História O Noivo - Surprise

[Selena Point Of View]

Em um perfeito estado de pânico, era como me encontrava neste exato momento. Não sabia o que fazer, que tipo de decisão tomar, só queria chorar de alegria ou tristeza talvez, ou gritar... um misto de sentimentos passavam-se pelo meu corpo e estava difícil escolher um deles.

Apertei o volante em minhas mãos com certa raiva e por estar completamente nervosa, sem chão, desolada. Senti o nó dos meus dedos ficarem dormentes e brancos pela força aplicada no objeto de couro.

Poderia estar sendo dramática? É claro! Poderia estar de TPM? Claro que sim, porém não pude evitar que meu rosto ficasse molhado pelas inúmeras lágrimas que escorriam por minha face, deixando-o avermelhado e inchado provavelmente.

"Que vontade de me matar ou matar alguém..."

- Não, Selena! De novo não. Você não pode errar novamente! - Falei comigo mesma, me auto repreendendo. Sequei rapidamente meu rosto e saí do carro, após desligar o motor. A mansão estava silenciosa, escura e nenhum empregado vagava naquele bleu, ao não ser os seguranças no jardim andando feitos fantasmas ou zumbis, como preferir.

Quando entrei no quarto, tive a bela visão de meu marido dormindo feito um anjo na cama, com uma expressão serena e tranquila no rosto, a respiração calma e suave, como a de um bebê. Esther também estava por ali, deitada ao lado dele e ocupando o meu lugar por direito, a cadelinha ainda por cima estava debaixo do cobertor.

"É muito abusada, culpado disso é o Justin!".

Depois de analisar mais uma vez a proposta da Victoria Secrets, pedindo-me para que ficasse cerca de um ano modelando por alguns países a fora, guardei o envelope em minha bolsa novamente. Era uma bela chance, nunca tive uma oportunidade dessas mesmo sendo uma boa e conhecida modelo, ainda não fiz uma "turnê" e esse era um dos meus sonhos, porém havia Justin e seria muito mais fácil se o meu único problema fosse apenas meu adorável marido, mas não é.

Expulsei Esther da cama com cuidado para que não acordasse Justin, ou ele começaria com o interrogatório com direito a lanterna, minha ficha e música dramática em plena duas e pouca da manhã, e cai entre nós... ninguém merece passar por isso de madrugada e estando morrendo de sono. Esther estava se preparando para latir e ao perceber isso, segurei em seu focinho, não a permitindo de fazer tal coisa.

Esther rosnou olhando-me e permaneci séria a encarando, ela por sua vez colocou o rabinho entre as pernas e voltou a deitar na cama. A mesma entrou debaixo do cobertor novamente e aninhou-se perto dos pés de Justin. Ri baixinho de Esther e deitei-me ao lado de Justin, ficando de costas para ele passei seu braço por minha cintura, sua mão ficou repousada em minha barriga e acabei suspirando enquanto sentia o loiro atrás de mim mexer-se e resmungar baixinho.

- Selena...

- Shii, continua dormindo.

- Onde... você... estava...?

- Nos seus sonhos. Durma amor! - E funcionou, no segundo seguinte o silêncio prevaleceu o quarto e ele acabou dormindo, assim como fiz minutos depois.

                                 (...)

Logo que amanheceu, saí da cama sem deixar que Justin acordasse e aproveitei pelo fato dele ainda estar dormindo para poder sair de casa também. Tinha endereço certo, a casa de Kendall e eu precisava conversar com ela, saber sua opinião e tinha certeza o que ela falaria.

- Você está brincando ou é mesmo verdade?

- É verdade.

- E por quê não quer contar pra ele? Selena, se o Justin não souber ele vai... olha, não sei o que ele faz contigo, ou o que ele irá fazer consigo mesmo.

- Vamos pensar de forma positiva, por favor? Kendall, eu não tenho certeza ainda se quero mesmo... - Ela me interrompeu, dando-me um forte tapa no braço. - Ai caralho! Tá louca?

- Nem pense nisso. É ridículo! De novo não, Selena. Dessa vez não irei compactuar com essa maluquice sua e se você ousar fazer isso, o Justin ficará sabendo. - Kendall disse seriamente, engoli em seco assentindo.

- O que eu faço? Estou perdida. - Ri nervosa, ela assentiu e me puxou para um abraço.

- Apenas conte pra ele, tenho certeza que meu veado favorito ficará feliz. Não tenha medo, ok? - Assenti e ela sorriu levemente, apertando-me em seus braços finos.

Kendall aproximou-se e colou seus lábios nos meus em um ato singelo e carinhoso, estava tão acostumada com isso que aquilo pra mim deixou de ser anormal.

- Vocês se beijaram? - Chaz questionou incrédulo. O moreno estava parado no batente da porta do quarto, nos olhando assustado, como se fossemos algum bicho de sete cabeças. - Respondam, meninas! Vocês realmente se beijaram? - Repetiu a pergunta.

Kendall e eu nos entreolhamos, sorrimos cúmplices e novamente trocamos um selinho, dessa vez demorado, enquanto ouvíamos os resmungos incrédulos de Somers.

- Isso responde sua pergunta besta? - O questionei, sorrindo sacana. Ele gemeu frustrado assentindo.

- Que bom! Agora sai daqui, Chaz. Queremos privacidade! - Kendall ordenou.

- Não sabia que vocês duas eram tão moderninhas assim...

- Sai Chaz! - Falamos em uníssono jogando almofadas na direção dele, o moreno por sua vez saiu do quarto desnorteado e resmungando palavrões. - Sabe que ele vai contar para o Justin, né?

