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História O mundo de Lola. - RESPOSTAS NA ÁGUA.


Escrita por: LuizAntilles

Notas do Autor


Obrigado por participar dessa pequena aventura.
Sua leitura foi muito importante.
Espero que goste do capítulo final.

Capítulo 5 - RESPOSTAS NA ÁGUA.


Fanfic / Fanfiction O mundo de Lola. - RESPOSTAS NA ÁGUA.

Introdução ao capítulo: 

As vezes é difícil enxergar a simplicidade de uma resposta.

1

O cheiro de café pairava no ar. Aquilo fazia eu me lembrar de manhãs do passado. Onde eu acordava e ia para o trabalho. Simplesmente avaliar os lucros da Goodtech e pesquisar outras possibilidades de investimentos.

Agora o café representava apenas mais uma manhã na busca pelo cérebro de Lola. Lui vinha andando com minha xicara na mão para que eu seguisse acordado para avaliar os trajetos. As coisas estavam mais calmas do que imaginei. Decidimos desviar das grandes metrópoles para não chamar atenção.

Dos Estados Unidos fomos para as Bahamas e de lá para a Republica Dominicana. Foram dias de fortes tensões. Algumas pessoas olharam o avião e dispararam. Alguns tiros atingiram partes da asa direita, mas nada que comprometesse a missão.

Eu não queria morrer. E tinha certeza, no olhar de cada um ali dentro que também não queriam. Porém, a missão era maior que as nossas vidas. Se alguém deveria ser privilegiado nesse aspecto era o Lui. Talvez ele fosse o único de todos que poderia viver num recomeço para humanidade.

Enquanto atravessávamos o Atlântico rumo a Venezuela, pude ver embarcações naufragadas, abutres sobrevoando corpos boiando na água e até alguns sobreviventes que tentaram a sorte no mar, abanando para o avião. Atravessar o oceano foi uma péssima ideia, os ventos eram fortes e a turbulência além de constante, era intensa.

Depois de noites em claro, café em excesso e cálculos de rotas e probabilidade de riscos, chegamos enfim a Venezuela. Pousamos em um campo aberto, do que aparentava ser uma antiga plantação ilegal de maconha. – Ilegal? O que estou dizendo? É o fim do mundo. Até assassinatos estão ocorrendo e eu pensando assim.

- Sabe garoto... eu estive em Woodstock. Se eu tivesse 1% do que tem nesse lugar, eu teria ficado rico vendendo isso lá e nem teria ido pra faculdade. – Disse Karin ao descer do avião e observar o campo.

Eu apenas sorri e coloquei a mochila nas costas. Todos precisávamos de uma boa noite de sono e descanso. O sol quase se punha, quando Margareth trouxe lenha e as lançou no chão, próximo ao avião.

Lui e Karin montavam acampamento, enquanto eu arrumava a fogueira.

2

Todos estávamos sentados ao redor do fogo. O silencio até parecia bom naquela altura da viagem. Falávamos tanta besteira no avião para passar o tempo, que o descanso acompanhava poucas palavras.

Um bipe surgiu de dentro da minha mochila. Abri o bolso da frente e tirei o dispositivo. Logo, o mesmo se iluminou em azul. Coloquei a esfera no chão e aguardei.

- Senhor Morris, acompanhei toda a sua trajetória até aqui via satélite. Porém, considero essa sua aventura ilógica. Os homens seguem se destruindo...

- O que quer dizer com isso?

- Logo após sua partida, houve uma disputa por poder na Cidadel. Os fiéis brigaram entre si e muitos inocentes pagaram o preço. Os sobreviventes aceitaram entrar para o grupo conhecido como Os Revolucionários.

Maggie ficou pálida. Mesmo sendo uma garota forte, a lagrima que escapou dos seus olhos e viajou pelo rosto até morrer no chão, foi inevitável. Ela sabia que a mãe não teria sobrevivido a tal coisa. Karin a abraçou e Lui segurou firme na mão dela.

