frustrada e furiosa. Assim que eles se distanciaram, suas amigas chegaram perto.

— Nós ainda vamos fazer aquilo Shion-chan? – perguntou uma delas em voz baixa.

— Claro que sim – respondeu furiosa. – A Hyuuga vai pagar por tirar o Naruto de mim, vai pagar.

A manhã foi muito agradável. Cada convidado recebeu uma muda para plantar, além de saquinhos de sementes de flores no fim da exposição. Hinata ficou bastante encabulada quando Naruto se despediu dela com um beijo na bochecha, recebendo um sorriso de aprovação de Sakura e um olhar de ódio de Shion e suas amigas. Ninguém parecia perceber que as três carregavam sacolas estranhas, e pelo visto dentro delas havia algo terrível.


 

                                                                                           *****


 

Hinata estranhou os olhares furtivos que os alunos lhe lançavam no momento em que pisou na escola na segunda-feira. Não que ela não já estivesse acostumada, mas os olhares eram diferentes, como de raiva e nojo. Perguntava-se o que poderia estar acontecendo, e antes que chegasse ao seu armário, um professor veio direto ao seu encontro.

— Venha comigo até a diretoria senhorita Hyuuga – pediu ele breve e austero.

— Algum problema sensei? – indagou franzindo o cenho.

— Todos. Venha logo.

Ela o acompanhou apreensiva e confusa. O que será que estava acontecendo? Nunca havia sido chamada para a diretoria antes, e fosse o que fosse, esperava não ser nada de ruim. Chegando à sala da diretora, o professor bateu e ouviram uma voz feminina pedindo para entrar. No momento em que entrou a menina ficou surpresa com as pessoas que lá estavam além da diretora e do secretário: Naruto, a Sra.Uzumaki, Shion e Sakura. A rosada parecia nervosa e desesperada, a ruiva tinha uma expressão de censura na face, Naruto estava sério e Shion tinha um sorriso que não agradou a Hyuuga. Para eles estarem ali, a coisa devia ser séria.

— O que está acontecendo? – perguntou, olhando de um para o outro sem nada entender.

— E ainda tem a coragem de perguntar sua ladra nojenta? – disse Shion irritada.

— Ladra? Como assim? – ficava mais confusa a cada instante.

— Bem, vamos direto ao ponto – disse a diretora, uma mulher alta e gorducha. – A senhorita Shion aqui disse ter perdido uma pulseira valiosa e a Sra.Uzumaki várias jóias também de imenso valor. Não adivinha aonde elas estavam, senhorita Hyuuga? – ela perguntou cínica. Hinata negou com a cabeça e antes que ela dissesse, Sakura entrou no meio.

— Diretora, isso não tem cabimento, é um absurdo! Nós não temos nada a ver com isso!

— Quieta senhorita Haruno! – mandou ela ríspida e continuou. – Essas jóias se encontravam tanto no seu armário quanto no da senhorita Haruno aqui – Hinata arregalou os olhos. – Pode me dizer o por que de tudo isso?

— J-jóias n-n-no m-m-meu a-armário? Como assim diretora? Eu nunca roubei nada!

— Sua mentirosa! – Shion se levantou de onde estava sentada. – Não pense que essa sua cara de santa do pau oco vai convencer alguém aqui. As provas foram encontradas no seu armário nojento, você e a Haruno não vão escapar dessa!

Hinata não sabia o que dizer. Sakura também parecia sem chão, incapaz de encontrar algo ou alguém que as defendesse. Ela sentia suas mãos tremerem e sua respiração fraca.

— Diretora, eu garanto que Hinata e eu nunca roubamos nada de ninguém, nós nem sabíamos que essas jóias estavam em nossos armários e... – Sakura ainda tentou um último recurso, mas a diretora não quis nem saber.

