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História O Olho de Jade - Eve


Escrita por: xPrimrose

Notas do Autor


OII PESSOAAAAAAAL
Demorei pra aparecer? Demorei, mas a boa notícia é que já adiantei uma boa parte da fanfic (acho q to quase chegando na metade já, então sim ela não vai ser muuuitoo longa. Deve ter em torno de uns 60 capítulos, eu acho, talvez mais, talvez menos).

Capítulo 4 - Eve


Fanfic / Fanfiction O Olho de Jade - Eve

 

O Sol se infiltrava pelas paredes do templo, Eve olhou novamente seu rosto no pequeno espelho ao lado de sua cama. Sua pele estava pálida como sempre. No Segundo Reino sempre fazia muito Sol, mas não importava o quanto ela passasse seu tempo ao ar livre, sua pele nunca ficava bronzeada.

Terminou de escovar os cabelos e os prendeu numa trança desajeitada, colocou sua tiara que garantia sua posição como o Olho e passou novamente as mãos pelo vestido branco alisando-o.

Antes que ela pudesse sair do quarto a porta se abriu. Ellie entrou sem pedir permissão.

— Como está nossa aniversariante? — a garota loira perguntou enquanto abraçava a amiga.

— Estou ótima. — Eve forçou um sorriso, não estava preparada para aquele dia.

— E quando vai começar a se arrumar? Os preparativos para sua festa de aniversário estão quase prontos.

Eve suspirou, por festa de aniversário Ellie queria dizer uma enorme passeata pelas ruas do reino para comemorar que o oráculo havia sobrevivido mais um ano anunciando desgraças para o futuro de todos.

— Já estou pronta.

— Você não pode sair desse jeito. — Todo ano era a mesma coisa, enquanto Eve preferiria ficar trancada em seu quarto naquele dia a enfeitavam e arrastavam para um enorme carro alegórico onde era forçada a acenar para todos. Uma total perda de tempo.

A garota mais velha soltou a trança da outra e começou a refazê-la, ao final a enrolou e prendeu num coque apertado. Escolheu um vestido com bordados e enfeitou o pescoço de Eve com colares de ouro. Geralmente as seguidoras de Cersey vestiam-se de forma simples, mas em dias especiais recebiam permissão para usarem joias que não fossem as tradicionais do templo e roupas mais enfeitadas, desde que fossem brancas.

— Está muito melhor assim. — disse Ellie borrifando perfume no oráculo.

— Devo estar.

Eve saiu do quarto e seguiu para o salão principal do templo, suas irmãs, como assim as seguidoras se chamavam, a esperavam com embrulhos e presentes. Ela abriu cada um deles, iam desde orações até joias.

Depois de uma absurda quantidade de abraços e palavras de afeto, seguiram para fora do templo, na frente dele estava parado um verdadeiro carro alegórico todo dourado com enfeites verdes e azuis, várias estátuas de corças haviam sido colocadas no topo. Eve subiu a escada e ficou em cima dele, sentada em sua cadeira dourada de oráculo, com um grande olho verde pintado no topo do encosto. Alguém deu uma ordem e os cavalos começaram a puxar o veículo, Eve sentiu pena do esforço que os animais deviam estar fazendo.

Uma multidão se formava para ver as seguidoras de Cersey passar, flores e presentes eram jogados em Eve e ela fazia o melhor para sorrir e acenar para todos. Mas na verdade odiava aquilo, odiava cada segundo no templo de Cersey, odiava cada vez que elas se expunham dessa forma e, acima de tudo, odiava suas visões.

Com o tempo ela começara a odiar até mesmo sua mãe que a obrigara a seguir aquele caminho. Doar a alma de seu bebê recém-nascido para uma deusa não era o tipo de coisa que se esperaria de uma mãe dedicada aos filhos. Forçar Eve a aceitar essa decisão e obriga-la a sair de casa aos doze anos para ir morar num templo também estava na lista de coisas horríveis que ela havia feito.

O carro passou por todas as ruas principais do centro da cidade e quando elas finalmente voltaram para o templo já passava das quatro da tarde. Como prêmio Eve tinha o resto do dia livre.