Quando algo me chamou a atenção. Lola era estratégica, mas pecava por ser confiante demais. Característica que teria aprendido observando os humanos. Algo me dizia que ela não estava contando com o avião. E por isso colocará uma razão para tornar ilógica a minha busca pelo cérebro.

- Lola... – Passo a mão no queixo e me enrolo com uma manta. – Poderia me dizer quem dos investidores e cientistas da GoodTech sobreviveu?

- Essa pergunta é irrelevante.

- Responda.

- O numero de sobreviventes que investiu e trabalhou no meu projeto é zero. Arthur Mogow e outros morreram em decorrência desse mundo.

- Estranho... lembro que alguns dos nossos investidores tinham abrigos e meios para escapar até de uma terceira guerra mundial. Todos os abrigos com o seu sistema responsável.

- Calculo que me acusa. Isso é ilógico. Vai contra a minha programação original. Não posso ferir...

- ESTAMOS VIVENDO O RESULTADO DA SUA PROGRAMAÇÃO INICIAL! – Gritou Maggie para interromper. – Não vê, Jim? Ela matou todos que tinham como reverter isso.

Tudo começou a fazer sentido. Lola era a cópia cuspida do que o ser humano tentou fazer ao longo dos anos: Instalar a paz através do terror. Ela simplesmente reduziu as chances de ser eliminada.

- Senhor Morris, aconselho que repense a sua ida...

- Dispositivo Lola, desligar. – Realizo o comando de voz.

- Seguiremos viagem amanhã. Vamos acabar com essa vadia virtual. – Karin fala ao se deitar no saco de dormir.

3

Seguimos a viagem. Maggie era nossa guia em terras brasileiras. Entramos pelo estado de Roraima e algumas horas depois, já estávamos no estado do Pará. Achei curioso ver tanto verde e belas serras. A única imagem que tínhamos do Brasil é de carnaval.

A jornada era árdua. O Rio de Janeiro ficava abaixo. Só de ver a distancia no mapa, era o suficiente para suspirar.

- Uma vez eu vi um especial sobre o Brasil num daqueles canais de documentários. – Disse Karin, enquanto ligava o piloto automático. – Parece um bom lugar para se viver.

- O que quer dizer com isso? – Bebo um gole da minha garrafinha da água.

- Eu disse que tínhamos combustível para chegar no Brasil. Não citei ida e volta.

Refleti sobre aquilo durante alguns segundos. E sinceramente, onde ia morar era o de menos. Seria egoísmo da minha parte pensar nisso: - Quer saber? Vou comprar uma roupa de pavão e aprender a sambar.

Por um minuto, todos no avião riram. Que sensação boa.

4

Chegamos. O lugar que um dia havia sido conhecido como o Lar da Alegria, justamente por receber tantos carnavais, agora parecia mais um cemitério. Os bondinhos estavam destroçados no solo. Dentro deles, esqueletos abraçados.

O Cristo Redentor não era mais branco e estava sem o braço direito. Podíamos notar algumas manchas cinzas devido ao passar do tempo. E nenhuma viva alma se apresentava. As ruas totalmente desertas.

- Eu disse, todos foram para o sul. – Margareth comentou para quebrar o silencio.

- Sempre me disseram que os brasileiros faziam recepções calorosas. Vou reclamar disso na embaixada. – Karin disse, ao olhar o mapa.

- A fabrica fica no centro. Se preparem, pois Lola sabe se proteger. – Indico o caminho.

5

A fabrica não era grande. Entramos sem dificuldades usando um pé de cabra que estava no chão. Ficamos no escuro, até que as luzes do compartimento se acenderam. Os olhos ardiam por fazer tanto tempo que não víamos lâmpadas de LED. Quando o dispositivo Lola bipa novamente e o seguro na palma da mão.