— Não é preciso ser inteligente para saber que dois mais dois são quatro – ela falou com uma risadinha chata. – As senhoritas aproveitaram que ninguém as estava observando e roubaram as jóias com extrema cautela. Para o quê vocês as roubaram eu não sei, mas seja para o que fosse, vocês foram pegas em flagrante. E essa inflação não será tolerada aqui na escola.

— O que a senhora quer dizer? – Hinata perguntou temendo ouvir a resposta.

— Quero dizer que estou banindo as senhoritas permanentemente dessa escola, a partir de hoje vocês não estudam mais aqui.

— Nani?! A senhora não pode fazer isso, não fizemos nada! – Sakura se ergueu desesperada. – Onegai diretora, acredite em nós!

— Sem mais, nem meio mais – a mulher dispensou. – Até a tarde vocês receberão um documento comprovando que não mais estudam aqui. Sonoda-sensei vai acompanhá-las até seus armários para que recolham seus pertences.

Sakura baixou a cabeça desolada e Hinata virou o rosto já lavado em lágrimas. Não tiveram chance alguma para se defenderem corretamente, muito menos chance de serem escutadas. Foram todos para fora, e a Sra.Uzumaki, que até então não se manifestara, virou-se de frente para Hinata e falou:

— Eu não imaginava que alguém tão doce e tão amante da natureza fosse capaz de fazer algo tão sujo e indigno. Antes de olhar para a cabeça observe o coração, é um ditado muito verdadeiro.

— Uzumaki-sama... – Hinata tentou falar, mas ela dispensou.

— Onegai shimasu, não diga nada. Mesmo que fale qualquer coisa, não vai conseguir provar nada. – Suspirou pesadamente. – Sei que seu pai e seu irmão trabalham na fábrica da família e tem bons antecedentes, demo...

— Uzumaki-sama, não faça nada contra eles, onegai, eles não tem nada a ver com isso! – implorou a menina desesperada. – Onegai, eu lhe imploro!

— Sinto muito, mas não posso. Ninguém garante que eles não farão em minha fábrica o mesmo que você fez em minha casa – disse ela inflexível. A menina se sentiu destruída, chorando de cortar o coração. Sakura, também chorando, via Shion deveras satisfeita com o que estava acontecendo, e ficava com mais raiva. Tinha a mais absoluta certeza de que a loira estava por trás disso. Naruto nada dizia, evitava encarar as duas olhando para um ponto distante.

Vigiadas pelo professor elas recolheram tudo o que lhes pertencia dos armários e foram levadas para fora do colégio sob os olhares e vaias de todos os alunos, que também as xingavam de vários nomes. Já do lado de fora o porteiro trancou os portões com um sorriso de escárnio no rosto e Hinata caiu de joelhos chorando amargamente. Sakura estava possessa de raiva.

— Shion finalmente conseguiu – disse. – Era tudo o que ela queria, e ela conseguiu! Os Uzumaki são outros que também não prestam! Como se não bastasse todo o mal que eles fizeram!

— Do que está falando Sakura-chan?

— Um dia você vai saber Hinata – falou misteriosa. A Hyuuga baixou a cabeça inconsolável.

— Otou-san e Neji nii-san vão me odiar. Eu nunca roubei nada na minha vida, sempre vivi honestamente. O que vai ser de nós agora? O que vamos fazer?

— Nem eu mesma sei. Mas não podemos ficar paradas sem fazer nada.

Diante da lastimável situação a que se encontravam as duas não tinham escolha alguma. Então limparam as lágrimas e foram até a Bazaar Spices para falar com Haku e lhes pedir conselhos. O moreno as recebeu amavelmente e elas lhe contaram o que aconteceu. Ele se mostrou pensativo.

— Isso tem cara de armação, e é – disse ele. – Expulsar vocês duas sem lhes dar a chance de defenderem é uma coisa absurda. Quando foi que acharam as tais jóias?

— Hoje de manhã nos nossos armários – respondeu a rosada. – Shion deve ter colocado elas lá quando ninguém estava olhando.

— Provavelmente – concordou o moreno. – Mas o que pretendem fazer agora? Vão tentar se matricular em outra escola?

