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História O Olho de Jade - Shae


Escrita por: xPrimrose

Notas do Autor


As aulas mal voltaram e já acabaram cmg. Eu n to lendo fanfic nenhuma, eu n to escrevendo, eu n to postando. N to fazendo nd. Eu só vou pra escola e durmo, então realmente, desculpa pela demora gente, n desistam de mim sasuahsuah

Capítulo 12 - Shae


O rosto de Shae se iluminou ao ver que Ely a esperava no porto. Ainda a metros de distância do amado, correu ao seu encontro.

— Você veio! — exclamou, sorrindo.

— Eu disse que viria.

— Eu sei, mas — Ela não se desgrudou de seu pescoço. — Achei que talvez estivesse com raiva por eu ter finalmente começado meu plano e porque vou abandona-lo sozinho aqui para procurar uma espada estúpida.

Ele riu e ela tentou guardar aquele som em sua mente, precisaria da lembrança de Ely para anima-la quando as coisas estivessem difíceis e ela sabia que logo estariam.

— Eu já disse, tenho medo que se machuque, mas se essa vingança é a única coisa que vai confortar seu coração, eu te apoio. Só queria poder ir junto com você. 

— Eu sei que queria. — Ela o beijou.

Ele interrompeu o beijo, deixando-a confusa.

— Meus pais nem sentiriam a diferença se eu fosse...

— Está tudo bem, Ely. Prefiro que fique aqui, em segurança. Além disso, você tem que cuidar de Anna.

 Anna era a irmã mais nova de Ely, a garota adoecera desde que nascera e desde então não melhorara. Foram anos tentando descobrir o que a garota tinha, a família havia perdido muito dinheiro em tentativas, mas nada que surtisse um efeito permanente. O único tratamento que afirmavam que poderia salvar sua vida envolvia rituais de magia e era caro demais até mesmo para a família de Ely pagar. Shae não podia contar quantas vezes o namorado chorara em seu ombro quando a irmã passava por suas piores crises.

— Você está certa, mas eu realmente me preocupo. Como vou ficar até você voltar? E se você não voltar? 

— Eu vou. — Ela sorriu. — Eu prometo.

— Então eu prometo que assim que puder saio daqui e corro para te ajudar. 

Ela assentiu com a cabeça, pedindo para que isso não acontecesse. Não se preocupava com a própria vida, com o que podia acontecer com si mesma em sua busca por vingança, também não se importava se Eve morresse no meio do caminho, elas mal se conheciam, mas Ely... ela não aguentava pensar que algo podia acontecer com ele.

Tentando espantar esses pensamentos, Shae o beijou. De forma tão intensa como nunca havia feito antes, se aquele, por algum motivo, fosse o último beijo dos dois, queria que fosse a melhor lembrança de suas vidas.

Quando finalmente se soltaram ela viu Eve olhando para o céu, tentando não encarar o casal. Disse um último adeus e se afastou de Ely.

— Vamos? — ela chamou a ruiva.

Eve assentiu de forma tão determinada que surpreendeu Shae. Talvez ela tivesse escolhido a garota certa para acompanha-la. E se sentiu mal por ter pensado que não ligaria para a morte da garota que estava arriscando a vida para ajudá-la, mas não tinha certeza se choraria se alguém enviasse uma faca em seu coração. 

[...]

O navio não era pequeno, mas para falar a verdade não era grande coisa. O quarto de Shae era minúsculo, possuía apenas uma cama e um baú para guardar as coisas, nada mais, nenhum tipo de decoração ou móvel. 

Ela já não estava mais acostumada ao luxo, então não fez muita diferença, foram anos e anos vivendo quase na miséria, Shae não iria reclamar por passar alguns dias num quarto pequeno.

Deitou e tentou dormir, não gostava de navios, sempre sentia náuseas. Mas não conseguia relaxar, sua mente estava a mil. Ela tentou não pensar em nada, mas imagens de espadas e soldados infernais apareciam sempre que ela fechava os olhos, por um momento ela se perguntou se realmente estava fazendo o que era certo. Eve a havia advertido que não era uma boa ideia mexer com esse tipo de coisa, mas ela sabia que se não usasse todos os recursos possíveis jamais chegaria ao seu objetivo.