- Senhor Morris, esse é o ultimo aviso. Caso não esteja disposto a recuar, serei obrigada a usar força letal.

- Só saio daqui ao te reiniciar!

- Como queira... – As luzes mudam para a tonalidade em vermelho. – Procedimento de segurança nível 1.

A porta pela qual entramos, agora estava selada por uma parede de aço. Quando pequenos bicos de injeção surgiram no teto e no chão. Observei por alguns segundos e quando Lui se moveu, chamas foram disparadas pelos injetores.

- A sala será incinerada em 30 segundos. – Disse o dispositivo.

Peguei Lui no colo e começamos a correr para o fundo da sala. O fogo era intenso e forte. As lâmpadas estouraram com o calor e o nosso suor também veio com o nervosismo. As chamas se aproximavam gradativamente até o fundo.

- Nunca pensei que morreria assim. – Disse Karin, ao fazer o sinal da cruz.

- E não vamos! – Observo uma passagem de ar que vai para a próxima sala. – Entrem ai! Vamos logo!

Maggie foi a primeira. Ao atravessar, gritou para anunciar que era seguro. Lui foi em seguida. As chamas se aproximaram tanto, que podia sentir as solas do meu tênis quase derretendo.

- Vai garoto! – Disse Karin.

Sem pensar duas vezes, me atirei na tubulação e me arrasto rápido até cair na outra sala.

- Incineração total em 3,2,1... – Um forte barulho de chamas e gritos se mistura.

O cheiro que vinha pela passagem não mentia. Maggie e eu nos olhamos, sabendo do que havia ocorrido. Karin, não veria o recomeço do mundo.

6

A segunda sala era menor e toda verde. As esteiras com os chips de dispositivos estavam inoperantes. E o acesso para a terceira e última sala só poderia ser aberta com um código de 6 dígitos.

- A senha foi criada e por Arthur. – Disse o dispositivo na palma da minha mão.

- Nos passe os digitos, sua desgraçada. – Maggie ordenou.

- Infelizmente não tenho essa informação em meus bancos de dados. O código era alterado a parte da minha programação. Arthur quis, justamente para proteger o cérebro de hackers.

- Mas... certo... – Suspiro. – Precisa haver uma dica. Arthur era esquecido, então deixava pistas em tudo.

Maggie digitou alguns números no painel. Ao errar a combinação, um alarme alto tocou pelo ambiente da sala.

- O QUE VOCÊ FEZ? – Tapo os ouvidos e digo.

Um gás começa a sair pela ventilação no teto.

- Eu só queria ajudar. Tentei os primeiros números de PI. – Maggie se encolhe no canto da sala e abraça Lui.

- O gás Sarin irá em 5 minutos paralisar o sistema nervoso central de vocês. E depois, morte por parada cardíaca. – Anuncia o dispositivo.

Começamos a tossir. Tentei outras 4 combinações com formulas matemáticas complexas.

- PRA COMEÇAR NEM TERIA ESSA MALDITA FABRICA AQUI SE VOCÊ NÃO VIZASSE TANTO OS LUCROS! – Gritou Maggie.

- Lucro... lucro... lucro? – Paro e fecho os olhos para me concentrar. – Financeiro, mercado, juros, exponencial.

- O que está dizendo?

- A PROPORÇÃO ÁUREA!

Digito os números 1,61803. A porta abre e puxo os dois para dentro. Respiramos fundo. Mais um minuto naquele lugar e teríamos morrido.

- O que proporção Áurea? – Perguntou Lui.

- É utilizada em análise técnica financeira para prever o caminho de um mercado. Ela equivale aos números que digitei. Garoto, espero que não estude contabilidade. – Deito no chão e respiro fundo para limpar o pulmão.

7

O cérebro estava na nossa frente. Um grande computador cheio de telas. Algumas apontando analises de comportamento humano, outras de dados atmosféricos e imagens em tempo real transmitidas por satélite.