- Sobre o quê exatamente?

- O selinho. Chaz vai contar, com certeza irá aumentar as coisas e o Jus vai ter um ataque do coração, só de pensar que viramos lésbicas e temos um caso pelas costas deles dois. - Kendall explicou e revirou os olhos.

- Estou muito preocupada com as bobagens que o Chaz contará e o que o Justin irá deixar ou não de pensar. Minha preocupação é outra... - Suspirei pesadamente perdendo-me em vários pensamentos, ignorando sem querer o que Kendall contava sobre o sexo que ela e Chaz tiveram no restaurante na noite passada.

[Justin Point Of View]

Queria muito entender o por quê de Selena estar tão estranha nos últimos dias, não que ela fosse normal ou que não fosse "estranha" mas é que quando ela agia dessa forma comigo, é porque algo estava acontecendo e só não sabia exatamente o que era.  Fazia duas longas semanas que ela estava estranha comigo, não conversava comigo direito, evitava olhar em meus olhos, fugia de mim sempre que tinha oportunidade e acredite, não estávamos transando também.

Desde que nos casamos o máximo que ficamos sem transar foram dois dias, dessa vez batemos nosso próprio recorde e estamos há duas semanas sem um contato mais íntimo entre nossos dois. Selena não me procura para nada, nem nos beijamos estamos fazendo, e isso está me irritando.

Desde que Chaz me contou que flagrou Selena e Kendall aos beijos no quarto da Jenner, que a minha adorável esposa anda muito estranha comigo e isso me deixa ainda mais desconfiado. Ela estaria, sei lá, me trocando para viver um romance com outra mulher? E ainda por cima com a minha ex namorada? Ah, é demais pra mim. Que tipo de homem em plena consciência aceitaria algo desse tipo? Nem que eu fosse tão moderno assim.

Por isso estava decidido a colocar Kendall contra a parede e tirar satisfações com a mesma.

- A Kendall está? - Perguntei, assim que a empregada abriu a porta.

- Deixe ele entrar. - Ouvi a voz da morena, a empregada abriu ainda mais a porta dando-me liberdade para adentrar na casa. - Ao que devo a honra da ilustre presença do meu amiguinho?

- Poupe-me do seu sarcasmo. - Revirei os olhos. - Podemos ir para seu quarto ou qualquer outro lugar que possamos ter privacidade?

- Não sei se você lembra mas vou me casar com seu melhor amigo e você é casado com a minha amiga. Então Jus... não podemos fazer isso com eles, mesmo que eu queria muito foder contigo. Não podemos!

- Já parou com a gracinha? - Falei impaciente, ela bufou e passou por mim, esbarrando propositalmente em meu ombro ao subir as escadas, a segui.

Quando entramos em seu quarto, muito diferente do que era quando Selena ainda morava aqui, Kendall retirou o robbie que vestia ficando apenas de roupas íntimas em minha frente. Engoli em seco encarando descaradamente sua bunda mediana, arrebitada e... nossa, como eu queria...

- Justin! Acorda!

- Dá pra você colocar a MERDA de uma roupa, Jenner?

- Estou na minha casa, posso ficar até pelada se eu quiser.

- É falta de educação, você está com uma visita aqui.

- Você não é visita Jus, já é de casa lindo. - Piscou, a morena se aproximou e depositou um demorado beijo na minha bochecha. - Já volto, irei colocar uma roupa ou tá arriscado você ter um colapso nervoso só por ver o quanto sou gostosa e se da1ar conta do que perdeu!

- O que eu perdi? Gordura? - Brinquei, sorrindo debochado. Kendall abriu a boca chocada.

- Como é que, é? Repete se tiver coragem! Repete se for homem mesmo, Bieber. - Me desafiou, ri negando.

- É brincadeira, vai trocar de roupa. - A empurrei para dentro de seu closet e fechei a porta do mesmo.

Sentei na beirada da cama, a espera da morena. Ouvia claramente a mesma cantarolar alguma música desconhecida por mim, sua voz desafinada me fazia ter crises de risos. Encarei o porta retrato em cima da cômoda e era uma foto de Kendall com seu pai, minha mãe e por incrível que pareça, a minha presença também estava naquele pequeno porta retrato.

Ali eu deveria ter em torno dos meus dezoito ou dezessete anos, estava ao lado de Kendall com uma expressão engraçada, e abraçava a bela morena pela cintura, seu rosto estava repousado em meu ombro e ela tinha um sorriso infantil nos lábios, assim como sua expressão. Nossos pais estavam abraçados ao nosso lado e carregavam sorrisos abobalhados nos lábios ao olharem para a câmera.

- Sabia que o Chaz já quis te cortar da foto? - Disse ela, a encarei incrédulo. - Pois é, ele morre de ciúmes de você.

- Eu também teria...

- Não tem nada a ver, Jus. Isso é passado! - Kendall disse entediada, encarei-a debochado. Ela bufou e se aproximou, sentou-se em meu colo e abracei sua cintura enquanto olhávamos atento ao retrato. - Ok, nós já namoramos, mas passou. Certo? E nós somos e, sempre fomos amigos e "irmãos" um do outro. Acho desnecessário que o Charles fique assim, você está casado e com a Selena, jamais furaria o olho dela.

- Nem eu, o dele. - Pisquei e a empurrei de cima de mim, jogando-a na cama. - Precisamos conversar. - Falei seriamente, ela franziu o cenho olhando-me curiosa enquanto seus cotovelos ficavam repousados no colchão macio.

- Sobre...?

- Você e a minha mulher.

- Como?

- Que história é essa de beijar a Selena? Desde quando vocês ficaram tão moderninhas desse jeito?

