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História O negócio da família - O ritual


Escrita por: RoseWinchester

Capítulo 18 - O ritual


*Sam*

O lugar tinha várias portas. Portas que davam para diversos lugares, que tive que conferir um por um até achar Rose. Depois do incidente com Brian, ela havia sumido totalmente de vista. Dissera que iria pegar bebida, mas não voltara. Demos uma olhada ao redor no salão principal e não a vimos. Então saímos para procura-la separadamente. Faltava meia hora para a cerimônia onde Emily Woods receberia um talismã que salvaria a alma de uma irmã desesperada, mas provavelmente levaria a alma de uma irmã corajosa. Tínhamos que dar o fora dali antes de tudo isso com o talismã em mãos.

Fiquei pensando no que poderia acontecer com Rose se usássemos o talismã. Não poderíamos deixa-la ir para onde quer que ela fosse depois de morta, seja Céu ou Inferno. A relação de Clarisse e Rose se assemelhava com a minha com Dean, e com certeza, se Rose morresse, Clarisse se sacrificaria novamente.

Ouvi um tilintar de vidro estilhaçando em uma das portas ao final de um dos corredores. Imaginei uma luta violenta, na qual Rose estava envolvida. Corri rapidamente, com faca de matar demônio nas mãos. Parei ao lado da porta, respirei e entrei com tudo.

Imediatamente, senti algo pressionando meu pescoço. Uma faca. Respirei fundo, mas então a pessoa abaixou a mão.

— Ah. É só você. – Disse Rose guardando a faca no vestido. – Podia ter avisado antes, você quase acabou de morrer, sabia?

— Eu pensei que você estava morrendo, com os barulhos vindos desse quarto, era de se imaginar. – Observei o quarto. Vidros estavam espalhados por todos os cantos, o estofado do sofá estava em parte para fora, e os travesseiros da cama estavam todos despedaçados. – O que foi que aconteceu aqui? – Eu perguntei chocado.

Naquele momento, alguém bateu fortemente na porta.

— Hey! – Uma voz grossa falava do outro lado. – O que é que está acontecendo aí? O que são esses barulhos? – Eu olhei para Rose e demonstrei uma expressão do tipo “Está vendo?”. Ela me olhou desesperada. O homem do outro lado continuava a bater na porta e a perguntar coisas do tipo “Quem está aí?”.

Uma solução ridícula passou pela minha cabeça, mas era a única que tínhamos no momento. Como iríamos explicar tudo aquilo? Iríamos ser expulsos da festa e não teríamos como pegar o talismã novamente.

— Se esconda. Rápido. Confie em mim. – Eu sussurrei para Rose. Ela entendeu e achou um lugar onde ela se escondia e via tudo o que poderia acontecer. Rapidamente, tirei minha camisa e senti um frio gelado bater no meu peito nu. Abri uma fresta da porta.

— Oi, er... Será que minha esposa e eu poderíamos ter um pouco de privacidade? – O homem me olhou, hesitou, pediu desculpas e foi embora. Era um segurança, pela roupa que vestia. Fechei a porta imediatamente. Rose saiu do seu esconderijo. Comecei a abotoar a camisa de novo.

— Não vai me contar o que aconteceu aqui? – Eu repeti a pergunta. Ela hesitou.

— Bem, pessoas têm maneiras diferentes de expressar a raiva, sabia disso? – Reparei que ela segurava um taco de beisebol numa mão.

— Você não precisa ficar com raiva dele. Ele é só mais um cara babaca que infelizmente existe no mundo.

— Você fala como se fosse um cara perfeito, Winchester.

— Não esqueça que acabei de salvar nós dois. E não sei por que você me odeia tanto, Rose. Realmente. Não sei o que fiz. E algum dia que tivermos mais tempo você me explica. Agora largue esse taco de beisebol e vamos descer. A dança já vai começar.

Ela fez o que eu disse e se pôs ao meu lado, de cabeça erguida, como sempre fazia. Estendi meu braço para ela para mantermos o disfarce. Mandei uma mensagem para Dean nos encontrar no salão principal e procurar Clarisse.

A dança era o momento no qual todos estariam distraídos com seus respectivos parceiros, então teríamos a chance de pegar o talismã e sair sem ninguém perceber. Logo depois, seria a cerimônia, e neste momento já não estaríamos mais lá para assistir. Nem o talismã.

Dean e Liss nos encontraram em menos de cinco minutos. Repassamos o plano mais uma vez, até a hora de eles anunciarem a dança. Eu sentia a tensão aumentando em Rose de acordo com a força que o braço dela apertava junto ao meu. Naquele momento, tive vontade de abraça-la e dizer que tudo iria ficar bem, mas seria algo muito vago para se dizer à alguém cuja irmã estava prestes a ter a alma levada para o Inferno.

Liss e Dean seguiram para o centro do salão, onde as pessoas estavam se posicionando para dançar. Vi os dedos deles se entrelaçarem e Dean sorrir para ela, que retribuiu o sorriso.