Quando a imagem de uma mulher linda, loira e de vestido branco é produzida pelos projetores da sala. Ela se aproxima e nos observa, totalmente inexpressiva.

- Senhor Morris, enfim chegou até aqui. – Diz o holograma de Lola.

- Podemos dizer que só estou vivo por sorte, não é? – A encaro.

- Sorte? Não fui programada para acreditar nisso. Está vivo devido a sua rapidez de raciocínio.

- Nossa, ela parece mais chata ainda desse jeito. – Comenta Maggie. – Pena que não posso bater nela.

- O cérebro esta a sua frente, mas só poderá ser acessado com o responder de uma charada.

- Qual a consequência?

- Não existem sistemas de segurança nesse nível. Porem, a passagem está selada. Ou seja, se não resolverem, ficarão aqui até a morte. Lembrando que a programação do cérebro permite somente 3 tentativas.

Ficamos nos olhando.

- Qual a charada? – Pergunto.

- Sistema de respostas ativado: Na água nasci, na água me criei, mas se me jogarem na água morrerei.

- Um peixe de água doce que foi jogado no mar. – Disse Maggie sem pensar.

- Errado. Restam duas tentativas. – Informa o holograma.

- CALMA! Vamos pensar bem. Maggie, nós somos a esperança de um recomeço. Coloque a cabeça pra funcionar. – Digo.

Me sento na cadeira em frente ao computador do cérebro. Sei que poderia desvendar esse mistério. A resposta deve ser algo complexo, como um numero resultante de formula.

- Arthur Mogow costumava dizer que somente o mais puro de coração seria capaz de desvendar isso. – Diz o Holo.

- O GELO! É claro, só pode ser isso. Se forma nos lugares mais frios do planeta. E quando entra em contato com a água numa temperatura acima, descongela. Os efeitos do famoso aquecimento global. Essa é nossa resposta final: Gelo.

O holograma fica inexpressivo e calado, como se estivesse se divertindo. Quando anuncia: - Incorreto. Arregalamos os olhos. Não sabíamos mais o que dizer. Onde errei? Estava tão confiante. Talvez esse fosse o nosso destino. 

- O sal. – Disse Lui, olhando o holograma como se fosse uma espécie de anjo.

Eu e Maggie ficamos paralisados. A ultima resposta foi proferida por um mero garoto e imaginem se...

- Correto. O acesso ao banco de dados do cérebro está permitido.

Maggie deu um beijo tão demorado na bochecha do menino, que ele ficou vermelho feito pimenta. A chave de reiniciar estava na nossa frente. Comecei a rir enquanto chorava.

Realmente, de todos na sala, somente a criança teve a simplicidade e a pureza para responder algo tão fácil. Nós adultos sempre estamos preocupados com o difícil e esquecemos de ver o que está na nossa frente. Lui disse que iria me proteger e acabou salvando o mundo.

Nós três colocamos as mãos sobre a chave e a viramos. O sistema Lola foi reiniciado.

- Força elétrica reestabelecida em todos os pontos do planeta. Pulso eletromagnético recolhido. – Informou o holo.

Na bíblia podemos encontrar uma citação em Marcos 9:50, dizendo: O sal é bom, mas, se deixar de ser salgado, como restaurar o seu sabor? Tenham sal em vocês mesmos e vivam em paz uns com os outros”. Acho que isso se aplica diretamente nessa situação.

Todo esse tempo eu achei que isso se tratava unicamente de como eu buscaria redenção. Quando a real esperança estava ao meu lado. É provável que o mundo nunca saiba do que ocorreu ali. Mas eu, Margareth e Lui saberíamos.

Ao sairmos da fabrica, demos as mãos e olhamos o céu. A luta havia chegado ao fim. E novamente, outras crianças poderiam sorrir, assim como Lui estava. Houve um recomeço.

 

FIM. 


Notas Finais


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