- Resolvemos experimentar coisas, novas. O mesmo pau às vezes cansa...

- Basta, Kendall. Não vim aqui para ouvir suas gracinhas. Eu quero explicações! Então comece a falar! - Falei severo.

- Explicações, Bieber? Sério? Não tem nada pra explicar seu babaca. Foi apenas uma brincadeira, Selena e eu não temos um caso, não somos amantes e você, felizmente, não é corno.

- Não consigo acreditar...

- Foda-se porque essa é a maldita verdade. - Revirou os olhos. - O que o idiota do Somers te falou?

- Que viu vocês... hum... vocês estavam... - Hesitei ao falar e respirei fundo, tomando coragem. - Ele viu vocês se pegando aqui na cama! - Falei constrangido, a morena gargalhou.

- E você burro do jeito que é, acreditou? Fala sério.

- No começo não...

- E por que começou a desconfiar e acreditar nisso só agora?

- Porque desde o corrido que a Selena tem andado estranha comigo, mais estranha do que ela já é. - Ela riu.

- Relaxa... não tô comendo sua esposa. - Sorriu maliciosa.

- Jenner! - A repreendi.

- Até porque não tenho um pau grande e grosso do jeito que ela gosta, tipo o do Chaz. - Mordeu os lábios. - O seu não, é pequeno.

- Caralho! Dá pra parar de falar essas merdas? - A questionei nervoso, ela riu divertindo-se com a minha irritação. - E não é pequeno... - Murmurei contrariado.

- Prove-me. - Desafiou, aproximando nossos rostos. Sorri de canto e segurei em seu queixo firmemente, mantendo nossos olhares conectados.

- Você já viu, tocou e chupou. Sabe que não é pequeno! - Falei sorrindo safado, a morena riu roucamente mas notei uma certa surpresa passeando por seus olhos castanhos.

- Só não tive ele na minha boceta, Jus... - Disse manhosa arranhando meu maxilar com suas grandes unhas.

- E nem vai. - Pisquei dando leves tapinhas em sua bochecha, ela riu negando e me empurrou de perto dela. - Sabe onde está Selena?

- No meu bolso que não... - Debochou, revirei os olhos bufando.

- Você não tinha uma frase mais original?

- Tinha, mas pensei antes de falar e você se sentiria ofendido. - Sorriu amigável, mando-me uma piscadela.

- Afinal, você sabe ou não onde ela está? - Perguntei novamente. - Fui na agência e ela não apareceu o dia inteiro lá.

- É porque estávamos no shopping fazendo compras.

- E quando vocês não estão fazendo isso?

- Cala boca! - Disse irritada, ri dando de ombros. - Depois do shopping almoçamos juntas aqui em casa e ela foi embora, só não sei te dizer se foi pra casa de vocês. - A morena explicou.

- Ok, então vou pra casa. Preciso conversar com ela! - Falei levantando da cama, a morena fez o mesmo.

- Não brigue com ela. - Pediu preocupada.

- Não vou brigar, quero conversar. - Sorri levemente. - Tchau! - Depositei um carinhoso beijo em sua bochecha e fui embora.

                                 (...)

Quando entrei na garagem com meu carro, de cara pude ver o carro de Selena estacionado em sua vaga, ao lado da meu outro veículo, minha preciosidade, minha Laferrari vermelha.

Meu celular começou a vibrar em meu bolso e o retirei do local apertado, meu pai estava me ligando e estranhei o motivo de sua repentina ligação, já que desde que prédio demissão não havíamos nos falado sem trocarmos farpas e indiretas um com o outro.

- Pai?

- Sou eu.

- Eu sei, eu vi.

A linha ficou muda por cerca de um minuto, talvez. Podia ouvir claramente a respiração pesada de Jeremy do outro lado da linha.

- Pai, você me ligou pra ficar em silêncio? Tenho outras coisas pra fazer...

- Tipo procurar emprego na empresa rival? Qual é o seu problema?

- Oi? O meu problema? Eu que te faço essa pergunta, Jeremy. Desde quando devo satisfações da minha vida para você?

- Desde do momento em que você saiu das minhas bolas e se tornou meu filho. Um veado ingrato!

- Se começar com as ofensas, essa conversa acaba aqui e agora.

- O que te fiz, Drew? Você é meu único herdeiro, meu único filho e me dá essa facada pelas costas indo procurar emprego no inimigo? Você não precisa disso, filho.

- Não sei se o senhor lembra, mas não trabalho mais para a Império Bieber's faz  mês. Ah, e não se esqueça que sou casado e tenho, preciso de dinheiro para sustentar a minha esposa e eu. O dinheiro que está na minha conta uma hora acaba e estou desempregado, não irei esperar ficar sem dinheiro para procurar um emprego.

- E tinha que ser logo na...

- Quem te contou?

- Eu sei de tudo.

- Conta logo!

- Foi o Chaz.

- Ah, mas que filho da...

- Em defesa dele, digo que estávamos conversando e ele acabou soltando isso sem querer. Minha vontade foi de bater nele por ter te deixado fazer isso e de ir atrás de você para te bater também.

- Tenho que trabalhar, não importa se é sua rival ou não.

- Nossa rival, filho. Nossa! E eu quero, preciso que você volte.

- Pai, eu falei que não...

- Como presidente. - Dessa vez quem ficou mudo fui eu. - Quero que volte a sentar na cadeira que nunca deveria ter saído, seu lugar por direito e que esteve destinado à você desde o dia que descobri que um garotão estava vindo para vida da sua mãe e eu. Volte, Justin! Por favor!

- Você... está mesmo falando sério?

