1. Spirit Fanfics >
  2. O Mundo Perfeito >
  3. Realidade versus Fantasia

História O Mundo Perfeito - Realidade versus Fantasia


Escrita por: Mallagueta

Notas do Autor


Capítulo novinho! E as coisas vão ficando tensas...

Capítulo 3 - Realidade versus Fantasia


Ela dormia profundamente e foi com muito custo que acordou com alguém cutucando seu pé.

- Ei, acorda baixinha! Que sono pesado. Você dormiu a tarde inteira!
- Heim? – a menina acordou num sobressalto, levando um susto ao ver o Cebola ao lado da sua cama. E um susto maior ainda quando viu que estava em seu quarto de sempre. – Ué, cadê a carruagem?
- Que carruagem? Você tava sonhando. Vem, a mãe tá chamando pra janta.
- Eu já comi, tô cheia.
- Sonho não enche barriga. Vem antes que a mãe te dê bronca. – o rapaz falou mal humorado e saiu dali deixando-a sozinha e sem saber o que pensar. Então tudo foi um sonho? Seu coração apertou.

A casa estava como sempre, chata e sem graça. Ou seria o contraste com a casa dos seus sonhos? Será que foi só um sonho mesmo? Talvez os outros pais a tivessem levado de volta enquanto ela dormia.

“A portinha no porão! Será que ainda tá lá? Eu quero ver!”

- Venha, Maria, está na hora do jantar. Hoje eu fiz suflê de chuchu com abobrinha, arroz, feijão e fígado acebolado! – sua mãe chamou.

Ela se esforçou para não soltar uma careta. Suflê de chuchu com abobrinha? Fígado acebolado? Pelo seu conceito, aquilo não era comida de jeito nenhum! Aliás, toda aquela comida era horrível, não chegando nem perto das delícias que ela tinha comido na casa dos seus outros pais. Foi um sonho bonito que acabou...

- Pare de brincar com a comida senão vai esfriar!
- Tá, mamãe... – estranho... ela sentia como se seu estômago estivesse cheio, o que não fazia sentido já que não tinha comido nada durante a tarde. Pelo menos não antes daquele sonho. Será que tudo aconteceu mesmo?
- Você está muito pensativa, filha. – Seu Cebola falou enquanto comia com gosto. O paladar dos adultos era muito estranho mesmo.
- Ah... é que eu tive um sonho. – ela contou sobre o sonho que teve e antes de chegar na metade, Cebola foi logo cortando.
- Até parece que eu vou brincar de boneca! Tá me estranhando?
- Cebola! Isso não é jeito de falar com sua irmãzinha!
- Foi mal pai... – ele resmungou de má vontade e continuou comendo.

A menina não pode terminar de contar seu sonho porque Dona Cebola começou a falar sobre qualquer coisa que tinha acontecido no supermercado enquanto seu irmão comia em silêncio com aquela cara de picolé de chuchu. Desde que Mônica o deixou para ficar com o DC, ele andava para cima e para baixo parecendo uma assombração. Não ria, não brincava e estava mais ranzinza do que de costume. Nem o pobre Floquinho estava recebendo atenção como antes.

Seu pai comia ouvindo a conversa da sua mãe e também não lhe dava atenção. Que família mais chata aquela! Sua outra família era muito mais divertida. Todos lhe davam atenção, procuravam agradá-la e ela tinha se divertido muito.

Quando terminou o jantar, ela decidiu ir até o porão e logo mudou de idéia quando viu que tudo estava mais escuro do que de costume. Ela não teve coragem para descer até lá e decidiu que ia procurar pela porta no dia seguinte.

- Por favor, esteja lá portinha... esteja lá!

__________________________________________________________

- Ela voltará?
- Sim. Você sabe que elas sempre voltam para nós.
- Espero que sim, nós precisamos muito dela. Cada criança é importante!

__________________________________________________________

Assim que abriu os olhos, na manhã seguinte, Maria Cebolinha pulou da cama e correu para o porão ignorando as reprimendas da sua mãe por causa da sua correria dentro de casa.

- Menina, não corre desse jeito que você pode tropeçar e cair!

Não teve jeito. Ela desceu as escadas do porão rapidamente e foi até a pilha de caixas que tinha afastado na tarde anterior. Mas a porta não estava mais ali.

- Ah, não! Sumiu? – suas mãos apalparam a parede várias vezes a procura de qualquer indício de alguma porta. Nada.

Ela sentou-se no chão se esforçando para segurar o choro. Então tudo foi um sonho? Era a explicação mais lógica. Por outro lado, a pilha de caixas ainda estava afastada da parede, indicando que algo tinha mesmo acontecido. Caso contrário, tudo estaria como sempre esteve. Então por que a porta não estava mais ali? Será que tinha desaparecido para sempre? Ou precisava de alguma chave para ser aberta? Talvez ela só aparecesse de vez em quando.

- A fadinha... – ela lembrou-se de repente. Foi a pequena fada luminosa quem a levou até aquela porta, então Maria deduziu que somente ela poderia ter a chave ou ser capaz de fazer a passagem aparecer. Não era exatamente o que ela queria, mas podia ser uma boa notícia. Será que a fada ia voltar novamente? Quando? Naquele mesmo dia? Ou será que ia demorar muito?
- Maria, o que você está fazendo aí, menina? Vai se sujar toda! Sai daí e vem se arrumar para a escola! – sua mãe ralhou já segurando o chinelo na mão e ela achou melhor obedecer. De qualquer forma, não tinha nada ali e a única coisa que dava para fazer era esperar.