— Você acha que vai dar certo? – Perguntou Rose de repente. Ela nunca me fazia perguntas.

— Se refere à que? – Eu indaguei.

— À tudo. – Ela olhou pra mim. – Acha que nossas vidas vão voltar ao normal? Em todos os aspectos?

— Quer que eu diga a verdade? – Ela assentiu. – Parei de acreditar que poderia ter uma vida normal há anos. No começo, eu pensava que seria só uma vez. Só para salvar nosso pai. Mas então continuou... Até hoje. Cá estamos nós, dois caçadores de demônios com trajes elegantes preparados para roubar um talismã de mais de 2000 anos de idade. – Eu ri. – Nunca vamos ser normais.

— É. É estranho como em um momento estamos pensando em com quem iremos nos casar ou que profissão queremos fazer, e logo nossa vida muda drasticamente, e começamos a pensar se iremos morrer amanhã ou quantos demônios teríamos de matar até tudo ficar bem novamente. Mas não vai. A gente fica se iludindo todos os dias pensando nisso, mas a verdade é uma só: nunca iremos ficar bem. – Naquele momento, um dos empregados veio nos avisar que teríamos de ir para o centro, pois naquele momento todos tinham que estar na dança.

Eu e Rose nos guiamos até uma fila de casais. Felizmente, Brian estava longe de nós, de modo que não podia nos incomodar. Uma música começou a tocar, e entendemos que naquele momento teríamos de começar a dança. Eu me virei para Rose e passei a mão ao redor de sua cintura, ao momento em que ela envolveu as mãos no meu pescoço. Aproximei-me dela, de modo que nossos corpos pudessem se tocar. Ao som da música, fomos nos aproximando de Dean e Clarisse, e seguindo em direção a uma sala no fundo, onde o talismã estava guardado.

— Eu não diria que não estamos bem. – Eu disse à Rose. Ela olhou para mim. – Por mais que não seja a vida que queríamos, temos pessoas que amamos conosco. Você tem Clarisse, eu tenho Dean... Além disso, eles parecem gostar um do outro. – Ambos olhamos para os dois, que estavam rindo. Então, uma coisa que eu nunca havia visto antes aconteceu. Rose abriu um sorriso. E não era um sorriso sarcástico, ou um sorriso maldoso, ou até mesmo uma risada. Era um sorriso verdadeiro e maravilhoso.

— É, ela parece realmente feliz. E ele também. Gosto de saber que ela consegue achar uma luz no fim do túnel, por mais fraca que essa luz possa ser. Prometa-me que, se alguma coisa acontecer comigo nessa noite, você vai cuidar dela. – Pasmei. Eu não esperava aquelas palavras, e elas me atingiram como um soco. E o olhar dela, fixo nos meus olhos, como se realmente esperasse uma resposta, me atingia e abalava meu mundo.

— Rose, me escute: Nada acontecer com você essa noite, nós...

— Me prometa. – Ela segurou o olhar em mim. – Por favor. – Pediu mais suavemente. Senti então as palavras se arrastando pela minha boca.

— Prometo.

*Dean*

Em meio à dança, conseguimos chegar à sala. Rose e Sam chegaram logo em seguida. Ele carregava um olhar preocupado em seu rosto, enquanto o dela era determinado.

Vimos o talismã. Era do tamanho de um morango, exibia uma coloração negra e estava envolto em uma corrente, e encaixotado em uma espécie de redoma de vidro, pronto pra ser levado à Emily.

Clarisse se aproximou e tocou suavemente no vidro.

— Como vamos tirá-lo desse negócio? É meio espesso. Acho que talvez, se conseguíssemos uma chave de... – Mas nesse momento, Clarisse nem conseguiu terminar de sugerir algo.

— Ou... – Rose abriu caminho e afastou gentilmente Clarisse de perto do vidro. Virou-se de lado para a redoma e cobriu o rosto com uma mão. Com o outro braço, deu uma forte cotovelada no vidro, que não quebrou. Rapidamente, na segunda vez, vários cacos foram explodidos com um som agudo. – Pronto. – Ela pegou o talismã e jogou para Clarisse.

— Você está bem? – Liss se aproximou de Rose. – Ah, meu Deus! Está sangrando! Rose, tinham maneiras mais fáceis e mais seguras de fazer isso! Você precisa tomar mais cuidado.

— Bobagens. Temos o talismã e quatro pessoas, certo? Então está tudo bem. Agora vamos, a música já está acabando. – Seguimos dançando novamente, e saímos do salão da mesma forma que entramos na saleta.

***

— E agora? O que fazemos? – Perguntou Sam.

Estávamos no hotel, com roupas normais, e um livro de rituais na mão.

— Bem, para o ritual se completar, a gente precisa fazer um pentagrama no chão. Depois, posicionamos quatro pessoas em cada ponta, e o talismã na quinta. Então, cada um de nós tem que admitir algum segredo que nunca contamos à alguém. A pessoa que teve a alma vendida, que no caso é a Clarisse, tem que derramar três gotas de sangue no talismã, então tem que ficar na ponta ao lado, porque ninguém, em hipótese alguma, pode sair da posição até terminar o ritual. – Eu respondi, lendo o livro em minhas mãos.