- Sim, filho! Estou falando muito sério. Eu joguei a toalha, tirei meu corpo fora. Vi a burrice que eu estava fazendo, você me avisou tanto e caguei para o  falou, vi também que a empresa não é a mesma coisa sem você meu filho. Você desenha as jóias, administra a empresa, cuida de outros setores também e eu só sei dar ordens, demitir e tratar as pessoas mal. Fiz um bom trabalho contigo, né? Te ensinei direitinho. Você é meu orgulho, Drew.

- Hum, obrigado... eu acho.

- Cheguei a conclusão de que não quero mais essa vida, sabe Justin? Quero viver a partir de agora como um cara de quarenta e dois anos, gostosão que só quer curtir a família, ficar com a esposa e não enfurnado dentro de um escritório num calor infernal de terno e gravata, tarando a coitada da secretária vinte e quatro horas por dia.

- O senhor quer então...

- Ser feliz, só isso. Quero ser feliz com a sua mãe, ela me deu a oportunidade e sinto que estou estragando tudo de novo, como no passado e não quero isso.

- Ok...

- Isso quer dizer que você irá voltar?

- Vou, mas fique ciente de que é por causa do meu casal favorito. Você e minha mãe, quero ver os dois bem, juntos e felizes, como já foi um dia! Minha mãe merece ser feliz pai, o senhor também... espero que não estrague nada disso.

- Eu não e é por isso que estou assinando neste momento a minha carta de demissão, da minha aposentadoria e passando definitivamente tudo em relação da empresa para o seu nome. Você pode voltar semana que vem, é tempo suficiente para que eu possa fazer uma limpa na sala e deixá-la liberada pra você, filho.

- Tudo bem... pai, preciso desligar agora. Tenho algo importante para resolver!

- Ok...

- Tchau, boa noite.

- Justin! Espera!

- Oi, pai? Fala!

- Eu agi errado com você, desculpa.

- Está desculpado, relaxa. E me desculpe também! Depois nos falamos.

Estava prestes a finalizar a ligação, quando novamente Jeremy me chamou.

- Filho!

- Que foi agora, pai?!

- Nada...

- Ora, mais que...

- Só queria dizer que teu velho te ama muito, ok? Te amo veadinho, boa noite.

E então ele finalizou a ligação rapidamente, não me dando chances de responder por estar surpreso demais com tal ato carinhoso dele.

Jeremy, era como Selena. Meu pai não era frio com seus sentimentos, mas ele dificilmente falava um "eu te amo" mas demonstrava bastante o amor, o carinho que sentia por você no momento em que cuidava, te abraçava e conversava contigo, então quando ele falava essas três palavrinhas eu me sentia o filho mais sortudo e feliz do mundo.

Tenho certeza de um dia quando eu me tornar pai, serei bastante diferente de Jeremy. Possivelmente serei uma versão feminina da Pattie, serei um típico pai babão que qualquer coisinha já estou ali de quatro todo bobo por qualquer ato inovador da criança.

Se um dia Selena me deixasse engravidá-la e parasse de vez de tomar aquele bendito remédio, torceria para que viesse uma menininha para nossas vidas e já tenho o nome decido na cabeça: Anny, será o nome da futura minha princesa.

A casa estava silenciosa, chegava a ser chato... não via a hora de ter alguma criança nessa casa, fazendo muito barulho e me deixando maluco. Talvez, Selena e eu devêssemos adotar mais um cachorro e dar um "irmãozinho" para Esther, assim teríamos dois bagunceiros em casa.

Quando estava pegando meu caminho para o quarto, vi pela grande janela de vidro, que tinha vista para o quintal, Selena e Esther brincando pelo gramado pouco iluminado.
A morena tinha um sorriso gigante nos lábios e ria das macaquices que a cachorra fazia para ela, querendo chamar sua atenção. Dei meia volta, descendo as escadas e abri a porta de correr, o barulho meio alta dela chamou atenção tanto da minha esposa, quanto de Esther e a mesma logo veio correndo em minha direção parecendo uma desesperada, com sua língua de fora e latindo feito louca. Peguei a pequena cachorra no colo e comecei a dedilhar seus pêlos lisos, sedosos e cheirosos, enquanto "conversava" com ela.

- Justin...

- Tudo bem? Vai fugir de mim mais uma vez? - Questionei-a seriamente.

- Me desculpa por ter te evitado esses dias, amor. - Ela suplicou, aproximando-se. Franzi o cenho, olhando-a curioso.

Ok, havia algo de MUITO errado ali. Selena me pedindo desculpas, ainda por cima com uma voz tão manhosa e um olhar, estranho e perdido. O que aconteceu?

- O que você aprontou? - Falei, colocando Esther no chão e logo a mesma foi cheirar as flores pelo longo jardim.

- Por que acha que aprontei alguma coisa?

- Será que é porque a senhorita nunca pede desculpas tão facilmente e só fala com essa vozinha quando quer algo ou fez merda mesmo. Então, não me enrole e desembucha logo de uma vez antes que eu perca a paciência! - Falei firme, de forma que demonstrasse minha total impaciência com a morena naquele momento.

- Você fica tão sexy nervosinho Jus. - Sorriu maliciosa olhando-me dos pés a cabeça, ela se aproximou e abraçou meu pescoço, senti seus dentes rasparem na pele do meu mesmo e fechei os olhos tentando me controlar. -  Dá uma vontade de...

- Para! - Exclamei, a afastando de perto e segurei suas mãos repousadas em meu peitoral. - Você não vai me comprar com beijinhos, Selena. Comece a falar! - Ordenei.