Durante anos ela havia pensado nessa vingança e em nenhum momento passara por sua mente dar o braço a torcer, agora que as coisas começavam de verdade ela se perguntava se não estava caminhando para a morte certa. Ela não queria duvidar do caminho que escolhera para sua vida, mas lembrava do rosto amável do pai e de como ele sempre fora gentil com todos, ele ficaria feliz se pudesse ver no que Shae estava se transformando?

Mas a questão era que ele não estava vivo, justamente por que tinha sido gentil demais, tinha ajudado os outros com todas as suas forças e por conta disso havia sido morto por ordens do próprio amigo. Shae não cometeria esses erros, ela não se importaria com ninguém além dela mesma, era a única forma de conseguir chegar onde ela queria.

Mais uma vez tentou ignorar a guerra que estava sendo travada em seu cérebro. Lembranças dos pais e de sua infância borbulhavam em sua mente. Quando a mãe ainda era gentil com Shae e a aninhava em seus braços sempre que a garota tinha um pesadelo. Quando o pai corria com ela por um dos bosques do Primeiro Reino. Tinha saudade até mesmo de quando Petter puxava seu cabelo com as mãozinhas gordas de bebê. Ela não conseguiu impedir que as lágrimas caíssem.

Tobias havia destruído tudo o que era mais importante para Shae. Em uma única noite havia acabado com toda sua família e seus planos de ter uma vida tranquila no futuro. Ela tinha que retribuir o que ele havia feito com ela.

Assoou o nariz num pedaço de papel e se levantou. Se não conseguia dormir não iria ficar se remoendo daquele jeito.

Saiu de seu quarto e parou do outro lado do estreito corredor, bateu na porta do quarto de Eve. Tinham que aproveitar toda a viagem para planejar tudo o que podiam, já que Shae havia feito as duas saírem às pressas de casa.

Não houve resposta, tão pouco a porta se abriu, mas não estava trancada então Shae simplesmente entrou. Por um momento ficou paralisada com o que viu.

Eve estava caída no chão, sangue escorria de seu nariz e ela estava desacordada, de vez em quando seu corpo se mexia se nenhum controle.

— Eve? — Ela se agachou ao lado da ruiva e balançou seus ombros — Eve? Acorde! Por favor.

Com dificuldade pegou a garota no colo e a colocou em cima da cama. O que estava acontecendo? Por um momento a única coisa que pode pensa era que seus planos haviam sido descobertos e Eve havia sido envenenada por isso, mas se esse fosse o caso, por que nada acontecera com Shae? Tinha que ser outra coisa.

— Eve! — ela chamou novamente, a garota continuou inconsciente.

O corpo de Eve foi puxado bruscamente para cima e ela começou a se debater. Shae tentou segura-la e ao entrar novamente em contato com a pele da garota percebeu que ela estava ardendo em febre. Primeiro sentiu raiva por ela ter ficado doente logo agora, mas o sentimento passou quando o corpo da menina foi tomado novamente por movimentos desgovernados. Eve não tinha culpa de nada.

Shae pegou a primeira toalha que encontrou e saiu do quarto. Entrou no banheiro mais próximo, era encardido e fedido, mas ela tentou ignorar esse fato. Molhou um pouco o pano numa bacia que estava no canto e voltou para o lado de Eve, colocando-o em sua testa. Não tinha a menor ideia do que estava fazendo, só sabia que já tinha visto pessoas fazendo algo parecido, apesar de não saber se isso realmente servia para abaixar a febre ou qual a temperatura ideal da água.

Poderia tentar pedir ajuda, mas não era uma boa ideia contar aos outros que Eve estava doente, por algum motivo sentia que não podia confiar em ninguém ali e que mesmo se fosse uma simples gripe poderia trazer problemas para elas. Não era bom que começassem a fazer perguntas, muito menos que, num navio cheio de homens, achassem que as duas eram indefesas.