“Grande coisa.” Pensou, mas ainda assim estava feliz de ter sido dispensada de suas funções e de que todo aquele show havia acabado.

 Disse a todos que estava cansada e com dor de cabeça e foi para seu quarto, mas após trancar a porta ela não se deitou como todos achavam que ela faria. Pelo contrário, trocou seu vestido pelo que havia colocado de manhã e passou seu corpo pela janela que nada mais era que um quadrado recortado na parede.

Já do lado de fora começou a caminhar curvada pelos jardins, tentando fugir dos olhares de qualquer uma que pudesse estar caminhando por ali. Pulou o muro com facilidade, já havia feito tantas vezes aquilo que adquirira certa prática. Saindo por uma rua lateral começou a correr, virou para a direita e para a esquerda diversas vezes antes de descer uma ladeira, se afastava cada vez mais do templo e se sentia estranhamente feliz ao fazer isso, apesar de saber que logo teria de voltar.

Eve entrou numa rua larga e parou na frente de uma porta azul marinho, bateu três vezes rápido nela, esperou alguns segundos e bateu mais duas vezes, era esse o código.

Não demorou muito para que Kaylan abrisse a porta, o garoto loiro estava usando apenas uma calça e meias, sorriu quando viu Eve.

— Fazer dezenove anos fez muito bem para você. — Ele brincou, como sempre.

Eve sentiu uma estranha paz quando o abraçou, não queria solta-lo nunca mais, mas precisava entrar, não podia ficar ali parada.

Ela se jogou no aconchegante sofá dele e esperou enquanto ele fazia um pouco de chá.

Durante cinco anos Kaylan havia sido seu melhor amigo, haviam se esbarrado numa feira sem querer e nunca mais se desgrudaram. Era uma amizade quase proibida, ninguém poderia saber que os dois se conheciam e muito menos que passavam tanto tempo juntos. Ela era uma seguidora de Cersey, não podia namorar e, apesar de eles nunca terem feito nada demais, ninguém acreditaria nisso. 

O problema maior começara quase seis meses depois que os dois conversaram pela primeira vez, estavam ficando cada vez mais próximos e Eve já não podia negar, estava apaixonada por Kaylan. Ela sabia que ele também sentia algo por ela, mas também percebia o quanto ele se esforçava para não demonstrar isso.

Eles haviam conversado sobre o assunto uma vez e chegaram à conclusão de que nunca poderiam ter nada devido a condição de oráculo de Eve.

Ele voltou trazendo duas xícaras.

— E então, como está se sentindo?

— Péssima. — Ela deu de ombros enquanto bebericava seu chá.

— Aconteceu algo?

Eve negou com a cabeça.

— Eu só não aguento mais ficar naquele lugar. Como minha mãe pode ter achado, mesmo que por um momento, que essa era uma boa vida para mim?

— Talvez ela quisesse te proteger de algo ou então... — Kaylan começou, mas não pode terminar.

As mãos de Eve começaram a tremer e ela derrubou sua xícara.

— Desculpe... Eu... — Sua visão ficou turva, ela sentiu seu corpo tombando para o lado enquanto ela perdia todos os sentidos.

Novamente ela estava naquela sala do trono. Ela pode ver a menina de pele amendoada subindo os degraus e se sentando na enorme cadeira dourada. Uma enorme espada surgiu no campo de visão e decepou sua cabeça de uma só vez, por mais que Eve tentasse ela não conseguia ver quem manejava a arma. O sangue espirrou para todo lado, ela se sentiu suja enquanto sentia respingos do líquido vermelho em seu rosto e em seus braços.

Eve tinha essa visão desde os doze anos e jamais se acostumara com ela. Já tinha tido outras visões bem ruins, mas nenhuma era tão vívida quanto essa. Geralmente ela só via as coisas, mas quando sua mente decidia mostrar a morte dessa garota, Eve podia sentir o sangue atingindo sua pele e seu cheiro.

Tudo ficou escuro e aos poucos a luz foi aparecendo em sua visão conforme ela abria os olhos. De início não reconheceu onde estava, mas logo percebeu que era o quarto de Kaylan.