Ela suspirou pesadamente, suas mãos escorregaram do meu peitoral até que não estivessem mais presentes no mesmo. Selena caminhou para dentro de casa, franzi o cenho confuso e até mesmo irritado, queria respostas e não que ela saísse andando.

Selena caminhou até a enorme estante de mármore marrom claro, onde esta estava a grande televisão de plasma preta, havia alguns porta retratos nossos espalhados por ali, sendo nós dois juntos ou não, ela abriu uma das gavetas e retirou de lá um envelope laranja.

- Selena! Dá pra você falar alguma coisa? O que é isso na sua mão?

- Veja você mesmo e tente por favor não surtar. - Selena pediu, mordendo seus lábios apreensiva entregando-me o tal envelope.

Só fiquei mais tenso com aquela ação dela e não pensei duas vezes antes de abrir o envelope laranja, olhando-a com o meu melhor olhar mortífero enquanto retirava os papéis de dentro. Selena parecia nervosa, ansiosa e aflita era um misto de expressões em seu rosto que ficava difícil entendê-los.

O silêncio prevalecia entre nós enquanto me mantive concentrado lendo o tal papel e diversas vezes encarei Selena, procurando saber o que de fato naquele papel a deixava tão nervosa.

- Você me evitou, fugiu de mim e me ignorou por duas semanas por causa de uma proposta de trabalho, Selena? O que diabos acho que sou? - A questionei, bastante irritado.

Não era nada demais, era apenas um contrato profissional de uma marca famosa e que qualquer mulher no ramo da moda, gostaria de desfilar. Selena foi a mulher sortuda e escolhida da vez e tinha um contrato milionário para assinar, pois sua assinatura ainda não estava no presente no papel.

- Justin...

- Eu que deveria te ignorar agora por achar que sou um louco obsessivo, egoísta e ciumento.

- Justin, me deixa...

- Estava esperando minha permissão? Sabe que não precisa disso, princesa. - Revirei os olhos bufando. - É o que você mais queria, certo? Desfilar pra Victoria Secret's... - Dei uma pausa, olhando o papel e lendo-o novamente.

- Sim, eu sei mas...

- Só que um ano fora é muita coisa, amor. Não sei se conseguiria ficar sem você perto de mim por todo esse tempo, mas também não quero que desi... - Ela me interrompeu.

- JUSTIN! CALA A PORRA DA BOCA E ME ESCUTA PELO AMOR DE DEUS! - A morena exaltou-se, assustando-me. A encarei confuso, tentando entender o porquê dela ter se irritado e gritado do nada comigo.

Estava sendo compreensível com ela, um marido legal e pensei nela diversas vezes antes de falar qualquer coisa e não em mim mesmo, não fui egoísta, o que fiz de errado então?

- Por que está gritando comigo? O que eu fiz ou falei de errado, Selena?

- Você não parava de falar e não me deixava falar, este é o problema, Justin! - Disse brava. Bufei e me sentei no braço do sofá, fitando a morena com atenção, ela por sua vez aproximou-se ficando no meio da minhas pernas. - Por favor, Jus, escute o que tenho para te falar e depois você tagarela a vontade. - Pediu olhando-me profundamente nos olhos, correspondi seu olhar na mesma intensidade. Sua mão macia e quente acariciava minha bochecha com carinho e delicadeza.

- Fale, estou ouvindo... - Murmurei.

- Faz cerca de três semanas que recebi essa proposta, eu estou muito feliz com isso. Pode não parecer no momento mas por dentro estou dando pulinhos de alegria e querendo soltar fogos de artifício pela bunda! - Arregalei os olhos ao imaginar a cena, não foi uma das mais agradáveis. Ela ria da provável careta presente em meu rosto e balancei a cabeça, afastando tais pensamentos absurdos e nojentos. - Porém, faz duas semanas que descobri algo maior que isso e que vem me deixando doida, Justin. É uma mistura tão doida de sentimentos invadindo meu coração, pensamentos estranhos que nunca vagaram pela minha mente que me deixam nervosa e por isso te ignorei essas semanas, por estar em uma briga interna comigo mesma, amor. - Selena explicava com um olhar tão vago, perdido, não me olhava mais e gesticulava a todo momento, assim como mordia seus lábios, que continham uma leve coloração rosa de seu batom.

- Princesa, juro que estou tentando muito te entender... porém não está sendo fácil. - Ri nervoso, ela sorriu fracamente.

- Fica aqui, ok? Tenho uma surpresa para você. Irei buscar uma coisa que te fará entender tudo de uma vez. - Assenti, trocamos um rápido selinho e ela subiu as escadas correndo, logo atrás Esther corria atrás da morena e até então não a tinha visto perambulando pela sala de estar ou subido no sofá, como costuma fazer.

Joguei os papéis em cima da mesinha de dentro mesmo juntamente com as chaves do meu careo e meu celular. Ao olhar melhor, percebi que havia outro papel que não tinha haver com a tal proposta de trabalho para Selena. Não perdi tempo antes de pegá-lo, meu celular começou a tocar, era Kendall e ignorei sua ligação, começando a lê-lo com atenção.

Minha respiração ficou entrecortada, pesada e completamente descompensada de uma outra pra outra. Minhas mãos estavam trêmulas, assim como minhas pernas estavam bambas e nenhuma frase coerente era formulada pela minha mente, nenhum saia da minha boca por mais que eu quisesse gritar.

Estava incrédulo demais para conseguir fazer isso e chegava a me irritar.

Meu celular novamente começou a tocar e vibrar sob a mesinha, o atendi de uma vez. Teria que descontar minha euforia em alguém, Kendall seria a vítima.