— Eu vou tentar – disse Hinata tristemente. – Não posso ficar sem estudar. Mas o que me preocupa agora é a reação da minha família quando souberem.

— Seja qual for, Haku-san e eu iremos te apoiar Hinata – Sakura pegou em sua mão. – Nós somos inocentes em meio a essa sujeirada toda.

Hinata agradeceu com um sorriso.

As duas foram para suas casas no começo da tarde. No meio do caminho a morena topou com Naruto, e não escondeu seu nervosismo. Contudo, precisava falar com ele, dizer o que sentia e tentar convencê-lo de sua inocência. Dirigiu-se à ele sem hesitar.

— Naruto-kun – chamou-o e ele se voltou para ver quem era. Fechou a cara no mesmo instante.

— O que você quer Hyuuga? Não basta o que você fez?

— Naruto-kun, me deixa explicar...

— Não, eu não quero ouvir nada vindo de você. Te recebi em minha casa e você pagou roubando a minha mãe? O que te levou a isso? – perguntou decepcionado.

— Eu não roubei sua mãe Naruto-kun, nem eu e nem a Sakura-chan, você não pode acreditar nessa mentira – ela disse altiva, mas ele não quis nem saber.

— E o que vai dizer então? Que as jóias da minha mãe não estavam no seu armário nem no da Haruno? Vocês duas são falsas, uma dupla de ladras.

— E com toda a razão – Shion veio até eles e parou em frente a Hinata. – Vou ser obrigada a chamar a polícia se não parar de ficar perturbando Hyuuga.

— Não estou perturbando ninguém, e não precisa chamar a polícia por pouca coisa – retorquiu. A loira sorriu debochada.

— Olha, a santinha sabe ser o diabo quando quer. Eu sempre soube que você tinha inveja de mim Hyuuga, você e aquela chiclete mascado. Sempre tive tudo, e vocês nada por que fracassados iguais à vocês não merecem. Sempre vão ser mortos de fome.

— Eu não sou morta de fome! – disse ela tentando conter as lágrimas. Shion sorriu.

— Você não engana ninguém Hyuuga. Seu pai mal consegue sustentar sua família, imagine agora que a Kushina-san vai demiti-los da fábrica. Achava que nossas jóias iriam tirar sua família da miséria? Que elas iriam te fazer comprar roupas de alta qualidade iguais às minhas? – balançou a cabeça. – Tcs, tcs, como você é imbecil. Você devia desaparecer daqui, ir se juntar com o resto da ralé em um lugar digno de vocês, a sargeta. Você nunca vai ser ninguém, sempre vai ser uma fracassada, perdedora, e agora ladra. Some garota, desaparece, volta pro barraco sujo de onde você saiu! – deu-lhe um empurrão ao dizer isso. – Lá é o seu lugar!

Hinata derramava copiosas lágrimas massageando os ombros. Fitou Naruto, que se afastou e disse:

— Você não tem nada a fazer aqui Hyuuga. Volte para a sua casa, e não me dirija mais a palavra, finja que não nos conhecemos. Uma pessoa como eu não pode ser vista com alguém como você.

— Alguém... como eu?

Hinata baixou a cabeça deixando as lágrimas escorrerem abundantemente pelo belo rosto. Sentia seu coração se partir em mil pedaços, e para colá-los de volta... Sem nada dizer, passou por eles correndo alucinada, só parando quando chegou em casa. Lá, jogou-se em sua cama e desatou a chorar e chorar. Nunca imaginou que um dia se machucaria tanto, seria tão humilhada, tratada feito lixo. As cruéis palavras de Naruto ainda ecoavam em sua mente, e depois de um longo tempo refletindo chegou a conclusão de que ele era igual a todos os ricos daquela escola: um esnobe, um mimado, que só ligava para o dinheiro e nada mais. Até a Sra.Uzumaki, a quem julgou ser tão gentil, também era outra esnobe orgulhosa. Arrependia-se amargamente de tê-los conhecido.