Aos poucos o corpo de Eve se estabilizou, ela ainda não havia acordado, mas não se movia mais e a febre estava baixando.

— Até que enfim! — Shae estava aliviada, apesar de tudo o que tinha pensado naquele dia, não queria perder Eve agora. Não sabia se por que sentia certa simpatia pela garota ou por que realmente precisava de suas visões.

Quase vinte minutos depois, Eve acordou. Seus olhos estavam assustados e eles recaíram sobre Shae ela pareceu mais aterrorizada, aos poucos começou a chorar e se jogou nos braços da companheira.

— O que houve? — Shae perguntou.

— Foi horrível! Horrível! — Eve respondeu entre soluços.

Então ela finalmente entendeu o que estava acontecendo, Eve não estava doente, apenas tendo uma visão. Se lembrou de quando a garota disse que aquilo era uma maldição, Shae sempre ficara animada quando pensava nas visões de Eve, mas naquele momento não queria de modo algum estar em seu lugar.

— O que você viu?

As lágrimas continuavam a brotar nos olhos da garota, ela balançou a cabeça.

— Não quero falar sobre isso.

Shae queria respeitar aquela decisão, mas sua curiosidade não permitia.

— Foi tão ruim? Me conte, pode ser melhor falar sobre isso com alguém. Além disso, pode ajudar na nossa busca, não pode?

— Não. — Eve balançou novamente a cabeça. — Não tem nada... nada a ver com você.

— Ah. — A animação de Shae acabou. — Desculpa.

— Tudo bem. Eu já estou acostumada com visões trágicas. É que dessa vez... dessa vez foi pior. Acho que está começando.

— O que está começando?

— A fúria de Cersey. Estou ficando louca.

Shae abaixou os olhos para o chão. Não entendia direito o que aquilo significava, mas não parecia bom.

— Então você vai enlouquecer por que se apaixonou?

— Porque quebrei meu voto! — ela explicou. — Prometi que jamais me envolveria com nenhum homem, prometi isso a Cersey, em troca de minhas visões e sua proteção eu abdiquei de várias coisas. Mas eu conheci o amor e não pude resistir a isso, eu e Kaylan éramos como você e Ely, mas não nos tocávamos, dizíamos para nós mesmos que éramos apenas amigos. Essa mentira prevaleceu entre a gente por vários anos, até que se tornou insuportável.

“Há muitas histórias sobre o que acontece com quem trai Cersey. Dizem que se perde a capacidade de ter filhos. Que seus amantes ficam amaldiçoados. Ninguém sabe direito, mas a história mais aceita é que elas enlouquecem, eu não acreditava muito nisso, apesar de tudo, mas agora que estou marcada sei que é verdade.”

— Marcada? — Aquela história era tão absurda, como uma deusa podia exigir que suas servas jamais se apaixonassem? Pensou como seria estar ao lado de Ely e nunca poder beija-lo. Eve era realmente muito forte por resistir a essa tentação por tanto tempo.

— Olhe meus olhos. — Ela aproximou o rosto do de Shae. A outra o observou bem, eram tão negros que mal se distinguia a pupila da íris, isso dava um ar exótico a garota de cabelos cor de fogo, uma beleza rara. — De que cor eles são?

— Pretos — Shae respondeu hesitante, era uma pergunta óbvia.

— Exato, mas nem sempre foi assim. — A calma de Eve ao contar sua história era impressionante. — Desde que nasci as pessoas sempre se impressionaram por meus olhos serem de um verde muito intenso, até o dia em que dormi com Kaylan. Na manhã seguinte acordei e eles estavam dessa nova cor. Por isso que eu fugi, Cersey faz isso com as traidoras, quem quer que olhasse para mim saberia que algo tinha mudado e imediatamente perceberia que eu havia descumprido algum de meus juramentos.

Shae não sabia o que dizer, era uma história complicada.