- Justin, maninho! Chaz e eu gostaríamos que você e Selena viessem aqui em casa daqui pouco, temos uma noticia para contar pra vocês!

- Kendall...

- Oi?

- Cala boca!

- Que?

- Desde quando você sábia, Jenner?

- Hã?

- Não se faça de sonsa, sua cínica. Você sabia o tempo todo e estava compactuando com a Selena.

- Hello! Para de me ofender e começa a fazer sentido, Bieber.

- Sério Kendall? Você vai continuar insistindo em falar que não sabia de nada?

- Não sabia do que... ah, droga...

- Droga?

- Você descobriu?

- O que você acha?

- Justin, fica calmo!

- Fica calmo o caralho, Jenner. Minha vontade é de mandar prender vocês duas, sábia? Ou melhor.... de matar vocês assim como fizeram com o meu filho!

- Justin! Me escuta! Eu não podia te contar, prometi para Selena e ela se sente tão mal com isso!

- Te garanto que ela se sentirá pior ainda com o que vou fazer com ela. Passar bem!

- NÃO! Não faça nada de cabeça quente, por favor!

- Eu faço o que quiser, assim como Selena fez quando decidiu matar o meu filho. Ela não se preocupou em machucá-lo, não se preocupou em me machucar, Kendall!

- Justin, pelo amor de Deus...

- Não preciso me preocupar de machucá-la também. Boa noite!

- Não, Justin! A Selena... - Finalizei a ligação, desligando em sua cara.

Nunca me imaginei batendo em mulher, mas pra tudo tem sua primeira vez e por mais que eu já tenha dado um tapa em Selena, por mais que eu tenha me arrependido... pode ter certeza que dos que ela irá levar hoje, não irei me arrepender nenhum pouco.

Selena irá se arrepender do dia que nasceu, irá se arrepender de ter matado a sangue frio um ser humano frágil e inocente, vai ser arrepender completamente de ter me conhecido.

[Kendall Point Of View]

Justin iria fazer besteira, tinha certeza disso e ninguém precisaria ser muito inteligente para saber que coisa boa não aconteceria na mansão Bieber naquela noite. O tom de voz rude, a fala totalmente grossa dele denunciava o quão bravo ele estava de saber que Selena havia feito um aborto por suas costas e que eu sabia disso mais do que ninguém.

Depois de ter vestido um sobretudo, peguei as chaves do carro e estava prestes a sair de casa quando Chaz brotou na minha frente do nada.

- Você não vai! - Disse sério, arrancando as chaves da minha mão.

- Charles! Ele vai machucar ela! - Falei desesperada, não podia deixar nada de ruim acontecer com ela.

- Ele não vai machucar a Selena, Justin é incapaz de machucar uma mosca quanto mais encostar um dedo nela.

- Sabia que ele já deu um tapa na cara dela? - O questionei, sorrindo cinicamente. Ele arregalou os olhos surpreso.

- Deve ter sido no sexo selvagem que eles tem. - Riu safado.

- Chaz, é sério! O Justin vai machucar a Selena, não podemos deixar nada acontecer com ela! Ele pode ir preso.

- Ela também! Fez aborto.

- Eu sei, amor. Selena está errada, mas ele irá perder a razão se encostar um dedo nela! Por favor... - Implorei com minha voz embargada.

- Kendall, gatinha você está grávida. Não pode se estressar! - Disse preocupado, o olhar dele caiu em minha barriga e logo sua mão estava a acariciando.

- Já estou estressada. - Retirei sua mão bruscamente. - E não vou conseguir dormir em paz só de pensar no que pode estar acontecendo entre eles, Chaz.

- Você deveria se preocupar com nosso filho.

- No momento estou preocupado com nossos amigos, você deveria fazer o mesmo! - Falei irritada. Aquela frieza dele estava me dando nos nervos.

- A Selena bem que merece uns tapas, gatinha. Ela foi uma tremenda covarde! - Chaz falou com repulsa.

- E o Justin também estará sendo. Por favor, vamos. - Supliquei, fazendo beicinho. Chaz bufou assentindo e sorri agradecida, puxando-o para fora de casa. - Rápido, anda!

[Justin Point Of View]

Assim que toquei na maçaneta do nosso quarto, dei de cara com Selena, a mesma estava prestes à sair do cômodo e ao meu ver abriu um sorriso, porém permaneci sério.

"Como pode sorrir e não se sentir culpada?"

- Justin... aconteceu alguma coisa? Por que está tão sério amor? - Selena questionou preocupada, tentou tocar em meu rosto, mas em um gesto rápido e bruto dei um tapa forte em sua mão, afastando-a. Ela encarou-me surpresa e ainda mais confusa. - Mas o que...?

- Cala a porra da boca, Selena! - Ordenei, entre os dentes e a puxei para dentro do quarto, joguei-a na cama observando cada expressão assustada e intrigada dela em seu belo rosto.

- Justin, o que aconteceu?

- JÁ MANDEI CALAR O CARALHO DA BOCA, MERDA! - Me exaltei, deixando-a ainda mais assustada. A morena recuou para trás, com medo. - Me diz... qual seu problema? Como pode ser assim, Selena? Tão baixa, fria e tão, mais tão falsa? - A questionei, meus olhos marejaram por um instante, porém me controlei não poderia chorar agora em momento como esses, não poderia mostrar o meu lado fragilizado com o que ela fez, teria que ser forte.

- Amor, não estou te entendendo. Pode explicar?

- Não me chame de "amor" e não seja sonsa, isso não combina com você. - Revirei os olhos. - Você é ridícula!

- Justin, não irei permitir que fique me ofendendo de graça. O que aconteceu? Dá pra falar logo de uma vez, porra?