Ouviu miados perto de si e levantou a cabeça, fitando Aryeh e Lanveh ao pé de sua cama. Enxugou as lágrimas com as costas da mão e inclinou-se para pegá-los, pondo-os em seu colo e lhes fazendo carinhos.

— Gomen meus lindinhos, não queria preocupar vocês – disse, pois eles a olhavam com carinhas tristes. – Aconteceram coisas que eu não esperava. O que vai ser de nós agora?

Quando Neji e o pai chegaram o velho Hyuuga convocou uma reunião de família na sala de estar e contou sobre o dono da fábrica ter demitido a ele e Neji sem justa causa. Hanabi ficou chocada, e Hinata evitava encará-los, mantendo a cabeça baixa. Ele ainda falou sobre o roubo das jóias da Sra.Uzumaki, dirigindo-se à filha mais velha e exigindo explicações. Hinata suspirou profundamente antes de se erguer e falar.

— Otou-san, Neji nii-san e Hanabi. Eu garanto à vocês que nem eu, nem mesmo a Sakura-chan, que também foi acusada de roubo, faríamos parte de algo tão sujo quanto isso. Fomos injustamente acusadas e em decorrência disso expulsas da escola sem termos direito algum de defesa por nossa parte. O senhor otou-san me ensinou a ser honesta acima de tudo, e eu jamais lhe mentiria ou trairia sua confiança. Peço que o senhor acredite em mim, Nii-san e Hanabi também.

Hinata falava de um modo firme e impassível, crente que suas palavras os convenceriam de sua inocência. O Sr.Hyuuga ponderava o assunto, Neji evitava encará-la e Hanabi parecia apreensiva. Por fim, o Sr.Hyuuga deu seu veredicto.

— Hinata, você é minha primeira filha e eu a amo muito para duvidar de sua boa índole. Seja o que for que tenha acontecido, eu tenho certeza de sua inocência e da inocência de sua amiga – disse ele compreensivo e a garota o agradeceu mentalmente. – Contudo, apesar desse contratempo, não quero que você fique sem estudar, assim como seu irmão e eu não podemos ficar sem trabalho. Vamos nos esforçar para melhorar nossas vidas.

— Isso mesmo – Neji falou com um sorriso. – Quem se importa com esses riquinhos esnobes? Você é minha irmã, é muito inteligente, e logo vai estar em uma escola melhor do que a que estava antes.

— É onee-chan, nós vamos superar tudo isso – disse Hanabi. Hinata abraçou-os emocionada, agradecendo aos céus por ter uma família tão carinhosa e compreensiva. Era melhor do que qualquer outra coisa.


 

                                                                                            *****


 

Durante vários dias a Hyuuga, juntamente de Sakura, se dirigiram para várias escolas para tentar uma vaga. No entanto, mesmo com excelentes notas e outros quesitos, nenhuma delas as aceitavam devido a história do roubo, que se espalhou como um foguete pela cidade. Sem contar que, pesquisando na internet de uma lan-house, Sakura descobriu que Shion e suas amigas usaram suas redes sociais para difamá-las ainda mais, inventando todo o tipo de mentiras. Com muita sorte Neji e o Sr.Hyuuga conseguiram se empregar em uma fábrica de enlatados que em nada tinha a ver com os Uzumaki.

Em uma tarde em que se encontrava na loja de especiarias Hinata suspirava tristemente pensando nos últimos acontecimentos. Haku, que limpava alguns frascos, perguntou:

— E essa cara de quem já desistiu, você vai mantê-la assim mesmo?

— O que quer que eu faça? Faz duas semanas que a Sakura-chan e eu tentamos uma vaga em alguma escola, mas não nos aceitam por causa daquela história do roubo – retrucou chateada. – Sem contar que a Shion ajudou a piorar nossa situação.

— Ajudou porque foi ela quem implantou as jóias naqueles armários. Ela não vai desistir até literalmente acabar com vocês duas.

