História O Novo Império - Dez

Na semana seguinte,Carolina acordou cheia de idéias.

- O que faremos hoje Gael? Quero ir a Puebla,se não se importar. – ela pediu.

- Diego vai com você encontrar uma pessoa e essa pessoa quer fazer algumas mudanças no seu roteiro. Mas confie em mim - ele viu a cara de desapontamento dela - ,você vai amar.

Diego foi buscá-la no hotel e juntos foram a um prédio no centro histórico.

- Quem vamos encontrar?  - ela estava curiosa.

- Você já vai ver. - Diego tinha um sorriso delicioso no rosto.

Quando desceram do elevador no quarto andar,entraram em um apartamento e foram atendidos por uma mexicana de cabelos curtos.

- Vou avisar que chegaram.

- Manolo! Venha aqui,traga sua Maria para eu conhecer!

Uma voz masculina gritou,logo após a moça sair da sala. Diego levou Carolina até o escritório,rindo por ter sido chamado de Manolo. Lá, Carolina ficou estática.

- Guillermo? É você mesmo? - ela olhava para o homem - Guillermo Del Toro?

- Dieguito, não me disse que ela era tão bonita! Sente-se querida,estou encantado em te conhecer.

A visita ao cineasta Guillermo Del Todo durou duas horas,ele iria produzir o filme mas depois de ler o livro,teve vontade de dirigir,sugeriu algumas mudanças no roteiro,que Carolina aceitou sem pensar. Já havia reescrito e tudo foi firmado. Na manhã seguinte,dia 10 de novembro, Gael,Diego,Guillermo e Carolina se encontraram com a equipe no estúdio D da produtora Azteca.

O elenco ainda não havia sido fechado.

- Essa moça é bonita,olhe como ela fica bem com o Diego. -Dizia Pablo Arréstia,o produtor.

- Acho que foi a melhor até agora,mas ainda acho que falta alguma coisa.

Del Toro não tinha aprovado a atriz que fazia teste naquele momento,pediu para Pablo e para a produção de elenco que trouxessem mais moças para o personagem que era o par romântico de Diego. Mas por outro lado,aprovou a sugestão de Carolina para o papel de Mariana, irmã do personagem de Diego.

- A Angélica chegou?  Quando estiver aqui,me chame, preciso falar com ela. - Guillermo pediu ao assistente  - Carol, quer ajudar na escolha do figurino da Angélica Vale??

- Claro!!

- Então não vá embora,ela deve chegar logo.

As vezes, depois do trabalho,Gael ou Diego levavam Carolina para jantar e depois a deixavam no hotel. A relação de amizade deles crescia a cada dia. Ou mais que isso. 

  A produção do filme começou de fato em setembro e ali,em novembro,algumas cenas já seriam rodadas. Carolina participou das tomadas externas onde Diego e Gael caminhavam pela praça na Cidade do México e foram até Puebla,uma cidade próxima,onde se passava a história do livro.

Enquanto o roteiro era estudado, Carolina trocava algumas falas,passaram noites inteiras trabalhando, porque como Diego,a escritora era insaciável,queria tudo perfeito,era incansável até obter o resultado desejado.

Diego entoava as falas do seu personagem com avidez,estava em pé em cima do palco com o cenário do porão,onde se passava aquela cena que ensaiavam,mas Carol quis corrigir.

- Diego,quando você disser para Isabel não escutar o Rodrigo acho que você pode vir até aqui e ficar nessa posição,olha,eu sou a Isabel,Gael,vem aqui por favor.

-Desse jeito? – Diego foi para onde ela havia indicado

-Isso. Terence,seria uma boa tomada? Acho que pegaria os três de um bom ângulo,estou certa? – Ela sorriu quando o homem na câmera que filmava o ensaio gritou “perfeito”.

-Quando eu acertar a sua cabeça,Diego não sai do lugar? – Gael estudou a cena.

-Não,mas quando eu cair ele se ajoelha,porque vai tentar te bater. Vem cá Diego. – ele se abaixou como ela disse – Agora você fala direcionado ao Rodrigo que ele destruiu a vida deles.