- Ofendendo de graça? - Falei incrédulo, ela assentiu e parecia magoada. Não mais que eu, tenha certeza. Ri debochado, negando com a cabeça e me aproximei, segurei em seu queixo mantendo meu olhar sério e frio no dela. - Sabe o que você merece? - Ela negou. - Isso! - Exclamei enquanto minha mão ia em um movimento rápido, certeiro e forte até o lado direito de seu rosto, na hora seu corpo caiu para o lado contrário na cama. - Selena! Levanta, olha pra mim!

- V-você me bateu. - Gaguejou, olhando-me com os olhos marejados e uma expressão tão sofrida, que por um momento o arrependimento queimou em meu peito.

"Não, ela merece."

- E pode ter certeza que esse não será o único, vadia. - Falei friamente.

- Justin, o que deu em você? - Questionou em meio a lágrimas, estava confusa. Cínica, que teatrinho lindo.

- O que deu em mim? Vem aqui que te explico! - Pedi calmo, ela levantou da cama fraquejante e ao estar perto suficiente de mim, lhe dei outro tapa no rosto e ela por sua vez caiu com tudo no chão. - SUA VADIA EGOÍSTA! EU QUE TE PERGUNTO QUAL É A PORRA DO TEU PROBLEMA SELENA! - Exclamei em meio a berros, a morena permanência de quatro no chão chorando e chegava a soluçar, não me importei nenhum pouco. Voltei a me aproximar daquela maldita e segurei em seu cabelo, o puxando com força fazendo-a gritar de dor e implorar para que eu parasse enquanto tentava soltar-se das minhas mãos.

- Justin, por favor... pare... - Sussurrou fraca.

A virei pra mim e levei minhas mãos até seu pescoço, não pensei duas vezes antes de apertar aquele aérea sem exagerar na força para não sufocá-la. Consegui ver em instantes a cor de seu rosto mudar do branco, para o vermelho, do vermelho para o roxo e do roxo para o pálido.

- Onde estava com a cabeça quando decidiu fazer aquele aborto e matar o meu filho, Selena? Me fala, ou eu juro que te mato agora. - Exigi, aumentando a força em minhas mãos.

- P-por f-avor Justin, me s-solta... - Sussurrou. Seus olhos estavam quase fechando-se e seu corpo ficando mole.

Rangi os dentes e trinquei meu maxilar, querendo enforca-la de uma vez e acabar com toda aquela agonia mas meu coração não permitia, meus pensamentos diziam que por mais que parecesse certo ao mesmo tempo não era.

Selena é a mulher que amo e não tenho dúvidas disso, ela pode ter errado uma, duas, três e milhares de outras vezes, mas essa foi demais. Ela não se deu ao trabalho nem ao menos de me avisar que estava esperando nosso primeiro filho, não se deu ao trabalho de falar que abortaria.

Soltei o ar pesadamente ao soltá-la, Selena caiu de joelhos no chão de cabeça baixa e chorando feito uma criança, me pedindo perdão pelo que fez.

- Por que não me contou?

- EU NÃO PODIA, DROGA! NÃO ESTAVA PREPARADA! - Ela respondeu completamente fora de si, me controlei para não bater nela novamente. - Você iria querer aquela criança, mas eu não. Não gostaria que meu filho crescesse dentro de mim sem o amor e carinho de mãe que ele deveria ter desde a barriga, Justin! Eu não podia dar isso pra ele, não podia ter dado pra você.

- Você foi EGOÍSTA, Selena.

- Não, eu fui...

- Egoísta, puro egoísmo da sua parte. Você escondeu um filho de mim e o matou sem pena alguma!

- Me desculpa... eu amo você...

- Você não tem ideia do que seja amar, do seja o amor, Selena. - Falei rude. - E sua maior demonstração disso foi ter feito esse maldito aborto. - Balancei a cabeça negativamente.

Segurei bruscamente em seu braço e a fiz ficar de pé novamente, a morena tremia em meus braços.

- Olha pra mim! - Ela não o fez, permaneceu de cabeça baixa. - Estou mandando olhar pra mim, porra! Olhe pra mim, Selena! - Falei autoritário, segurando em seu rosto e forçando seu olhar no meu. Ela mordia os lábios, segurando-se para não chorar de novo. - Estou sentindo nojo de você... eu te odeio! - Proferi friamente, olhando-a com repulsa, as lágrimas rolavam por seu rosto.

- Justin, por favor não fala isso...

- Eu. Te. Odeio. - A empurrei, afastando-a de mim. Seu corpo quicou na cama enquanto chorava compulsivamente. - E depois dessa, definitivamente quero o divórcio. Entendeu bem? Amanhã mesmo, vamos assinar a papelada! - Selena encarou-me incrédula. - Não vivo nem mais um dia debaixo do mesmo teto que você e muito menos casado contigo.

- JUSTIN! VOLTA AQUI!

Não lhe dei ouvidos e continuei descendo as escadas, ouvi passos apressados atrás de mim e não me incomodei com ela, iria ignorá-la e ir embora. Não aguento ficar perto de Selena sem ter vontade de quebrar a cara dela, de machucá-la de verdade.

- Não vai! Eu preciso que você me escute...

- Me solta, Selena. Não quero te machucar! - Tentava a afastar de meu corpo, enquanto caminhava até a porta.

- Então me machuque, mas por favor Justin... meu amor não vá embora! - Suplicou, agarrando minha camisa e olhando-me com desespero.

- Isso está patético. Me solta! - Falei seriamente.

- Fica comigo, preciso tanto de você.  Não me deixa!