— Tenho que dizer que você fica bem com essa cor nos olhos. — Ela sorriu, tentando aliviar a tensão.

— É bom mudar as vezes. — Eve piscou. — Fiquei muito tempo desacordada?

— Não sei calcular direito, mas mais de uma hora. Também pode ser mais, porque quando cheguei no seu quarto você já estava caída, não sei quanto tempo fazia.

— O que veio fazer aqui?

— Não conseguia dormir então pensei em tentar pensar em algo para encontrarmos a espada.

— Eu também pensei nisso. — Ela pegou o livro que estava aberto em cima da cama, era a edição de Shae de “Artefatos místicos e históricos”. — Viemos para o Quarto Reino porque foi o último lugar onde a espada foi vista, certo? Diz aqui que o General Ming foi o último a usa-la para expulsar os gigantes daqui.

— Certo. — Shae já havia lido essa parte milhares de vezes.

— É aí que está. Gigantes não existem!

— Porque o General Ming acabou com todos eles. — Isso era óbvio para Shae, mas a outra não pareceu convencida.

— E não sobrou nenhum? Não, acho que há algo de errado com isso.

— Você tem visões, Eve. Por que é difícil acreditar que gigantes realmente existiram centenas de anos atrás quando os Quatro Reinos nem tinham sido formados ainda?

— São coisas diferentes.

— De fato são. É mais fácil acreditar em gigantes. — Ela começava a ficar aborrecida.

— Não estou dizendo que a arma não existe, Shae. Sei que não gosta de ouvir nada que discorde de suas opiniões, mas realmente temos que pensar se isso existe mesmo. Eu sei que eu disse que era possível, mas eu ainda não tinha lido esse livro. Talvez a espada existisse há muitos anos atrás, mas quem pode ter certeza de que ela ainda está intacta? Venceu muitas guerras, mas também perdeu algumas batalhas.

Shae ouvia, mas não registrava o pessimismo de Eve. Ela já tinha dúvidas demais por si só.

— É uma espada com propriedades poderosas, pode trazer a esse plano coisas que não são propriamente dele. Se houver uma rachadura ou lascado que seja nela pode afetar em muita coisa, sabia? Pode ser o ponto de fuga desses espíritos e vamos ser as responsáveis por mergulhar o mundo em uma era de trevas.

— Mas e se estiver inteira? Uma espada com esse poder não pode ser destruída com facilidade!

— Será que não? — Shae percebeu que Eve era o lado racional da dupla. — Elos entre esse mundo e outros são muito frágeis, apesar de conseguirem fazer coisas fantásticas.

— Vamos achar a espada primeiro e depois nos preocupamos com isso.

— Certo, tem uma ideia de por onde começar?

— Cavernas de Maly. — Essa ideia a estava perturbando desde que falaram pela primeira vez sobre a espada, parecia o lugar certo para começar. — Maly é uma cadeia de montanhas do Quarto Reino. Cheia de cavernas, dizem que os gigantes moravam lá. Além disso há pontos turísticos nas redondezas, na cidade de Mich há um museu sobre isso, talvez consigamos algumas informações.

— Parece uma boa ideia.

— Viu? Eu também penso nas coisas, não faço tudo por impulso como você pensa.

— Só as vezes.

Shae se preparava para sair do quarto quando a outra a chamou.

— Shae? — Ela se virou. — Eu já te disse, há grandes chances de eu perder completamente minha sanidade. Isso pode demorar anos, ou talvez eu acorde amanhã sem saber quem eu sou. Me prometa que se isso acontecer antes de concluirmos sua vingança você vai tomar cuidado e pensar antes de agir. Por favor.

— Eu não tenho motivos para prometer isso, você não vai enlouquecer. — Apesar de suas palavras, estava com medo de que isso realmente acontecesse. Não queria mais ter que completar sua jornada sozinha, mas era isso que ela era: sua jornada. E com Eve ou sem Eve, ela tinha de continuar.


Notas Finais


Espero que tenham gostado :D


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