E a espera foi longa. O dia na escola foi terrível. Aulas tediosas, professores implicantes, colegas irritantes... a todo instante sua mente viajava para a portinha mágica no porão da sua casa. O que mais tinha naquele mundo? Como eram as outras pessoas? Será que todos tinham outra família? Foi com muito custo que o tempo passou e finalmente as aulas terminaram. Na hora da saída, ela viu Cebola, Mônica, Cascão e Magali conversando sobre uma aula chata do Licurgo. Era qualquer coisa sobre traços e pontos que ela não entendeu muito bem, mas pelo visto deixou a Mônica bem irritada.

Pobre Cebola... ela quase ficou com pena do irmão quando ele tentou chamá-la para estudar com ele e o DC apareceu bem na hora errada e ainda deu um beijo nela. Aquilo deve ter doído até na alma. No portão da escola, sua mãe esperava com impaciência.

- E o Cebola?
- Ficou lá atrás com o Cascão e a Magali. A Mônica foi embora com o namorado dela.

Dona Cebola fez uma careta e saiu dali levando a menina embora pela mão. Seus pais não tinham recebido muito bem o namoro da Mônica com o DC, pois esperavam que ela fosse fazer parte da família dentro de alguns anos. Paciência. Quem mandou seu irmão fazer tudo errado?

- Nossa, que sujeito maluco! Ele pode matar alguém assim! – a mulher reclamou ao ver um caminhão passando pela rua em alta velocidade e tratou de levar a filha para casa, pois ainda tinha muitas coisas para fazer.

Assim que se viu livre da vigilância da mãe, Maia Cebolinha correu para o porão e viu que a porta estava trancada.

- Mãnhêeeee! Por que a senhora trancou a porta do porão?
- Para você não fuçar lá dentro. É sujo, pode ter rato e barata. Ali não é lugar para criança!

Não adiantou fazer bico, choramingar e bater o pé. A única coisa legal que havia em sua vida estava trancada naquele porão para sempre e não havia nada que ela pudesse fazer.

__________________________________________________________

Quando a pequena fada luminosa se formou no ar, a voz falou suavemente, mas num tom firme.

- Traga-a para nós. Vá...
- Ela ficará dessa vez? – outra voz perguntou depois que a pequena fada de luz foi embora executar a ordem.
- Ainda não sei. Ela não está totalmente envolvida. Acho que será necessário mais uma ou duas visitas.
- Isso é tão trabalhoso! Só uma criança de cada vez levará muito tempo e não sei se quero esperar.

A primeira voz riu, deixando a segunda irritada.

- Sempre tão impaciente, não é? Tudo tem que ser do seu jeito e de preferência agora.
- Você sabe que eu odeio esperar!
- É isso ou...

A segunda voz silenciou por um tempo, pois sabia o que vinha depois da palavra “ou”. Aquilo não era opção.

- Quantas crianças serão necessárias além dela?
- Não muitas, eu prometo. Enquanto isso, continue fazendo o que vem fazendo até agora. É muito importante para que tudo dê certo.

__________________________________________________________

Já não chovia mais e o tempo estava limpo, o que lhe permitia brincar lá fora ou ir para a casa de alguma amiga. Mas ela não queria nada disso e sim voltar para aquele mundo mágico e bonito onde tudo era como devia ser. Na sua casa, todos os dias eram chatos e iguais. Cebola com aquela cara azeda de assombração por causa da Mônica. Seu pai trabalhando ou mergulhado em algum programa de televisão sem prestar atenção em nada ao seu redor. Sua mãe ocupada demais com tarefas domésticas, revistas ou fofocas com as vizinhas. Ninguém parecia se importar com ela, tanto que sequer notaram que no dia anterior sua ausência durou uma tarde inteira e eles nem sentiram sua falta.

Em seu quarto, ela tentava fazer a lição de casa e não conseguia se concentrar em nada. E nem foi preciso, porque um sussurro suave e familiar fez com que ela sorrisse de orelha à orelha.

- Oi, você voltou! Que bom!

A fada saiu do quarto com ela atrás, tomando cuidado para não chamar a atenção de ninguém. Foi fácil porque Cebola estava trancado em seu quarto, seu pai estava no trabalho e Dona Cebola parecia muito ocupada conversando no telefone. Só havia um problema. Quando elas chegaram na porta do porão, a fada pode atravessar, mas Maria ficou para trás.

- Volta, fadinha! Minha mãe trancou a porta e eu não posso entrar. – ela sussurrou na esperança de que a fada ouvisse. A pequena criatura voltou e voou até a cozinha, entrando em uma das gavetas de um armário. A menina abriu e viu uma chave entre outros objetos. Só podia ser a chave do porão. Problema resolvido!

E para sua alegria, a porta tinha voltado ao mesmo lugar confirmando sua certeza de que só a fada era capaz de fazê-la aparecer. Quando chegou ao outro lado, foi muito bem recebida por sua outra família.

- Seja bem vinda, minha filhinha! – a outra mãe saudou afetuosamente e o outro pai a pegou no colo.
- Hoje temos muitas surpresas para você!

O casal a levou pelas mãos até seu quarto, onde Mônica a esperava com um gracioso vestido que parecia o da princesa Sofia, porém muito mais bonito porque era bordado com pérolas de verdade e minúsculas pedrinhas que brilhavam como estrelas. Também havia tiara e um colar. Quando terminou de trocar de roupa, Mônica e Cebola a levaram para o lado de fora da casa e seu queixo caiu na mesma hora ao ver o que estava parado em frente ao portão. Era uma das coisas mais bonitas que ela tinha visto.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...