- Já deixei. ME SOLTA CARALHO! - Falei aos berros empurrando-a de perto de mim, Selena caiu sentada no sofá aos prantos. Estalei a língua revirando os olhos e peguei as chaves do carro em cima da mesinha de centro sempre sendo observado pela morena e ouvindo seus inúmeros pedidos de desculpas e perdão.

Cansei de perdoar, sempre fui bonzinho com ela e olha onde chegamos? Ela continua a mesma mulher egoísta e que não é capaz de pensar em nós dois, apenas nela. É só ela, tudo em primeiro lugar. Então foda-se, cansei! Que ela procure outro idiota para aturá-la, porque eu cansei de ser trouxa na mão dela.

- Justin espera! - Ignorei seu pedido e continuei andando até a porta, a abri e estava prestes a sair pela mesma quando novamente, insuportavelmente ela voltou a falar. - Você não pode ir embora... - Deu uma pausa. - Amor, você não pode sair por essa porta sem saber que estou grávida, estou esperando mesmo um filho seu... o nosso filho.

Permaneci parado no meu lugar, encarando o céu estrelado bonito demais para uma noite tão triste. Fechei a porta com uma porrada tão forte, que tive sérias dúvidas se algum parafuso havia saído do seu devido lugar.

- Como é, que é? Repete. - Ordenei severo, a morena sorriu fracamente e se aproximou calmamente.

- Eu, Selena Bieber, aquela que prometeu te amar por toda a eternidade, estou esperando um filho seu, meu amor. - Ela explicou, sorrindo boba. Semicerrei os olhos, regulando minha respiração e cerrando meus punhos.

- Você não vai usar isso... - Me interrompeu, repousando seu dedo em meu lábio.

- Não estou mentindo, nem te enganando ao usar uma notícia dessas para fazer você ficar. Estou grávida, Justin! E era isso que eu queria te contar, foi por isso que te ignorei por essas semanas... estava criando coragem de te falar.

- Mentirosa, como você consegue ser desse jeito?

- Justin! - Me repreendeu.

- Cada vez só fico com mais nojo de você. - Cuspi as palavras e ergui minha mão para acertar outro tapa em seu rosto, porém fui impedido.

- JUSTIN! NÃO! - Era Kendall gritando, respirei fundo e abaixei minha mão. - Não machuque ela...

- Por que, hein? Essa vadia mentirosa merece. - Falei bravo e iria avançar em Selena, porém Chaz surgiu das cinzas e me segurou.

- Cara, não faz isso!

- Por que eu deveria te ouvir? Chaz ela...

- Selena está grávida, Bieber! Ela está esperando um filho seu, controle-se. - Kendall revelou, encarando-me séria.

E foi neste mesmo instante que perdi o ar, minha visão ficou turva e esqueci como se controlar qualquer parte do meu corpo. Meus olhos miraram a barriga lisa de Selena e senti os mesmos marejarem, enquanto me xingava de todos os palavrões possíveis internamente. A morena encarava-me expectativa, mordendo os lábios fortemente enquanto tinha um leve e fraco sorriso nos lábios.

Selena estava grávida mesmo e não era mentira dela, eu fui um babaca com ela.

Céus... eu vou ser pai!

Me soltei dos braços de Somers, o mesmo até tentou me segurar de novo, talvez com medo da reação que fosse eu ter contra Selena, mas Kendall o impediu e pude correr livremente até os braços da morena. A envolvi em meus braços com tanta força, arrependido de ter a machucado fisicamente e me senti tão mal ao ver marcas em seu pescoço e em seu rosto também, queria tanto me socar.

Soltei Selena e caí de joelhos aos seus pés, seu olhar ficou confuso e apenas abracei sua cintura, colando meu rosto em sua barriga e depositando beijos carinhosos na mesma.

- Me perdoa, por favor. Eu prometo que essa foi a última vez que fui violento contigo, nunca mais irei levantar um dedo sequer pra você, princesa. Por Deus, me desculpa... errei tanto quanto você, perdão amor. - Pedi desesperado e não me preocupei em deixar as lágrimas rolarem por minha face, nem que Chaz estava presenciando aquela cena e que me zoaria qualquer dia desses.

Só queria o perdão da mulher que amo, a mãe da minha filha.

- Só se você me perdoar também.

- Selena, eu não... - Encarou-me séria, suspirei derrotado assentindo. - Eu te perdôo por isso, mas ainda não aceitei ou concordei. Fico feliz por estar grávida de novo, por ter me contado, porém fico triste de saber o que fez! Foi desumano.

- Eu sei, me sinto muito culpada e conpletamente arrependida da besteira que fiz sem pensar, você não tem noção. Mas... nós precisamos seguir em frente juntos, nós teremos um filho e daremos todo o amor do mundo, Jus.

- Eu sei.

- Me perdoa pela merda que fiz, príncipe?

- Aham, te perdoo sim, princesa. - Forcei um sorriso e beijei suas mãos. Me pus de pé e abracei-a de novo, voltando novamente a chorar em seu ombro. - Eu te amo!

- Também amo você, Jus.

Fitei Selena nos olhos, ela acariciou a maçã do meu rosto carinhosamente e secou meu rosto, limpando as lágrimas que ainda insistiam em cair. Ela aproximou nossos rostos e então estávamos desfrutando de nossos lábios colados, saboreando a boca um do outro, esquecendo a existência de Kendall e Chaz na sala que estavam quietos demais para o meu gosto, e nos beijando com carinho, paixão e amor.

É e com isso que posso afirmar com todas as letras que minha Anny está chegando. Oh, yeah eu vou ser pai e não poderia estar mais feliz.