- Mas a gente não tinha decidido que desse modo ia ficar pesado demais? – Gael não tinha certeza se daquele modo,seria o melhor.

-O filme não é pra criança,os meninos vão ter que me perdoar,mas não quero o foco específico no romance nesse momento e sim na traição do seu personagem,Gael. – Carol tinha um sorriso no rosto quando disse isso.

- Então você decide o que falo. – Pediu Diego.

- Segue o texto,é isso aqui mesmo.

Eles ensaiaram por horas,até completa satisfação. Gael saiu do estúdio para fumar um cigarro e buscar café,como Diego sabia que logo teria que dar uma pausa por causa da divulgação de Rogue One,ele não queria parar por nenhum minuto,e, Carolina o acompanhou em tudo. Quando Gael saiu,ele pediu a ela para repassar com ele o texto da briga do personagem dele e da esposa,como Ivana não havia ficado para ensaiar,Carolina fazia o papel de Isabel para ajudar Diego. Ela tinha o texto completamente decorado,pois além de escrever a história original,tinha feito o roteiro. Eles começaram a discutir,encenando,quando perceberam que o sol entrava pela janela.

- Não acredito que já é de manhã! – Diego surpreendeu-se.

- Essa fala não existe. Concentre-se! – Repreendeu Carolina.

- Você deve estar cansada,como eu pude fazer você ficar aqui até agora!

- Diego! – Então ela olhou para a janela e entendeu do que ele falava.

Diego abriu a janela e o sol inundou a sala do estúdio,os envolvendo com sua luz.

Eles silenciaram com a interrupção solar,cada um sentindo-se cansado e sonolento,mas cheios de uma energia e de amor pelo trabalho que os faria ficar ali para sempre.

 Naquela quinta-feira,foram até Michoacán para ensaiar a cena no santuário das borboletas monarcas. O lugar era magico,em meados de outubro essas borboletas migram do Canada ate o Mexico,são milhões delas que chegam sempre na epoca da celebracoes de dia dos mortos,então diz a lenda que essas borboletas,são as almas das pessoas que amamos. Essa cena tinha que ser rodada com cuidado porque os insetos estavam por toda a parte, além do local ser uma floresta de preservação. O ensaio foi um desastre pois Ivana se irritou com as pequenas flores voadoras e acabou por pisar em algumas. Durante uma pausa,Diego se pegou emocionado enquanto Carolina brincava com Jerônimo,em meio ao enxame de borboletas,o menino havia faltado a escola só para ir acompanhar o ensaio.

- Me concede essa dança senhorita? - O menino pediu.

- Eu adoraria senhor!

Carolina tirou os saltos e pisou na terra, Jerônimo lhe deu o braço e começou a cantarolar  uma valsa.

- Olhe Carol,uma borboleta pousou no seu cabelo! 

Ele apontou e ela se ajoelhou,se sentindo coroada,o menino lhe beijou o rosto e gritou o pai.

- Pai,olha aqui! Uma monarca pousou no cabelo da Carol!

Diego chegou perto dela que ainda ajoelhada esperou uma foto que o produtor Pablo foi tirar. Logo que a borboleta alçou vôo, Diego lhe ofereceu a mão e disse:

- Quer dançar com alguém do seu tamanho?

- Mas você é muito mais alto que eu!! – Ela riu.

Jerônimo era baixinho para ela e Diego era muito mais alto, agora sem os saltos,sua cabeça batia no peito dele,mas mesmo assim dançaram por alguns minutos mágicos,uma música que só eles e Jerônimo escutavam. Qualquer pessoa que os vissem saberiam que eram uma família. As borboletas se misturavam ao balanço da saia de Carolina e eram como confetes cor de abóbora voadores para emoldurar a cena. Logo depois da dança, Diego e Carol correram atrás de Jerônimo em meio às árvores. Por causa da brincadeira, Guillermo preferiu desmontar tudo e voltarem a capital,ele percebeu que o dia de trabalho não ia render e dormir ali seria desnecessário.