— Meu único consolo é que tenho o apoio da minha família, e tenho você e a Sakura-chan – disse, e Haku sorriu. – E também tenho mais tempo para cuidar do jardim e dos leõezinhos.

— É uma boa maneira de se manter ocupada.

De súbito, ouviram o barulho de vidro se quebrando e foram ver o que era. Aparentemente alguém estilhaçara o vidro da porta com um tijolo, que vinha com um papel amarrado e nele dizia “Ladra” em letras garranchosas.

— Ai não, tudo por minha culpa – Hinata falou chateada.

— Não, não é sua culpa – retrucou o moreno jogando o tijolo no lixo. – Isso é coisa de gente que não tem o que fazer. Mais tarde mando trocar o vidro, não se preocupe.

Sakura chegara à loja e viu o vidro estilhaçado, perguntando o que havia acontecido. A Hyuuga contou-lhe e ela ficou irritada.

— Cambada de gente pretensiosa – remungou. – Em outro lugar eles seriam presos por faltar com respeito assim.

— E seria aonde, na Idade Média? – perguntou a morena com ironia.

— Deixa pra lá. Estão precisando de ajuda com algo?

— Com tudo, a começar por tirar esses cacos daqui – Haku foi buscar vassouras e elas o seguiram.

No fim da tarde as meninas se despediram de Haku e foram embora. Passaram em frente a uma padaria para comprar um sonho e deram de cara com Naruto e Shion, que assim que as viu não resistiu à uma zombaria.

— Lugares assim já foram bem mais frequentados – disse ela esnobe. – Mas pelo visto também permitiram a ralé.

— N-n-nós v-v-viemos a-a-aqui e-e-em p-p-paz, n-n-não q-q-queremos c-c-confusão – disse Hinata timidamente.

— Vamos embora Shion, tem outros lugares aos quais podemos ir – Naruto a puxou para saírem. Sakura via os dois se afastarem com nojo.

— Uzumaki nojento. São todos uma raça imunda.

— Nunca imaginei que me enganaria tanto com o Naruto-kun – Hinata falou sem emoção. – Ele é igualzinho à Shion, trata os humildes como coisas sem valor.

— Eles é que não tem valor algum. Malditos Uzumaki – rosnou a rosada furiosa. Hinata estava curiosa para saber o por quê dela odiar tanto a família Uzumaki, mas esperaria até que ela resolvesse falar.

No caminho para casa Hinata teve a sensação terrível de que algo estava para acontecer. Ia com o coração apertado, suando frio, sem entender o por quê daquilo. Estranhamente, enquanto andava, não via ninguém e nenhum poste acendia, deixando a rua totalmente às escuras.

Uma ventania correu por ali, balançando sinistramente as árvores e arbustos fazendo a menina estremecer. Desejava mais do que nunca chegar em casa, e ficava cada vez mais escuro e tenebroso. Seu coração estava cada vez mais apertado.

Foi ao chegar em casa que percebeu que algo estava errado. Além de não haver luz em nenhum lugar, viu seu jardim totalmente destruído. Ao subir os degraus da escadinha, notou uma mancha no chão e um forte cheiro de sangue. Seu coração acelerou com aquilo e abriu a porta imediatamente; tentou acender as luzes, mas não conseguiu. Desesperada, gritou pela família, tropeçando nos móveis, não ouvindo resposta por parte deles. Subiu as escadas sofregamente, e ao chegar no último degrau, as luzes se acenderam como mágica. Sem tempo para pensar correu para os quartos, abrindo um por um, e não encontrou ninguém, nem mesmo os filhotes.

— Otou-san! – chamou agoniada. – Hanabi! Nii-san! Onde vocês estão?

Assustou-se quando ouviu a porta bater com estrondo e foi ver quem era, sustendo a respiração. Escondida atrás da parede, não conseguia acreditar no que estava vendo.