Desenhamos o pentagrama, e nos posicionamos de forma que ficou o talismã numa ponta, Clarisse na outra, Rose à sua frente, Sam à seu lado, e eu ao lado de Sam e Clarisse. Assim que cada um tomou sua posição, o talismã começou a brilhar, juntamente com o pentagrama.

— Eu já me apaixonei por um demônio há seis anos. – Admitiu Clarisse, primeiramente.

— Eu já me vesti de Batman e saí pela rua enquanto Sam estava dormindo. Mais de uma vez. – Admiti.

— Eu gosto de observar Rose enquanto ela dorme. – Admitiu Sam, que recebeu um olhar de fúria.

— Eu tenho medo de amar alguém. – Em fim, Rose admitiu, encarando o chão.

Clarisse em seguida pegou uma faca e fez um leve corte em sua mão, derramando três gotas de sangue em cima do talismã. Ao cair, o sangue começou a queimar em cima da pedra escura, como se fosse um ácido corroendo algo.

Mas então foi como se o sangue tivesse sido absorvido pelo talismã, não restou uma gota sequer. O talismã, então, passou de uma luz preta para uma luz vermelha, que durou uns dez segundos, e passou para uma luz dourada. Depois, todo o pentagrama apagou e o talismã parou de brilhar.

— Eu acho que funcionou. – Disse Clarisse. Ela olhou para mim, como se esperasse uma resposta. Eu assenti.

— É. Acho que funcionou. – Esbocei um sorriso para ela, esperando que fosse reconfortante.

Então algo aconteceu. Rose começou a tossir, sem parar, até que foi perdendo o equilíbrio. Ela iria cair, se Sam não estivesse lá para ajuda-la e segurá-la. Ele a sentou no chão, se ajoelhou ao lado dela, enquanto ela tossia sem parar, perdendo o fôlego, até uma hora em que ela começou a tossir sangue. Clarisse correu até seu outro lado, segurando sua mão. Eu corri também, e parei bem à sua frente.

Ela já estava ficando sem ar, e cada vez mais sangue saía de sua boca. Depois de alguns segundos, ela estava deitada no chão, não tossindo mais, mas como se tivesse ao seu leito de morte. Um caminho de sangue descia pela sua bochecha, enquanto ela suspirava por vida.

— Sam. – Ela conseguiu sussurrar. – Não se esqueça... Não se esqueça do que... Do que você me prometeu... – Aquilo foi o suficiente para que ela apagasse completamente, como se estivesse morta.

Clarisse começou a gritar seu nome em meio às lágrimas, e Sam tentava reanima-la de diversas maneiras. Chequei seu pulso. Estava viva.

— Ela está viva, ainda. Mas seus batimentos estão fracos. Vou chamar uma ambulância. – Peguei o telefone, e chamei a ambulância, que em questão de minutos estaria aqui. Apagamos o pentagrama, e guardamos o talismã. Dentro de dois minutos, a ambulância já estava apitando na frente do hotel.

Alguns paramédicos entraram no quarto correndo e colocaram Rose em uma maca. Eles “gritaram coisas um para o outro como “Ainda com pulso”, “ Pressão baixa”, ou até mesmo “ Injeta a morfina!”. Tiveram que afastar Clarisse de perto da irmã, pois ela não poderia ir para o hospital na ambulância.

— Calma, nós já vamos pra lá. – Eu tentava acalmá-la enquanto ela soluçava nos meus braços. – Não se preocupe. Nós vamos dar um jeito.

Dirigimos até o hospital um pouco atrás da ambulância. Ao chegarmos lá, Clarisse atirou-se para dentro do hospital, ignorando qualquer um que tentasse pará-la. Nós, obviamente, fomos atrás dela.

Ela alcançou a irmã quando os paramédicos a dirigiam para dentro do hospital, provavelmente para fazer exames. Clarisse os acompanhava, soluçando e gritando para Rose acordar.

Ela foi barrada na sala de tomografia, então tivemos que dar alguns calmantes à ela e esperar por notícias na sala de espera.

Foi quando ele apareceu. Um demônio. Vestido de terno preto e com um lenço vermelho, simbolizando que trabalhava para Crowley. Sam e eu nos levantamos imediatamente.

— Não vim para brigar. Não hoje. Agora, estão esperando sua amiga sair daquela sala, mas não vai ser acordada. Há milhares de anos esse ritual não era feito, e com isso conseguimos capturar a alma dela. Mas, algo peculiar aconteceu. – Ele andou para uma cadeira e cruzou as pernas. - A alma dela não é como outras. Não é humana. O Rei do Inferno ainda está tentando descobrir o que ela é, enquanto a aprisiona em sua própria masmorra. Então, acho melhor vocês ajudarem. – Então ele sumiu, desapareceu. Olhei para Sam, que emanava surpresa.

— Cara, acho que vamos ter que voltar para o Inferno.



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