As paredes eram todas pintadas de azul e havia livros por todos os cantos. Um guarda-roupas de madeira simples estava posicionado ao lado da porta e na parede da frente uma grande janela deixava a claridade entrar, era uma vista bonita quando estava escurecendo. Ela se virou de lado na cama e percebeu Kaylan sentado numa cadeira ao seu lado.

— Finalmente você acordou, eu estava tão preocupado. — Seu rosto demonstrava isso, mas ele se forçou para dar um sorriso e ela não pode deixar de reparar em como ele era bonito. Seus olhos se demoraram em seus cabelos loiros e em seu queixo anguloso.

Eve não queria chorar na frente do amigo, mas não podia fazer nada. Quando se deu conta ela estava sentada e mal conseguia se controlar, seu corpo inteiro tremia.

— Eu não aguento mais ver isso, Kaylan. É tão real, é horrível.

Ele a abraçou, era tão aconchegante e ela sabia que em seus braços era o único lugar que queria estar naquele momento, ele era o único que podia acalma-la depois de uma visão como aquela. Por um momento sentiu o ímpeto de beija-lo, mas não podia.

 Aquilo era tão injusto.

Nos anos que haviam passado Kaylan já havia tido algumas namoradas, nada que durasse muito e nada que parecesse com a relação que os dois tinham, mas isso era o suficiente para fazer com que Eve morresse de ciúmes, não por que temesse ser trocada, mas por que sabia que ela nunca poderia ter nem um simples beijo com ele.

— Tenho algo para você — ele falou enquanto mexia nos cabelos da garota, se afastou e se levantou. — Eu estava guardando para mais tarde, mas acho que você precisa disso agora para se animar. — Ele começou a mexer em seu guarda-roupas e tirou um saquinho vermelho de lá, o entregou para Eve.

Com cuidado ela abriu o embrulho, revelando uma corrente de prata com um pingente no formato da pata de uma corça.

— E antes que você pergunte, fui eu que fiz.

As lágrimas voltaram a sair, ele sabia o que aquilo significava para ela. Uma vez Eve havia dito que se um dia estivesse sozinha com uma das corças do templo quebraria sua pata para irritar Cersey. Claro que ela não planejava fazer aquilo de verdade, mas imaginar isso lhe dava uma sensação prazerosa.

— É a coisa mais linda que já vi em toda a minha vida. Coloque em mim. — Ela entregou o colar e se levantou, ficando de costas para o garoto.

Eve sentiu as mãos de Kaylan em seu pescoço quando ele afastou seus cabelos, sentia também sua respiração. Todos os pelos de seu corpo se arrepiaram com isso.

— Eu sabia que ia gostar — ele disse enquanto deslizava a corrente fria pelo pescoço da garota.

Sua voz era grave, mas aos ouvidos de Eve parecia como música. Ela não estava pensando no que estava fazendo, não ligava para Cersey, para suas visões, para o templo, para nada. Se jogou nos braços de Kaylan e o beijou, como quisera fazer anos atrás, tentando recuperar os cinco anos que vivera se segurando para não fazer nada do tipo.

Ela se afastou apenas tempo o suficiente para ver o sorriso no rosto do rapaz, ela mesma não conseguia controlar o seu. E eles se beijaram de novo. E mais uma vez.

Ele traçou uma linha de beijos por todo o seu pescoço e parou na alça de seu vestido, parecia não saber se deveria ou não fazer isso. Eve começou a tira-lo.

— Você tem certeza disso? Sabe que se o fizermos você jamais poderá voltar atrás. —  Ele a olhou bem nos olhos.

— Eu já não posso mais voltar atrás.

Ela estava pronta para continuar e ele também. De alguma forma Eve achou que aquilo era como estar quebrando a pata de uma corça, mas sabia que aquilo seria mil vezes pior para Cersey.


Notas Finais


Espero que tenham gostado <3 Vou tentar voltar logo com a continuação... Já to aqui pensando, eu deveria fazer um trailer pra fanfic? [se eu tiver um tempinho, vou fazer... talvez nas férias]
Gostaram do desenho? [Eu particularmente gostei mais desse do que o da Shae]


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