Eram três feios e enormes orcs, pretos como carvão e muito ferozes. Ostentavam machados horríveis, cujas lâminas mostravam marcas de sangue, sendo que uma das criaturas não tinha nem mesmo um braço. Hinata teve de morder um dedo para não gritar, se chamasse a atenção deles seria terrível. Ouviu o que conversavam entre si.

— Onde ela está? – perguntou um deles com voz grossa e assustadora.

— Parece que ainda não apareceu – respondeu um outro. – Ela deve ser levada viva até o mestre.

— E os outros humanos?

— Devem ser mortos, eles não tem utilidade sem a marca imperial. Vamos atrás da humana – e saíram pela porta arrebentada. A menina esperou um pouco antes de silenciosamente descer as escadas com o coração a mil. O que eram aquelas criaturas? Por que estavam ali? Onde estavam todos? O que estava acontecendo?

Chegando ao lado de fora seguiu o rastro de sangue até o quintal e se deparou com uma horrível cena: seu pai e seus irmãos presos nas paredes da casa tal como se estivessem crucificados, seus braços e pernas atravessados por espadas. Encontravam-se desacordados e sangrando muito, sem contar que Neji não tinha mais o polegar da mão esquerda. Hinata gritou horrorizada, e tentou tirar uma daquelas armas fincadas em seu pai em vão, visto elas terem sido enterradas muito fundo. O Sr.Hyuuga conseguiu recuperar a consciência, e apesar da visão turva, distinguiu a filha.

— Hinata... fuja daqui... depressa...

— Não otou-san, o senhor e os outros estão muito feridos, eu não posso deixá-los assim! – falou desesperada ainda tentando retirar as espadas. O velho gemeu e pediu:

— Não minha filha. Você precisa se salvar... aquelas coisas estão atrás de você... é você quem eles querem...

— Otou-san!

— Me escute... – a voz dele saía arrastada e exausta. – Você é a única... que pode detê-los... a única... capaz de derrotá-los... não deixe que eles tomem seu amuleto... ele... é a fonte... da magia de Aura...

— Aura? – aquela sensação de euforia e saudade voltou a dominá-la ao ouvir aquele nome. – Otou-san, o que o senhor sabe sobre isso? O que é Aura?

Antes que ele pudesse responder, ouviram miados e Hinata viu os leõezinhos vindo em sua direção mortos de medo. Ela os pegou com força e voltou a repetir a pergunta para seu pai.

— Aura... é o meu mundo... o seu mundo... o lugar... onde você nasceu – ele respondeu fracamente. – Só você... pode salvá-lo...

— O lugar onde eu nasci? Mas...

Mais uma vez foram interrompidos, porém dessa vez por grunhidos. O Sr.Hyuuga implorou para ela fugir, mas ela teimava em dizer que não iria sem eles, porém ele insistiu. Os grunhidos ficavam cada vez mais próximos, e depois de muita insistência Hinata resolveu obedecer o pai, com a promessa de que voltaria com ajuda. Correu para longe, mas foi encurralada por dois orcs.

— Onde está o amuleto? – perguntou uma das criaturas balançando o seu machado. Hinata recuou assustada com os filhotes.

— E-e-eu não sei – disse com voz trêmula e teve que desviar quando o outro orc lhe brandiu o machado.

— Diga onde está!

— Não! – gritou e os orcs partiram para cima dela. Contudo, os dois tiveram suas cabeças decepadas pela lâmina de uma espada. Hinata se espantou ao vê-lo ali.

— Haku-san!

— Vem comigo Hinata-chan, você é nossa única esperança! – disse ele guardando a espada e puxando a menina pelos ombros.

— Não Haku-san, a minha família ainda está lá, precisamos salvá-los! – implorou, resistindo. – Onegai, me ajude!

— Não posso fazer nada por eles – disse gravemente e apontou na direção da casa dela. Quando se virou, Hinata arregalou os olhos e gritou.

A casa estava em chamas. Sua família havia morrido queimada.


Notas Finais


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